Por que é saudável ter medo em uma crise?

Dra. Lucy Johnstone, psicóloga clínica, diz que é errado ver nossos medos naturais como transtornos de saúde mental.

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Carta da Dra. Lucy Johnstone publicada na edição de hoje do The Guardian. Lucy Johnstone esteve conosco durante o 3 Seminário Internacional A Epidemia das Drogas Psiquiátricas, em 2019, na ENSP, Rio de Janeiro.

“Como profissional de saúde mental, discordo da mensagem veiculada no artigo de Paul Daley (Nós estamos enfrentando uma pandemia de transtornos de saúde mental, em 24 de março). Nós não estamos enfrentando ‘uma pandemia de transtornos graves de saúde mental. Estamos todos enfrentando medo, ansiedade, desespero e confusão totalmente normais frente a uma situação verdadeiramente aterradora a desafiar todo o nosso modo de vida. Nunca ficou mais claro que os chamados ‘transtornos mentais’ fazem sentido em seu contexto. De fato, muitos profissionais argumentam que isso se aplica a toda a gama de experiências rotuladas como depressão clínica, transtorno de personalidade, psicose e assim por diante.

“Quanto mais rotularmos nossas reações humanas compreensíveis como sendo transtornos, maior será a tentação de desconectá-las de sua fonte e focarmos em novos ‘tratamentos’ individuais. As empresas farmacêuticas devem estar esfregando as mãos diante da perspectiva de todos esses novos clientes. Podemos sair desta crise em um estado melhor do que antes ao permanecermos conectados com nossos sentimentos e com as ameaças que exigem imediatas ações ou atenção, e adotando modos de agir coletivos para lidar com as causas profundas. Isso inclui as mudanças climáticas, a degradação ambiental, o tráfico de animais silvestres, o emprego inseguro, a estrutura e o financiamento de serviços públicos e os valores neoliberais que nos tem impulsionado há muito tempo.”

Dra. Lucy Johnstone

Psicóloga clínica, consultora, Bristol

Photograph: Victoria Jones/PA

 

 

 

 

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