A Indústria Farmacêutica Capturou a Psiquiatria

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Gustavo Miranda / Agência O Globo

Matéria de O Globo, ‘A indústria farmacêutica capturou a psiquiatria’, entrevista dada por Robert Whitaker ao jornalista Nelson Gobbi.

“Investigo o fenômeno da medicalização, em particular a influência das drogas utilizadas na psiquiatria. Já publiquei quatro livros. Ganhei o Prêmio George Polk para Escrita Médica, em 1998, por meus artigos sobre a psiquiatria e a indústria farmacêutica, e fui finalista do Prêmio Pulitzer no Serviço Público, em 1999.”

Veja a matéria na íntegra →

Entrevista com Robert Whitaker

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Image 22-10-17 at 18.43Vida Integrada entrevistou Robert Whitaker: jornalista, autor de 5 livros, que recentemente publicou “Anatomia de uma Epidemia” livro premiado e traduzido em diversos idiomas, que aborda a contravertida questão do uso abusivo de drogas nos tratamentos psiquiátricos.

1) Caro Robert, como o Sr. vê a evolução dos tratamentos de Saúde Mental durante as últimas décadas?

Existe pouca evidência de que durante os últimos trinta anos tenha havido qualquer progresso real no tratamento de doenças mentais. As pesquisas não levaram a nenhum avanço real em encontrar causas “biológicas” para as doenças mentais, e mesmo no que tange a tratamentos medicamentosos, há pouca evidência de que as drogas de segunda geração tenham resultados melhores que as de primeira.

Mais assustador ainda é o seguinte: como diversos países do Mundo adotaram o “modelo de doença” e estão utilizando cada vez mais essas drogas, o número de pessoas incapacitadas só vem aumentando ao longo do tempo (índice medido pela porcentagem da população afastada do trabalho por doença mental e que depende de ajuda financeira do governo, nos EUA). Então na prática, há pouquíssima evidência de qualquer progresso em psiquiatria para doenças conhecidas como “doenças ou desequilíbrios químicos do cérebro”. A maior evidência de que a teoria desequilíbrio químico está incorreta, é que os tratamentos propostos para essa teoria fizeram mais mal do que bem durante as últimas décadas.

2) No seu livro recente “Anatomia de uma Epidemia” você se posiciona contra a ideia de que a doença mental seja causada por qualquer “desequilíbrio químico” no cérebro. Você acredita que isto seja um mito? 

anatomia_de_uma_epidemia_imagem_2Não é uma questão pessoal de acreditar ou não, já que a própria ciência revela que a teoria é um mito. A Psiquiatria sabe disso…A melhor referência sobre o assunto vem de um Psiquiatra, o Dr. Ronald Pies que foi o último Editor Chefe da revista “Psychiatric Times”, basicamente um braço da Associação Americana de Psiquiatria (APA). Ele escreveu: “Na verdade, a ideia de um desequilíbrio químico sempre foi uma espécie de lenda urbana, nunca foi uma teoria seriamente proposta por psiquiatras bem-informados”.

Existem muitos comentários similares a esse, feitos por cientistas que investigaram a fundo a hipótese do desequilíbrio químico e que mostraram que essa hipótese não tem fundamento científico algum. Por isso não se tratar de uma questão pessoal minha sobre ser um mito ou não.

Em 1998 Dr. Elliot Vallenstein, professor de neurociências na Universidade de Michigan, escreveu um livro que se chama “Blaming the Brain” ou “Culpando o cérebro” e nele ele diz: “As evidências coletadas não sustentam nenhuma teoria bioquímica como causadora de doenças mentais”. Mais recentemente, em 2005, Kenneth Kendler, co-editor da revista “Psychological Medicine” disse o seguinte: “Por muito tempo nós procuramos explicações neuroquímicas simples, que pudessem ser tidas como causas das doenças mentais, mas simplesmente não as encontramos. Ou seja, as pessoas que pesquisaram o assunto a fundo concluíram que essa teoria não se respalda, o que também é verdade sobre a teoria de que as pessoas deprimidas também têm baixas taxas de serotonina no cérebro.

3) Algo que chama a atenção tanto no livro quanto nos seu vídeos é que você postula que os efeitos das drogas psiquiátricas são nocivos a médio prazo, tanto no sentido cognitivo quanto também comportamental. Você poderia explicar em que se baseia para fazer essas afirmações?

Todos os estudos de longo prazo com drogas psiquiátricas mostram os mesmos resultados: aqueles que tomam as drogas por períodos mais longos se saem pior do que aqueles que não as tomam. Enquanto isso, os pesquisadores que buscam entender esses resultados ruins acharam uma explicação biológica para isso: no longo prazo, as drogas acabam causando anormalidades ao cérebro, o que é exatamente o oposto do que deveria ser o seu efeito inicial previsto.

Por exemplo, tome os casos dos antidepressivos conhecidos como Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS). Eles bloqueiam a recaptação normal de serotonina na fenda sináptica e portanto, aumentam a atividade serotonérgica. Fomos ensinados que isso resolveria o desequilíbrio químico cerebral, mas os pesquisadores nunca encontraram pessoas com depressão que tivessem baixas taxas de serotonina antes de começarem a tomar os remédios.

Ou seja, as drogas aumentam a atividade serotonérgica, mas o cérebro tem mecanismos de biofeedback, feitos para manter um equilíbrio homeostático (mantendo funcionamento normal dentro da sopa química cerebral). Esses mecanismos agora sinalizam ao cérebro para reduzir a atividade serotonérgica, uma vez que há excesso de serotonina em circulação. Então os neurônios pré-sinápticos começam a reduzir a quantidade produzida de serotonina, e os neurônios pós-sinápticos diminuem a densidade de seus receptores de serotonina de forma a tornar o cérebro menos sensível ao excesso circulante. Resumindo, a droga aumenta a atividade de serotonina e o cérebro aciona o freio exatamente nessa mesma atividade, de forma a manter o equilíbrio.

Veja que ironia: antes de começar a medicação, o paciente deprimido não tinha nenhum problema conhecido com seu sistema serotonérgico, mas agora ele tem! Agora ele tem menos receptores de serotonina do que o normal. Ou seja, o uso constante das drogas criou exatamente o problema que imagina-se causar a depressão. E ao se retirar a medicação, há menos receptores e menos serotonina sendo produzida e portanto a pessoa recai.

Os pesquisadores então chegaram à conclusão de que provavelmente é esse o motivo pelo qual as pessoas não melhoram com os remédios a longo prazo. “As drogas induzem a modificações opostas ao previsto” disse um dos pesquisadores.

4) Será que esse mesmo mecanismo de biofeedback explica porque as pessoas têm tanta dificuldade em deixar as medicações psiquiátricas, em geral?

Claro, é essa a razão pela qual deixar a medicação se torna tão difícil. O seu cérebro se adaptou à presença da droga e quando você tenta retirá-la, o cérebro entra em um estado anormal. Se voltarmos ao exemplo dos Inibidores de Recaptação Seletiva de Serotonina, ao deixar o remédio, você agora está equipado com um sistema serotonérgico que está deficiente, ou até comprometido. E isso provavelmente irá levá-lo a uma recaída quase que imediata, além de possíveis complicações, efeitos colaterais e de abstinência, etc.

Eu devo dizer que esta é uma explicação muito simplista de como sistemas de neurotransmissores cerebrais funcionam. Na realidade, um sistema afeta o outro, e tomar medicação psiquiátrica é como atirar uma chave inglesa dentro desse complexo mecanismo que é o cérebro humano. É por isso que tentar parar a medicação pode ser uma tarefa tão difícil para os pacientes.

5) Na sua opinião essa hipótese do feedback cerebral e da homeostase adaptativa é a mesma para outras drogas psiquiátricas, seja para depressão, ansiedade, hiperatividade, etc?

Sim, eu acredito que isso aconteça com todas as drogas psiquiátricas. Foi isso que Stephen Hyman, um ex-diretor do Instituto Nacional de Doenças Mentais dos Estados Unidos (NIMH), escreveu em 1996 num paperintitulado “A paradigm for understanding psychotropic drugs”. Ele descreve que esse é um processo universal que acontece com todos os tipos de medicação psiquiátrica.

6) Aqui no Brasil também seguimos o mesmo modelo de doença preconizado pelos manuais de Psiquiatria e pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Mas se essas políticas claramente não têm dado resultados, porque não há ninguém alertando sobre isso, mundialmente falando?

Bom, essa é uma boa pergunta… Na verdade quem escreve as diretrizes para a OMS? São os próprios psiquiatras contratados para fazerem parte dos painéis de desenvolvimento da OMS e que suportam esse “saber convencionado.” Então é uma teoria suportada pelos seus próprios criadores.

Além disso, os psiquiatras são treinados nas universidades exatamente para aprenderem a medicar. Eles são educados dentro de um espectro profissional que indica drogas específicas, recomendadas para doenças bem definidas do cérebro, desequilíbrios químicos, distúrbios neurobiológicos, entre outros. Ou seja,  a “boa medicina”, como eu falo no livro, é aquela que encontra a causa para uma doença e portanto uma medicação adequada para tratá-la. Foi esse modelo que a psiquiatria abraçou e que buscou no cérebro um culpado para a aparente “causa” das doenças mentais.

7) Como você vê o aumento da medicação também em crianças, especialmente nos casos de TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, cada vez mais comuns atualmente?

Há “evidência” de que as drogas reduzem os sintomas de TDAH – o tamborilar dos dedos, inquietação, desatenção e outros, a curto prazo. Se fôssemos avaliar nesse sentido, as drogas parecem “funcionar” e portanto com a efetiva redução dos sintomas, medicar as crianças se tornou a norma e também a prática recomendada. Mas ninguém está se perguntando se sufocar esses movimentos das crianças nas salas de aula é realmente bom para elas, e claro, ninguém está preocupado com os efeitos a longo prazo.

Como os estudos para aprovação das drogas duram em média seis semanas, a avaliação fica restrita à diminuição dos sintomas de forma bastante imediatista. Mas ninguém está realmente se questionando se as drogas ajudam as crianças a se saírem melhor no longo prazo. O que se sabe é que as drogas funcionam ao serem mensuradas escalas de sintomas, tais como movimentos excessivos das mãos, pernas inquietas, etc. Os pesquisadores sabem que as drogas até pioram o desempenho das crianças a longo prazo, mas ao serem confrontados com esses resultados, eles voltam a sua atenção para os resultados imediatos e com isso, justificam e validam sua utilização. Então as políticas medicamentosas são muito bem recebidas pelo meio médico e social, e as drogas, aprovadas.

8) Seria possível traçar alguma associação entre este movimento medicamentoso e o financiamento para pesquisas exercido pela indústria farmacêutica?

A pressão exercida pela indústria farmacêutica é um dos problemas. O outro problema, ainda maior do que este, é que organizações ditas “independentes” são povoadas por psiquiatras formadores de opinião, que recebem milhares de dólares via pesquisas ou diretamente das próprias companhias farmacêuticas, para promoverem e disseminarem suas novas drogas. Então esses psiquiatras que são tidos como autoridades e líderes em seus segmentos, acabam “financiados” pelas grandes indústrias que se beneficiam em vendas, a partir da recomendação direta ou indireta do médico.

9) Ainda falando de TDAH, você acredita que o uso massivo de equipamentos eletrônicos tais como Iphones e Ipads possa estar contribuindo para esse aumento nos casos diagnosticados da doença em crianças?

Sim, com certeza. Basta perceber que uma criança que cresce tendo o hábito de ler livros terá um comportamento e uma mente diversa da criança que passa horas na frente de computadores, televisão ou jogos eletrônicos. A primeira aprende a manter o foco por longos períodos de tempo enquanto a segunda aprende a ser responsiva a múltiplos estímulos, de curta duração e de forma rápida, aprendendo a estar alerta a novos impulsos a qualquer segundo. Os cérebros dessas “novas” crianças está sendo treinado para ser hiperativo.

10) Você conhece a iniciativa o método de tratamento conhecido por “Open Dialogue” , criado para tratar episódios de psicose na Finlândia? Eles parecem ter algumas das melhores taxas no Mundo inteiro quando se pensa em readaptação dos pacientes, recidivas e sociabilidade a longo prazo. Será que isso poderia ser uma alternativa para tratar também TDAH, depressão, etc?

Eu viajei para Tornio e conheci o Open Dialogue quando estava escrevendo “Anatomia de uma Epidemia”. Enquanto meu maior interesse era pesquisar como eles utilizavam esse processo para tratar pacientes psicóticos, acabei descobrindo que eles usam o mesmo método para tratar pacientes deprimidos e até mesmo crianças que estão tendo dificuldades na escola, o que poderíamos chamar de TDAH.

É muito interessante perceber que eles veem todos os problemas como sendo oriundos de um contexto social, em vez de uma doença que afeta um indivíduo e não outro. Open Dialogue é um método e uma forma de terapia desenvolvidos para ajudar a curar não apenas os indivíduos mas também toda a sociedade que os envolve.

 11) Então qual seria o caminho a seguir, se queremos desenvolver um novo modelo, capaz de tratar as doenças mentais de uma maneira mais humanizada?

Eu acredito que o Open Dialogue promova um modelo. Trata-se de pensar em dificuldades psiquiátricas como consequência de dificuldades de adaptação a um contexto social. Portanto se tentarmos melhorar esse contexto social e também cuidarmos das pessoas para que possam tolerar melhor essa realidade, talvez tenhamos uma boa chance de sucesso.

Nós podemos utilizar drogas como acessórios temporários neste processo, mas entendendo que elas não estão curando nada e, mais do que isso, a longo prazo elas tendem a piorar os resultados daquilo que elas deveriam tratar. Mas sim, é verdade que elas promovem algum alívio a curto prazo e esta é a armadilha paradoxal do que estamos observando acontecer atualmente.

O ponto mais importante é que precisamos enterrar o paradigma atual de tratamento mental, no qual é dito que existem doenças mentais ou desequilíbrios químicos dentro dos cérebros de alguns indivíduos, e que podem ser consertadas de alguma forma por remédios. Esse paradigma é falso e precisamos substituí-lo por um novo, que seja humilde o suficiente para reconhecer que a mente humana é extraordinariamente complexa, que seu modo de funcionamento ainda é misterioso para nós, e que, portanto, fingir que podemos consertá-la apenas com um remédio é de uma extrema arrogância, sem precedentes. As pessoas existem, vivem e se relacionam dentro de um contexto social e ambiental. Elas respondem a essa sociedade e a esse ambiente. As concepções psiquiátricas dos problemas mentais e de seus tratamentos deveriam começar a partir desse entendimento.

Esta entrevista foi originalmente postada em meu blog →

A MORTE DO SEXO

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dhealy

A vocês brasileiros estou escrevendo este blog. Leiam com atenção. Que se integrem à esta iniciativa.

E vejam como cada um pode fazer parte desse movimento internacional.

 

Você pode esfregar a pasta de pimenta em seus órgãos genitais e não sentir isso, se você tiver uma Disfunção Sexual pós-ISRS (PSSD),  Síndrome de Pós Finasterida (PFS) ou  uma Disfunção Sexual Pós Retinoides (PRSD).

Esses problemas podem de repente aparecer na vida de alguém – depois de haver parado o tratamento. Mesmo quando não há mais droga restando ainda em seu corpo.

Algo tão inusitado como isso deveria chamar a atenção de médicos, pesquisadores,  empresas farmacêuticas e políticos. Há demasiado sofrimento humano aqui. Existe aí uma ótima oportunidade para se descobrir coisas importantes sobre o que fazem todas as drogas. Essas descobertas não apenas poderão aliviar o sofrimento, mas também fornecer a base para novos tratamentos para outras condições de saúde.

Todos deveriam estar se perguntando como chegamos a demorar tanto tempo para reconhecer algo tão extraordinário como isto.

Discinesia tardia

Há sessenta anos, quase imediatamente após a descoberta dos antipsicóticos, os primeiros relatos a respeito de uma estranha condição apareceu, a Discinesia Tardia (DT). Assim como com ocorre com PSSD, PFS e PRSD, a DT algumas vezes apenas aparecia depois que a pessoa parava o tratamento. Igualmente era estranho o fato de que poderia persistir por décadas depois, sem exposição ao medicamento provocador.

Em 5 anos, artigos sobre a DT começaram a aparecer em todos os principais periódicos. A maioria das reuniões internacionais que nada tinham a ver com a saúde mental passou a reservar simpósios sobre essa condição – como parte de um esforço concertado para se estabelecer o que poderia estar acontecendo e como tratar tal fenômeno. Embora houvessem respostas desfavoráveis de alguns médicos, por estarem preocupados em chamar a atenção para os perigos de um grupo de drogas consideradas muito úteis, o campo da saúde passou a se engajar com o problema. A FDA criou uma Força Tarefa para ver o que poderia ser feito.

Tal como aconteceu mais tarde, com a epidemia de HIV, quando mais e mais pessoas passaram a se envolver com o problema ao invés de ignorá-lo. Com relação à Discinesia Tardia, conseguimos uma nova geração de drogas, o que, apesar de ter seus próprios problemas, era menos provável que viesse a causar esse problema. As pessoas não pararam de usar antipsicóticos. Provavelmente, o antipsicótico é hoje muito mais usado do que deveria ser. Porém, haver reconhecido o problema ajudou a muitos, incluindo as empresas farmacêuticas, e não parece ter prejudicado a ninguém.

Quarenta Anos Mais tarde

Quarenta anos depois, hoje qualquer pessoa que tome um SSRI, isotretinoína ou finasterida está em uma situação completamente diferente. Levaram cerca de 15 anos do lançamento dos ISRSI e Finasteride, e ainda mais do lançamento de retinoides como o Roaccutane, para haver algum reconhecimento dos problemas.

Para minha vergonha, lembro-me da primeira pessoa que me apresentou este problema, depois de ter estado no citalopram. Ainda a vejo, a cor de seus cabelos, a angústia no rosto e a descrença na minha perplexidade. É o brometo ligado ao citalopram ela perguntou? Uma questão muito razoável – os brometos foram outrora administrados para reprimir os apetites sexuais. Não escrevi sobre o problema quando eu deveria assim ter agido.

Em 2006, os primeiros relatórios apareceram em um periódico obscuro, seguidos de relatórios sobre PFS e PRSD, também em periódicos obscuros.

Nenhuma de nossas principais revistas escolheu algum artigo para abordar esses tópicos. Não houve simpósios em reuniões médicas sobre os problemas. Não foram criadas forças-tarefa.

Isso é extraordinário, na medida em que as pessoas afetadas muitas são jovens e profissionais. Eles não estão trancados em enfermarias dos asilos psiquiátricos dos anos 60. A discinesia tardia (DT) foi um problema terrível, mas esta é uma morte viva. DT afetou milhares, porém isso agora está afetando dezenas de milhares de pessoas.

Disfunção sexual_1

Relacionamentos afetivo-amorosos se desintegram. Centenas, talvez milhares, vão aos médicos e acabam se sentindo desacreditadas ou ridiculizadas. Muitos já se suicidaram.

E, embora essas drogas possam ser úteis, não são tão insubstituíveis quanto eram os antipsicóticos.

Mas ninguém, e menos ainda a medicina, parece ver as oportunidades de que o enfrentamento do problema pode criar linhas de pesquisa e permitir o desenvolvimento de medicamentos – além da necessidade de ajudar as pessoas que necessitam ser ajudadas, mesmo que seja apenas ouvindo com simpatia ao em vez de ridicularizá-las.

O mesmo atraso em reconhecer outros problemas e ajudar pessoas a enfrenta-los atravessa toda a medicina, o que vem piorando. Existem mais de uma centena de drogas que podem desencadear suicídio, homicídio e grandes mudanças comportamentais. Precisamos enfrentar essa crescente cultura de negligência.

Estigma

Um grande problema que inibe o reconhecimento da PSSD, PFS e PRSD tem sido o estigma – um problema que os ativistas da AIDS enfrentaram de frente e superaram.

No início dos anos 1980, poucas pessoas queriam admitir publicamente que eram homossexuais. Quase ninguém queria admitir que tinham uma doença letal que potencialmente poderia ser transmitida aos outros. Mas longe de se esconderem diante disso, as comunidades homossexuais e de AIDS foram para a luta. Elas abraçaram o estigma.

Enquanto escrevo, há uma discussão internacional sobre Harvey Weinstein quando, pela primeira vez em massa, mulheres saíram e deixaram que seus nomes fossem conhecidos, preparadas para viver com a possibilidade de que outros passassem a pensar que foram maculadas. Ao atuar juntas, elas estão conscientizando o público para a necessidade de se encontrar uma solução para um problema – mesmo que os homens sejam, pelo menos por enquanto, como os antipsicóticos da década de 1960, difíceis de serem substituídos.

O mesmo necessita que ocorra para antidepressivos e isotretinoína e finasterida; mas as dificuldades são formidáveis e divididas por gênero.

Em nossa cultura, as mulheres, com medo de serem atacadas por tipos Harry Weinsteins em táxis ou caminhando pela rua durante a noite, muitas vezes ficam agarradas a um telefone celular. A mensagem é que elas estão em contato com os outros e que o valentão ou o estuprador ou o ladrão eles não vão se sair bem. Mas esse sinal de controle aparente grita medo e vulnerabilidade.

Da mesma forma, as mulheres estão dispostas a dizer que estão tomando um ISRI. Em alguns casos, a mensagem para todos que escutam é que elas estão no controle da situação. Isto é o que elas estão fazendo para garantir que elas não se quebrem em lágrimas ou que se tornem histéricas ou que caiam em constrangimento frente ao(s) outro (a)s. Todos podem relaxar.

Para os homens as mensagens são completamente diferentes. Os homens podem se sentir inibidos de usar um telefone celular quando possivelmente deveriam. Eles têm medo de mostrar uma fraqueza ou vulnerabilidade. Eles não querem deixar ninguém saber que eles estão tomando um antidepressivo ,quando eles talvez deveriam ter um bom motivo para fazê-lo. E eles são muito relutantes em falar sobre serem emasculados.

Através de um Vidro Escuro

PSSD e condições relacionadas não são apenas um instantâneo clínico – esta é uma janela e não uma imagem.

Há mais de um século, a teoria das emoções de James-Lange disse que nossas emoções e intuições vêm de nossos corpos. Os cérebros não sentem, eles interpretam.

Essa teoria semi-escandalosa nunca pegou de fato, porque estamos em uma plena era centrada no cérebro. Agora estamos todos como computadores, com os nossos corpos relegados ao papel de veículo que transporta o processador.

Quase todo mundo assume que condições como PSSD, PFS e PRSD devem estar localizadas no cérebro. Mas o divisor de águas mais claro e óbvio sobre tais condições é o entorpecimento genital que essas drogas causam – dentro de 30 minutos após tomar um comprimido, como é o caso de um ISRS. Toda a síndrome clínica pode ser explicada como uma consequência disso. O entorpecimento genital levará à perda de libido e da perda de libido à perda de função.

disfuncao-sexual-feminina-Os ISRSs entorpecem as emoções, assim como entorpecem os genitais. É esta ação que pode ser útil; mas, quando isso vai muito longe, leva a queixas de despersonalização e, por vezes, esses estados podem permanecer presentes após o tratamento psicofarmacológico parar.

Desde a década de 1960, sabemos sobre a despersonalização que nossas drogas podem desencadear, mas ninguém pensou em perguntar sobre sexo. Ainda posso ver a primeira pessoa que me falou na década de 1980 sobre o estado de despersonalização permanente em que ela estava após o tratamento. Engraçado como as pessoas se mantêm se relacionando com o clínico. É constrangedor. Talvez seja essa impotência que me impede de fechar o livro sobre esses casos.

Um Movimento das Pessoas

O Prêmio RxISK oferece um suporte para as pessoas se unirem. Estamos buscando criar um fundo de prêmios de US $ 100.000 para se encontrar uma cura. Mas as pessoas com estas condições já gastaram muito mais do que isso em remédios perigosos e visitas a terapeutas, todos muito felizes em tirar seu dinheiro para sustentar isso – por nada, exceto culpa. Na saúde e ainda mais em saúde mental se o tratamento não funcionar, o paciente é quem é o culpado. Queremos impedir que as pessoas paguem para serem culpadas e que paguem para assumir riscos perigosos.

Essas drogas destrutivas também oferecem oportunidades políticas. Se não podemos depender de médicos ou empresas ou políticos ou mesmo da mídia para a tomada de consciência de questões como esta, teremos que fazer isso por nós próprios.

Cooperar na busca de uma cura pode transformar a Medicina Baseada em Evidências, tendo a regulamentação de drogas com questão de frente. Em vez de se permitir que especialistas e reguladores decidam quando uma cura deve ser encontrada, há oportunidades aqui para aqueles sofredores dessa condição clínica que digam que “somos nós que decidiremos quando o remédio funciona”. Ou que,  “aconselhamos a outras pessoas que estão no mesmo barco que nós ou que podem acabar no mesmo barco que nós, o quanto vale a pena pagar dinheiro por esse tipo de tratamento”.

Se pudermos fazer com que este Prêmio funcione no caso da PSSD, PFS e PRSD, poderemos fazê-lo funcionar para outros problemas com tantos outros medicamentos. No momento, estamos nas mãos de seguradoras e do sistema de assistência para tratamentos para nós, e eles fazem negócios atrás de nossas costas, com empresas farmacêuticas e políticos e outros atores sociais. Podemos transformar isso e exigir transparência, para que todos que iniciem um tratamento vejam a base de evidências por trás do que lhes é pedido, bem como o verdadeiro custo de fornecer esse tratamento.

Engajamento

Tanto homens quanto mulheres têm AID, gays e heterossexuais, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Eles encontraram uma plataforma em comum e venceram. É momento de se vencer de novo. A medicina não construirá uma plataforma de luta com relação ao PSSD, PFS e PRSD, como foi outrora com a Discinesia Tardia. Os brasileiros tiveram um papel de destaque na história do HIV – e vocês têm um papel igualmente importante agora. Saibam disso!

Nós necessitamos de pesquisadores em farmacologia, medicina, engenharia, analistas de sistema e de outros grupos que pensem em trabalhar por essa causa. Precisamos de ativistas e políticos e talvez adolescentes, qualquer um que possa fazer a diferença, ao se envolverem com isso.

Mas, acima de tudo, precisamos de uma nova compaixão para com os afetados – uma compaixão que escute e ajude a se ajuntarem em uma comunidade que posa garantir uma mútua ajuda. E para isso, precisamos chamar os afortunados que até agora foram poupados e perguntar-lhes o que eles querem para seus parceiros ou filhos ou netos, se algum médico ou companhia farmacêutica enviar o infortúnio em seu caminho.

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Para mais informações a respeito da Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos, há a publicação traduzida para o português e já postada no Mad in Brasil, basta você clicar aqui.

Para mais informações propriamente ditas sobre o nosso Prêmio RxISK e como se engajar na campanha, clique aqui.

E conto com o Mad in Brasil para ajudar que vocês acompanhem a nossa Campanha. Futuras publicações estarão aí postadas. E não se esqueçam, a nossa página do RxISK é destinada a como “garantir que os remédios sejam seguros para todos nós”. Na página do RxISK você poderá acompanhar sistematicamente toda a dinâmica desta Campanha.

DAVID HEALY

Comprimidos para a Dor da Vida: os Antidepressivos

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Publicado em 2013, no Jornal El País: O uso de psicofámarcos, de maneira especial, antidepresivos, disparou em toda a Europa. Na Espanha e Reino Unido, dobraram nos últimos dez anos. Algumas causas apontadas por especialistas para esse crescimento excessivo é a extensão do diagnóstico daquilo que se considera depressão, a medicalização do sofrimento cotidiano e a indicação desses fármacos para outras patologias (transtornos endócrinos e fibromialgia, por exemplo). O problema não se resume ao uso de antidepressivos, exemplo disso é que,  no mesmo ritmo estão crescendo o uso de ansiolíticos e dos medicamentos hipnóticos e sedativos.

O psiquiatra Alberto Ortiz Lobo acredita estejam sendo patologizadas emoções normais, sob o rótulo de ‘depressão’. Pelo fato de nos anos 90 a indústria farmacêutica e algumas sociedades médicas terem feito programas específicos e campanhas de difusão para detecção da depressão. Segundo o psiquiatra, agora detrás dessa construção da ‘depressão’, mete-se na categoria de diagnóstico qualquer sintomatologia de tristeza ou desânimo.

Várias pesquisas científicas nos últimos anos analisaram a eficácia e o benefício dos antidepressivos no combate a sintomas leves ou moderados da depressão. Todos chegaram a conclusões similares, a eficácia do medicamento é muito limitada. Inclusive é interessante ressaltar um dos resultados, publicados na Revista Plos Medical, que concluiu que os antidepressivos tinham a mesma eficácia que placebo.

A Associação Espanhola de Neuropsiquiatria (AEN) reconhece esse excesso de diagnósticos e receitas de medicamentos para o sofrimento cotidiano.

Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria na integra →

Inspeção em comunidades terapêuticas encontra internações à força e instalações precárias

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O Globo

Publicado em O Globo: O Ministério Público Federal (MPF), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) deflagraram nesta semana uma investigação em 31 Comunidades Terapêuticas que recebem dependentes de drogas e álcool para recuperação. Dentre os problemas que foram encontrados nas entidades espalhadas por dez estados e Distrito Federal estão internações forçadas e indocumentadas, instalações precárias e péssimas condições de higiene, suspeita de trabalhos forçados e até indícios de sequestro e cárcere privado com a anuência da família.

Leia a matéria completa aqui →

Conhecimento de Estados Mentais e do Comportamento: Insights de Heidegger e Outros

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jmoncrieff-150x150Este é o terceiro de uma série de blogs apresentando uma análise filosófica do sistema moderno de saúde mental.

 

Wittgenstein esclarece que os estados mentais não são processos cerebrais privados ou universalmente idênticos ou eventos mentais. São padrões socialmente significativos e reconhecíveis de comportamentos característicos dos seres humanos. Nunca podemos entender ou conhecer esses estados olhando no cérebro ou construindo modelos ou teorias sobre quais estados mentais particulares consistem e como se relacionam um com o outro. Os estados mentais são propriedades de pessoas vivas em ‘formas de vida’ humanas, expressadas em atividades que são intencionais, interativas e cujo significado é inextrincável do seu contexto social. Não são entidades abstratas, independentes do contexto, como funções matemáticas ou elementos o são.

Muitos pensadores têm argumentado que essas propriedades significam que os estados mentais e a atividade humana não são susceptíveis aos métodos da ciência natural. O método científico, como se desenvolveu em física, química e biologia, é baseado na previsibilidade do mundo material, o que nos permite olhar para uma determinada situação e determinar suas ‘causas, olhar para adiante de um conjunto de circunstâncias e prever o que irá ocorrer.

O comportamento humano é inerentemente imprevisível, no entanto; e por isso argumenta-se que a compreensão é logicamente diferente da nossa compreensão do mundo material. [1] O comportamento humano não é causado da mesma forma que os eventos naturais, estes sim podem ser ditos como sendo causados. As pessoas fazem escolhas e fazem as coisas por razões. Essas escolhas são influenciadas e restritas, mas não determinadas, pelas circunstâncias da vida de uma pessoa, que incluem toda a história da sociedade humana que, ao longo dos séculos, estabeleceu as formas em que entendemos e respondemos aos fenômenos do mundo, incluindo cada outro. [2]. Mas a história – tanto pessoal como social – não é um evento ou entidade externa. Nossa história faz parte de quem somos e de quem nos tornamos. Faz parte da nossa individualidade. Não podemos distinguir nossa história das nossas ações, da maneira que podemos isolar causas das consequências nos sistemas físicos ou mecânicos.

A ideia de que os métodos da ciência natural possam ser transferidos para o estudo da atividade humana é comumente referida como ‘positivismo’, e os filósofos têm desafiado essa suposição desde o século XIX. Pensadores alemães, como Wilhelm Dilthey, seguindo as ideias de Hegel sobre a evolução cultural e social do pensamento humano, argumentaram que os aspectos distintivos da atividade humana exigem um tipo diferente de abordagem. Dilthey contrastou o tipo de conhecimento que é produzido pela ciência natural, que é pela explicação causal (Erklaren), da interpretação do sentido ou o entendimento, que é apropriada para o estudo do mundo humano (Verstehen).[3]

Ser e TempoSucessor intelectual de Dilthey, a mais famosa obra de Martin Heidegger é particularmente útil aqui. Em Ser e Tempo [4] Heidegger descreve como nossa atividade ordinária e cotidiana sempre envolve um certo tipo de ‘conhecimento’, que consiste em uma familiaridade com o ambiente que está ‘disponível’ para fins humanos. Consiste portanto em identificar e usar objetos relevantes e úteis para nós, como são as ferramentas e as roupas. Também envolve saber como se comportar em situações sociais, o que, por sua vez, envolve a compreensão das regras ou convenções que governam o comportamento em uma determinada sociedade. Heidegger referiu-se a esse tipo de conhecimento como ‘saber como’ (saber usar ou fazer algo) e o contrastou com o tipo de conhecimento que obtemos com uma análise científica objetiva do mundo, conhecida como ‘saber disso’ (saber a verdade de proposições ou ‘fatos’, às vezes referida como ‘conhecimento proposicional’).

Para Heidegger, a abordagem científica é uma atitude particular e incomum com relação ao mundo, na medida que é projetada para estudar o mundo ‘ocorrido’, enquanto o que existe isoladamente da atividade humana [5]. Envolve sair dele, ou se distanciar dele, estar além do nosso íntimo engajamento com o mundo ‘disponível’, para assim estudar objetos isoladamente do habitual contexto humanamente significativo em que estão incorporados. Somente quando despojamos um objeto de seu significado humano é que podemos investigar suas propriedades universais. Somente quando vemos um prego como um pedaço de ferro, por exemplo, podemos aprender como o ferro, em geral, funciona. A análise científica envolve a procura de propriedades universais que sejam independentes das situações particulares nas quais um objeto pode ser encontrado.

Heidegger enfatizou a prioridade do nosso familiar “saber como” em nosso engajamento com o mundo, que constitui o fundamento sobre o qual outros tipos de conhecimento são construídos. Ele não negou a utilidade e a validade da ciência natural para obter conhecimento e domínio sobre o mundo que nos rodeia. No entanto, para Heidegger, o método científico não pode ser aplicado de forma significativa ao estudo do mundo humano. O conhecimento dos seres humanos e de suas atividades é sempre uma forma de “saber como”. O comportamento humano não pode ser extraído do mundo familiar com seu significado humano nele imbuído e todas as suas convenções implícitas. Se queremos estudar técnicas de ensino, por exemplo, nós dependemos dos entendimentos convencionais sobre o que consiste o ensino e o que termos tais como aprendizado, teste e resultados alcançados, significam em uma cultura e configuração particulares. Ao contrário das ciências naturais, não podemos identificar ou desenvolver princípios que sejam independentes das atividades historicamente específicas que queremos estudar.

Pense também em ‘depressão’ ou tristeza descrita no meu blog anterior! A depressão não é uma coisa abstrata que pode ser medida e estudada independentemente das pessoas reais e individuais que a experimentam e do mundo social em que habitam. Você simplesmente não pode separar a ‘depressão’ de outros elementos da vida humana da maneira que é necessária para se identificar princípios universais e se obter conhecimento objetivo e conhecimento científico sobre isso.

Podemos fazer um julgamento de que alguém que não deixou sua cama ou que falou por semanas necessita de mais ajuda do que alguém que chora muito mas que continua a seguir sua vida diária, não obstante isso não é o mesmo tipo de comparação daquela entre a força de diferentes materiais ou de leituras da pressão arterial.

Tendo dito tudo isso, penso que existem algumas circunstâncias em que precisamos medir aspectos do comportamento humano de maneira “positivista“. Quando modificamos a forma como o corpo funciona através do uso de drogas ou outros meios, é melhor avaliar se obtemos o resultado pretendido.

Se recomendarmos medicamentos “antipsicóticos”, por exemplo, bem como a compreensão das alterações subjetivas e comportamentais que eles produzem, podemos querer saber se  reduzem as manifestações de psicose, se melhoram o comportamento perturbado ou o comportamento agressivo, e qual o tipo de impacto que têm sobre a qualidade de vida das pessoas, suas experiência e seu funcionamento. Da mesma forma, se reduzirmos ou tiramos as pessoas de tais produtos químicos (como o teste de Radar está visando fazer), precisamos saber como essas áreas serão afetadas. Para fazer isso, precisamos medir essas coisas de alguma forma, imperfeito como esse processo será inevitavelmente.

Não devemos esquecer, no entanto, que o propósito de qualquer intervenção que seja dada para modificar o comportamento, assim como de outras intervenções sociais (métodos de ensino, medidas de segurança rodoviária), é político, não é científico. Descobrir a melhor maneira de viver juntos é do campo da política. A ciência pode ajudar a descobrir como alcançar o que queremos alcançar, se houver diferentes opções com valor moral ou político igual, mas não pode determinar o valor que colocamos em algo.

Por conseguinte, a aplicação dos métodos da ciência natural à atividade humana às vezes é necessária, mas não pode ilustrar-nos sobre a natureza dessa atividade ou os motivos que a motivam e a sustentam. Em vez disso, as ideias devem vir das experiências próprias e da dos outros, e dos exemplos que encontramos na mídia, na literatura e em outros lugares. O aluno de Wittgenstein, Maurice O’Connor Drury (que se tornou psiquiatra), sugeriu que o conhecimento psicológico não vem de experiências psicológicas, mas da literatura, da arte e da música. São as artes que iluminam os dilemas e os desafios da vida humana. [6] Na mesma linha, Thomas Szasz recomendou, uma vez, a história curta Enfermaria 6, de Chekhov, como uma dos contas mais iluminantes sobre a natureza da loucura e as circunstâncias que podem gerá-la. [7]

Notas de rodapé:

  1. An idea expressed most clearly by Peter Winch, who applied Wittgenstein’s ideas to the study of social science. Winch, P. 2008. The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy, Routledge Classics edition ed. London, Routledge.
  2. As Marx famously said: ‘Men make their own history, but they do not make it as they please; they do not make it under self-selected circumstances, but under circumstances existing already, given and transmitted from the past’ Marx, K. 1852. The Eighteenth Brumaire of Louis Napoleon New York, Die Revolution.
  3. Dilthey, W. 2010. Dilthey: Selected Writings Cambridge, Cambridge University Press.
  4.  Heidegger, M. 1962. Being and Time New York, Harper & Row.
  5. American philosopher Hubert Dreyfus has written one of the most accessible commentaries on Being and TimeDreyfus, H.L. 1991. Being-in-the-World. A Commentary on Heidegger’s Being and Time, Division I. Cambridge, MA, MIT Press. Heidegger devises a whole new vocabulary to convey his ideas, which is translated in varying ways. Dreyfus translates Heidegger’s terms Zuhandenheit as ‘availableness’ and Vorhandenheit as ‘occurrentness’. Most translators use the more literal translations of being ‘ready at hand’ and ‘present at hand’.
  6.  Drury, M.O. 1973. The Danger of Words London, Routledge and Kegan Paul.
  7.  Chekhov, A. 1999. The Essential Tales of Chekhov London, Granta Books.

O Mau Uso da Colaboração e da Terapia para Impedir que as Pessoas Interrompam a Medicação

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MiriLBRecentemente eu li um relatório especial no Psychiatric Times que me deixou com raiva. Não costumo ler esta publicação e este artigo me lembra por quê. Aqui, Gabriel Ivbijaro e Lucja Kolkiewicz produzem cinco páginas dedicadas a melhorar a adesão à medicação psiquiátrica, através de cuidados colaborativos e a implementação de TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) modificada. [1] Em nenhum momento este artigo reconhece os graves efeitos adversos de tomar medicação psiquiátrica, os legítimos motivos por que tantas pessoas desejam parar, seu direito de recusar tratamentos que não estão funcionando para elas, ou a possibilidade de que elas possam estar melhor sem medicação a longo prazo. Melhorar a adesão é realmente uma maneira mais agradável de dizer “convencer as pessoas a tomar medicamentos que não querem tomar”. O uso da palavra “colaborativo” neste contexto é enganoso e desmente o verdadeiro significado do termo. Eles tomaram um conceito do ‘movimento do usuário’ do serviço e o fizeram para atingir os objetivos do ‘modelo médico’. É um pouco como Darth Vader tirando as ferramentas dos Jedi e usando-os para o lado escuro da força.

A colaboração propriamente dita envolve trabalhar em conjunto para se alcançar um objetivo compartilhado. Isso ocorre entre parceiros e quando ambos têm algo a trazer para o relacionamento. O cuidado colaborativo na saúde mental não tem a ver com pessoas com maior poder trabalhando juntas para convencer uma pessoa com menos poder para fazer o que a equipe acredita estar certo. Mas é precisamente isso que este artigo defende. Veja como os autores descrevem o cuidado colaborativo:

“O cuidado colaborativo pode ser dispensado de várias maneiras, incluindo: 1) Um psiquiatra sendo alinhado a uma equipe de atenção primária usando um modelo de interconsulta; 2) Atenção primária sendo alinhada a um psiquiatra ou a um grupo de provedores psiquiátricos; 3) Equipes de Atenção primária que trabalham de forma colaborativa para implantar seus recursos para que o cuidado seja entregue ao paciente sem problemas “.

Eles esqueceram o próprio usuário do serviço, seus objetivos e preferências, o conhecimento e a experiência que eles trazem à mesa, o fato de que eles estão envolvidos neste acordo e a realidade de que os cuidados de saúde mental não podem ser “entregues” a pessoas, mas que devem ser implementados com elas.

O uso da TCC para alcançar a adesão à medicação psiquiátrica sofre de práticas não éticas e me lembra a prática arcaica do aconselhamento genético em que os profissionais procuravam convencer as pessoas com problemas de saúde mental a não ter filhos. A TCC oferecida corretamente não é sobre como convencer as pessoas de que seu pensamento está errado para trazê-las para a maneira de pensar de outra pessoa. Muitas vezes é mal utilizada desta maneira, mas não é geralmente da maneira intencional tal como esses autores defendem explicitamente aqui:

“A CBT especificamente concebida para promover a concordância com a medicação pode melhorar a motivação, apoiar a autogestão e permitir que os clínicos e os pacientes trabalhem de forma mais colaborativa …”

Minha pesquisa sobre tentativa de descontinuação (Larsen-Barr, 2016) [2] me diz que a TCC e outras terapias psicológicas podem ser altamente úteis para aqueles que desejam parar de tomar medicamentos psiquiátricos, não porque possam ser distorcidas para convencê-las a abandonar seu objetivo, mas porque isso pode ajudar a construir os recursos internos que as pessoas precisam para parar a medicação com sucesso. Minha pesquisa me diz que é possível parar de tomar medicação psiquiátrica e continuar a viver bem sem ela. Aqueles que pararam com sucesso por longo prazo parecem ter desenvolvido fortes capacidades de autorreflexão, meios alternativos para lidar com suas experiências, bem conexões com pessoas para suporte confiável.

Seria um grande desserviço para a pessoa que entrou em terapia se esta fosse focada especificamente na promoção da adesão à medicação. A terapia simplesmente se tornaria outra forma de coerção – psicológica e tácita em vez de legal e aberta. Muitas vezes é o medo de coerção que impede as pessoas de expressarem seu desejo de parar a medicação e de buscar apoio para assim proceder. Um dos participantes das minhas entrevistas explicou que a descontinuação é “um caminho difícil de ser feito sozinho”; por isso ser difícil imaginar como a abordagem descrita no Psychiatric Times poderia fazer qualquer coisa para melhorar os resultados para as pessoas que querem parar ou reduzir seu desejo para o consumo. Em vez disso, é mais provável que tal procedimento conduza as pessoas a ocultar mais ainda as suas tentativas, assim como a estar mais longe das formas de apoio que as ajudem a parar de se drogar com segurança.

Os usuários na minha pesquisa afirmaram que a coerção e o desânimo de tentar abordagens alternativas deixaram-nos presos a tomar medicamentos que pioraram a sua vida, não a melhoraram. A coerção transformou uma experiência desagradável do que poderia ter sido de curta duração em uma forma de “inferno” ou “trauma”, de onde elas não podiam escapar sem perder potencialmente o direito humano de escolher por si mesmas. Dois terços das 144 pessoas pesquisadas pensaram em parar a medicação antipsicótica que estavam tomando e 90% tentaram parar pelo menos uma vez. A maioria das pessoas havia feito várias tentativas para fazê-lo, sugerindo que elas eram persistentes em seu desejo de parar, mesmo diante de respostas desencorajadoras dos outros. Importante, metade das pessoas conseguiu parar por um ano ou mais e nenhuma dessas pessoas descreveu ter ficado pior sem a medicação.

Os serviços de saúde mental são muitas vezes mal financiados e com recursos insuficientes. Melhorar a adesão é realmente o melhor uso de seus escassos recursos? Desanimar as pessoas de seus objetivos de serem livres de medicação não as desencoraja, mas, em vez disso, deixa as pessoas na posição de forjar suas metas sozinhas, às escondidas, muitas vezes sem informações adequadas para fazer sua tentativa da forma a mais segura possível. No meu estudo, as pessoas geralmente acreditavam que estavam se retirando gradualmente, mas tentaram fazê-lo em apenas 1-4 semanas, o que não é realmente muito gradual. Talvez em vez de trabalhar para “melhorar a adesão”, os serviços de saúde mental poderiam trabalhar para melhorar a segurança da não adesão ou a tentativa de descontinuação, como prefiro chamar.

A não adesão e a não conformidade são termos carregados de sentido que falam de um desequilíbrio de poder inerente, mas muitas vezes não reconhecido, que se desenrola dentro de um sistema paternalista onde o médico sempre sabe melhor. É cada vez mais comum ler artigos que empregam o idioma de escolha sobre conformidade e adesão. Este artigo no Psychiatric Times mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido no esforço de introduzir direitos humanos na equação. Ao ler, lembrei-me mais de um e-mail de ódio desinformado que recebi quando lancei meu estudo das evidências da minha pesquisa sobre o uso prolongado de medicamentos psiquiátricos. Esse conjunto de provas é relativamente pequeno, mas quase que universalmente demonstra que as pessoas que param de tomar medicação obtêm resultados melhores ou iguais em comparação com aqueles que persistem a longo prazo (Ver Harrow & Jobe, 2007 [3]; Harrow, Jobe & Faull, 2012 [4]; Laengle et al., 2010 [5]; Landolt et al., 2016[6]; Wils et al., 2017[7]; Wunderink, Nieboer, Wiersma, Sytema e Nienhuis, 2013[8]). Na minha própria pesquisa, o uso de antipsicóticos confirmou uma correlação negativa com a qualidade de vida, mas quando o controle foi sobre a idade e o status ocupacional não houve tal significância. Outros fatores foram mais importantes para os resultados das pessoas do que se elas estavam tomando ‘sua’ medicação ou não.

Me interessa que nos refiramos aos medicamentos psiquiátricos como pertencentes de fato ao indivíduo. Mesmo o olhar mais superficial do relacionamento padrão de prescrição nos mostra que esses medicamentos pertencem aos profissionais que os prescrevem mais do que aos indivíduos que os tomam ou tentam parar de tomá-los.

Se você me der um presente que eu não quero, e prendê-lo em minhas mãos de tal modo que eu não possa deixá-lo quando eu quiser, é ele realmente meu? Deve você dedicar seu tempo, energia e recursos para me convencer a aceitar e apreciar o presente e o indesejado peso que aumenta a carga que tenho que carregar, ou você deve me ajudar a desatar as ligações e a encontrar uma maneira de ficar livre dele?

Referências Bibliográficas:

  1. Ivbijaro, G.O. & Kolkiewicz, L. (2017). Partnering With Primary Care Clinicians to Improve Adherence. Psychiatric Times, Sep 29, 2017, www.psychiatrictimes.com/special-reports/partnering-primary-care-clinicians-improve-adherence/page/0/1
  2. Larsen-Barr, M. T. (2016). Experiencing antipsychotic medication: from first prescriptions to attempted discontinuation. University of Auckland, New Zealand.
  3. Harrow, M. H., & Jobe, T. H. (2007). Factors involved in outcome and recovery in schizophrenia patients not on antipsychotic medications: a 15-year multifollow-up study. Journal of Nervous & Mental Disease, 195(5), 406-414. doi:10.1097/01.nmd.0000253783.32338.6e
  4. Harrow, M. H., Jobe, T. H., & Faull, R. N. (2012). Do all schizophrenia patients need antipsychotic treatment continuously throughout their lifetime? A 20-year longitudinal study. Psychological Medicine, 42(10), 2145-2155. doi:10.1017/S0033291712000220
  5. Laengle, G., Bayer, W., Eschweiler, G., Jager, S., Pfiffner, C., Weiser, P., . . . Steinert, T. (2010). Effects of longterm treatment with atypical neuroleptics for patients with schizophrenia (ELAN): Medication use, adherence, functional impairment, quality of life. European Psychiatry, 25(1)
  6. Landolt, K., Rössler, W., Ajdacic-Gross, V., Derks, E. M., Libiger, J., Kahn, R. S., & Fleischhacker, W. W. (2016). Predictors of discontinuation of antipsychotic medication and subsequent outcomes in the European First Episode Schizophrenia Trial (EUFEST). Schizophrenia Research, In Press doi:10.1016/j.schres.2016.01.046
  7. Wils, R. S., Gotfredsen, D. R., Hjorthøj, C., Austin, S. F., Albert, N., Secher, R. G., . . . Nordentoft, M. (2017). Antipsychotic medication and remission of psychotic symptoms 10 years after a first- episode psychosis. Schizophrenia Research, 182, 42-48. doi:10.1016/j.schres.2016.10.030
  8. Wunderink, L., Nieboer, R. M., Wiersma, D., Sytema, S., & Nienhuis, F. J. (2013). Recovery in Remitted First-Episode Psychosis at 7 Years of Follow-up of an Early Dose Reduction/ Discontinuation or Maintenance Treatment Strategy: Long-term Follow-up of a 2-Year Randomized Clinical Trial. JAMA Psychiatry, 70(9), 913. doi:10.1001/jamapsychiatry.2013.19

Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos (PSSD)

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RxISK

Última atualização: 2017

Medicamente revisado pela equipe médica da RxISK

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Conteúdos:

  • Introdução
  • O que é disfunção sexual pós-antidepressivos?
  • Sintomas
  • Quão comum é a PSSD?
  • Pode a PSSD ser prevenida?
  • É o antidepressivo ou a depressão?
  • Por quanto tempo duram os efeitos colaterais sexuais após a interrupção dos antidepressivos?
  • Publicações e estudos
  • Outras drogas e condições de saúde
  • Há tratamentos disponíveis?
  • Relate a sua condição de saúde
  • Na mídia
  • Veja também
  • Referências

Introdução

Cerca de 100% das pessoas que tomam antidepressivos experimentam alguma forma de efeitos colaterais sexuais.

A maioria das pessoas que tomam um ISRS (inibidor seletivo da recaptação de serotonina) ou um IRSN (inibidor da recaptação da serotonina-norepinefrina) e alguns antidepressivos tricíclicos (clomipramina e imipramina) sentirão algum grau de entorpecimento genital, muitas vezes dentro de 30 minutos após tomar a primeira dose.

Os ISRS comumente utilizados incluem paroxetina (Paxil, Seroxat), fluoxetina (Prozac), sertralina (Zoloft), citalopram (Celexa), escitalopram (Lexapro) e vortioxetina (Brintellix).

IRSN comuns incluem venlafaxina (Effexor), desvenlafaxina (Pristiq) e duloxetina (Cymbalta).

O que é a disfunção sexual pós-Antidepressivos (PSSD)?

A Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos (PSSD) é uma condição iatrogênica que pode surgir após o uso de antidepressivos, em que a função sexual não volta completamente ao normal após a descontinuação de ISRSs, IRSNs e alguns antidepressivos tricíclicos [1-2].

Algumas pessoas desenvolvem efeitos colaterais sexuais nos antidepressivos que permanecem na íntegra, ou não se resolvem completamente quando a droga é interrompida. Para outros, a condição só aparece quando realmente param a medicação ou começam a reduzir a dosagem.

PSSD afeta homens e mulheres. Pode acontecer depois de apenas alguns dias de exposição a um antidepressivo e pode persistir por meses, anos ou indefinidamente. Não há cura conhecida.

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Sintomas

Os sintomas da PSSD podem incluir:

  • Sensação erógena (sexual) reduzida nos genitais
  • Anestesia genital
  • Disfunção erétil / lubrificação vaginal diminuída
  • Atraso ou incapacidade para o orgasmo (anorgasmia)
  • Orgasmos sem graça, fracos ou “silenciados”
  • Diminuição ou perda de libido (desejo sexual)
  • Resposta reduzida aos estímulos sexuais
  • Diminuição ou falta de ereções noturnas
  • Ejaculação precoce
  • Síndrome de glande flácida

Alguns sofredores experimentam uma redução notável na sensação tátil – descrevendo seus órgãos genitais como se sentindo menos sensíveis ou entorpecidos, como se estivessem expostos a um anestésico. Outros percebem pouca ou nenhuma mudança na sensação tátil, mas observam uma redução na sensação sexual. Esses problemas também podem ser acompanhados por sensibilidade reduzida no mamilo.

Pode haver uma perda de excitação que pode causar dificuldades com as relações sexuais. Os homens podem ter dificuldade em obter e manter uma ereção. As mulheres podem ter problemas com a lubrificação.

O orgasmo geralmente é experimentado com uma diminuição ou perda de sensação prazerosa, muitas vezes referida como um orgasmo sem prazer ou silenciado. Também pode haver contrações musculares visivelmente mais fracas. Embora homens e mulheres com PSSD muitas vezes tenham mais dificuldade em alcançar o orgasmo, a ejaculação precoce também pode se desenvolver depois de parar um antidepressivo [3].

Embora menos comumente relatado, alguns pacientes do sexo masculino desenvolvem síndrome de glande flácida. Isso se refere a uma ereção anormal em que o eixo do pênis se torna ereto, mas a glande permanece flácida em graus variados. Pode ser mais notável ao acordar e pode ser acompanhada por uma sensação de desconforto ou aperto.

Diagnóstico

Não há teste simples para diagnosticar PSSD. Um diagnóstico é feito considerando vários fatores, incluindo história de medicação, início e perfil dos sintomas, e eliminando outras causas possíveis.

Enquanto muitos médicos estão cientes da PSSD, há igualmente muitos outros menos familiarizados com essa condição clínica. O que resulta não ser incomum sintomas de PSSD sendo mal diagnosticados como um problema psicológico, quando na verdade é de origem farmacológica.

Isso não é apenas inútil para o sofredor, mas também pode levar a uma maior prescrição de medicamentos que causaram a condição.

Os efeitos colaterais sexuais antidepressivos não estão de modo algum relacionados com a depressão ou qualquer outro transtorno psicológico ou psiquiátrico.

Enquanto a PSSD geralmente pode resultar em níveis de testosterona inferiores aos normais, isso não é responsável pela condição. Restaurando os níveis de hormônio de volta ao normal com a medicação não se consegue resolver o problema.

Quão comum é PSSD?

Não se sabe quantas pessoas se recuperam 100% do seu funcionamento e sensação sexual originais após uso de um antidepressivo. Com base nos dados disponíveis, a PSSD pode ser bastante comum [4].

A condição pode variar em gravidade entre indivíduos. É provável que algumas pessoas não percebam que estão sofrendo com isso. Elas podem ter tido efeitos colaterais sexuais em um antidepressivo que parecia ter sido resolvido quando pararam, mas as pessoas ainda percebem que sua função sexual não é a mesma coisa que costumava ser, ou que a atividade sexual é sentida diferente de outrora.

Por exemplo, uma pessoa pode achar que está podendo atingir o orgasmo depois de ser incapaz de fazer isso durante a medicação; mas agora o sente mais fraco e menos intenso, em comparação com antes de usar os antidepressivos. Isso cria uma situação confusa para o sofredor. Como as pessoas não estão mais na droga, elas podem pensar que estão imaginando isso ou que deve ser devido a algum outro motivo, como um problema de relacionamento.

Essas questões serão exploradas mais adiante na publicação no Mad in Brasil do artigo Como é comum a Disfunção Sexual pós-antidepressivos.

A PSSD pode ser prevenida?

Ao usar um ISRS ou IRSN ou alguns antidepressivos tricíclicos, atualmente não existe nenhuma maneira de determinar quem desenvolverá PSSD quando a droga for interrompida ou qualquer forma de preveni-la ativamente. Parar um antidepressivo gradualmente (diminuir) não impede o problema.

Não há evidências de que adicionar outro medicamento a um antidepressivo para combater os efeitos colaterais sexuais, a bupropion (Wellbutrin), por exemplo, irá prevenir PSSD quando o antidepressivo for parado.

É importante que qualquer pessoa que considere fazer uso de antidepressivos leve em conta o risco de mudanças potencialmente permanentes no funcionamento sexual, antes de tomar uma decisão sobre seu tratamento.

PSSD pode ser extremamente angustiante para os afetados. Isso pode levar a ruptura matrimonial, perda de emprego e suicídio. Mas para alguns sofredores, a falta de desejo significa para eles que simplesmente não estão mais interessados em sexo, e com isso não se preocupam com a condição.

É a medicação antidepressiva ou a depressão?

Existem quatro maneiras de ajudar a distinguir os efeitos colaterais sexuais persistentes de qualquer problema que possa ter levado ao tratamento em primeira instância.

  • Você teve um funcionamento sexual normal imediatamente antes de iniciar o antidepressivo.
  • Você experimentou um início muito claro de efeitos colaterais sexuais nos primeiros dias ou semanas do início do tratamento e sua função sexual nunca voltou ao normal após a interrupção.
  • Você está experimentando entorpecimento genital (perda de sensações sexuais e / ou anestesia) e orgasmos silenciados. Embora a depressão às vezes possa torná-lo menos interessado em sexo, esta não causa esses sintomas que são efeitos bem conhecidos da recaptação da serotonina inibida pelos medicamentos. Nos homens, uma redução ou perda de ereções noturnas também aponta para a droga e não para um problema psicológico.
  • Se a sua depressão original desapareceu com o antidepressivo e você esteve indo bem ao parar o tratamento, nenhum problema novo deveria aparecer durante vários meses ou mesmo anos. Quaisquer problemas sexuais persistentes, ou quaisquer novos problemas sexuais que apareçam no período de dias após a parada, são mais prováveis de serem causados pela droga.

Mesmo que sua função sexual tenha respondido às mudanças na dose durante o tratamento e tenha melhorado significativamente após a parada, se não for o mesmo que antes de iniciar os antidepressivos, você pode estar sofrendo de PSSD.

Quanto tempo os efeitos colaterais sexuais perduram após a interrupção?

Quando os efeitos colaterais sexuais persistirem depois que o antidepressivo é interrompido, não há prazos específicos para a recuperação.

Algumas pessoas relatam um certo grau de melhoria natural durante um período de tempo – às vezes meses ou anos após a interrupção do antidepressivo. No entanto, o termo “recuperação” neste sentido pode ser enganador, uma vez que um exame mais detalhado revela frequentemente que não houve um retorno completo ao estado pré-fármaco.

Muitos sofredores não conseguem se recuperar em qualquer grau significativo, com alguns tendo tido o problema por mais de 20 anos sem qualquer sinal de melhoria.

Para algumas pessoas, a PSSD pode ser permanente.

Publicações e estudos

Em um estudo de Montejo et al (1999), um grupo de pacientes que sofreram efeitos colaterais sexuais em um ISRS foi transferido para o antidepressivo dopaminérgico, a amineptina [5]. Após seis meses, 55% ainda apresentavam pelo menos algum tipo de disfunção sexual. Isto é comparado a apenas 4% no grupo controle que foram tratados com amineptina isoladamente e não foram expostos a um ISRS.

Três grandes estudos controlados por placebo sobre o uso de ISRS como tratamento para a ejaculação precoce descobriram que o efeito retardador da ejaculação da medicação persistiu para um número significativo de participantes, após a interrupção do fármaco [6-8].

Entre 2006 e 2008, 8 casos de disfunção sexual persistente após tratamento com ISRS / IRSN apareceram na literatura médica [9-12].

Em 2008 e 2009, foram publicados pedidos de estudos epidemiológicos para investigar a prevalência de PSSD [13-14].

Desde 2011, a bula do Prozac nos EUA passou a advertir que “Os sintomas da disfunção sexual ocasionalmente persistem após a interrupção do tratamento com fluoxetina” [15].

Em 2012, o Centro de Fármaco-vigilância da Holanda, Lareb, publicou detalhes de 19 casos relatados de PSSD em sua base de dados e pediu uma investigação mais aprofundada sobre a questão [16-17].

A quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5), publicada em 2013, afirma que “em alguns casos, a disfunção sexual induzida por inibidores da recaptação de serotonina pode persistir após o descontinuado do agente” [18]. No mesmo ano, Stinson concluiu um estudo qualitativo de 9 pacientes com PSSD, examinando o impacto da condição na qualidade de vida [19].

Em 2014, Hogan et al. alistaram 91 casos de disfunção sexual persistente ligados a ISRSs ou ISRNs, provenientes de um portal da internet para notificação de eventos adversos [4]. Waldinger et al. descreveram um caso de anestesia genital persistente após tratamento com paroxetina que respondeu a irradiação a laser de baixa potência [20].

Em 2015, Ben-Sheetrit et al. publicaram um estudo de 183 casos possíveis de PSSD, incluindo 23 casos de alta probabilidade, a partir de uma pesquisa on-line [21].

Em 2017, dois artigos de revisão foram publicados [22-23].

Quanto aos ISRSs, os estudos mostraram efeitos colaterais para incluir a qualidade do sêmen prejudicada e danos ao DNA do esperma [24-26], bem como problemas que muitas vezes estão ligados ao sistema endócrino, como desequilíbrios hormonais [27-28] e aumento do peito [ 29]. Os ISRS também foram encontrados como tendo efeitos sobre os esteroides sexuais [30]. No entanto, o papel do sistema endócrino em problemas persistentes, como PSSD, atualmente não é claro.

A fluoxetina (Prozac) tem sido classificada como toxina reprodutiva pelo Centro de Avaliação de Riscos para a Reprodução Humana (CERHR), um painel de especialistas do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental, parte dos Institutos Nacionais de Saúde [31].

Estudos em animais

O tratamento com fluoxetina (Prozac) mostrou causar dessensibilização persistente dos receptores 5-HT1A após a remoção do ISRS em ratos [32]. Em outro estudo, o uso de um antagonista de 5-HT1A mostrou reversão e prevenção de disfunção sexual em ratos que estavam sendo administrados com fluoxetina [33].

Por conseguinte, as hipóteses para PSSD têm frequentemente se concentrado em um possível modelo neurológico envolvendo mudanças persistentes na química do cérebro. No entanto, as tentativas de sofredores de PSSD para manipular os sistemas serotoninérgicos e dopaminérgicos em um esforço para resolver a condição, provaram ser infrutíferas.

Estudos feitos em roedores mostraram que o tratamento crônico com ISRS em uma idade jovem resultou em comportamento sexual permanentemente diminuído na idade adulta, com a presença de alterações neurológicas de longo prazo [34-35]. A exposição materna à fluoxetina também diminuiu a motivação sexual em camundongos adultos [36].

Uma revisão sistemática da literatura sobre disfunção sexual persistente em animais após exposição precoce a ISRS foi publicada em 2016 [37]. Concluiu: “Nossos resultados mostraram efeitos substanciais e duradouros sobre o comportamento sexual em ratos após a exposição a um ISRS no início da vida”.

Isso levanta a questão de saber se pode haver consequências sexuais a longo prazo para os humanos expostos a antidepressivos durante a gravidez ou em uma idade jovem.

Outras drogas e condições

Há uma série de outros medicamentos que também podem causar efeitos colaterais sexuais persistentes depois que o medicamento foi interrompido:

  • Anti-histamínicos que são inibidores da recaptação da serotonina
  • Ziprasidona – um antipsicótico que também é um inibidor da recaptação da serotonina
  • Alguns antibióticos (que podem ser inibidores da recaptação de serotonina), tais como tetraciclina e doxiciclina
  • Finasterida (Propecia) que é usada para tratar calvície masculina e hiperplasia prostática benigna. A condição é chamada síndrome pós-finasterida (PFS) [38-42].
  • Isotretinoína (Accutane) que é usada como tratamento para a acne [4], e também é inibição da recaptação da serotonina.

Os antidepressivos ISRS também podem causar a condição igualmente angustiante, Transtorno de excitação genital persistente (PGAD) [43-46]. Este é essencialmente o oposto da PSSD, causando uma sensação implacável de excitação e desconforto nos órgãos genitais, mas sem qualquer sentimento de desejo. (Observe que nem todos os casos de PGAD são causados por medicamentos).

Existem tratamentos?

Atualmente, não há tratamento viável para PSSD.

Uma série de medicamentos, ervas e compostos relacionados podem produzir efeitos pró-sexuais em alguns doentes. No entanto, os resultados são geralmente muito limitados, inconsistentes e podem vir com seus próprios riscos.

Os inibidores de PDE5, como sildenafil, tadalafil e vardenafil, muitas vezes oferecem pouco ou nenhum benefício na PSSD. Em alguns casos, eles não têm nenhum efeito, enquanto em outros eles fornecem apenas uma melhoria limitada na função erétil. Eles também não oferecem nenhum benefício direto para as outras áreas de funcionamento sexual que podem ser prejudicadas na PSSD, por exemplo a sensação.

Não há evidências que sugerem que o uso de Plasma rico em plaquetas (PRP) seja um tratamento adequado para PSSD.

As estratégias típicas para o gerenciamento de efeitos colaterais sexuais geralmente se aplicam a problemas que ocorrem durante o tratamento e, portanto, não são úteis na PSSD. Estes geralmente envolvem a mudança para um antidepressivo diferente, diminuindo a dose, ou potencialmente interrompendo completamente a medicação.

Um artigo de 2014 de Waldinger e cols. relatou que um sofredor de PSSD com anestesia severa no pénis experimentou alguma melhora na sensação tátil e de temperatura após o uso da irradiação a laser de baixa potência (LPLI) [16]. Este tipo de tratamento é geralmente usado para problemas de dor e também é conhecido como terapia a laser de baixo nível ou terapia com laser a frio. Há a hipótese de que a anestesia genital induzida por ISRS pode ser devida a distúrbios dos canais de íons do potencial do receptor transitorio (TRP). A melhoria neste caso não se estendeu a nenhum aspecto da capacidade de resposta sexual.

Em relação ao PGAD, o uso de estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) foi discutido na literatura [47], embora não especificamente para problemas relacionados a ISRS. A sua eficácia nos casos de PGAD induzido por ISRS permanece obscura.

Relatando sua condição

Se você está sofrendo de PSSD, você pode denunciá-lo ao preencher um relatório RxISK, mesmo que não esteja interessado na pontuação de causalidade ou em levar o relatório ao seu médico. Forneça o máximo de detalhes possível, incluindo as datas em que você começou e interrompeu o medicamento.

Você também pode querer denunciar sua condição ao regulador de drogas do seu país, por exemplo, Medwatch da FDA nos EUA, Yellow Card Scheme do MHRA, no Reino Unido, e no Brasil a ANVISA.

Na mídia

Em 11 de março de 2014, o jornal holandês Volkskrant apresentou um artigo intitulado “Blijvende seksuele stoornis door antidepressivum” (“Permanente transtorno sexual pelos antidepressivos”), em manchete na primeira página, segundo as preocupações levantadas por Lareb, o Centro de Fármaco-vigilância Holandês.

Uma jornalista descreve sua experiência no site, Narratively.

O Daily Mail publicou um artigo sobre PSSD em 20 de março de 2017. Um artigo sobre o uso de antidepressivos a longo prazo publicado pelo The Guardian em 6 de maio de 2017 também abordou o problema.

Em 2017, a Sociedade Internacional de Medicina Sexual publicou duas novidades em seu site:

Veja também

Em 12 de setembro de 2017, lançamos uma campanha para levantar US $ 100.000 para um Prêmio que será oferecido a qualquer pessoa que encontre uma cura para PSSD, PFS ou PRSD. Veja nossa página do Prêmio RxISK para obter mais detalhes.  Veja também a matéria que acaba de ser publicada na página do Mad in Brasil.

Desde 2008, a Mind, uma das principais instituições de caridade em saúde mental do Reino Unido, advertiu que os efeitos colaterais sexuais às vezes podem permanecer após a interrupção de um ISRS. Suas informações atuais sobre ISRS / ISRNs advertem que o problema pode persistir indefinidamente.

Nosso blog contém uma série de postagens sobre sexo e medicamentos, incluindo vários sobre PSSD. Outros guias e papéis também estão disponíveis.

Temos uma seção Completa sobre Retirada de Drogas Psiquiátricas onde se discute a retirada de antidepressivos e PSSD. Apresentamos uma hipótese do que poderia ser responsável em termos da fisiologia subjacente, e convidamos todos a se envolverem na pesquisa sobre tais problemas.

Referências

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  3. Adson DE, Kotlyar M.Premature ejaculation associated with citalopram withdrawal. Ann Pharmacother. 2003 Dec;37(12):1804-6. doi:10.1345/aph.1D214. PMID 14632589.
  4. Hogan C, Le Noury J, Healy D, Mangin D.One hundred and twenty cases of enduring sexual dysfunction following treatment. Int J Risk Saf Med. 2014;26(2)109-16. doi:10.3233/JRS-140617. PMID 24902508.
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  8. Safarinejad MR.Safety and efficacy of escitalopram in the treatment of premature ejaculation: a double-blind, placebo-controlled, fixed-dose, randomized study. J Clin Psychopharmacol. 2007 Oct;27(5):444–50. doi:10.1097/jcp.0b013e31814b98d4. PMID 17873675.
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NOTA DOS EDITORES DO MAD IN BRASIL: após contatos com o psiquiatra britânico David Healy, um dos ilustres cientistas que integram a nossa comunidade do Mad, ele se ofereceu a escrever um blog dirigido à comunidade luso-brasileira do Mad in Brasil, onde ele irá nos apresentar a campanha do PRÊMIO DO RxISK DOAÇÃO, desenhada por ele, previamente apresentada aqui em Mad in Brasil.

A Cura para a Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos Pode Ser Encontrada

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LANÇAMENTO DO PRÊMIO DO RxISK

100000-dollars

DOAÇÃO

Este Prêmio é parte de um ataque em duas frentes sobre a falta de vontade dos estabelecimentos médicos e de regulamentação para ouvir as pessoas com eventos adversos em geral – não apenas as disfunções sexuais mencionadas aqui. A segunda frente no ataque será revelada dentro de algumas semanas.

O problema

A ideia de um Prêmio RxISK começou com nosso envolvimento com pacientes de Disfunção Sexual Pós-ISRS (PSSD) alguns anos atrás, e logo após pessoas com problemas comparáveis tomando Accutane e Finasteride. A motivação e a resistência dos afetados têm sido inspiração para esse movimento de âmbito internacional.

Um apagamento completo e permanente da capacidade de fazer amor entre os usuários é um dos efeitos colaterais mais debilitantes de uma droga. No caso de todas essas drogas, quando ocorre, afeta homens e mulheres, jovens e idosos, podem aparecer depois de alguns dias na droga ou somente após o tratamento parar. Pode durar décadas, talvez mais. Isso leva a suicídios, a ruptura de relacionamentos e perdas de emprego. Não há vantagem alguma com esse tratamento.

O PSSD compartilha muitas características comuns e parecem estar intimamente relacionadas com a Síndrome de Pós-Finasterida (PFS) e a Disfunção Sexual Pós-Retinoide (PRSD) desencadeadas principalmente pela isotretinoína (Accutane). A isotretinoína é tanto um inibidor da recaptação da serotonina quanto um inibidor da redutase 5-alfa (5ARI), de modo que pode dar origem a PSSD ou PFS, ou todas as três condições podem ter alguma outra coisa em comum.

Recentemente submetemos um artigo para revisão descrevendo 300 casos de PSSD, PFS e PRSD, e estamos cientes de muitos outros casos e fenômenos comparáveis acontecendo com outras drogas. Pode haver dezenas de milhares de pessoas afetadas, pois algumas evidências sugerem que menos da metade daqueles que estiveram em ISRS por meses recuperará uma função normal e completa.

Existem comunidades on-line e vinculadas a universidades pesquisando essas condições tão vigorosamente quanto a comunidade de AIDS quando passou a se envolver na busca de uma cura para a AIDS. O mais bem-sucedido destas até agora tem sido vinculado ao PFS, com os doentes que criaram uma Fundação para promover a pesquisa a respeito desta condição de saúde. A pesquisa realizada por esses grupos tem seguido todas as pistas de tratamento óbvias, mas nada até agora funcionou.

Um mistério farmacológico

Os problemas precisam ser pensados fora da caixa. Embora a serotonina e a 5-alfa redutase possam ser onde esses problemas começam, eles parecem ir além disso.

O fato de que essas condições possam aparecer após o tratamento parar e que permaneçam na ausência de qualquer medicamento no organismo há anos é extremamente importante para a ciência farmacológica. Este não é um dano simples, na medida em que muitos sofredores relatam restaurações temporárias com relação ao normal. Pode ser apenas temporário, mas o fato de que isso aconteça é tanto uma fonte de esperança quanto algo que, por si só, precisa ser explicado. Estas condições são um dos mistérios centrais da farmacologia.

É importante destrinchar o que está acontecendo, porque muitos médicos costumam estar inclinados a descartar PSSD, PRSD e, em menor medida PFS; especialmente quando tais síndromes começam depois que a pessoa interrompeu o tratamento ou quando ela persistiu por muito tempo na ausência da droga. Após estar tomando um antidepressivo, é muito fácil afirmar que o problema está todo ele na mente. No momento, os psiquiatras parecem ser os piores de todos os médicos, com os urologistas os melhores e médicos de família no meio.

Mas PSSD, PFS e PRSD não são as únicas condições em que há problemas duradouros que apenas podem aparecer após o tratamento ter parado. A discinesia tardia (TD) causada pelos antipsicóticos tem sido reconhecida desde 1959 e ninguém pensa que está tudo na mente ou que é impossível aparecer após o tratamento parar. Mas no momento, a TD não foi vinculada à PSSD, PFS ou PRSD, e cinquenta anos depois, não sabemos como isso acontece ou como curá-la.

Outro grupo de problemas que compartilham características em comum são as síndromes de abstinência ligadas a antidepressivos, antipsicóticos e agonistas da dopamina. Como PSSD ou TD, estes problemas aparecem durante ou após o tratamento e podem durar anos, até mesmo décadas.

Agora que temos uma variedade de drogas diferentes que podem desencadear esses fenômenos e podem desencadeá-los em diferentes sistemas corporais, as chances de algum farmacologista ou fisiologista ser capaz de explicar o que está acontecendo devem ser muito melhores.

Identificar os sistemas ou mecanismos de receptores envolvidos poderia transformar a farmacologia. Isso teria implicações para muitas drogas e desenvolvimento de drogas. Provavelmente haverá um Prêmio Nobel para a pessoa que puder explicar por que TD ou PSSD acontecem.

Imagem ou janela?

Você não precisa saber nada sobre os receptores para ficar fascinado por esse problema e apreciar que a imagem de um paciente com PSSD é realmente uma janela para a natureza e identidade humanas.

Muito bem, 100% das pessoas que tomam um SSRI terão algum entorpecimento genital nos 30 minutos após haver tomado a sua primeira pílula. Não sabemos o que causa isso. Este é um problema que está na frente dos narizes de milhões de pessoas. É surpreendente que não saibamos como isso acontece. Ao responder isso estaremos a meio caminho para descobrir o que acontece para fazer com que tal fenômeno perdure.

Outra coisa surpreendente é que muitas das síndromes de abstinência de drogas envolvem desde a sensação dos pés como se estivessem em chamas, há perda de olfato, equilíbrio perturbado ou outras sensações estranhas. Estas são características de uma neuropatia periférica. As neuropatias periféricas apareceram pela primeira vez em livros de texto médicos há 150 anos antes de sabermos que possuímos células cerebrais, mas ainda não sabemos nada sobre o que acontece a não ser o dia em que foram descritas pela primeira vez, mesmo assim não temos que olhar dentro do corpo para investiga-las.

Existem boas razões para pensar que há muito mais de “nós” em nossa pele e órgãos genitais e corpos do que agora estamos inclinados a pensar. Estamos em uma era dominada pelo cérebro e perdendo coisas que podem não precisar da entrada de especialistas do cérebro para serem resolvidas.

Quem atreve-se a ganhar

Não está claro que seja necessário treinamento especializado para resolver esses problemas, assim como John Harrison não tenha tido treinamento especializado quando ganhou o Prêmio de Longitude, há 300 anos.

Alguns antecedentes em biologia podem ajudar, mas mesmo sem isso você pode já ter encontrado algo que faz a diferença e simplesmente não sabia que havia lá fora tantas pessoas desesperadas para saber o que você conhece.

Você pode ser um médico ou um analista de dados que percebe que alguns pacientes que tomam outra droga simplesmente não parecem ter os mesmos problemas.

Para aqueles inteiramente neófitos nessas questões, ou aqueles com antecedentes farmacológicos ou fisiológicos, mas sem consciência dessas questões antes de agora, ou alguém que conhece algo sobre isso, mas pouco sobre a gama completa de coisas que foram tentadas sem sucesso ou que se notou oferecer benefícios temporários, o RxISK possui um portfólio de descrições e leads que podem ser disponibilizadas mediante solicitação.

O prêmio

Ao instituir um Prêmio, estamos seguindo os passos do método que levou a uma solução para o famoso problema de Longitude.

O primeiro passo é levantar US $ 100.000 para um Prêmio de Cura. Gostaríamos que tantas pessoas quanto o possível, entre aquelas que sejam afetadas ou que tenham relacionamento com alguém que é afetado, façam uma doação de US $ 200 para um fundo alvo de US $ 100.000.

Conforme mencionado, resolver esse problema provavelmente contribuirá de forma importante para resolver as síndromes de abstinência duradouras que afetam qualquer pessoa que tome antidepressivos e antipsicóticos. Cinco por cento das populações da América do Norte e da Europa, e em qualquer outro lugar em que os antidepressivos são utilizados na mesma escala, são incapazes de sair do tratamento devido a problemas de retirada – isto é, 50 milhões de pessoas apenas na América do Norte e na Europa. Cinquenta milhões de centavos seriam $ 500.000 – então um alvo de $100.000 parece mais do que alcançável.

O Prêmio será oferecido a qualquer pessoa que encontre uma cura para PSSD, PFS ou PRSD. Que poderá ser um médico, um cientista, uma empresa de medicamentos, um membro do público – qualquer um. Não há restrições.

O RxISK tem registros de vários ‘sofredores’ de cada uma dessas síndromes que possuem condições duradouras convincentes. O Prêmio será dado se alguém puder provocar uma restauração ao normal, ou muito perto disso, e que perdure em nossos voluntários.

Existem várias razões pelas quais escolhemos fazer esta iniciativa sobre a disfunção sexual em vez de outros problemas, como a retirada de antidepressivos. Principalmente porque o tempo é exatamente agora, e já existe uma base sólida para se construir as saídas. À medida que mais de um tipo de droga está envolvida, também há potencialmente um grupo maior de pessoas para abordar o problema em diferentes ângulos.

Se ninguém reivindicar o prêmio, usaremos o dinheiro para apoiar a proposta de pesquisa mais inovadora ou doar para a Fundação PFS que já está realizando algumas pesquisas de ponta.

A diferença entre um prêmio e uma bolsa de pesquisa é essa:

No caso de alguém que tenha uma cura, assumindo que não é custoso administrá-la, eles dão o prêmio aos nossos voluntários e se a cura funcionar estes reivindicam o dinheiro. Seus gastos gerais e custos serão mínimos.

Pesquisas como a que está sendo realizada para a PFS têm que recrutar talvez até 100 sujeitos e realizar uma grande quantidade de testes que devem ser pagos. Se o teste envolver exames cerebrais, isso é caro. Se envolver genes, isso significa recrutar milhares de sujeitos. Um subsídio de pesquisa, mesmo por US $ 100.000, não é muito para ajudar isso a acontecer. E no final das contas, a pesquisa pode acabar fazendo descobertas, mas não garantir que estas sejam a fonte do problema e não uma consequência.

Mas, na ausência de um vencedor do Prêmio, a Fundação PFS possuirá uma infraestrutura de pesquisa criada e achados de pesquisas que podem ser de grande importância e, assim, o dinheiro irá ser destinado para lá, ao invés de ir para qualquer outro lugar.

Quem pode doar?

Qualquer pessoa. Congratulamo-nos com as doações não apenas das pessoas afetadas por essas condições, mas de qualquer pessoa que queira ajudar. Sugerimos um mínimo de US $ 200 para alcançar nosso objetivo rapidamente, mas estamos conscientes de que o dinheiro é apertado para muitas pessoas.

Obviamente, todas as doações com mais de US $ 200 são bem-vindas, assim como as doações mensais.

Se alguém organizar uma atividade de captação de recursos / patrocinado, publicaremos detalhes no site.

Como doar

As doações podem ser feitas de uma das três maneiras:

Os contribuintes dos EUA podem fazer uma doação deduzida de impostos através da Fundação para Excelência em Saúde Mental usando este link. Certifique-se de selecionar o Prêmio RxISK quando perguntado para aonde  é a doação.

Os contribuintes do Reino Unido podem fazer uma doação dedutível por impostos através deste link.

Outros doadores podem fazer uma doação não dedutível por impostos através deste link.

Se alguém quiser configurar um fundo vinculado que apoiará doações dedutíveis em impostos em outro país, entre em contato conosco, e nós entraremos em rede com você.

Embora esta iniciativa esteja focada na disfunção sexual, acreditamos que também chama a atenção para o fato mais geral de que os pacientes possam ter efeitos colaterais persistentes após o uso de medicamentos, alguns dos quais podem mudar a vida.

Esperamos que qualquer pessoa interessada em efeitos colaterais persistentes, seja por sofrer com eles, como por ver que é provável que seja uma nova fronteira importante para a medicina, considerará este Prêmio uma causa que vale a pena apoiar.

Veja em nossas próximas postagens – Como você pode ajudar. Veja também o nosso total atual.

Diabetes Tipo 2 e Uso Antidepressivo: Existe um Link Causal?

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Publicado em EndocrinologyAdvisor: uma meta-análise recente sugere que o uso de drogas antidepressivas pode aumentar o risco de diabetes do paciente. De acordo com o investigador principal, mais de 1 milhão de casos de diabetes pode ser devido ao uso de antidepressivos concorrentes.

Artigo →

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