Usando tratamento baseado na meditação-respiração para a depressão

Alternativas ao tratamento convencional da psiquiatria

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A eficácia da prática de meditação, baseada na respiração, enquanto tipo de intervenção ‘complementar’, senão substituta, para a depressão. Os autores de um recente artigo publicado online no The Journal of Clinical Psychiatry investigaram o quanto a meditação é eficaz para produzir um bem-estar. Os pesquisadores viram que esse tipo de intervenção aliviava os sintomas da depressão e da ansiedade em indivíduos que não haviam respondido bem ao tratamento com antidepressivos.

“Levando em consideração que uma grande parcela de pacientes  não respondem satisfatoriamente aos antidepressivos, é importante que encontremos novas opções para aqueles que lutam como melhor enfrentar a depressão.”

É o que foi afirmado pelo autor principal, Anup Sharma, em um comunicado à imprensa para o Penn Medicine.

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A depressão é um dos diagnósticos de transtorno mental mais comum, segundo as autoridades sanitárias. Nos Estados Unidos, tomando como referência os dados oficiais da Psiquiatria institucional, a depressão atinge 7% da sua população.  E, no Brasil, segundo os dados do IBGE, cerca de 10.2% dos desempregados no país sofrem de depressão; isso em 2013, portanto antes do aprofundamento da crise econômica e da forte recessão sofrida nos tempos atuais.

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A despeito que a medicação, especificamente os antidepressivos, seja o tratamento mais popular para essa condição, esse meio de tratamento deixa muito a desejar. Além do que nem todos se adaptam ao tratamento com antidepressivos, a médio e a longo prazos os efeitos colaterais nefastos se acumulam.

Em uma pesquisa prévia, os autores reforçam que é urgente que se faça uma revisão crítica com relação à prescrição de antidepressivos, devido a que as evidências científicas demonstram a sua pobre eficácia e o potencial de efeitos colaterais bastante daninhos.

Estudos científicos recentes que tomam como foco  exercícios físicos e  meditação demonstram que tais intervenções são válidas no tratamento da depressão, com reduzidos efeitos colaterais prejudiciais, para um grande número de condições incluindo stress, ansiedade e a depressão.

A prática de yoga Sudarshan Krya é uma dessas práticas com resultados surpreendentes: para um grande número de condições, incluindo stress, ansiedade e a depressão.

Vejamos mais detalhadamente o desenho da pesquisa e seus resultados.

Para serem incluídos nos critérios do estudo, os participantes tinham que apresentar sintomas de depressão (conforme os critérios de diagnóstico oficiais), estando em tratamento há pelo menos oito semanas com antidepressivos. Os pesquisadores recrutaram 25 adultos com um diagnóstico de ‘Transtorno de Depressão Maior’, que não estavam respondendo ao tratamento com antidepressivos. Os participantes foram escolhidos aleatoriamente (randomizados) para cada um dos dois grupos, durante oito semanas: ou para o grupo de que fazia yoga Sudarshan Kriya  (SKY), ou para um grupo de controle colocado na lista de espera. Independentemente da escolha aleatória (randomização), os participantes continuaram a receber antidepressivos durante o estudo.

Indivíduos no grupo SKY participaram em um programa de seis sessões de duração durante a sua primeira semana de tratamento. As sessões incluíram exercícios de yoga e posturas, assim como meditação e educação. Nas sete semanas subsequentes, os participantes participaram de uma sessão semanal de acompanhamento (follow-up) e completaram a sessão em sua casa.   Os indivíduos que fizeram parte do grupo de controle na lista de espera continuaram a receber o seu tratamento e a eles lhes foi oferecida a opção de participaram na intervenção com yoga ao final do estudo.

Os sintomas de depressão e de ansiedade dos participantes foram mensurados no começo do estudo, como base de dados de partida para a comparação, e no final do estudo (as 8 semanas como base de dados pós a experimentação).

A média na base de dados indicava uma severa depressão nos indivíduos da amostra feita para o estudo. Após oito semanas, os participantes no grupo SKY mostraram uma melhora significativa muito maior dos sintomas de depressão e ansiedade, na medição feita com a Escala Hamilton de Avaliação de Depressão (HDRS-17), ao ser comparado com o grupo da lista de espera. Os participantes no grupo de intervenção igualmente mostraram maiores reduções dos sintomas de depressão e ansiedade, ao ser utilizado o Inventário Beck de Depressão (BDI) e o Inventário Beck de Ansiedade (BAI). Os participantes no grupo de controle não tiveram melhoras significativas.

É verdade que, a despeito dos fortes resultados, o tamanho da amostra limita a generalização de seus achados. Porém, os autores concluíram que os resultados do seu estudo apontam que a intervenções com SKY como tratamento para os indivíduos que não respondem ao tratamento com antidepressivos são promissoras. O fato de não haverem sido relatados eventos adversos em seu estudo igualmente sugere que esse pode ser um tratamento importante para aqueles indivíduos para quem os antidepressivos podem de algo modo serem deletérios.

“Aqui, nós temos uma terapia promissora e de baixo custo que pode potencialmente servir como uma abordagem efetiva e não medicamentosa para pacientes que estão batalhando contra essa doença”, Sharma expressou em Penn Medicine.

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Sharma, A., Barrett, M.S., Cucchiara, A.J., Gooneratne, N.S., & Thase, M.E. (2016). A breathing-based meditation intervention for patients with major depressive disorder following inadequate response to antidepressants: A randomized pilot study. Journal of Clinical Psychiatry. 10.4088/JCP.16m10819 (Abstract)

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