Tiras afiladas ajudam as pessoas a parar de usar antidepressivos: um novo estudo

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Um novo estudo de Peter Groot e Jim van Os investigou se as tiras afiladas podem ajudar as pessoas a parar de usar antidepressivos. Eles entrevistaram 408 pessoas que haviam usado tiras afiladas nos últimos cinco anos. Descobriram que as tiras afiladas ajudaram 66% dos participantes a parar de usar antidepressivos com sucesso.

“A abordagem baseada em evidências de afilamento personalizado para dar conta do processo de retirada […] pode representar uma solução simples para um importante problema de saúde pública relacionado a antidepressivos, sem custos adicionais”, escrevem eles.

Muitas pessoas sentem sintomas de abstinência quando tentam interromper o uso de antidepressivos, e em algumas essas experiências podem ser bastante graves. A abstinência pode impedir que as pessoas deixem de usar a droga.

Groot e van Os escrevem: “É amplamente reconhecido que uma proporção significativa de usuários de modernos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e de inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN) experimentam dificuldades para sair da medicação”.

“A retirada e a incapacidade de descontinuar os medicamentos antidepressivos representam um problema significativo de saúde pública”, acrescentam eles.

Recentemente, um novo método utilizando tiras afiladas foi habilitado na Holanda pela organização sem fins lucrativos Cinderella Therapeutics. Este método de gerenciamento personalizado da dose usada permite ao paciente selecionar reduções de dose muito pequenas para prolongar a sua descontinuidade por meses. Em um estudo recente de resultados a curto prazo (também realizado por Groot e van Os), 71% das pessoas que utilizaram este método conseguiram parar de usar antidepressivos.
O novo estudo de Groot e van Os (publicado em Therapeutic Advances in Psychopharmacology) confirma este resultado a longo prazo, com uma taxa de sucesso comparável de 66%. Também é importante notar que a maioria das pessoas tanto neste estudo quanto no estudo anterior tentaram, sem sucesso, parar de usar antidepressivos no passado. Outras haviam experimentado efeitos de abstinência após perderem apenas uma ou duas doses diárias. Estas são as pessoas que têm mais dificuldade em parar os medicamentos, portanto uma taxa de sucesso de 66-71% é bastante impressionante.
Groot e van Os chamam isso de “método Horowitz-Taylor”, que se refere aos pesquisadores Mark Horowitz e David Taylor. Em um artigo do ano passado na Lancet Psychiatry, Horowitz e Taylor explicaram como um afilamento “hiperbólico” proporciona a melhor opção. O artigo foi escrito por Mark Horowitz no Prince of Wales Hospital, Sydney, Austrália, e David Taylor no King’s College London.
Os participantes do estudo atual foram identificados como participantes potenciais da pesquisa por seus médicos, que haviam prescrito tiras afiladas. Cerca da metade dos participantes em potencial responderam ao questionário dos pesquisadores. Devido a isso, é possível que tenha havido algum viés de seleção na resposta dos participantes. Entretanto, Groot e van Os observam que mesmo que isso seja verdadeiro, uma taxa de sucesso mais baixa (como 50%) ainda seria impressionante para as pessoas que tentaram e não conseguiram descontinuar os antidepressivos antes.
De acordo com Groot e van Os, embora as tiras afiladas possam ajudar as pessoas a parar de usar antidepressivos, o uso mais cuidadoso de antidepressivos desnecessários – pode impedir que esta situação difícil surja em primeiro lugar.

“A maneira mais eficaz de enfrentar o problema, entretanto, é a prevenção, usando medicamentos psicotrópicos de forma mais conservadora e levando em conta o fato de que alguns compostos provavelmente estão mais associados às dificuldades com a retirada do que outros”, eles escrevem.

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Groot PC, & van Os J. (2020). Outcome of antidepressant drug discontinuation with tapering strips after 1–5 years. Therapeutic Advances in Psychopharmacology, 10, 1–8. doi: 10.1177/2045125320954609 (Link)

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Peter Simons MIA-UMB News Team: Peter Simons tem formação em ciências humanas onde estudou inglês, filosofia e arte. Agora está em seu doutorado em Psicologia de Aconselhamento, sua pesquisa recente tem se concentrado em conflitos de interesse na literatura de pesquisa psicofarmacêutica, o uso de medicamentos antipsicóticos no tratamento da depressão, e as implicações filosóficas e sociopolíticas gerais da taxonomia psiquiátrica no diagnóstico e tratamento.