Os antidepressivos são um tratamento útil para muitos, mas algumas pessoas têm problemas quando param de tomá-los. Uma revisão recente das evidências sobre os sintomas de abstinência de antidepressivos descobriu que mais pessoas podem vivenciar vários sintomas por mais tempo do que se pensava até hoje; e não são poucas as pessoas que descrevem esses sintomas de ‘abstinência’ como sendo graves. E, o mais importante: não são hoje aqueles sintomas da suposta doença que justificaram originalmente seu tratamento psicofarmacológico com antidepressivos.
Não obstante, esse estudo que aqui está em tela – e que você poderá ter acesso – tem sido objeto de críticas a respeito dos dados analisados, e pelo fato de que os sintomas de abstinência também podem variar de acordo com o tipo de antidepressivo.
Então, o que isso significa na prática? Eis aí uma questão de interesse público.
Claudia Hammond, da BBC radio 4, entrevistou o autor da pesquisa, John Read, professor de Psicologia Clínica da Universidade de East London, e o Dr. Sameer Jauhar, pesquisador sênior do King’s College London.
John Read foi um dos nossos convidados internacionais do 2 Seminário Internacional A Epidemia das Drogas Psiquiátricas, evento realizado recentemente no Rio de Janeiro, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), na última semana de outubro.
O estudo aqui tomado como referência foi apresentado ao Parlamento Britânico: “Retirada dos antidepressivos: um levantamento da experiência dos pacientes pelo Grupo Parlamentar de Todos os Partidos para a Dependência Prescrita de Drogas.” Por conseguinte, não se trata de ‘fake news’!
Fora do Brasil, há um crescente movimento que busca obrigar à ‘medicina’ – aos prescritores de antidepressivos – comunicar aos seus pacientes sobre os riscos do uso a médio e longo prazos das drogas por eles prescritas.
No Brasil, muito poucas informações a respeito chegam ao público sobre dependência química aos antidepressivos. Aqui os pacientes começam a tomar antidepressivos, por uma razão ou outra – em termos de eventos adversos da vida -, e os prescritores não costumam informar que tal tratamento psicofarmacológico deva ser, necessariamente, por um ‘prazo delimitado’ de uso.
Levando em consideração que o Brasil é um dos países aonde há o maior número de pessoas em tratamento com antidepressivos no mundo, o que há de dependentes químicos de antidepressivos é certamente o que coloca o Brasil entre os campeões mundiais de dependentes químicos de antidepressivos. Com graves consequências para a saúde pública, e muito em particular para o SUS.
Para ter acesso ao documento apresentado ao Parlamento Britânico e tomado como referência, clique aqui.
E para ouvir a entrevista na íntegra basta clicar no link abaixo: