Pesquisadores Brasileiros Renomados Apelam para Práticas Holísticas de Saúde Mental

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Pesquisadores brasileiros defendem uma mudança das atuais práticas psiquiátricas
para modelos mais holísticos que abordem os fatores sociais e ambientais que
contribuem para os problemas de saúde mental.

Num artigo de opinião publicado na revista PLOS Mental Health, destacados
pesquisadores da saúde mental brasileiros defendem uma mudança transformadora na
abordagem dos cuidados de saúde mental. Liderados pelo neurocientista e biólogo
Sidarta Ribeiro e por Paulo Amarante, reconhecido psiquiatra e editor do Mad no Brasil,
o artigo defende a redução da medicalização e a adoção de práticas holísticas e
integrativas que dão prioridade ao contexto social e ambiental do indivíduo.

Eles escrevem:

“As condições de saúde mental são frequentemente causadas por desequilíbrios fisiológicos socialmente construídos. Os déficits de sono, nutrição, exercício, introspeção e outros pilares de uma boa saúde mental não ocorrem no vácuo; são produzidos pela forma como vivemos. As condições precárias de trabalho e de habitação, o desemprego, o racismo, a misoginia, a homofobia, a transfobia, a violência física e simbólica, a guerra contra as pessoas que consomem determinadas drogas e outras formas de preconceito social contribuem para o sofrimento mental e devem ser consideradas de forma sistêmica. O contexto ambiental e social do indivíduo deve ser compreendido e melhorado através de práticas integrativas. É tempo de nos esforçarmos por adotar uma abordagem mais naturalista e benigna para promover o bem-estar mental, reforçando as ligações ao próprio corpo, à natureza e à comunidade.”

O artigo, intitulado Está na hora de adotar práticas mais holísticas na saúde mental, sublinha a necessidade de ultrapassar a hipótese do desequilíbrio químico que tem
dominado a psiquiatria. Em vez disso, apela para práticas que considerem o contexto
mais amplo da vida de um indivíduo, incluindo fatores como o sono, a nutrição, o
exercício e as relações sociais. Os autores alinham os seus pontos de vista com os da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e defendem uma abordagem baseada nos direitos dos cuidados de saúde mental, com o objetivo de reduzir a dependência excessiva da
medicação e promover uma compreensão mais abrangente do bem-estar mental. Este
apoio significativo de figuras brasileiras de destaque demarca o crescente movimento
global em direção a práticas holísticas e integrativas de saúde mental.