Publicado no The Guardian: não apenas o movimento de ‘alimento limpo’ tem como base crenças pseudocientíficas não apoiadas por evidências, mas também pode levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares. Não obstante, esse estilo de vida continua a ser popular por uma variedade de razões. Trata-se de uma manifestação desse fenômeno conhecido como ‘medicalização’.
“Está cada vez mais claro que ‘comer limpo’, a despeito de todas as suas boas intenções, pode causar danos reais, tanto para a verdade quanto para os seres humanos. Ao longo dos últimos 18 meses, McGregor diz: “todo cliente com um transtorno alimentar que entra na minha clínica está seguindo ou quer seguir uma maneira clean de comer”.
Em seu novo livro, Orthorexia, McGregor observa que, enquanto os distúrbios alimentares existiam muito antes da tendência a ‘comer limpo’, “regras alimentares” (como não comer produtos lácteos ou evitar todos os grãos) tornaram-se facilmente um “disfarce para restringir a ingestão de alimentos”. Além disso, nem sequer são boas regras, porque estão baseadas em “pretensão não fundamentadas e não científicas”. Tomemos como exemplo o leite de amêndoas, que é amplamente promovido como uma alternativa superior ao leite de vaca. McGregor vê isso um pouco melhor do que “água cara”, contendo apenas 0,1 g de proteína por 100 ml, em comparação com 3,2 g por 100 ml em leite de vaca. Mas, muitas vezes, ela achou muito difícil convencer seus clientes de que restringir esses alimentos “limpos” é, a longo prazo, pior para sua saúde do que é chamado de “alimentação irrestrita” – comidas balanceadas e variadas, mas sem pânico sobre o sorvete de creme ou barra de chocolate.
Claramente, nem todos os que compraram algum livro sobre consumo de ‘alimento limpo’ desenvolveram um transtorno alimentar. Mas um movimento cuja premissa é que o alimento normal faz mal à saúde agora está nas águas turvas da “alimentação saudável” para todos, plantando a idéia de que uma boa dieta é fundada em absolutos”.
Bacana.