A saúde Mental Virou um Indicador Silencioso de Injustiça Social

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“O indivíduo está constantemente construindo a noção de um corpo individualizado e experienciando vivências que aumentam ou rompem a segurança de suas fronteiras corporais.”

Recentemente, o site operamundi.uol.com.br publicou uma matéria discutindo como a saúde mental se tornou um indicador silencioso de injustiça social. O texto aborda a importância de enfrentarmos a forma como a saúde mental vem sendo atravessada por questões estruturais e políticas. Mark Fisher, crítico cultural britânico e autor do livro Realismo Capitalista, nunca teve receio de encarar o mal-estar contemporâneo sem anestesia. Em seu livro ele propõe críticas importantes para o cenário.

A matéria ressalta como o cotidiano e a tristeza passaram a consumir a sociedade, até que esse sofrimento se tornasse algo aparentemente “normal”. Fisher enfatiza em seu livro: “O sofrimento mental que nos atravessa não é defeito biológico nem fraqueza moral. É consequência direta da forma como estamos sendo forçados a viver.”

O Brasil não está distante dessa realidade. Pelo contrário, ela fica cada vez mais evidente, principalmente quando a ansiedade se torna rotina, quando a exaustão é tratada como falta de disciplina, quando o sono não vem e a culpa não vai embora, o problema não está na química do cérebro, ao contrário do que afirma o discurso técnico da psiquiatria convencional. O que está em jogo é a maneira como a vida foi estruturada para sugar tudo do indivíduo. A partir do olhar de Fisher, percebe-se como a saúde mental se tornou, de fato, um reflexo silencioso das injustiças sociais.

A matéria traz exemplos do dia a dia como uma professora que cuida de três turmas sem tempo para planejamento, o agente de saúde que atende trinta famílias por dia, o técnico administrativo que sustenta um setor inteiro sozinho. Profissionais frequentemente rotulados como “encostados”, quando na verdade estão sobrecarregados. O “adoecimento psíquico” entre trabalhadores não é sinal de fraqueza, mas sim resultado de um estado de esgotamento estrutural.

Essa lógica também se mantém dentro da própria academia: o estagiário sem bolsa, o mestrando que dá aulas em três escolas, o doutorando com mais de quarenta anos que ainda ouve que “precisa se vender melhor no mercado”. A lógica meritocrática transformou o conhecimento em moeda de troca e o desejo de estudar em culpa.

Por fim, a matéria destaca que a saúde mental é atravessada pela forma como organizamos a sociedade. E, se não enfrentarmos essa estrutura coletivamente, a conta continuará sendo cobrada no corpo de cada um.

Autor da matéria: Ricardo Queiroz Pinheiro

Site: https://operamundi.uol.com.br/opiniao/a-saude-mental-virou-um-indicador-silencioso-de-injustica-social/