A Família que Construiu um Império de Dor

A epidemia dos opioides

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Matéria no The New Yorker. Como a família dos Sacklers, conhecida por sua generosidade e filantropia, está por detrás de uma das maiores tragédias contemporâneas produzidas por drogas farmacêuticas: a epidemia dos opioides?

É verdade que os Sacklers estão fortemente presentes na cultura e na ciência. Quem visita o Metropolitam Museum of Art (conhecido informalmente como The Met) percorre certamente a ala Sackler (Sackler wing). O nome Sackler está em Harvard, o Museu Sackler; há o Sackler Center for Arts Education, no Guggenheim; senão a ala Sackler no Louvre. Bem como há institutos e instalações Sackler em Columbia, Oxford e em uma dúzia de outras universidades.

Muito pouco divulgado para o público em geral: os Sacklers são os donos da Purdue Pharma – uma empresa privada, com sede em Stamford, Connecticut, que desenvolveu o analgésico de prescrição OxyContin. Após sua liberação, em 1995, OxyContin foi saudado como um avanço médico, um narcótico duradouro que poderia ajudar os pacientes que sofriam de dor moderada a grave. A droga tornou-se um sucesso de vendas, e teria gerado cerca de trinta e cinco bilhões de dólares em receita para Purdue.

Mas OxyContin é uma droga controversa. Seu único ingrediente ativo é o oxicodona, um primo químico da heroína, que é até duas vezes mais poderoso do que a morfina. No passado, os médicos haviam relutado em prescrever opioides fortes – como se sabe são drogas sintéticas derivadas do ópio – exceto para a dor aguda do câncer e cuidados paliativos de fim de vida, por causa de um medo antigo e bem fundamentado sobre as propriedades aditivas destas drogas. Purdue lançou o OxyContin com uma campanha de marketing que tentou contrariar essa atitude e mudar os hábitos de prescrição dos médicos. A empresa financiou pesquisa e médicos pagos para fazer o caso de que as preocupações com o vício em opioides eram exageradas e que a OxyContin poderia seguramente tratar uma gama cada vez maior de doenças. Os representantes de vendas comercializaram o OxyContin como um produto “para começar e ficar com”. Milhões de pacientes descobriram que a droga era uma pomada vital para uma dor excruciante.

E hoje em dia, milhões de pessoas que passaram a fazer uso desta droga se encontram dependentes químicos e com enormes dificuldades para levar uma vida normal, na medida em que não conseguem se livrar dessa droga. Uma droga com efeitos colaterais gravíssimos. Hoje é um escândalo internacional. Aqui no Brasil Oxycontin é livremente comercializado, com venda inclusive na internet.

Veja a matéria do The New Yorker na íntegra →