Do The Guardian : “É muito fácil simplesmente afirmar que os médicos precisam ouvir mais os pacientes. Que há necessidade de mais pesquisas adequadas. Mas também se está dizendo que as histórias dos pacientes não têm sido suficientes para produzir mudanças nas diretrizes de prescrição e para a abstinência: isso apenas está acontecendo agora porque clínicos, como o Dr.Taylor que também foi um paciente, experimentaram o processo de retirada dos antidepressivos e estudaram seus resultados. Taylor disse ao The New Yorker que se ele não tivesse sofrido com a abstinência, ele provavelmente continuaria a aceitar as diretrizes padrão.
A falta de pesquisas sobre os efeitos da retirada de medicamentos pelas empresas farmacêuticas, levando seus remédios pelo mundo afora, também é, sem dúvida, um fator. Como é também a minimização, por parte das empresas farmacêuticas, que tais pesquisas existam. ‘Destacam a natureza benigna dos sintomas de descontinuação, em vez de discutir sobre sua incidência’, dizia um memorando interno visto pelo The New Yorker . . .
Um em cada seis adultos na Inglaterra toma medicação antidepressiva: 7.3 milhões de pessoas em 2017-8 receberam prescrição de antidepressivos, 70.000 das quais tinham menos de 18 anos. Essas pílulas são frequentemente prescritas em consultas que levam menos de 10 minutos. Amigos descreveram haver visto o médico a consultar o GPs Google antes de prescrever antidepressivos. Os pacientes que sofrem com a abstinência e precisam desesperadamente de apoio ficam a definhar, sem contar com o suporte necessário. Os serviços de saúde mental não estão preparados para lidar com isso.
Nada disso é para dizer que os antidepressivos sejam ruins, que eles não possam ser transformadores, ou que não possam resgatar às pessoas suas vidas. Sou grata pelo que os antidepressivos fizeram por mim em tempos de profunda angústia, mas gostaria de ter conhecido a natureza da jornada em que estaria embarcando; que parar o trem porque você quer saltar fora seria esse tamanho pesadelo.
Por que, quando a saúde de tantas pessoas está em jogo, demora-se tanto para ouvir os pacientes?”