Em RÁDIS, em sua edição de dezembro de 2018, uma cobertura ampla do 2º Seminário sobre Epidemia das Drogas Psiquiátricas, realizado na ENSP de 29 a 31 de outubro passado, em matéria assinada pela jornalista Elisa Batalha. RÁDIS é uma revista da Fiocruz, que tem tiragem de 116.700 exemplares em papel (impressa) e milhares de downloads pela Internet.
Uma parte dessa matéria já foi publicada aqui no Mad in Brasil, e segue agora o restante. Radis selecionou algumas das apresentações feitas pelos convidados nacionais e internacionais presentes no Seminário. Como por exemplo, as contribuições da pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em sua apresentação a doutora Maria Aparecida denunciou o que que vem se passando com a infância: “Não existe uma epidemia de problemas psiquiátricos em crianças, e sim uma epidemia de diagnósticos“. Por sua vez, o psiquiatra Ricardo Lugon, que trabalha como psiquiatra infantil em um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) na cidade gaúcha de Novo Hamburgo, chamou a atenção durante a sua apresentação para “esse discurso da medicalização da educação é um fenômeno perigoso, de esperar que a neurologia dite o que o setor da educação deve fazer”. Há ainda relatado a palestra dada por John Read, psicólogo inglês, professor da University of East London. A partir de evidências científicas, Read demonstrou as consequências nefastas quando abordamos a doença mental enquanto um “defeito no cérebro”, a despeito da história de vida de cada paciente. Entre as consequências, John destacou “estigma” e “preconceito” que resultam por sua vez em maus-tratos. Seus dados revelaram que 47% dos pacientes de transtornos mentais foram abusados ou assediados em público. Há também a entrevista feita com a médica Ana Pitta, presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME). “Todo remédio traz em si o seu próprio veneno”, afirmou Ana Pitta. “Tivemos aqui, durante o seminário, uma discussão profunda, com apresentação de vários clinical trials, profissionais de universidades do mundo todo, num patamar verdadeiramente científico. O fato de termos uma imprensa livre, convidados de alto nível e uma plateia tanto presencial quanto pelo Youtube, de pessoas inquietas, instigadas, implicadas, nos fez pensar a medicalização como um problema de saúde pública e epidemiológico que precisa ser cuidado como uma das grandes questões atuais que o sofrimento humano demanda“.
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