Uma história dramática de uma mãe

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Trata-se de um depoimento pessoal de uma mãe que perdeu o seu filho devido às drogas psiquiátricas. É um drama como tantos e tantos outros que ocorrem no dia a dia.

É um depoimento enviado a Katinka Blackford Newman, uma inglesa cuja história pessoal com antidepressivos ficou conhecida internacionalmente após a publicação do seu livro The Pill That Steals Lives, One Woman’s Terrifying Journey To Discover The Truth about AntidepressantsO Mad in Brasil já postou um blog enviado por Katinka, clique aqui para vê-lo.

 

Querida Katinka,

Eu prometi lhe contar a história do meu filho, depois de ler várias publicações em seu site. As semelhanças são em tudo muito familiares.

O primeiro antidepressivo (entre os chamados SSRIs) foi receitado ao meu filho Aaron, aos 15 anos de idade, quando eu erradamente o enviei a um psiquiatra infantil. Até então, meu filho era uma linda alma, um músico, graduado, uma pessoa genuinamente doce.

Com o passar dos anos meu filho foi diagnosticado com transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, e várias outras “doenças”, o que resultou para ele o ter que andar com os venenos psiquiátricos que lhe eram prescritos em sua mochila .

De forma semelhante às muitas pobres e gentis almas das quais você fala, ele sabia que esses venenos estavam destruindo o seu cérebro, como ele me dizia. Ele perdeu a sua paixão pela música que escrevia, que tocava e cantava de forma tão bonita.

Ele me dizia que não mais conseguia pensar.

No dia em que ele deixou essa terra ele tentou me chamar, mas eu não não recebi a sua chamada. Ele estacionou seu carro em uma garagem da propriedade que possuímos e ‘foi a dormir’.

O último veneno foi o Effexor, que o colocou no hospital com um coração dilatado, anemia e outras condições.

Ele me disse que daquele dia em diante não iria nunca mais tomar nenhum outro SSRI.

E aí começaram os terríveis sintomas do desmame, mais fortes do que o seu pobre cérebro fragilizado poderia suportar.

Eu sinto a sua falta todos os dias.

Ele morreu em 14 de novembro de 2002, mas parece que foi ontem.

Eu não irei dizer um montão de lúgubres detalhes da sua horrível descida aos infernos com esses venenos, mas eu lhe agradeço muito pelos seus esforços para ajudar as pessoas a se darem conta do que elas estão fazendo para a nossa sociedade.

Que Deus a abençoe.

Atenciosamente,

Glenna Todovich (Mãe de Aaron).

P.S. Por favor, ouçam essa canção chamada “Dondante” (encontrada em um e-mail de Aaron) enviada a Aaron pela banda My Morning Jacket, amigos muito próximos a ele.

Se você quer ver mais detalhes, clique aqui.

Você tem uma história pessoal que queira tornar pública? Faça contato com o Mad in Brasil: [email protected]  A sua contribuição será importante para todos os que buscam a construção de um novo paradigma de abordagem do sofrimento psíquico.

 

Cidadãos e capazes

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Em matéria publicada em O Globo na edição de hoje, 19 de dezembro de 2016, Paulo Amarante lembra que há um ano atrás usuários dos serviços de saúde mental, familiares, profissionais de saúde e ativistas dos movimentos sociais da luta antimanicomial estavam ocupando instalações do Ministério da Saúde em Brasília para defender a Reforma Psiquiátrica sob ameaça. As perspectivas para 2017 são desafiadoras.

 

Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Ministério da Saúde sendo ocupada por militantes da luta antimanicomial, usuários e familiares.

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Eis aqui alguns trechos do artigo:

“Os ocupantes de Brasília eram ativistas da reforma psiquiátrica brasileira que, por conhecerem o interior, o cotidiano destas instituições, lutavam por sua extinção e substituição por um modelo comunitário, inclusivo e integrador.”

“… Muitos daqueles internos em hospitais psiquiátricos, em cujos prontuários se lia que eram incapazes, perigosos e irresponsáveis, são hoje cidadãos em defesa e exercício de seus direitos, inclusive como defensores da reforma psiquiátrica antimanicomial. E isto é fundamental.”

Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

O conluio da psiquiatria com a indústria farmacêutica: o maior caso de iatrogenia na história

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Uma vez mais a Scientific American adverte ao público para a terrível possibilidade de que a psiquiatria esteja fazendo mais mal às pessoas do que as ajudando.

antidepressivosEm um recentente artigo de Sarah G. Miller, fica-se sabendo que “de cada 6 estadunidenses 1 toma uma droga psiquiátrica”.  Nos Estados Unidos, os antidepressivos são as drogas mais consumidas, seguidas por sedativos, pelos hipnóticos e drogas contra a ansiedade, e ainda os antipsicóticos. E o que se observa é que a tendência de consumo de drogas psiquiátricas aumenta a cada ano.

No Brasil, não temos indicadores precisos sobre o consumo de drogas psiquiátricas, mas há a percepção que os padrões de consumo entre nós siga essa mesma tendência globalizante.

Se estivéssemos falando de outras ‘enfermidades’, poderíamos pensar que o aumento do consumo de medicamentos significa que estamos impulsionando a saúde mental. Se diria que quanto mais as pessoas têm acesso aos medicamentos psiquiátricos melhores condições elas têm para garantir a qualidade da sua saúde mental. Mas no caso das drogas psiquiátricas é justamente o contrário!

Segundo  Edmund S. Higgins, professor de psiquiatria na Universidade Médica de Carolina do Sul, há que se reconhecer algo incontornável, quer dizer, a “verdade inconveniente” que a saúde mental em várias medidas vem se deteriorando. Em um estudo de 2013, Higgins escreve que “o número de transtornos mentais cresceu nas últimas duas décadas, mesmo quando outras condições graves se tornaram mais manejáveis”. Higgins sustenta que “uma falta de precisão e objetividade em diagnosticar e tratar a doença mental estancou o nosso progresso. Nós temos que abraçar novas estratégias de pesquisa e prevenção para avançar”.  A tese de Higgins é que, as drogas psiquiátricas, embora seja indiscutível que ajudem algumas pessoas em curto prazo, levando a ‘estórias bem sucedidas’, são medicamentos que podem ao longo prazo de uso produzir nítidos efeitos danosos para amplas populações.

Higgins reitera o que vários renomados cientistas vem afirmando, como por exemplo , fundador e um dos diretores do Cochrane Institute, conforme artigos já publicados aqui no Mad in Brasil.

anatomy-of-an-epidemicOra, é essa a tese perturbadora do livro que no primeiro semestre de 2017 será lançado pela Editora da Fiocruz, o livro do jornalista Robert Whitaker,  Anatomy of an Epidemic: Magic Bullets, Psychiatric Drugs, and the Astonishing Rise of Mental Illness in America.

Assim como começa a ocorrer em diversas partes do mundo, é hora que os profissionais de saúde mental no Brasil lidem com a possibilidade de que na grande maioria dos casos as drogas psiquiátricas causam mais danos do que benefícios.

Conforme o que vem sendo afirmado por diversos cientistas renomados, somos contemporâneos do que provavelmente é o maior caso de iatrogenia (doenças produzidas pelo próprio exercício da medicina) da história, graças à aliança inescrupulosa da psiquiatria com a indústria farmacêutica.

Leia o artigo na íntegra que foi publicado em Scientific of America: clique aqui.

Programa De Retirada Da Medicação Psiquiátrica

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fernando_foto_definitivaReduzir e parar de tomar drogas psiquiátricas é um processo difícil, em geral é uma experiência muito sofrida. Os sintomas de abstinência são em geral muito difíceis de serem enfrentados com segurança e eficácia. E os médicos em geral dizem que os sintomas de abstinência são na verdade sintomas da reincidência do seu suposto transtorno mental.

Mas sabe-se que, na medida em que você consegue ficar livre da medicação psiquiátrica, aumentam significativamente as chances de você e a sua rede social saberem lidar com os problemas, a partir dos seus próprios recursos psíquico e sociais.

O Mad in Brasil sugere mais um site onde são disponibilizados meios para diminuir, senão parar definitivamente de tomar essas drogas.

Mas lembre-se: sempre tendo o cuidado de estar sob a supervisão de um médico da sua confiança, para que o processo possa ser acompanhado com eficácia, e para não por em risco a sua saúde e das pessoas próximas a você.

Para acessar o site, com todo o seu conteúdo em português: clique aqui.

ANTONIO LANCETTI: “in memoriam”

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Faleceu Antonio Lancetti, um guerreiro na luta Antimanicomial! Mestre de várias gerações de trabalhadores da saúde mental no Brasil. Nossos agradecimentos por tudo o que ele nos ensinou. A sua memória será eterna entre todos nós.

Personagem central da luta anti-manicomial no Brasil e especialista em ações de enfrentamento da dependência do crack, o psicanalista argentino Antonio Lancetti era um dos profissionais que atuavam como consultor do programa De Braços Abertos em São Paulo. Nascido na Argentina e exilado político no Brasil desde 1979, Lancetti mergulhou na causa da saúde mental, liderando a intervenção que transformou Santos na primeira cidade brasileira sem manicômios. Consultor do Ministério da Saúde, trabalhava com a problemática das drogas e do crack — o grande desafio para as cidades e para a saúde pública em São Paulo e no Brasil. Sua significativa contribuição inclui também a direção da coleção SaúdeLoucura, hoje com 50 títulos, publicada pela editora Hucitec. É autor de “Clínica Peripatética” e “Contrafissura e plasticidade psíquica” entre outros títulos.

O Mad in Brasil está postando em sua página uma entrevista dada por Lancetti para a série Psicanalistas que falam.

É a nossa homenagem. Que o seu exemplo continue a iluminar os nossos caminhos.

“O que seria uma cidade que pretende acabar com os territórios marginais? Não seria um delírio?”

[Temas abordados e disparadores de diálogos*]

* os parágrafos destacados entre aspas são trechos do episódio LANCETTI BRASILEIRO

A psicanálise fora do setting tradicional: a clínica em movimento

A psicanálise fora do setting tradicional é tema de uma das principais obras de Lancetti — “Clínica peripatética” (ed. Hucitec, 10a edição). Os ensaios que o compõem o livro narram e problematizam experiências ocorridas na fronteira entre a dependência e a morte, entre a loucura e a cidadania, entre o exílio e o comunismo múltiplo e micropolítico ativado em práticas de saúde.

A clínica em movimento aparece como um tema transversal durante todo o episódio. Os trechos a seguir destacam-se como disparadores de diálogos:

[“Psicanalistas que se lançam a trabalhar fora do setting tradicional, na rua, na cracolândia, precisam ter formação, capacidade de escuta, alto grau de plasticidade psíquica para manter o tônus erótico.”]

[“Para trabalhar com psicanálise, é preciso de certo grau de esquizoidia – poder esquecer, estar em vários lugares, abandonar um e entrar em outro.”]

[“Um dos problemas dos terapeutas é o que eu chamo de metáfora da pilha. Pilha normal descarrega – o mesmo o terapeuta: ele não aguenta. Mas existe a pilha autocarregável. Há várias formas de se recarregar… a análise é uma delas. Mas a principal é a própria experiência: o momento de cura é o ato de escutar o outro.”]

[“Um psicanalista que não tem cultura, que não lê literatura, filosofia, é como um lutador vesgo: ele vai apanhar.”]

Psicanálise e territórios marginais

Lancetti atualmente trabalha, entre outras coisas, com a problemática das drogas e do crack – um grande desafio para a cidade e para a saúde pública em São Paulo.

É consultor especial do programa DE BRAÇOS ABERTOS, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo e que busca transformar a cracolândia a partir do acolhimento e de uma política de redução de danos.

O projeto existe desde janeiro de 2014, e pratica o resgate social dos usuários de crack por meio de trabalho remunerado, alimentação e moradia digna, com orientação de intervenção não violenta.

Suas diretrizes trazem um novo olhar sobre o dependente químico, que deixou de ser tratado como um caso de polícia e passou a ser encarado como cidadão, com direitos e capacidade de discernimento. O tratamento de saúde é uma consequência das etapas anteriores, e não condição prévia imposta para participar do programa.

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Uma pesquisa sobre o projeto publicada em setembro de 2016 mostra que mais de 70% dos beneficiários do programa diminuíram significativamente o uso de crack e outras drogas, os cuidados com a saúde melhoraram muito e a adesão ao trabalho é de aproximadamente 75%.

O programa é inspirado em políticas públicas de ponta nos Estados Unidos e Canadá, mas tem sido alvo de constantes ataques e polêmicas – com ameaças de interrupção pela nova gestão da Prefeitura, que se inicia em 2017.

Para Lancetti, o fim do programa seria um equívoco, e responde ao alarmismo social criado em torno do problema.

[“Existe essa campanha excessiva da mídia em cima do crack, da epidemia do crack. É o fenômeno de contrafissura, que afeta toda a sociedade.”]

CONTRAFISSURA, no vocabulário de Lancetti, é o sintoma social contemporâneo – presente na mídia, na política, na clínica, na subjetividade – representado pela tentação de se cair no erro da guerra aos usuários de drogas pelo alarmismo infundido na população e ações violentas e repressivas justificadas pelo discurso da criminalização.

[“Podemos oferecer em vez de eliminar ou esconder: oferecer uma rede. É o que nós da saúde podemos fazer. (…) De Braços Abertos é uma experiência complexa e controvertida, que vai na contramão de outros programas do Estado baseados na ideia de eliminação, abstinência, ideias convencionais e reducionistas. É reducionista achar que o problema do crack é apenas a droga.” ]

[“Uma pesquisa da Fiocruz mostra que 80% das pessoas em zonas de uso são homens, negros ou pardos, 80% que não completaram estudos primários, e 50% são egressos do sistema penitenciário.” ]

[“Senso comum é que o drogado é um cara safado que, se beber ou usar outra droga, não será atendido. O perdão é mais poderoso que a culpabilização.”]

Luta antimanicomial

Lancetti é um personagem fundamental da luta antimanicomial no Brasil. Militante histórico da Reforma Psiquiátrica Brasileira, trabalhou ao lado de David Capistrano em Santos, cidade pioneira nessa questão e que disparou a reforma psiquiátrica em outros lugares do Brasil.

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Equipe dirigente da Secretaria de Higiene e Saúde de Santos

Embaixo (da esq. p/ dir) – Lídia Silveira, Marcos Calvo, Sergio Zanetta,
Socorro Matos, Vera, David, Antonio Lancetti, Marcia Frigério, Melhado,
Tikanory Alto – Arthur Chioro e Elcy Pimenta.

Durante cerca de 30 anos, Santos abrigou a Casa de Saúde Anchieta, um hospital psiquiátrico particular situado em um complexo de 5 mil metros quadrados. Os proprietários eram pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para manter mais de 500 pacientes em dependências capazes de abrigar, no máximo, 250 pessoas. O local era alvo de denúncias de maus-tratos contra os internos.

Em maio de 1989, a prefeitura interveio no local em ação liderada principalmente por Lancetti, Tykanori, Cenise Monte Vicente e Williams Valentini – durante a gestão de David Capistrano como secretário de Saúde de Santos.

Os funcionários foram proibidos de trancar ou agredir os pacientes, além de não poderem mais recorrer a qualquer forma de violência. A força seria medida apenas de contenção – e não como justificativa de tratamento. O Anchieta foi fechado anos depois, em episódio conhecido como o “fim da Casa dos Horrores”.

Lancetti era amigo pessoal de David Capistrano e companheiro de militância e trabalho.

Capistrano foi secretário de Saúde de Santos de 1989 a 1992, e prefeito da cidade entre 1993 e 1996. Desenvolveu e implementou políticas públicas precursoras e inovadoras na área de saúde que acabaram por se tornar referência em todo o mundo – colaborando inclusive com o texto que deu origem ao capítulo sobre o SUS na Constituição de 1988. Também ganhou diversos prêmios internacionais.

[“Aprendi muito com ele. ‘Primeiro a vida, depois a lei; faça, depois pense’. É o que chamo de ‘Paixão Capistrano’. Sou considerado uma das viúvas do David. Com muito orgulho, mas temos que superar.” ]

Sobre a situação dessa luta hoje, Lancetti provoca:

[“A reforma psiquiátrica no brasil é triunfante, mas vem sofrendo derrotas. Foram desativados 60 mil leitos, mas outros tantos foram criados pelas clínicas.”]

[“O que seria de uma cidade que pretende acabar com os territórios marginais? Não seria um delírio? Todo o movimento antimanicomial se organizou em torno da utopia de uma sociedade sem manicômios, e hoje é surpreendido pela utopia de uma cidade sem drogas. Alguém já pensou o que seria uma sociedade sem drogas? Seres humanos que não pudessem sair de si?

Que teriam que permanecer na normatização chata, quadrada da vida contemporânea desse capitalismo idiotizante que a gente vive? ”]

Psicanálise e empatia

[“Deveríamos organizar um colóquio sobre o ódio social produzido no Brasil, sobre esse ressentimento, esse senso comum sobre corrupção. ”]

[“Nossa existência é tão achatada. Temos tantas ameaças à nossa subjetividade que urge se encontrar com as próprias potências. ”]

[“Vou citar um pedaço do texto que estamos escrevendo a quatro mãos, eu e esse rapaz, o Gabriel, que eu conheci ali no fluxo, na cracolândia. Chama-se ‘Gabriel e o mundo do submundo’: ‘(..) O negócio é o seguinte: você nunca vai ser dono do que é seu, por isso vc vai ter tudo o que vc precisa, e nada do que você deseja. Porque quem não sabe o que faz, não sabe o que quer’.”]

Bibliografia

LANCETTI, Antonio. Contrafissura e Plasticidade Psíquica. São Paulo, Hucitec, 2015. ___________________ . Clínica peripatética. São Paulo, Hucitec, 2006. ___________________ (org.). Coleção Saúde loucura. São Paulo, Hucitec.

___________________ . “Fim do programa De Braços Abertos seria um grande equívoco”. Revista Brasileiros, 27 de setembro de 2016. Disponível em: http://brasileiros.com.br/2016/09/fim-programa-de-bracos-abertos-seria-grande-equivoco/

FIORE, Maurício; RUI, Taniele; TÓFOLI, Luis Fernando. “Programa De Braços Abertos: uma análise dos impactos e perspectivas”. Cebrap, Open Society e outras: http://www.ibccrim.org.br/tvibccrim_video/504-Programa-De-Bracos-Abertos-uma-analise-dos-impactos-e-perspectivas

UM PESADELO DE MÃE: TERRÍVEL, MUITO TERRÍVEL

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O pior pesadelo para os pais é a morte de seu filho. O que aconteceu com Marci Weber é pior. Webber experimentou um episódio psicótico paranoide provocado pela medicação psiquiátrica. Ela saiu do episódio psicótico tomando conhecimento que havia matado a sua filha de quatro anos Maggie, a quem ela amava e tinha muito carinho, e tentou se suicidar.

Agora confinada indefinidamente em um hospital estatal para aqueles considerados Não Culpados Devido à Insanidade, Marci quer alertar o público acerca dos perigos das medicações psiquiátricas e está à procura por justiça para ela própria e a sua família. Ela me pediu para compartilhar a sua história.

Marci, com 43 anos de idade, era uma batalhadora mãe solteira de três filhas, quando a tragédia ocorreu. Ela estava vivendo no norte de Nova York e de licença médica da Escola de Direito Albany onde estava seguindo os estudos de mestrado em serviço social e doutorado profissional em direito. Ela é uma veterana do exército e foi voluntária em muitas organizações sem fins lucrativos que beneficiam crianças em sua comunidade.

Marci viveu sob grande estresse durante muitos anos. Para ajudá-la a lidar com o estresse, os médicos de Marci prescreveram uma crescente gama de drogas psiquiátricas, que incluíram dois antidepressivos (Wellbutrin 300 mg e Zoloft 200 mg), um antipsicótico (Seroquel 100 mg) para dormir e um sonífero (Ambien 10 mg), assim como medicação para a pressão sanguínea (Metoprolol 100 mg) para acalmar. Embora Marci não compreendesse isso naquela época, essa combinação de drogas não testada estava na prática exacerbando, não diminuindo, o estresse dela e a sua ansiedade, e causando problemas cognitivos e de memória junto com sintomas físicos inexplicáveis.

Em setembro de 2010, Marci levou Maggie a uma visita à sua mãe e à sua irmã mais velha, em Illinois. O seu médico da atenção primária, que estava prescrevendo a sua medicação psiquiátrica, não a via desde janeiro de 2010, embora continuasse a renovar a prescrição de Marci. Ela deixou de renovar a prescrição de Zoloft 200 mg, contudo, e que foi por fim renovada em 27 de julho.

Marci retornou rapidamente para Nova York e voltou logo depois para Illinois. Mas desta vez que ela retornou a Illinois, a sua mãe e Mallory a sua filha de 18 anos de idade notaram que Marci não era a mesma. Ela estava nervosa e preocupada que as pessoas estavam atrás dela. Marci também tinha sintomas parecidos com os da gripe, como dores pelo corpo, cansaço, sudorese e câimbras. Os membros da sua família estavam preocupados porque eles não conseguiam entender o que estava se passando, mas eles não ficaram alarmados porque Marci nunca havia sido perigosa. De fato, Marci estava experimentando sintomas de abstinência da medicação psiquiátrica, que podem causar sintomas semelhantes à gripe, assim como paranoia, psicose, comportamentos suicidas e homicidas. Ninguém havia advertido a ela ou a sua família que isso poderia vir a ocorrer.

Marci se deu conta de haver esquecido os seus remédios em casa e tentou obter as suas prescrições no Walmart em Illinois. Ela foi informada que eles não poderiam lhe fornecer os medicamentos, devido a uma lei de Nova York que impede que médico envie a prescrição por telefone ou por fax. A sua médica da atenção primária disse que ela deveria esperar pelas prescrições que estariam sendo enviadas pelo correio. Ninguém advertiu Marci acerca dos riscos da interrupção abrupta. Ninguém acessou o seu estado mental ou se ela tinha sintomas de abstinência ou a aconselhou a ir a um hospital.

Marci retornou à casa da sua mãe e passou a ficar mais paranoide e a delirar. Ela acreditava que a sua filha Maggi seria sequestrada pela internet por um disco iluminado que a iria vender como escrava sexual, e depois que a iria matar durante um ritual satânico, enviando a alma de Maggi para o inferno pela eternidade. A sua filha Mallory encontrou a sua irmã morta e a sua mãe ferida e chamou por socorro pelo telefone.

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Logo depois do homicídio, eu fui contatada pelos detetives que investigavam o caso. Eu era a antiga psicoterapeuta de Marci. Eu não tratava Marci há dois anos, mas eu ocasionalmente estava em contato com ela. Quando eu soube do que havia ocorrido, eu imediatamente informei os detetives que eu suspeitava que o homicídio e a tentativa de suicídio estavam relacionados com drogas psiquiátricas. Eu conheci Marci intimamente por 8 anos e sabia que ela era uma mãe atenciosa e amorosa para com as suas crianças. Marci nunca tinha sido violenta ou psicótica antes. E é extremamente pouco comum para uma pessoa ter um primeiro episódio psicótico em uma idade com a dela, e quando isso ocorre é geralmente devido a uma causa física.

Eu também contatei imediatamente o defensor público designado para o caso de Marci e o informei das minhas suspeitas. Eu enviei a ele artigos, livros e nomes de psiquiatras (incluindo Dr. Peter Breggin e Dr. Josep Glenmullen) que conheciam bem acerca de homicídio e suicídio induzidos por drogas psiquiátricas. O defensor público recusou em trazer essa questão para o processo de Marci e firmemente aconselhou Marci e a sua família a não apresentarem um processo de morte por negligência, justificando que isso iria prejudicar o seu caso criminal.

Após passar quase que dois anos na cadeia, Marci foi inocentada devido à insanidade e enviada para um hospital psiquiátrico para insanos criminosos, onde ela pode ficar confinada por até 100 anos. Ela passou quatro anos confinada no Centro Hospitalar Mental de Elgin. O pessoal do hospital recusou a considerar até mesmo a possibilidade de que o homicídio esteve relacionado às suas drogas psiquiátricas, e não demonstraram sinais de soltá-la. O ambiente lá era muito mais hostil e abusivo do que terapêutico. Ela sofreu 15 vezes abusos físicos por outros pacientes, algumas vezes por instigação da equipe. Dois membros da equipe até mesmo encorajaram-na a se matar e lhe forneceram meios para fazer isso.

Marci recusou tratamento com drogas psiquiátricas lá, o que lhe permitiu se recuperar da sua confusão mental. Ela está lúcida e não psicótica, apesar das circunstâncias muito difíceis em que vive. Ela não é um perigo para ela própria e nem para os outros. Recentemente ela foi transferida para um outro estabelecimento, Chicago Read Mental Health Center, com nenhuma explicação para as razões de tal procedimento ou plano de soltura. As condições de lá, embora menos violentas e hostis, continuam a serem desumanas. O pai de Marci em estado terminal e as suas duas filhas sobreviventes necessitam dela e querem que ela seja solta. Ela tem uma oferta de emprego em Arizona, onde ela pode estar perto do seu pai.

Nós estamos procurando recursos doados para uma representação legal e avaliações de psiquiatras independentes, a fim de garantir uma audiência de soltura para conseguir que Marci fique livre. Também estamos procurando por um promotor para representar Marci em um processo por prática de negligência contra a médica que prescrevia as drogas.

Marci prometeu que, após ganhar a liberdade, irá falar publicamente a respeito da sua experiência, a fim de educar o público acerca dos perigos das drogas psiquiátricas, para que ninguém passe pelo que ela passou descendo ao inferno.

A maioria das vítimas dos efeitos homicidas/suicidas das drogas psiquiátricas não vivem para contar a sua história. A história de Marci necessita ser contada.

Doações protegidas para despesas legais podem ser feitas clicando aqui.

Marci agradecerá muito se lhe enviarmos cartas de apoio. Está sendo muito difícil para ela manter o seu bom astral em tais circunstâncias. Você pode escrever para ela em: Marci Webber, Chicago Read Mental Health Center, B. South, 4200 North Oak Park Ave, Chicago, IL 60634. Ela também pode ser alcançada pelo telefone (773) 794-4036, mas por favor observe que esse telefone é para todos os pacientes da unidade e pode estar ocupado.

(trad. Fernando Freitas)

Cindy Perlin é trabalhadora da Clinical Social e profissional de Biofeedback practitioner que trabalha na clínica privada perto de  NY há 25 anos. Ela é a ex-presidente da Northeast Regional Biofeedback Society. Ela é autora do livro The Truth About Chronic Pain Treatments: The Best and Worst Strategies for Becoming Pain Free.

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O Ministério da Saúde quer custear as Comunidades Terapêuticas

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A despeito do posicionamento claro das entidades representativas de classe dos trabalhadores em saúde mental e das diversas organizações de movimentos sociais, o governo (golpista) Temer está decidido a cadastrar as comunidades terapêuticas como estabelecimentos de saúde, integrando-as ao SUS.

Sabe-se que as chamadas comunidades terapêuticas que se espalham pelo país, para tratamento de pessoas problemas com o uso de drogas ilegais e álcool, oferecem uma assistência em que na maioria dos casos é uma violência contra os direitos humanos de seus pacientes. Seus princípios ditos como assistenciais contrariam os pressupostos que orientam as políticas públicas construídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – e, em particular, pela Reforma Psiquiátrica – que é a defesa intransigente da ‘dignidade humana’.

São abundantes e inequívocas as evidências de violência e de violação dos direitos humanos em relatos de pacientes, familiares e profissionais de saúde. As violações são a regra, tais como: interceptação e violação de correspondência, violência física, castigos, tortura, exposição a situações de humilhação, imposição de credo, exigência prévia de exames clínicos como teste de HIV, intimidações, desrespeito à orientação sexual, revista vexatória de familiares, violação de privacidade, entre outras.

Sabe-se que a suposta proposta terapêutica da grande maioria das Comunidades Terapêuticas está fundamentada no que há de mais retrógrado, em uma pseudociência.

Em um ambiente com características tipicamente do ‘modelo asilar’ de assistência, busca-se forjar como efeito ou cura da dependência a construção de uma identidade culpada e inferior, substituindo a dependência química pela submissão ao ideal, mantendo submissos, inferiorizados, os pacientes que lá são tratados. A maioria dessas práticas sociais adota a opção por um credo pela fé religiosa como recurso de tratamento. Além da incompatibilidade com os princípios que regem as políticas públicas – o caráter republicano e laico delas – essa escolha conduz à violação de um direito: escolha de outro credo ou a opção de não adotar nenhum, ou seja, não seguir nenhuma crença. Na prática desses lugares, conforme o que é constantemente relatado, os internos são constrangidos a participar de atividades religiosas, mesmo quando sua crença e fé são outras, até porque não existe outra possibilidade para os internos.

A maioria das Comunidades Terapêuticas tem como funcionários, apenas religiosos, pastores, obreiros, quase sempre ex-usuários convertidos. Quando há profissionais de saúde, como médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, as suas atuações são submetidas a princípios religiosos e morais. Poucos profissionais se orientam de fato pelos saberes técnico-científicos.

Assim como ocorre nos manicômios, há falta de higiene, seus usuários trabalham sem remuneração (em nome da laborterapia), há tratamento diferenciado entre os pacientes com mais recursos financeiros.  E pasmem: a internação de menores nessas unidades é feita sem a presença dos pais.

Como já foi sublinhado pelo psicólogo Fábio Belloni, ‘Os manicômios hoje se chamam comunidades terapêuticas‘.

A matéria da Carta Capital sintetiza o que o governo (golpista) Temer está fazendo, “sem qualquer debate, a Secretaria de Atenção à Saúde da pasta editou em outubro a portaria 1.482, que determina a inclusão das comunidades terapêuticas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)”.

Como diz o procurador da República Jefferson Aparecido Dias, do MPF:

Nós cometemos um erro grande no passado ao colocar pessoas com transtorno mental em locais inadequados, verdadeiros depósitos de gente. Depois de várias décadas, tentamos consertar isso. Mas estamos cometendo o mesmo erro agora, com as comunidades terapêuticas”.

Leia na íntegra essa matéria de Carta Capital.

 

 

POR QUE EU PENSO QUE OS ANTIDEPRESSIVOS CAUSAM MAIS DANOS DO QUE BENEFÍCIOS

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peter-gotzscheEm The Lancet Psychiatry, David Nutt e colegas (1)  afirmaram que manchetes tais como “Antidepressivos fazem mais mal do que bem”, ao explorarem “um novo patamar baixo de uma polêmica irracional”. Eu descordo e descrevo aqui as evidências que dão sustentação ao meu argumento, e com isso os leitores podem julgar por eles próprios o que eles pensam acerca da defesa dessas drogas por Nutt e seus colegas.

Com relação aos benefícios dos antidepressivos, a agência reguladora estudunidense FDA, em sua grande meta-análise de 100.000 pacientes, metade deles de deprimidos, observou que 10% mais pacientes responderam aos antidepressivos do que a placebo (2), e a revisão do Cochran (3) de pacientes deprimidos registrou resultados semelhantes (i.e, de cada dez pacientes tratados um pode se beneficiar).

Contudo, eu acredito que tais resultados foram exagerados, e por várias razões (4). A mais importante, as pesquisas não foram blindadas o suficientemente. Os antidepressivos têm efeitos colaterais evidentes e, por conseguinte, muitos pacientes e seus médicos irão saber se a droga testada é ativa ou é um placebo. Uma revisão sistemática de 21 pesquisas (5) em uma variedade de doenças, que tiveram avaliadores dos resultados mascarados e não-mascarados, descobriu que o efeito do tratamento foi exagerado por 36% em média (razão de chances) quando observadores não mascarados mais do que mascarados acessaram o efeito. O efeito de antidepressivos é acessado por escalas fortemente subjetivas (ex., a escala Hamilton), e se nós assumimos que o ‘cegamento’ (‘o mascaramento’) é quebrado por todos os pacientes nas pesquisas e ajustados pelo preconceito, nós encontraremos que os antidepressivos não têm efeito (razão de chance de 1.02) (4).

Contudo, eu não acredito que o ‘cegamento’ (‘mascaramento’) seja sempre quebrado, apenas que o efeito relatado seja muito provavelmente exagerado. Muitos anos atrás, pesquisas adequadamente ‘cegadas’ com antidepressivos tricíclicos foram feitas, nas quais o placebo continha atropina, que causa secura na boca como as drogas ativas assim o fazem. Essas pesquisas relataram efeitos muito pequenos, clinicamente insignificantes, dos antidepressivos tricíclicos comparados com o placebo (diferença da média padrão 0.17, 95% Cl 0.00-0.34) (6).

Um outro achado preocupante nas pesquisas randomizadas é que, por alguma razão, muitos pacientes interrompem o tratamento tanto com SSRIs quanto com placebos (7). Após apenas 2 meses, metade dos pacientes pararam de tomar a droga (8). Esse achado sugere que, em geral, considerando benefícios e danos juntos, os pacientes consideram as drogas sem utilidade. Mais importante ainda, nenhuma pesquisa mostra se essas drogas funcionam de fato para os resultados que realmente importam, tais como salvar relações e permitir que as pessoas retornem ao trabalho.

Com respeito aos danos dos antidepressivos, a maioria dos pacientes que tomam essas drogas experimentará efeitos colaterais.  A bula lista muitos efeitos colaterais comuns, dos quais os mais frequentes são problemas sexuais. Em um estudo (9) desenhado para avaliar esses efeitos colateral, problemas sexuais foram desenvolvidos em 604 (59%) dos 1022 pacientes que relataram não haverem tido problemas com a função sexual antes de começarem a usar antidepressivo. Os sintomas incluíram libido diminuída (50% dos pacientes em fluoxetina), orgasmo ou ejaculação retardados (também 50%), sem orgasmo ou ejaculação (39%), e disfunção erétil ou queda da lubrificação vaginal (22% para ambos combinados).

Mesmo quando diminuem lentamente a dose, metade dos pacientes têm dificuldade para interromper as drogas por causa dos efeitos de abstinência, que podem ser severos (10) e duradouros (4). Nós notamos que os sintomas de abstinência foram descritos em termos similares para benzodiazipinas e SSRIs, bem como para 37 dos 42 sintomas identificados (11). Contudo, tais sintomas não foram descritos como dependência para SSRIs (11). Definir como problemas similares a “dependência”, no caso dos benzodiazepínicos, e  ‘reações pela interrupção”, no caso dos SSRIs, é irracional. Para os pacientes, os sintomas são exatamente os mesmos; pode ser muito difícil interromper as drogas, as de um tipo ou as de outro.

Psiquiatras com frequência argumentam, como fizeram Nutt e colegas (1), que os antidepressivos protegem contra o suicídio. Contudo, eu acredito que não exista nenhuma  evidência clara para afirmar isso. Bons estudos de observação refutaram isso (12), e resultados de pesquisas randomizadas (13) mostraram que os antidepressivos estão associados com o aumento de risco de tentativas de suicídio (5.6 mais tentativas de suicídio para 1000 pacientes-anos de exposição aos SSRIs comparados com o placebo). Antidepressivos não apenas têm sido associados com o suicídio, mas também com o homicídio (4,14,16).  A análise da FDA mostrou que o comportamento suicida é aumentado com antidepressivos até a idade de 40 anos – mas de fato, a situação é muito pior do que isso. Suicídios e tentativas de suicídio foram amplamente não relatadas na análise do FDA por várias razões (4). Por exemplo, apenas cinco mortes por suicídio foram relatadas em 52 960 pacientes em antidepressivos na análise do FDA (2) em 2006, enquanto que cinco mortes por suicídio foram relatadas em 2963 pacientes em paroxetina apenas em uma meta-análise de 1993 (17).

Os SSRIs são particularmente daninhos para pacientes idosos. Resultados de estudo de uma amostra cuidadosamente controlada (18) com pessoas com mais de 65 anos de idade com depressão mostrou que SSRIs levaram a quedas em número maior do que  os antigos antidepressivos ou se a depressão não houvesse sido tratada. Para cada 28 pessoas idosas tratadas por 1 com um SSRI, houve uma morte adicional, comparado com os não tratados (18). SSRIs têm também efeitos estimulantes e podem precipitar a conversão para o transtorno bipolar em cerca de 10% das crianças entre 10-14 anos sendo tratadas pelos serviços de saúde mental (19).

“Os SSRIs são drogas muito pobres e eu duvido que elas possam ser seguras em qualquer idade. “

O primeiro SSRI foi a fluoxetina, com o regulador de drogas da Alemanha julgando ser “totalmente inadequada para o tratamento da depressão” (14,20) . Eu, e outros, (4,21) escrevemos sobre a controvérsia ao redor dessa droga e o seu processo para aprovação, não obstante ter sido aprovada e amplamente usada.

Eu escrevi previamente (4) que tem havido uma intensa comercialização e um crime generalizado cometidos pelas empresas farmacêuticas, incluindo fraude, promoção ilegal e corrupção de psiquiatras. Nos Estados Unidos, os psiquiatras recebem mais dinheiro da indústria farmacêutica do que nenhuma outra especialidade médica (4,22). Como resultado, a quantidade de antidepressivos prescritos todo ano na Dinamarca é suficiente para fornecer tratamento para todas as pessoas no país por 6 anos de suas vidas (4). Eu acredito que essa situação não parece boa e que também retrata o fato que muitos pacientes não podem interromper essas drogas, devido aos intoleráveis sintomas de abstinência.

Os SSRIs têm mostrado terem benefícios mínimos ou não-existentes em pacientes com depressão leve ou moderada (23), e eu penso que até mesmo essas drogas não podem sequer funcionar para a depressão severa (4). Elas devem ser usadas muito cuidadosamente, se de todo, e sempre com um plano claro para eliminá-los paulatinamente. Os assim chamados estudos de manutenção, nos quais pacientes após um tratamento bem sucedido recebem aleatoriamente ou uma droga ou um placebo, não podem ser interpretados como mostrando que os pacientes ainda necessitem a droga, por ser devido aos sintomas de abstinência, o que pode incluir depressão, e que são infligidas no grupo placebo.

Nutt e dois dos seus co-autores, Guy M Goodwin e Stephen Lawrie, têm entre eles declarado 22 conflitos de interesse em relação às companhias farmacêuticas (1). Eu pergunto-me se essa declaração não explica a sua renúncia à psicoterapia (embora seja efetiva e recomendada pelo NICE) e a descrição deles da minha visão como uma polêmica irracional que estaria insultando a disciplina da psiquiatria e reforçando o estigma contra as doenças mentais. Eles também falam de anti-psiquiatria, anti-capitalismo e de uma teoria conspiratória. Essa é a linguagem das pessoas que são curtas de argumentos.

Bibliografia:

1              Nutt DJ, Goodwin GM, Bhugra D, Fazel S, Lawrie S. Attacks on antidepressants: signs of deep-seated stigma? Lancet Psychiatry 2014 ; 1: 103–04.

2              Laughren TP. Overview for December 13 Meeting of psychopharmacologic drugs advisory committee (PDAC). 2006 Nov 16. http://www.fda.gov/ ohrms/dockets/ac/06/briefing/2006-4272b1-01-FDA.pdf (accessed Oct 22, 2012).

3              Arroll B, Elley CR, Fishman T, et al. Antidepressants versus placebo for depression in primary care. Cochrane Database Syst Rev 2009; 3: CD007954.

4              Gøtzsche PC. Deadly medicines and organised crime: how big pharma has corrupted health care. London: Radcliffe Publishing, 2013.

5              Hróbjartsson A, Thomsen AS, Emanuelsson F, et al. Observer bias in randomised clinical trials with binary outcomes: systematic review of trials   with both blinded and non-blinded outcome assessors. BMJ 2012; 344: e1119.

6              Moncrieff J, Wessely S, Hardy R. Active placebos versus antidepressants for depression. Cochrane Database Syst Rev 2004; 1: CD003012.

7              Barbui C, Furukawa TA, Cipriani A. Effectiveness of paroxetine in the treatment of acute major depression in adults: a systematic re- examination of published and unpublished data from randomized trials. CMAJ 2008; 178: 296–305.

8              Serna MC, Cruz I, Real J, et al. Duration and adherence of antidepressant treatment (2003 to 2007) based on prescription database. Eur Psychiatry 2010; 25: 206–13.

9              Montejo A, Llorca G, Izquierdo J, et al. Incidence of sexual dysfunction associated with antidepressant agents: a prospective multicenter study of 1022 outpatients. Spanish Working Group for the study of psychotropic- related sexual dysfunction. J Clin Psychiatry 2001; 62 (suppl 3): 10–21.

10           Fava GA, Bernardi M, Tomba E, et al. Effects of gradual discontinuation of selective serotonin reuptake inhibitors in panic disorder with agoraphobia. Int J Neuropsychopharmacol 2007; 10: 835–38.

11           Nielsen M, Hansen EH, Gøtzsche PC. What is the difference between dependence and withdrawal reactions? A comparison of benzodiazepines and selective serotonin re-uptake inhibitors. Addiction 2012; 107: 900–08.

12           Zahl PH, De Leo D, Ekeberg Ø, et al. The relationship between sales of SSRI, TCA and suicide rates in the Nordic countries. BMC Psychiatry 2010; 10: 62.

13           Fergusson D, Doucette S, Glass KC, et al. Association between suicide attempts and selective serotonin reuptake inhibitors: systematic review of randomised controlled trials. BMJ 2005; 330: 396.

14           Healy D. Let Them Eat Prozac. New York: New York University Press; 2004.

15           Moore TJ, Glenmullen J, Furberg CD. Prescription drugs associated with reports of violence towards others. PLoS One 2010; 5: e15337.

16           Lucire Y, Crotty C. Antidepressant-induced akathisia-related homicides associated with diminishing mutations in metabolizing genes of the CYP450 family. Pharmgenomics Pers Med 2011; 4: 65–81.

17           Montgomery SA, Dunner DL, Dunbar GC. Reduction of suicidal thoughts with paroxetine in comparison with reference antidepressants and placebo. Eur Neuropsychopharmacol 1995; 5: 5–13.

18           Coupland C, Dhiman P, Morriss R, et al. Antidepressant use and risk of adverse outcomes in older people: population based cohort study. BMJ 2011; 343: d4551.

19           Martin A, Young C, Leckman JF, et al. Age effects on antidepressant-induced manic conversion. Arch Pediatr Adolesc Med 2004; 158: 773–80.

20           Internal Eli Lilly memo. Bad Homburg. 1984 May 25 (available on request).

21           Virapen J. Side effects: death. College Station: Virtualbookworm.com Publishing, 2010.

22           Insel TR. Psychiatrists’ relationships with pharmaceutical companies: part of the problem or part of the solution? JAMA 2010; 303: 1192–93.

23           Fournier JC, DeRubeis RJ, Hollon SD, et al. Antidepressant drug effects and depression severity: a patient-level meta-analysis. JAMA 2010; 303: 47–53.

Este artigo foi originalmente publicado em  The Lancet.

 

Peter Gotzsche (Nordic Cochrane Centre), Dept 7881 Righospitalet, Copenhagen, Denmark [email protected]

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O QUE É PSIQUIATRIA HOLÍSTICA?

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Por Dr. Gary Gibbs.

Blog publicado originalmente em Mad in America de 3/12/2016

 

 

A psiquiatria holística ensina que em cada um e em todos nós há grandes e latentes poderes, que estão além da vida com a qual estamos habituados. Ela também ensina que há métodos práticos pelos quais essas forças podem ser liberadas. Há uma metáfora Oriental que diz que nós temos em nós uma ampla e linda casa, cheia de móveis finos, uma livraria, e muitos quartos maravilhosos, porém estamos presos em uma cozinha no porão. Desconhecemos os quartos que estão na casa, e quando nos dizem que eles existem, nós não acreditamos.

A psiquiatria implica mais do que apenas prescrever uma pílula. O que significa olhar para a pessoa como um todo, o quadro geral. Assim como uma educação da criança será incompleta se apenas um assunto é o estudado; as crianças necessitam estudar uma variedade de assuntos, incluindo a leitura, a escrita e a aritmética, assim como música e educação física, para estarem melhor preparadas para a vida neste mundo. Da mesma maneira, nós necessitamos trabalhar nos diversos níveis, quando uma transformação real e completa é a meta.

A psiquiatria holística significa se adotar uma abordagem mente-corpo-espírito. Isso não é apenas uma posição teórica; em vez disso, é uma postura em nossa vida cotidiana, para que cada parte – mente, corpo e espírito – seja especificamente abordada. Progresso cotidiano no autodesenvolvimento não é o resultado de acidente ou acaso, mas vem de uma sólida prática de trabalho consigo próprio.

O sistema com o qual eu trabalho tem seis ramos:

(1) Medicina convencional e medicina alternativa

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Estando bem informado sobre estes dois campos da medicina permite que o médico ofereça uma escolha mais ampla de medicamentos. Enquanto os medicamentos convencionais têm a vantagem de grandes estudos ‘duplamente cegos’ demonstrando eficácia, os medicamentos à base de plantas têm uma longa história de evidências empíricas que documentam o mesmo. Mas há uma diferença: medicamentos à base de plantas tendem a ter “benefícios colaterais” em vez de “efeitos colaterais”.

“Você anda brincando com remédios alternativos, não é?”

 

 

 

2) Auto estudo

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Detalhe da escola de Atenas por Raphael. Sócrates à esquerda, Platão à direita.

Duas das máximas mais famosas de Sócrates são: “Conhece-te a ti mesmo” e “A vida não examinada não vale a pena ser vivida”.  É claro que para que ocorra o autodesenvolvimento devemos aprender a estudar a nós mesmos – quem somos e quem podemos ser.

Além dos métodos tradicionais de auto-estudo, eu criei um método chamado Mapeamento da Mente (Mind Charting). Isso envolve um gráfico com três colunas: Eventos, Mente Inferior e Mente Superior. Os eventos são as ocorrências memoráveis de nossas vidas. A Mente Inferior e a Mente Superior são nossas percepções e reflexões sobre esses eventos. Treinando nossa Mente Superior a ser mais forte do que nossa Mente Inferior, nossa consciência é elevada. O grande filósofo estoico Epícteto disse: “Cada evento que experimentamos em nossas vidas tem duas alças, uma pela qual se pode facilmente transportar, enquanto pela outra não.” Pode-se considerar essas alças como representando as Mentes Superior e Baixa. Por exemplo, considere quando lamentamos uma ocorrência sobre a qual não temos poder para mudar. Com essa alça é difícil de transportar. Mas quando aceitamos uma ocorrência que está além do nosso poder de mudar, essa é a alça com a qual se pode bem transportar.  Eu acredito que essa é a alça que permitiu Jesus dizer: “Meu jugo é fácil e meu fardo é leve”.

Mapeando a Mente é uma ferramenta para sintonizar a mente, como um rádio, ao Canal da Verdade – a onda mental do pensamento positivo. É também uma ferramenta para entender o Canal de Maya – o canal das mentiras, a onda mental do pensamento negativo.

3) Pranayama

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Essa é uma palavra em sânscrito, que significa controle da expansão da energia. Isso é conseguido através da prática de técnicas de respiração. Na clássica Yoga Ashtanga (oito braços), a pranayama é o quarto membro, e como tal, é considerado o elo entre os membros inferiores e os superiores. Através de vários pranayamas se energiza o corpo, se purifica o sistema nervoso e se esclarece a mente. Por essas razões pranayama é considerada uma porta de entrada para a Mente Superior.

4) Treinamento do Corpo

Treinamento físico tem três componentes – flexibilidade, força e resistência. Cada uma dessas qualidades são desenvolvidas no corpo e depois transferidas para a mente.

imagem4Flexibilidade

O alongamento constrói um corpo flexível. Quando temos flexibilidade do corpo naturalmente desenvolvemos a flexibilidade da mente. Na medida em que você é flexível, você nunca é velho. Assim como se você ficar rígido, não importa quão jovem você seja, você é velho. Nosso sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) está diretamente conectado ao nosso sistema nervoso periférico que se estende desde as pontas dos dedos até a ponta dos dedos dos pés. Estique seu corpo, estique sua mente.

Todo pensamento negativo cria uma contração em algum lugar no corpo físico. Regular alongamento (como as asanas do Yoga) libera estas contrações e ajuda a fortalecer onda da mente de pensamento positivo.

BKS Iyengar. 1918-2014. O mundialmente famoso mestre de hatha yoga

Força

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Um ícone da aptidão durante toda sua vida, Jack LaLanne comemorou seu aniversário de 80 anos nadando na baía de São Francisco puxando um rebocador por seus dentes.

Exercícios de construção de força não só constroem um corpo poderoso, eles promovem o poder da mente que nos ajuda a não ser facilmente sobrecarregados. A força do corpo ajuda a construir a força da mente. Quando nos tornamos fortes, não somos tão facilmente “empurrados” fisicamente ou mentalmente.

Resistência

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Atividades que aumentam a frequência cardíaca constroem resistência física e também promovem a perseverança da mente. A vida não é uma corrida de velocidade, mas sim um evento de longa distância.

5) Fortalecimento da Mente

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Assim como o corpo necessita de exercício físico, a mente também precisa ser estimulada diretamente para ser verdadeiramente saudável e forte.

Ler livros, jornais e revistas aumenta seu vocabulário. Aprender novas línguas e jogar xadrez (não apenas jogar, mas também estudar) são exemplos de exercícios privilegiados para a mente. A ciência demonstrou que exercícios mentais como a leitura e o estudo promovem a neurogênese (o crescimento de novos neurônios), bem como aumentam as conexões sinápticas entre os neurônios. Este é o processo anatômico e fisiológico de desenvolvimento da força da mente.

As palavras são os blocos de construção da mente. Ao aumentar nossa amplitude do vocabulário, aumentamos nossa amplitude da mente. A mente é um feixe de palavras inter-relacionadas que chamamos de pensamentos. A qualidade das palavras que dizemos a nós mesmos (nossos pensamentos) determina a qualidade de nossas vidas.

Para maximizar o fortalecimento da mente, precisamos nos envolver ativamente em nosso aprendizado. Por exemplo, se apenas adivinharmos uma nova palavra que encontramos em nossa leitura, não estamos aprendendo em um nível ótimo. Para dominar uma nova palavra, o método que aprendemos na escola é o melhor. Escreva as palavras em baixo, escreva a pronúncia e a definição, e coloque-as em uma frase. Assim como o corpo necessita de exercício físico, a mente também precisa ser estimulada diretamente para ser verdadeiramente saudável e forte.

6) Meditação

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Hariakhan Baba. O lendário yogi do Himalaia, que é dito ter a capacidade de aparecer e desaparecer conforme a sua vontade.

A meditação é dita ser o caminho real para a auto realização. Todos os grandes místicos praticavam a meditação. Métodos de meditação podem ser aprendido a partir de um livro, no entanto, pode-se fazer um progresso mais rápido se você é iniciado em um método com um autêntico professor.

* * * * *

Uma visão geral do livro do Dr. Gibb que está para sair – The Art of Mind

Dr. Gary Gibbs

www.drgarygibbs.com

Dr. Gary Gibbs é um Psiquiatra Holista. Ele é graduado pela Universidade de Nova Inglaterra (University of New England), Faculdade de Medicina Osteopata (College of Osteopathic) e completou o seu treinamento como residente em psiquiatria no Hospital St Luke’s Roosevelt em Manhattan, afiliado à Universidade de Columbia (Columbia University). Ele é graduado da Mt Madonna College de Ayurveda e um estudante de longo tempo da yoga clássica e Baba Hari Dass. Ele foi o diretor, por vários anos, da Clínica Mente-Corpo-Espírito de Monterey, Departamento da Saúde Comportamental. Atualmente, ele trabalha em clínica privada com Psiquiatria Holista em Santa Cruz, California, e é Professor Assistente na Universidade de Tuoro (Tuoro University), Faculdade de Medicina Osteopática.

Usando tratamento baseado na meditação-respiração para a depressão

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A eficácia da prática de meditação, baseada na respiração, enquanto tipo de intervenção ‘complementar’, senão substituta, para a depressão. Os autores de um recente artigo publicado online no The Journal of Clinical Psychiatry investigaram o quanto a meditação é eficaz para produzir um bem-estar. Os pesquisadores viram que esse tipo de intervenção aliviava os sintomas da depressão e da ansiedade em indivíduos que não haviam respondido bem ao tratamento com antidepressivos.

“Levando em consideração que uma grande parcela de pacientes  não respondem satisfatoriamente aos antidepressivos, é importante que encontremos novas opções para aqueles que lutam como melhor enfrentar a depressão.”

É o que foi afirmado pelo autor principal, Anup Sharma, em um comunicado à imprensa para o Penn Medicine.

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A depressão é um dos diagnósticos de transtorno mental mais comum, segundo as autoridades sanitárias. Nos Estados Unidos, tomando como referência os dados oficiais da Psiquiatria institucional, a depressão atinge 7% da sua população.  E, no Brasil, segundo os dados do IBGE, cerca de 10.2% dos desempregados no país sofrem de depressão; isso em 2013, portanto antes do aprofundamento da crise econômica e da forte recessão sofrida nos tempos atuais.

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A despeito que a medicação, especificamente os antidepressivos, seja o tratamento mais popular para essa condição, esse meio de tratamento deixa muito a desejar. Além do que nem todos se adaptam ao tratamento com antidepressivos, a médio e a longo prazos os efeitos colaterais nefastos se acumulam.

Em uma pesquisa prévia, os autores reforçam que é urgente que se faça uma revisão crítica com relação à prescrição de antidepressivos, devido a que as evidências científicas demonstram a sua pobre eficácia e o potencial de efeitos colaterais bastante daninhos.

Estudos científicos recentes que tomam como foco  exercícios físicos e  meditação demonstram que tais intervenções são válidas no tratamento da depressão, com reduzidos efeitos colaterais prejudiciais, para um grande número de condições incluindo stress, ansiedade e a depressão.

A prática de yoga Sudarshan Krya é uma dessas práticas com resultados surpreendentes: para um grande número de condições, incluindo stress, ansiedade e a depressão.

Vejamos mais detalhadamente o desenho da pesquisa e seus resultados.

Para serem incluídos nos critérios do estudo, os participantes tinham que apresentar sintomas de depressão (conforme os critérios de diagnóstico oficiais), estando em tratamento há pelo menos oito semanas com antidepressivos. Os pesquisadores recrutaram 25 adultos com um diagnóstico de ‘Transtorno de Depressão Maior’, que não estavam respondendo ao tratamento com antidepressivos. Os participantes foram escolhidos aleatoriamente (randomizados) para cada um dos dois grupos, durante oito semanas: ou para o grupo de que fazia yoga Sudarshan Kriya  (SKY), ou para um grupo de controle colocado na lista de espera. Independentemente da escolha aleatória (randomização), os participantes continuaram a receber antidepressivos durante o estudo.

Indivíduos no grupo SKY participaram em um programa de seis sessões de duração durante a sua primeira semana de tratamento. As sessões incluíram exercícios de yoga e posturas, assim como meditação e educação. Nas sete semanas subsequentes, os participantes participaram de uma sessão semanal de acompanhamento (follow-up) e completaram a sessão em sua casa.   Os indivíduos que fizeram parte do grupo de controle na lista de espera continuaram a receber o seu tratamento e a eles lhes foi oferecida a opção de participaram na intervenção com yoga ao final do estudo.

Os sintomas de depressão e de ansiedade dos participantes foram mensurados no começo do estudo, como base de dados de partida para a comparação, e no final do estudo (as 8 semanas como base de dados pós a experimentação).

A média na base de dados indicava uma severa depressão nos indivíduos da amostra feita para o estudo. Após oito semanas, os participantes no grupo SKY mostraram uma melhora significativa muito maior dos sintomas de depressão e ansiedade, na medição feita com a Escala Hamilton de Avaliação de Depressão (HDRS-17), ao ser comparado com o grupo da lista de espera. Os participantes no grupo de intervenção igualmente mostraram maiores reduções dos sintomas de depressão e ansiedade, ao ser utilizado o Inventário Beck de Depressão (BDI) e o Inventário Beck de Ansiedade (BAI). Os participantes no grupo de controle não tiveram melhoras significativas.

É verdade que, a despeito dos fortes resultados, o tamanho da amostra limita a generalização de seus achados. Porém, os autores concluíram que os resultados do seu estudo apontam que a intervenções com SKY como tratamento para os indivíduos que não respondem ao tratamento com antidepressivos são promissoras. O fato de não haverem sido relatados eventos adversos em seu estudo igualmente sugere que esse pode ser um tratamento importante para aqueles indivíduos para quem os antidepressivos podem de algo modo serem deletérios.

“Aqui, nós temos uma terapia promissora e de baixo custo que pode potencialmente servir como uma abordagem efetiva e não medicamentosa para pacientes que estão batalhando contra essa doença”, Sharma expressou em Penn Medicine.

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Sharma, A., Barrett, M.S., Cucchiara, A.J., Gooneratne, N.S., & Thase, M.E. (2016). A breathing-based meditation intervention for patients with major depressive disorder following inadequate response to antidepressants: A randomized pilot study. Journal of Clinical Psychiatry. 10.4088/JCP.16m10819 (Abstract)

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