Isto parece que chegou do nada. A lista dos copiados (e-mails) faz com que pareça ser qualquer coisa, menos espontâneo. Simon Wessely foi recentemente destituído da presidência do Royal College of Psychiatrists e é um dos curadores do CMS (Science Media Center). Paul Summergrad e Jeff Lieberman são ex-presidentes da APA. JL ofereceu opiniões sobre o caso Holmes. Não há nenhuma indicação de AF (Allen Frances) ter assistido o Programa.
(Nota dos Editores do Mad in Brasil: o debate entre AF e DH é a respeito do recente Programa da BBC, Panorama, A Prescription for Murder, sobre as possíveis relações entre antidepressivos e assassinatos em massa. Allen Frances é nada mais e nada menos do que o coordenador-chefe do DSM-IV. David Healy é professor de psiquiatria na Bangor University, no Reino Unido, psiquiatra, psicofarmacologista, cientista e autor de inúmeros livros. A troca de e-mails entre os dois expressa o debate atual na Psiquiatria. Para facilitar que você leitor tenha acesso ao conteúdo das várias das referências mencionadas por DH, tomamos a liberdade de anexar links ao texto original do seu blog. E para ver a íntegra do Programa clique aqui →)
From: Allen Frances <[email protected]>
Date: 6 August 2017 at 00:53
Subject: Dear David.
To: David Healy <[email protected]>
Cc: Simon Wessely , Barney Carroll , Paul Summergrad , Jeffrey Lieberman , Ronald Pies
Eu assisti a essa história com profundos receios. Sei que você teve boas intenções; mas também considero que você foi extremamente entusiástico ao declarar categoricamente que os medicamentos foram o fator causal desses assassinatos em massa, quando haviam tantos outros possíveis fatores contribuindo e que não há nenhuma prova real de que os medicamentos estavam entre eles. Quando você faz declarações tão extremas isso reduz a sua credibilidade, como também torna mais difícil para pessoas que como eu estão tentando reduzir o excesso de medicamentos, ao mesmo tempo em que não se incentiva o uso adequado (contra as falsas afirmações de extremistas que de alguma forma culpam todos os problemas psicológicos aos medicamentos). Eu sei o quanto de publicidade você já adquiriu e que você deve se sentir de algum modo obrigado a dizer tais coisas. Minha recomendação seria que você elabore com mais profundidade sobre as dificuldades de se estabelecer a causalidade e os benefícios essenciais das medicações psicológicas, bem como os consideráveis riscos. Ao agir diferentemente, você se torna responsável por pacientes que estão abandonando, ou se recusando a começar, o uso de medicamentos dos quais podem desesperadamente necessitar. Proteger as pessoas de medicações desnecessárias é o mais nobre que você pode fazer, mas isso não deve resultar em pessoas assustadas desnecessariamente com relação aos medicamentos. O que você acha?
———-
Allen Frances (@AllenFrancesMD) tweeted at 4:06 PM on Sat, Aug 05, 2017:
Eu constantemente alerto para o mau uso dos medicamentos
Mas é ir longe de mais acusar os medicamentos pelos assassinatos em massa
Ignora-se o papel do transtorno psíquico/armas/contexto social https://t.co/gpJ2JpHOzw
——-
On Aug 6, 2017 4:36 AM,
“David Healy” <[email protected]> escreveu:
Allen
Com todo o respeito, você está muito longe do alvo.
Primeiro, apesar de ter havido uma campanha cuidadosamente orquestrada, a resposta dos pacientes e de muitas outras pessoas tem sido muito positiva.
Eu acho que o melhor caminho para isso é dar-lhe duas coisas para ler – um trecho publicado no BMJ de Gwen Adshead que está anexado e a minha resposta abaixo.
—–
Re: Antidepressivos e assassinatos: justiça negada
Dr Adshead perde o alvo que está por detrás desse Programa. Este não era um programa para tentar provar que os antidepressivos podem causar homicídio. Isso já foi reconhecido por promotores, agências reguladoras e pessoal da indústria farmacêutica. Já em 1982, o pessoal da Pfizer observou que esta classe de drogas (ISRS) era conhecida por causar essas reações.
O Programa tampouco foi se a sertralina causou que James Holmes cometesse os assassinatos em Columbine High School. Tendo eu passado um tempo com ele, minha opinião é que isso aconteceu graças à medicação; e muito mais poderia ter sido apresentado no documentário para persuadir os espectadores sobre a veracidade dessa relação entre a droga e a chacina.
A questão principal foi essa. Se já foi reconhecido que essa droga pode causar eventos como esse, e se as provas podem ser apresentadas, como nesse caso, por que a equipe jurídica de Holmes não executou essa prova?
A resposta em parte reside no fato de que a literatura acadêmica sobre ISRSs é quase que inteiramente escrita por fantasmas (‘ghost-writers’) e não há acesso aos dados gerados pelas pesquisas feitas com essas drogas. O BMJ (British Medical Journal) e outras revistas desempenham um papel relevante para essa situação ser como é. Isso significa que, para absolver Holmes, um advogado deve persuadir um júri de que a maioria dos acadêmicos e diários são culpados por não aderirem às normas da ciência.
Holmes estava em um dilema como o do caso aqui no Reino Unido conhecido como Guildford Four Parafraseando Lord Denning sobre esse caso “Se a sua [a deles] história está certa, isso seria algo tão terrível e que não pode ser. Os prisioneiros condenados erroneamente devem permanecer na prisão, ao invés de serem libertados e arriscar a se perder a confiança pública na lei “.
Holmes tinha um defensor público. Se ele fosse rico o suficiente para pagar um advogado que tivesse disposição para enfrentar o desafio, ou se o crime houvesse sido menos horrível, as coisas poderiam ter sido diferentes. A maioria de nós podemos acabar por nos dar mal com um dos cerca de 100 medicamentos – incluindo drogas respiratórias, para a pele e medicamentos cardíacos, que os promotores ou as empresas já indicaram que podem causar risco de violência – sendo envolvidos no mesmo dilema jurídico em que Holmes esteve / está .
Houve muitos comentários, coordenados pelo Science Media Center, dizendo que este programa difamou um grupo útil de drogas. Precisamos encontrar algum equilíbrio entre criar alarmes sobre uma droga e garantir que não comprometamos o direito de uma pessoa inocente a ter um julgamento justo.
*#@
Deixe-me explicar algumas coisas com mais detalhes. O programa Panorama tinha muito mais detalhes sobre Holmes e sua avaliação do que poderia ser apresentado; e provavelmente o Programa acabou sendo muito sutil, para o seu próprio bem (ou talvez para o meu bem). Chamar essa sutileza de falha do jornalismo da BBC, isso está tão longe da verdade. Foi uma das melhores coisas que já fizeram na minha opinião.
Em segundo lugar, eles se referem aos julgamentos concluídos contra a Pfizer, mostrando que a sua droga pode causar psicose e agressão – o que a Pfizer já optou por colocar na bula, a partir de 1994 (veja o link abaixo). Infelizmente são poucos os médicos que entendem o que está acontecendo aqui. Eles veem uma bula dizendo algo como “tem havido relatos de violência e psicose em nossa droga, então estamos incluindo isso aqui” e leem isso como – veja como esta empresa é maravilhosamente transparente e responsável, a tal ponto que está colocando bula isso, mesmo que sejam relatos insanos de pessoas excêntricas e da cientologia – vou eu acreditar nisso? Não seja ridículo!
Na verdade, o que está acontecendo é que a Pfizer e outras empresas têm relatos de que não importa o jeito como buscam dourar a pílula, eles não podem explicar isso de outra maneira, mas que é a sua droga o que provavelmente causa tais tipos de coisas.
Isso é consistente com as determinações da Pfizer para seus estudos com voluntários saudáveis feitos em 1982, de que a sertralina pode causar reações comportamentais, incluindo agitação / suicídio e agressão / homicida e que esta classe de drogas (os ISRS) é bem reconhecida por produzir isso. 1982!
Parte do problema que o campo possui é que os dados são inacessíveis. Se alguém puder me dizer como pode oferecer opiniões de expert na ausência dos dados, eu estaria interessado em ouvi-lo. Quanto mais avançarmos com essa charada de basear pontos de vista ou diretrizes em artigos de autores fantasmas (‘ghostwritten’), menos credibilidade teremos todos. Certamente, o 329 Study colocou essa questão à luz.
O segundo ponto é esse. Antes que este programa fosse divulgado, o CMS apresentou declarações de figuras de alto escalão, incluindo Wendy Burn, Presidente do Royal College of Psychiatrists, para criticar o Programa, em termos que não tinham nada a ver com o que estava no Programa. Como foram as suas declarações sobre a estigmatização da doença mental. Ela mais tarde confessou que não havia visto o Programa quando fez tal declaração. Ela não tem experiência nesta área. Não está claro para mim que tenha sido ela a autora da sua declaração. O SMC tem coordenado declarações que têm pouco a ver com os problemas reais que estiveram no cerne do Programa.
O que são os SMC? Eles estão ligados ao Sense about Science (Sentido sobre Ciência). Simon provavelmente pode lhe contar mais sobre isso. Minha opinião é que a ideia original era razoável – cientistas como ele estavam sob o ataque do que poderíamos chamar de ativistas. Ele provavelmente tinha muito menos hostilidade para lidar como o que eu tive que enfrentar ao defender ECT no passado. A ideia era garantir que a autêntica ciência tivesse uma audiência.
A realidade de hoje é que é financiado por dinheiro público quase que qualquer corporação importante que você pode pensar cujos interesses cruzam com os cuidados de saúde. O SMC tem acesso às prévias de todos os artigos do BMJ (British Medical Journal), por exemplo – como foi o caso do meu artigo há alguns anos atrás, então, muito obrigado por toda a Serotonina – e aproxima-se do Royal College para obter especialistas que possam dissecar o artigo quando aparecer. (Eu não faria uma declaração como essa sem os documentos para fazer backup).
Esta é sufocante ciência que é dita. Ela tornou-se desagradável e corre o risco de ser fascista. É perigosa para pacientes e médicos. Como eu tentei dizer em várias ocasiões e por diversos meios, a menos que o medicamento abrace a ideia de que a magia do remédio e dos médicos é o que extrai o bem do uso de um veneno, nós estamos em maus lençóis (“we are fucked”).
Se as drogas são maravilhosamente eficazes e livres de problemas, a não ser para os irracionais e supersticiosos, então não passamos de prescritores que custam caro, não sendo por acaso que estamos sendo gradualmente eliminados. Isso pode não ser um problema para você Allen, mas é para meus filhos e todos os outros dessa geração.
Se as drogas fizerem o que os manuais de diretrizes sugerem, então os administradores dos serviços de saúde podem decidir o que devemos fazer e com menores custos, e estaremos perdendo nossos empregos se não cumprirmos. Este não é um mundo em que você teve que clinicar Allen, mas posso dizer a você que não é agradável.
Sendo um forte defensor do modelo médico e alguém que não defende nada além de tratamentos físicos, olho para o estado atual da psiquiatria e os muitos remédios com consternação cada vez maior; e diria a alguém que pensa em tomar a psiquiatria como profissão que saiba que se trata de uma profissão que é cada vez mais sombria, onde a emoção, se houver, reside em descobrir como nos arruinamos tão dramaticamente e a procurar como mudar as coisas.
Reduzindo o peso da sobremedicação – está aí que 10% do Reino Unido e a maioria dos outros países importantes estão sob antidepressivos. Não há propriamente um aumento nos números dos que estão entrando ano a ano em antidepressivos. O aumento anual vem daqueles que caem em uso crônico no final do primeiro ano de uso. Quando comecei a praticar, descobrimos que os antidepressivos deveriam ser usados por 3 meses – talvez 6 meses, ocasionalmente. Dos 10% das pessoas no Reino Unido com essas drogas, 90% aproximadamente estão com elas há mais de um ano, principalmente porque não conseguem sair.
Aqui está o link para o programa Panorama (BBC-1): https://www.youtube.com/watch?v=InTukPOs_JE
Vale a pena assistir. Mas lembre-se que é sutil o que é apresentado. Eles deixaram de lado muitas coisas – incluindo o material dos voluntários saudáveis e os clipes de Bill Reid dizendo que ele não sabia nada sobre as drogas e não havia motivo para perguntar-lhe sobre elas – é melhor que você encontre alguém para comentar sobre isso.
Depois de você assistir o Programa, as questões sobre as quais eu gostaria de ouvir seus pontos de vista são as seguintes:
- Havendo poucos pontos de vista comparando casos envolvendo ISRSs, a maioria considerando que a droga não desempenha nenhum papel em qualquer evento, acredito que há uma série de pessoas inocentes erroneamente condenadas e muitas pessoas que nunca obterão um julgamento justo. O que podemos fazer sobre isso?
- Reconhecendo que os promotores de justiça no caso da Zoloft, as empresas envolvidas com todas essas drogas, e os dados disponibilizados, tornando quase que incontestável que os ISRSs, em princípio, podem causar violência, e reconhecendo que os pacientes são muito mais sensíveis do que costumamos dar-lhes crédito e que podem fazer parte de um genuíno debate, como conduzir um debate sobre essas questões?
- Parece-me que estamos falhando no teste de F Scott Fitzgerald: “O teste primeiro de uma inteligência é a capacidade de manter duas ideias opostas na mente ao mesmo tempo e ainda reter a capacidade de funcionar”. Pode isso ocorrer?
- Organizações como a SMC são boas ou não e, se uma coisa boa elas fazem, não necessitam de um novo tipo de formato de apresentação das pesquisas – procurando os interesses de uma profissão e não os interesses das corporações e seus produtos?
David
—–
From: Allen Frances <[email protected]>
Date: 6 August 2017 at 14:20
David,
Você tornou o meu ponto de vista muito mais eloquente e sucinto do que nunca, com essa citação no final da sua resposta:
Parece-me que estamos falhando no teste de F Scott Fitzgerald: “O teste de uma inteligência é a capacidade de manter duas ideias opostas na mente ao mesmo tempo e ainda reter a capacidade de funcionar”. Pode isso acontecer?
Eu acho que você precisa dirigir a sua própria pergunta para si mesmo – por que pode ser que você (quem obviamente tem a mais alta inteligência), está tão disposto a propagar o extremo de um lado, enfatizando o potencial de complicações ruins de medicamentos, sem poder manter também a ideia contrária de que, para muitos, os medicamentos são desesperadamente necessários e de risco / benefício muito favorável. Na minha opinião, a sua incapacidade de manter estas duas ideias contrárias reduz consideravelmente a sua eficácia como reformador da psiquiatria e provoca desastres para os doentes que necessitam de medicamentos.
Eu também não entendo como você pode estar tão seguro de si mesmo e fazer declarações tão definitivas sobre um ato intrinsecamente multicausal. Como você ou qualquer um podem provar que eram apenas remédios que causavam assassinatos? Você deve saber que nada em psiquiatria e sobre o comportamento humano é tão simples, mas parece que não conhece os possíveis danos que se seguem quando você faz parecer que é simples.
Temo que o excelente bem que você tenha feito e fará em apontar os riscos / danos dos medicamentos é manchada pela sua posição radicalmente extrema e incapacidade de também apreciar os benefícios. Eu sei que já tivemos debatendo isso muitas vezes antes e não quero tornar o que é difícil mais difícil ainda. Meu objetivo não é mudar a sua ideia, mas abri-la um pouco e sugerir que você está agora em conflito, não só porque há forças corrompidas alinhadas contra você, mas também porque você passou dos limites ao assumir uma posição unilateral indefensável.
Obrigado pelo diálogo. Mesmo que não vá a lugar nenhum, eu me senti compelido a aumentar nossas diferenças novamente. Espero que a poeira se assente.
Tudo de bom.
—–
David Healy <[email protected]>
Date: 6 August 2017 at 14:44
Allen
Você não está lendo o que escrevi ou não quer pensar nisso.
Eu dificilmente direi que eu acredito no modelo médico provavelmente ainda mais do que você, porque o que defendo é nada além de que tratamentos físicos façam algum bem.
Eu acho que você está cometendo o erro de pensar que o bem venha do uso de uma pílula – quando na verdade ele vem do uso que o médico faz dos comprimidos – ou não. E se não mantemos médicos e pacientes plenamente informados de todos os efeitos das pílulas, eles são muito menos propensos a tirar benefícios deles.
Você pode me dizer qual é a ideia com a qual eu estou em apuros para lidar? Eu espero uma campanha de SMC – isso é apenas um imperativo de alguém que está preocupado com os pacientes e a profissão que quer apoiar em nossos dias. Além disso, não tenho conhecimento de mais nada – certamente nada substancial que desperte problemas.
A questão não é que estou seguro sobre o meu ponto de vista. As empresas têm certeza no caso de cerca de 1000 medicamentos diferentes que causam psicose, e mais de várias centenas que causam violência.
Este foi o caso do Zoloft há mais de duas décadas. Você acha que está cuidando dos interesses dos pacientes não dizendo nada sobre isso?
D
—–
From: Allen Frances <[email protected]>
Date: 6 August 2017 at 18:45
Não é enganar o público assumir uma posição equilibrada de que os medicamentos podem ser benéficos e que os medicamentos podem prejudicar.
É enganar o público afirmar com certeza que se sabe que os medicamentos causaram esse ou aquele assassinato em massa.
E as populações vulneráveis com as quais me preocupo (e você também) não são aqueles que estão muito preocupados por estarem com remédios, mas os poucos que estão muito doentes e que precisam desesperadamente de medicamentos e que ficarão assustados por suas reivindicações excessivamente dramáticas e insuportavelmente convencidas de que Holmes atuou apenas sob a influência da sua medicação. Todo ato pode ter consequências prejudiciais não intencionais. Você está nobremente tentando ajudar as pessoas, mas o extremismo de seus pontos de vista e a certeza injustificada provavelmente causam danos aos outros.
—–
From: David Healy <[email protected]>
Date: 6 August 2017 at 20:20
Allen
Eu estava perplexo com o “extremismo dos meus pontos de vista” – sobre o modelo médico ou o acesso aos dados – até que percebi que você estava falando sobre o meu estilo antigo do século XX, apostando em um diagnóstico ao invés de fazer um scan do cérebro.
Havendo entrevistado o homem por um tempo razoável, e havendo visto 24 horas de fitas gravadas com outras entrevistas que Holmes deu, e tendo lido muitos outros relatórios – tudo de pessoas que muito felizmente dizem que não sabem nada sobre os efeitos das drogas e que tiveram acesso a grandes quantidades de outras fontes de material – como registros de computador, textos, etc. – e havendo entrado nisso, sem estar pensando que a droga havia desempenhado um papel – eu só fui aos Estados Unidos porque os advogados insistiram – sim, estaria muito feliz que isso não houvesse ocorrido, se a droga psiquiátrica não tivesse entrado em sua vida. Holmes não tem ideia que eu pensei tudo isso.
Eu sou a única pessoa com expertise em drogas que esteve nesse processo, que o entrevistou, etc. – então eu realmente não sei em que você se baseia para pensar que os meus pontos de vista são extremos.
Não tenho ideia do que seria necessário para que você perceba que não se trata de inocência ou culpa de Holmes – ele se afastou do nosso mundo para sempre e preferiria estar morto. A questão é que poucas pessoas nos EUA ou no Reino Unido, em qualquer coisa remotamente parecida com esta situação, estão obtendo um julgamento justo.
Muito antes de Holmes, eu me aproximei da ACLU sobre essa questão – que não queria nada com isso, por medo de prejudicar o acesso dos presos aos cuidados de saúde. Eu percebo que há uma problemática nos EUA com relação ao acesso dos presos à saúde, mas eu não acho que as pessoas nesta lista precisam agir como se fosse uma minoria sem salvação. Seu trabalho, Allen, é mudar isso, para que então aqueles que não estão recebendo cuidados e aqueles que não recebem justiça consigam um melhor desfecho.
David.