DEIXAR DE TOMAR DROGAS PSIQUIÁTRICAS: UM GUIA PARA A REDUÇÃO DE DANOS

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fernando_foto_definitivaUm importante guia para todos aqueles que querem deixar de tomar drogas psiquiátricas. A cartilha é gratuita e você pode baixa-la na internet (versão em espanhol). Ela está traduzida em diferentes línguas; infelizmente ainda não está disponível em português.

Essa cartilha foi criada a partir das informações e experiências de pessoas que sofrem tentando parar de fazer uso de medicação psiquiátrica. Will Hall iniciou a experiência em 2004, no oeste de Massachusets. Em princípio, eram reuniões mensais entre pessoas que compartilhavam do sofrimento de serem vítimas da psiquiatria, e pouco a pouco essas reuniões passaram a serem feitas em intervalos menores de tempo, até chegar ao estágio atual. É o Projeto Ícaro (Icarus Projet) e o Centro Liberdade (Freedom Center), experiências que se espalham pelos Estados Unidos a dar suporte a todos os que sofrem com o processo de deixar de tomar medicamentos psiquiátricos, com iniciativas como classes de Yoga, grupos de caminhada, reuniões de mútuo suporte, escutando vozes (hearing voices), orientação dietética, meditação, etc. Quando estava em seus vinte anos, Hall foi diagnosticado como esquizofrênico e ficou internado em hospital psiquiátrico. E hoje  não toma mais drogas psiquiátricas.

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Assim como Hall, outros e muitos outros após haverem conseguido se libertar do sistema psiquiátrico querem contribuir para ajudar todos os que passam por dificuldades semelhantes. Participam usuários de drogas psiquiátricas, ‘sobreviventes da psiquiatria’ e familiares.

As pessoas costumam ter questões básicas que não conseguem formular aos seus médicos. Como p. e., se os benzodiazepínicos criam dependência química? Se interromper o tratamento com os antidepressivos leva à recaída da temida depressão? Ou, por que mesmo tomando os antipsicóticos conforme o que foi prescrito pelo psiquiatra não conseguem ter uma vida normal?

É possível se parar de tomar esses medicamentos? Há pessoas que conseguem, outras não. Umas com mais facilidade do que outras.  Por que?

A cartilha não é um protocolo ou uma receita de procedimentos.  Mas cria espaço para que cada um encontre o seu melhor caminho e que possa contar com o suporte de quem já passou ou está passando por experiências parecidas.

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O sumário dos principais conceitos:

Quando a medicação psiquiátrica está em questão, duas visões se confrontam:

“Centrada na doença”  VERSUS  “Centrada na Droga”

O que resulta que conforme uma ou a outra visão, as seguintes questões serão respondidas de forma distinta por natureza:

  • O que são as drogas psiquiátricas?
    • Tratamento para doença mental X Substâncias psicoativas que alteram a mente e que podem ser úteis ao mesmo tempo que com riscos.
  • Como funcionam?
    • As drogas corrigem um processo anormal, uma doença de desequilíbrio químico no cérebro X As drogas criam um processo químico anormal no cérebro, como todas as substâncias psicoativas.
  • Quando usá-las?
    • Quando um transtorno mental particular está presente X Quando experiências particulares dos efeitos da droga são úteis no contexto.
  • Por que elas são úteis?
    • Os efeitos terapêuticos surgem da ação da droga no processo causador da doença X Os efeitos terapêuticos surgem por estarem sendo induzidos pela droga psicoativa que produz alteração dos estados mentais
  • O alvo?
    • Sintomas da doença X Corpo + Mente de quem toma a droga
  • E os riscos?
    • Os riscos da droga são necessários para tratar a doença X Os riscos da droga podem ser graves e podem ser piores do que a experiência para a qual a droga foi prescrita
  • Paradigma?
    • “Como a insulina para diabetes” X “Como o álcool para a ansiedade social”
  • Questões chaves:
    • Você tem uma doença mental?  X  É a droga útil para você levando em consideração os seus riscos?

Quem quiser aprofundar as diferenças entre o “modelo de uso de drogas centrado na doença” e o “modelo de uso de drogas centrado na própria droga”, vale a pena ler o artigo de Joanna Moncrieff e David Cohen, publicado no British Medical Journal “How do psychiatric drugs work?” É imperdível a palestra dada por Joanna Moncrieff sobre essa problemáticas na Universidade da Nova Inglaterra, com o título O Mito da Cura Química: A Política do Tratamento da Droga Psiquiátrica. (Lembre-se, o youtube oferece a ferramenta de legenda, em inglês, mas também em português. Não deixa de ser uma ajuda!)

COMO FAZER COM QUE A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ASSUMA AJUDAR OS DEPENDENTES DAS SUAS DROGAS PSIQUIÁTRICAS?

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As drogas psiquiátricas prescritas, são drogas psicoativas por natureza. Estamos falando de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos, muito em particular. Em comum: drogas prescritas por psiquiatras; mas, e sobretudo, por clínicos em geral.

Quem prescreve tais drogas não se importa com a experiência de todos aqueles que sofrem ao que querer interrompe-las, ao tomarem a decisão de continuarem a viver normalmente.

O que os médicos dizem é que parar de tomar os medicamentos psiquiátricos por eles prescritos é uma decisão perigosa. Porque a suposta ‘doença’ do paciente irá se manifestar: são as chamadas ‘recaídas”.

O curioso é que para os médicos e para a indústria farmacêutica, as suas drogas são distintas por natureza da cocaína, a heroína, o crack, e assim por diante. Jamais falam da ‘dependência química’ que eles criam!

Crescem movimentos de busca por alternativas. E muito em particular, com que diz respeito aos modos como deixar de ser ‘viciado’ pela própria droga prescrita como um medicamento. Entre as iniciativas, são os movimentos sociais para obrigar a indústria farmacêutica a ajudar os dependentes das suas drogas.

Como exemplo, essa iniciativa que vale a pena ser vista.

A ALIANÇA ESPÚRIA ENTRE A MEDICINA E A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

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TIME.com stock photos

A ALIANÇA ESPÚRIA ENTRE O FDA E AS EMPRESAS FARMACÊUTICAS

É senso-comum que o que é autorizado pelo FDA é eficaz e seguro para a saúde. O FDA como é conhecido por todos, é a agência dos Estados Unidos responsável pelo controle de alimentos e drogas. O pressuposto é que a avaliação dos riscos e benefícios para a saúde seja feita por médicos especialistas, funcionários de uma agência governamental – independente, portanto, de interesses mercadológicos. O que um novo artigo aponta, publicado pelo prestigiado periódico British Medical Journal (BMJ), é que uma parcela significativa dos médicos do FDA são igualmente funcionários da Indústria Farmacêutica.  O que os autores desse artigo mostram é que está ocorrendo o que em inglês é chamado de ‘revolving door”,  o que em português seria algo como ‘porta-giratória’.  Quer dizer, o que entra enquanto ‘pedidos’ – para a avaliação da agência reguladora FDA – é inseparável dos ‘interesses’ mercadológicos que de lá saem; assim como os próprios interesses mercadológicos que entram no FDA são iguais aos resultados que saem do FDA.

Isso ocorre com a saúde em geral.

O que ocorre com a Psiquiatria é igual, senão  ainda muito mais alarmante.

A matéria no Times.

MAD IN BRASIL – EDITORIAL

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EDITORIAL

É com grande satisfação que estamos lançando a nossa página na internet. Nossos agradecimentos à FUNDAÇÃO MAD IN AMERICA, pelo inestimável apoio dado para a viabilização desse projeto no Brasil. Por meio desta página estamos nos integrando à crescente comunidade do MAD IN AMERICA, possibilitando com isso a troca de conhecimentos científicos, informações, experiências e projetos, com o (a) s companheiro (a) s do site original madinamerica, do madinamerica-hispanohablante, do madinjapan, e com os outros ‘mad’ a serem criados. Todos unidos por ideais compartilhados de construção de um novo paradigma alternativo ao paradigma médico-biológico hoje dominante na assistência em saúde mental, e pela criação de condições sociais e político-culturais para uma melhor saúde mental dos nossos povos.

A sede do Mad in Brasil está localizada em um dos departamentos da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), que é um dos órgãos da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) – a mais importante instituição federal de ensino e pesquisa do país, destinada ao desenvolvimento da saúde pública. O nosso departamento chama-se Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade (DIHS), cuja missão social é justamente articular o binômio direitos humanos e saúde frente aos desafios da diversidade inerentemente humana.

Temos no Brasil um histórico processo de reforma psiquiátrica. Acumulamos nas últimas décadas importantes conquistas. Uma das conquistas mais significativas do nosso movimento de reforma foi a Lei 10 2016/2001 , que determina o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos. Desde então, o Brasil tem fechado leitos psiquiátricos e aberto serviços substitutivos: os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), as Residências Terapêuticas, Programas de Redução de Danos, Centros de Convivências, as Oficinas de Geração de Renda, etc.

Segundo os dados oficiais, são mais de 2.000 CAPS espalhados pelo país. Os CAPS são serviços da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS – destinados a prestar atenção diária a pessoas com transtornos mentais. Os CAPS oferecem atendimento à população, realizam o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS também atendem aos usuários em seus momentos de crise. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com a pessoa, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana. Dispõe de equipe multiprofissional composta por médico/psiquiatra, psicólogos, dentre outros.

Contamos com um forte e expressivo movimento social organizado em defesa dos direitos dos usuários dos serviços de assistência psiquiátrica.  Como é o Movimento da Luta Antimanicomial  ou Rede Nacional de Internúcleos da Luta AntimanicomialSão organizações da sociedade civil que se caracterizam pelo seu caráter democrático, contando com a participação ativa e efetiva dos usuários de serviços de saúde mental, seus familiares, profissionais, estudantes e quaisquer interessados em defender uma postura de respeito aos diferentes modos de ser e a transformação da relação cultural da sociedade com as pessoas que sofrem por transtornos mentais. São organizações que reúnem núcleos em todos os estados do país, sendo todos autônomos, propositadamente sem uma hierarquia. De dois em dois anos são realizados encontros nacionais que procuram reunir todos os militantes para deliberar, de forma democrática, seus princípios e ações. Há o programa De Volta para Casa. Esse programa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal 10 708 de 31 de julho de 2003,  que dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas. O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania. O programa conta hoje com mais de 2600 beneficiários em todo o território nacional, os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00 (cerca de U$ 80,00).

Temos acumulado ao longo dessas décadas um conjunto variado e rico de experiências com abordagens psicossociais. Desde experiências com práticas psicoterapêuticas tradicionais, como psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, p. e., a iniciativas provenientes de áreas que não pertencem usualmente ao campo ‘psi’ institucionalizado, como yoga, acupuntura, massagem. E, muito em especial, iniciativas no campo artístico-cultural, como pode ser bem observado no vídeo postado na página inaugural do nosso site. O Programa Loucos por Música reuniu em um mesmo palco, em algumas das nossas principais casas de espetáculos musicais espalhadas pelo país, artistas profissionais da Música Popular Brasileira e grupos musicais compostos por usuários e profissionais de saúde.  Graças a tais experiências, eminentemente de natureza psicossocial, importantes avanços a sociedade brasileira têm alcançado, em termos de integração sociocultural das pessoas com diagnóstico psiquiátrico e da construção de novas subjetividades alternativas à identidade ‘doente mental’.

Não obstante tantas e significativas conquistas com relação ao modelo asilar que caracterizou a assistência psiquiátrica no país desde os meados do século XIX, reconhecemos os gigantescos desafios que temos diante de nós. A leitura dos livros do companheiro Robert Whitaker, Mad in America, Anatomy of an Epidemic, Psychiatry under Influence, as suas palestras dadas no Brasil em eventos organizados pela nossa Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), e o acompanhamento sistemático das postagens no portal Mad in America, foram ocasiões para nos darmos conta dos desafios enfrentados em nosso cotidiano da assistência, que percebíamos e não tínhamos ainda elementos teóricos suficientes para entender em toda a sua complexidade. Uma parcela significativa das dificuldades que enfrentamos no Brasil têm uma natureza muito semelhante na maioria das sociedades dos tempos contemporâneos.

Eis aí alguns desses desafios. De imediato, a nossa dependência ao modelo médico-biológico de abordagem dos fenômenos psicossociais. Embora sendo crítica, a nossa reforma psiquiátrica não conseguiu se libertar do estatuto patológico inerente ao diagnóstico psiquiátrico. Embora tantas iniciativas inovadoras na abordagem psicossocial, a nossa reforma não libertou os usuários de seus serviços de sua dependência ao tratamento psicofarmacológico. Graças à comunidade Mad in America é possível que um público amplo – formado pelos profissionais e pesquisadores de saúde, com certeza, mas também usuários, familiares e a sociedade em geral – venha a ter acesso às bases científicas e ideológicas que apoiam os discursos e as práticas que permitem a transposição do psicossocial para o que é da ordem médica, e que a tornam aceitável, até mesmo desejável, aos olhos da sociedade.

É expressivo o fato que embora tenhamos um forte movimento de luta dos ‘usuários e familiares’, ainda não contemos com um forte movimento de ‘ex-usuários’.  No Brasil ainda não há movimentos de ‘ex-pacientes‘ ou de ‘sobreviventes da psiquiatria’, p. e. Isso é eloquente. Na verdade, ainda estamos fortemente dependentes dos mitos criados pela psiquiatria, enquanto instituição, seja com relação aos determinantes biológicos dos transtornos mentais – o suposto fundamento científico do ‘desequilíbrio químico’-, seja com relação ao tratamento com antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, etc. Se é verdade que temos tido êxito em inserir na sociedade as pessoas diagnosticadas com algum transtorno mental, é igualmente verdadeiro que está sendo formada uma enorme população de crônicos convivendo no ‘território’, de pessoas dependentes do tratamento psiquiátrico. Se é verdade que temos muito o que ensinar ao mundo como é possível se ‘ressocializar’ aqueles que durante anos ou décadas passaram as suas vidas entre as quatro paredes de um asilo psiquiátrico, não é menos verdadeiro que temos muito o que aprender com as experiências mundiais de como garantir que aqueles que estão hoje sob dependência de drogas psiquiátricas possam enfrentar os sintomas inerentes da interrupção da medicação psiquiátrica e estarem recuperados para a vida livres da psiquiatria.

A página madinbrasil é composta por várias seções. Há a seção de Notícias, onde serão postados artigos de periódicos científicos nacionais e internacionais, socializando o conhecimento científico, para que mais e mais pessoas tomem conhecimento do que as evidências científicas mostram. Há a seção Blogs, com as contribuições de colaboradores nacionais e internacionais, onde opiniões abalizadas e experiências pessoais permitirão abrir o debate com os ‘comentários’. Há a seção Em torno da internet, onde serão postadas reportagens da grande mídia e o que vendo sendo dito sobre aspectos relevantes. Há a seção Informações sobre as Drogas, onde os leitores serão mantidos atualizados sobre os principais aspectos inerentes aos antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e outras drogas.  Há a seção de Vídeos, onde postaremos documentários e filmes importantes que possam ser disponibilizados on-line. Há a seção de Eventos, onde procuraremos manter o leitor informado sobre Congressos, Encontros, Seminários etc. Teremos ainda a seção de Newsletter, para manter o leitor sistematicamente atualizado sobre o que aparece postado. Criaremos ainda a seção Contribuição, para todos aqueles que puderem contribuir financeiramente com a manutenção do nosso portal. A página estará sempre aberta a iniciativas que visem aprimorar a qualidade da informação.

Contamos com a colaboração de todos.

Que essa empreitada seja bem-sucedida!

Editores: Fernando Freitas e Paulo Amarante

A exposição da Epidemia Escondida: o novo Centro de Recursos para a Discinesia Tardia (DT)

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A discinesia tardia (DT) é um transtorno horrível causado por todos as drogas antipsicóticas. O mais óbvio é que causa movimentos involuntários bizarros desfigurantes e às vezes incapacitantes, afetando os músculos que normalmente estão sob controle voluntário parcial ou total. Isso inclui os olhos, a boca, a língua, o rosto, os braços e as pernas, os dedos das mãos e os pés, o pescoço e os ombros, as costas e o torso. Pode comprometer o diafragma e a respiração, as cordas vocais e a fala, ou o esôfago e a deglutição. Pode causar espasmos dolorosos e deformantes, com frequência do pescoço e dos ombros (distonia tardia). A DT pode causar uma agitação interior que é análoga à tortura (acatisia tardia) que impulsiona às pessoas à psicose, à violência e ao suicídio. Muito particularmente, quando é grave, a discenesia tardia com frequência está associada à deterioração cognitiva, à demência e à psicose. As pessoas que padecem da DT tendem a se isolar da sociedade e muitos se convertem em pessoas incapacitadas para funções normais da vida social.

A lista dos novos antipsicóticos inclui Risperdal (risperidona), Abilify (aripiprazol), Geodon (ziprasidona), INVEGA (paliperidona), LATUDA (lurasidone), Rexulti (brexpiprazole), Risperdal (risperidona), SAPHRIS (asenapina), Seroquel (quetiapina ), y Zyprexa (olanzapina). Antipsicóticos mais antigos incluem Haldol (haloperidol) y Thorazine (clorpromazina). Todos causam discinesia.

Tudo o que aqui está descrito está respaldado por artigos científicos facilmente encontrados em meu novo Centro de Recursos para a Discenesia Tardia ou em  www.Breggin.com .

Depois que uma pessoa passa a sofrer da DT por mais de alguns meses, a probabilidade de recuperação se torna muito pequena. Não existem tratamentos eficazes e seguros.

Quando deixam de tomar essas drogas, algumas pessoas com DT melhoram com o tempo, mas em geral sem recuperação completa. Outras pessoas desenvolvem novos sintomas e que se agravam.

A DT pode manifestar-se com um ou vários sintomas, variando de um dia para outro, e tende a desaparecer durante o sonho. A tensão, a ansiedade e a fadiga podem piorar temporariamente os sintomas, porém não desempenham um papel central na causa da DT.

As taxas de DT para as pessoas sob as drogas antipsicóticas são astronômicas. Em adultos jovens saudáveis a quem são dados antipsicóticos, a taxa acumulada é 5% a 8% por ano, o que chega a 15% e 24% em três anos. A taxa se eleva progressivamente com a idade, igualando ou superando a taxa acumulada de 25% a 30% por ano em pacientes maiores de 65 anos. Afeta as crianças sob antipsicóticos com taxas similares a dos adultos jovens, e pode arruinar suas vidas antes que cheguem à idade adulta.

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Pior ainda, as taxas reais são ainda maiores devido a que os pacientes que são objeto de estudo em geral estão tomando antipsicóticos no momento do estudo, e essas drogas mascaram os sintomas da D.T. quando ainda estão em processo de desenvolvendo.

Quantas vítimas há? Nas últimas décadas, as empresas farmacêuticas e a psiquiatria suprimiram todas as estimativas. Contudo, nós estamos informados que em 2011, mais de 3 milhões de pacientes receberam antipsicóticos nos USA. Com taxas tão elevadas de DT, podemos fazer uma estimativa modesta que aproximadamente 10% (ou 300.000) novos pacientes medicados desenvolverão a DT a cada ano. (Visto que muitos dos pacientes se encontram em lares para idosos, muitos têm taxas de DT de até 30% ao ano.) Os que permanecem com as drogas, como muitos estão, enfrentarão riscos cada vez maiores no futuro. Se levarmos em conta as tantas e tantas pessoas que vivem com DT já há algum tempo, junto com os que agora são identificados com o risco alcançando de 5% a 30% por ano, o que é certo que é muitos milhões dos estadunidenses têm DT. Provavelmente, dezenas de milhões foram afetados, visto que os fármacos saíram ao mercado pela primeira vez em 1954.

Os primeiros relatos da identificação da DT remontam ao final dos anos 1950. Devemos renunciar à esperança de que o FDA, as empresas farmacêuticas ou a profissão médica irão fazer algo substancial com relação a essa crescente pandemia. Meu trabalho, assim como o de Bob Whitaker e de outros, tem demonstrado que essas neurotoxinas produzem um dano generalizado e que seu valor demonstrável se aproxima a zero. Em longo prazo, as pessoas em antipsicóticos tendem a se deteriorar física e mentalmente. Temos que insistir em educar o público até que as pessoas comecem a negar a se submeter à epidemia.

O Centro de Recursos para a Discinesia Tardia é um passo a mais na direção da educação do público, assim como dos profissionais. O Centro oferece uma introdução simples ainda que completa sobre a enfermidade induzida pela droga, uma lista de medicamentos ofensivos e vídeos ilustrativos. PDFs de cerca de 150 artigos científicos estão organizados por temas tais como taxas em adultos, crianças e pessoas idosas; evidências de que as novas drogas são tão ruins quanto as antigas; estudos mostrando o dano cerebral e disfunção cognitiva, e uma dúzia de outros temas.

Por favor, ajude a divulgar esse novo e inteiramente grátis Centro DT.

O blog Breggin: A Consciência da Psiquiatria: Dr. Breggin tem sido chamado de ‘A Consciência da Psiquiatria’ por suas décadas de esforços bem sucedidos para reformar o campo. Ele critica as drogas psiquiátricas e o ECT, e promove práticas terapêuticas mais atenciosas, empáticas e efetivas. Seu livro mais recente é Guilt, Shame and Anxiety: Understanding and Overcoming Negative Emotions.
trad. Fernando Freitas

O programa Braços Abertos está sob ameaça de extinção

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O programa de Braços Abertos criado em 2014 pelo prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) para atender aos dependentes de crack está ameaçado de extinção.  Sempre que teve oportunidade, durante a sua campanha, o prefeito eleito João Doria (PSDB) fez questão de reafirmar que iria por fim a essa iniciativa pioneira na abordagem dos dependentes que frequentam a Cracolândia paulista.

Braços Abertos, com foco em medidas de redução de danos, através da oferta de moradia em hotéis, emprego, alimentação, tratamento da saúde em geral, e capacitação profissional, portanto, através de uma abordagem de natureza psicossocial, tem demonstrado ser um programa de enfrentamento da dependência química com resultados positivos reconhecidos nacional e internacionalmente.

Ao invés do Braços Abertos ser fortalecido com mais verbas para o desenvolvimento das medidas e do seu aperfeiçoamento, tudo indica que o conservadorismo político e o pensamento higienista de fortes setores da psiquiatria irão prevalecer.

Segundo o que o novo prefeito vem dizendo, o que ele pretende é retomar o programa criado em 2013 pelo seu padrinho político, o governador Geraldo Alkimin (PSDB), que é o chamado programa Recomeço. E em que consiste esse programa? Tratamento de saúde nos moldes tradicionais, com destaque para a internação em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas. Algo cujas evidências científicas nacionais e internacionais demonstram a sua ineficácia em termos de tratamento real dos dependentes químicos.

Veja a matéria que foi publicada pela revista Carta Capital em seu último número.

O que fazer com os pacientes hoje drogados pela psiquiatria?

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suecia1_miahHemos viajado a Suecia para asistir al simposio organizado por The Extended Therapy Room Foundation, un proyecto de reciente creación liderado por Carina Håkansson, cuya misión es llevar el trabajo terapéutico a la comunidad para crear espacios en los que las personas puedan encontrarse y compartir sus experiencias y saberes, y construir un contexto social mejor.El evento, que tuvo lugar en la ciudad de Gotemburgo el pasado 15 de octubre, reunió a conocidos representantes internacionales de prácticas alternativas al tratamiento farmacológico que están respaldadas por la investigación y la evidencia. Entre los ponentes estuvieron Olga Runciman, Robert Whitaker, Jaako Seikkula, Sami Timimi, John Read y Will Hall, que alrededor de la preocupación común sobre el aumento de los diagnósticos psiquiátricos y la prescripción de fármacos, y del interés compartido por entender las implicaciones de este fenómeno a nivel individual y social, constataron el daño que produce el reduccionismo del modelo médico en salud mental, y hablaron de la existencia de alternativas viables para atender el sufrimiento a través de enfoques que tienen en cuenta la complejidad del ser humano.Sami Timimi, que abrió la jornada, explicó que “el modelo médico invita a las personas a convertirse en pacientes crónicos, porque transmite la idea de que existe un fármaco que ayuda, como si hubiera un agente externo que puede hacer algo con lo que a uno le pasa”. Además, la investigación ha mostrado que el consumo a largo plazo de psicofármacos incrementa la cronicidad de los trastornos psiquiátricos y la discapacidad en el funcionamiento, tal como señaló posteriormente Robert Whitaker en su ponencia. No hay evidencia de que existan desequilibrios bioquímicos cerebrales cuando hablamos de trastornos mentales. La historia es más bien la contraria: es la toma a largo plazo de psicofármacos la que genera cambios en la bioquímica cerebral.Los estudios sobre eficacia del tratamiento arrojan resultados sobre los que merece la pena detenerse. Se ha visto, por ejemplo, que las expectativas del paciente sobre el tratamiento y su valoración sobre la alianza terapéutica en la segunda sesión son los mejores predictores de resultado; que el efecto placebo explica la mejoría de los pacientes en el 50-60% de los casos, y que al menos el 80% de la mejoría de esos pacientes tiene que ver con los llamados factores no específicos o efectos humanos. Es decir, aquello que estamos llamando factores inespecíficos es más importante que los efectos químicos del fármaco en sí. Y son precisamente esos factores inespecíficos los más genuinamente humanos: las expectativas, la calidad del encuentro entre las personas, la cualidad de la alianza que establecemos con los otros, las narrativas que nos contamos para vivir y para entender lo que nos pasa, el nivel de implicación cuando se trata de una relación de ayuda. “No es posible recuperarse en un sistema que no tiene en cuenta estos aspectos, ni se puede trabajar dentro de un sistema que mantiene ideas individualistas acerca del sufrimiento”, apuntaba Carina Håkansson, que llamaba también la atención sobre el hecho de que el lenguaje clínico no tiene nada que ver con la experiencia de las personas que acuden a los profesionales en busca de ayuda. “Nos falta conocimiento acerca de los dilemas humanos, la tristeza, el duelo, la ansiedad, la angustia, las cosas que sentimos cuando la vida nos desafía con fuerza. El punto de vista técnico que se ha adoptado en psiquiatría, y que se ha extendido a otros terrenos, nos ha alejado de la tradición fenomenológica y, con ello, de la complejidad en las descripciones y de la importancia del conocimiento subjetivo. Tenemos que encontrar maneras nuevas de describir las cosas que nos pasan como seres humanos, y de establecer relaciones humanas significativas”.El aumento del tratamiento psiquiátrico y del uso de medicación en todos los grupos de edad es un asunto ético sobre el que es necesario hablar. Hace falta un cambio global de esta situación y de los contextos en que vivimos. Tal como señaló John Read en el simposio, no hay evidencia de predisposición genética para la enfermedad mental. El predictor estadístico más potente para problemas de salud mental es la pobreza[1], y el mejor predictor de suicidio no es tener un diagnóstico de depresión, sino haber sufrido abuso sexual en la infancia.“Lo que llamamos locura es una variedad de la expresión humana. No estoy diciendo que la locura sea un mito y que no haya sufrimiento. Necesitamos ayuda, pero la gente sufre básicamente por su aislamiento y por la falta de apoyo. Lo que marca la diferencia no es la presencia o no de voces, o de paranoia, o de ideas de suicidio. No es la presencia o ausencia de síntomas, sino que ahora no me siento tan impotente con mis experiencias ni estoy tan solo”. Así comenzaba su ponencia Will Hall, que ha escrito una guía sobre la retirada de medicación psiquiátrica: “Harm Reduction Guide to Coming Off Psychiatric Drugs”’ editada por The Icarus Proyect y Freedom Center. La guía está disponible en internet y es el resultado del trabajo realizado por un grupo de apoyo mutuo durante varios años. Hall tiene claro que se puede dejar la medicación aunque tengas un diagnóstico de esquizofrenia, y también que no existen recetas para hacerlo, puesto que se trata de una cuestión muy personal. Su guía ayuda a planificar un camino propio. No hay una única manera de hacerlo y cada persona tiene que poder elegir en función de los beneficios y las contrapartidas que encuentre.  Actualmente, Will está implicado en una investigación sobre el tema.suecia_miahLa reunión en Gotemburgo sirvió también para crear el Instituto Internacional para la Reducción del Consumo de Psicofármacos, que se ha constituido por un grupo fundador que componen Olga Runciman, Birgitta Alakare, Robert Whitaker, Will Hall, Jaako Seikkula, Volkmar Adelhold, John Read, Magnus Hald, Peter Gøtzsche y Carina Håkansson. Este Instituto tendrá como objetivos principales la formación, la generación de investigación y de evidencia práctica sobre los procesos de retirada de medicación, y la creación de una red internacional de personas implicadas.Habitamos un sistema que nos enferma de manera crónica, y que está dominado por la industria farmacéutica y por visiones reduccionistas sobre nuestra naturaleza humana. Por eso es tremendamente inspirador encontrarse con personas de diferentes partes del mundo que siguen apostando por la autenticidad en las relaciones, que saben que lo importante es que haya alguien que se implique y que responda cuando la vida se pone difícil porque nos afectamos unos a otros, y que no han renunciado a la posibilidad de crear juntos lugares seguros para que los encuentros sucedan, el tipo de encuentros en los que es posible no considerar que una sola persona es el problema.Terminamos la reseña, para seguir con nuestra lucha, con las palabras de Carina Håkansson: “El futuro no existe aún, podemos crearlo. Es un mensaje optimista y a la vez exigente. Tenemos el poder para hacer que las cosas cambien”.

[1] El predictor más potente para problemas de salud mental es la pobreza relativa, que alude al nivel de desigualdad social.

Medicalização da vida: Doença, Transtornos e Saúde Mental

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O artigo apresenta uma discussão introdutória ao tema da medicalização e suas consequências para as praticas no campo da saúde mental. Por meio  de uma contextualização histórica das concepções de diagnóstico e tratamento do sofrimento mental pela medicina psiquiátrica, os autores destacam o marco da apropriação da loucura pela razão psiquiátrica, seus efeitos sociais, e  as repercussões atuais  das sucessivas edições do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM) .

Os autores chamam a nossa atenção para a progressiva multiplicação das categorias diagnósticas do DSM, como indicação de uma possível apropriação do sofrimento psíquico pelo viés da medicalização, e uma valorização hiperdimensionada na sociedade do saber oriundo e próprio do campo da medicina psiquiátrica, muitas vezes reificado pelos atores envolvidos no campo da Reforma Psiquiátrica.

Soalheiro, N. I., Mota, F. S. Medicalização da vida: doença, transtornos e saúde mental. Rev. Polis e Psique, 2014; 4(2): 65-85

O artigo.

 

A FORMAÇÃO DO CAMPO ARTÍSTICO –CULTURAL

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A Formação do campo artístico-cultura a partir do campo da assistência psiquiátrica

Graças ao processo da reforma psiquiátrica, no Brasil vem sendo formado um campo de atividades artístico-culturais com condições estruturais que apontam para a sua autonomia com relação ao próprio campo psiquiátrico aonde tais atividades têm a sua origem.  É isso o que é revelado pelos pesquisadores do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. O conteúdo dessa pesquisa é animador para a perspectiva que aponta para a superação da condição existencial de ‘doente mental’ daqueles que fazem uso do sistema de assistência. A problemática do reconhecimento e suas vicissitudes é o foco.

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Desde os tempos de Pinel, é comum o emprego de meios artísticos e culturais para as finalidades da instituição psiquiátrica. Seja para acalmar ou simplesmente para enfrentar o ócio.  Quando não, para confirmar hipóteses de diagnóstico, o psiquiátrico propriamente dito; ou também, para que sejam confirmadas as hipóteses de uma determinada escola doutrinária da psicologia.  Ainda hoje não são pouco frequentes as exibições públicas oferecidas pelas instituições psiquiátricas em geral, nas quais seus pacientes expõem os produtos preparados durante semanas ou meses em seus espaços terapêuticos, como oficinas de musicoterapia, pintura, artesanato e etc. A novidade, captada pelo olhar atento dos pesquisadores, é que na medida em que tais atividades artísticas e culturais não são reduzidas à racionalidade instrumental de serem meios para fins supostamente terapêuticos, as pessoas ganham condições para se tornar ‘sujeito’ de fato , passam a se expressar pela via dos meios a elas disponibilizados, produzindo uma nova subjetivação de si próprias. E conseguem encontrar um lugar social alternativo ao papel social de doente mental. E passam a ser pessoas com condições políticas mais favoráveis para a lutar por direitos sociais até então negados.

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A metodologia empregada na pesquisa foi qualitativa. As atividades artístico-culturais abordadas ocorreram no período de 2007 e 2010. Por meio de entrevistas semiestruturadas com usuários-artistas e profissionais de saúde – enquanto autores dessas atividades -, assim como com a observação participante em diversos eventos culturais e artísticos ocorridos nesse período em diversas regiões do país, os pesquisadores demonstram, através dessas ‘experiências-exemplares’, ser estruturalmente possível a criação de um campo artístico-cultural onde os critérios do que é arte e o que é cultura sejam os parâmetros de base para o reconhecimento dos seus autores.

Os autores tomam com referência teórica um conjunto de contribuições da filosofia e das ciências sociais, em particular o pensamento de Axel Honneth e Pierre Bourdieu, articulando os conceitos de ‘reconhecimento’, ‘autonomia’ e ‘campo social’.

Nas conclusões do artigo, os autores chamam a nossa atenção para a necessidade de que os critérios normativos da ‘desinstitucionalização’ sejam objetivados em termos de ‘autonomia’ e ‘auto realização’. O que sabemos ser algo que vai contra a corrente do processo de ‘medicalização’ da vida cotidiana dominante em nossa sociedade dos tempos atuais.

Amarante, Paulo; Freitas, Fernando; Pande, Mariana Rangel; Nabuco, Edvaldo. “El campo artístico-cultural en la reforma psiquiátrica brasileña: el paradigma identitario del reconocimiento.” Salud colectiva,  Lanús ,  v. 9, n. 3, p. 287-299, dic.  2013 . 

Artigo

 

 

 

Usuários de antidepressivos vão ao Parlamento Inglês

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Nesse artigo há  vários depoimentos sobre os efeitos dos antidepressivos nas vidas das pessoas. São relatos chocantes.

Embora o senso-comum criado pela psiquiatria é a de que os antidepressivos constituem um tratamento seguro e eficaz, as evidências desmentem isso.

O professor David Healy, da unidade psiquiátrica da Universidade de Bangor, acredita que uma entre quatro pessoas se torna mais ansiosa do que antes. Algumas pessoas ficam mesmo muito agitadas, outras se tornam suicidas. Porém, o que parece ser o maior desafio é parar de tomar antidepressivos após um período de consumo: é muito difícil para o paciente, os sintomas de abstinência são difíceis de serem enfrentados pelos pacientes, como alerta o prof. Healy.

O artigo apresenta alguns depoimentos em vídeo.

Confira.

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