Psiquiatria e a quase chacina em Cornell

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Peter BregginEm 7 de março de 2018, um funcionário do Walmart em minha cidade de Ithaca, Nova York, ligou para a polícia depois de suspeitar de um jovem que comprou uma grande quantidade de munição. O suspeito de vinte anos, Maximillian Reynolds, parece em sua fotografia ser como muitos outros jovens socialmente capazes e atraentes em Cornell, muitos dos quais eu ajudo em minha prática psiquiátrica no centro de Ithaca. Ele havia recentemente sido um estudante da Cornell e continuou a morar no mesmo apartamento nos arredores do campus em Collegetown. De sua janela do oitavo andar, Reynolds tinha uma visão panorâmica e potencialmente mortal da colina de Ithaca e Collegetown.

Eu tenho muito respeito pela polícia de Ithaca. Junto com o FBI, eles invadiram o apartamento de Reynold no mesmo dia em que receberam a chamada. Eles encontraram um fuzil AR-15, 300 cartuchos de munição, explosivos, uma máscara de gás e outra parafernália reveladora. Como ele havia sido internado em um hospital psiquiátrico no outono de 2017, Reynolds não conseguiu obter uma arma legalmente e, em vez disso, pagou para que outra pessoa a obtivesse ilegalmente para ele.

Mais uma vez – a psiquiatria e as drogas psiquiátricas estão envolvidas

Como enfatizei anteriormente, quase todos os perpetradores de violência em massa tiveram algum contato com a psiquiatria ou serviços de saúde mental relacionados. A ideia de dar mais poder e dinheiro à psiquiatria para prevenir a violência é um grande assunto para discussão política, mas é desastrosa para a saúde pública e a segurança. A psiquiatria parece opor-se ao reconhecimento de pacientes violentos, mas ansiosa para lhes dar drogas que os induzem à violência.

Baseado em uma matéria publicada no Cornell Daily Sun, o advogado de Reynold disse que seu cliente tinha sido diagnosticado com ‘transtorno bipolar esquizoafetivo com características paranoicas’. A namorada de Reynold estava sozinha em seu apartamento quando as autoridades chegaram, “e ela disse aos investigadores que ele parecia maníaco, não dormia o suficiente e havia parado de tomar seus remédios ”.

Parabéns ao Cornell Daily Sun por fornecer essas informações sobre o histórico psiquiátrico e de medicação de Reynold. Enquanto isso, de acordo com a devoção da grande mídia ao Império Farmacêutico, a mesma informação estava ausente de um recente artigo do New York Times.

Mas sua namorada disse que ele tinha parado de tomar seus medicamentos

Como já foi dito, a namorada de Reynold disse que ele parecia ‘maníaco’, não dormia o suficiente e parou de tomar seus remédios. Supondo que este relato tenha alguma semelhança com a verdade, não importa se Reynolds recentemente parou de tomar suas drogas psiquiátricas prescritas. Quando medicamentos psiquiátricos conduzem um indivíduo à violência, mania ou psicose, esses efeitos adversos drásticos podem durar dias ou semanas, ou até mais, após a interrupção da medicação. Por causa das mudanças drásticas que estas neurotoxinas impõem ao cérebro e à mente, muitas vítimas requerem hospitalização e tratamento que duram muito tempo depois que a droga agressora está fora de seu sistema.

James Holmes, o atirador do teatro Aurora, deixou de tomar o antidepressivo Zoloft 20 dias antes de sua fúria, mas sua psicose já estava sobrecarregando-o e levando-o à violência. Holmes e o atirador de Columbine Eric Harris estavam ambos em psicoses maníacas, induzidas por medicação, no momento em que perpetraram violência horrenda. Se Reynolds estava em um estado similar, o que parece ser possível dada a descrição de sua namorada, então as chances aumentam que o rápido trabalho da polícia de Ithaca e do FBI em responder a uma denúncia pode ter salvado um número incalculável de vidas dentro e ao redor do campus de Cornell e em minha cidade natal de Ithaca.

Minha experiência em primeira mão

Tudo isso me pareceu muito familiar em minha prática psiquiátrica, bem como da extensa experiência em sala de audiências, onde eu tenho sido um especialista médico em casos que cercam alguns dos assassinatos em massa mais sinistros. Escrevi extensamente sobre violência induzida por drogas psiquiátricas em meu livro Medication Madness. Recentemente meus blogs amplamente lidos sobre drogas psiquiátricas e assassinatos em massa apareceram aqui no Mad in America. Eu tenho escrito sobre o caso de Michelle Carter (a garota que supostamente mandou uma mensagem para seu namorado para que se matasse), o horrível assassinato em massa em Las Vegas e o recente tiroteio no colégio da Flórida – todos envolvendo antidepressivos ou benzodiazepínicos. Mais recentemente, eu apareci em um novo vídeo, lançado ontem, onde discuto a conexão entre drogas psiquiátricas e tiroteios em escolas.

http://www.youtube.com/watch?v=wOYWFEet5K8&t=4s

Em alguns de meus blogs, como meus livros e artigos científicos, há referências substanciais a publicações da FDA e a pesquisas científicas que confirmam que antidepressivos, benzodiazepínicos, estimulantes e outros medicamentos prescritos podem causar ou contribuir para a violência. Meus blogs e comentários mais recentes podem ser baixados gratuitamente nos Alertas Frequentes no meu site, www.breggin.com.

A cobertura do programa do Dr. Oz

Em parte em resposta à minha pesquisa e aparentemente provocada pelos meus blogs recentes, o produtor do programa Dr. Oz contatou-me em fevereiro deste ano. O show me filmou via Skype em 27 de fevereiro e foi ao ar ao vivo com um painel em 14 de março de 2018, uma semana após o episódio em Collegetown na periferia de Cornell.

Eu dediquei várias conversas telefônicas e enviei e-mails preparando o produtor com informações científicas, incluindo artigos publicados sobre drogas psiquiátricas como causa de violência. O show de Oz me filmou por um tempo suficiente para que eu pudesse identificar muitos pontos importantes sobre a violência induzida por drogas psiquiátricas.

Quando o programa Dr. Oz foi ao ar, o clipe de meus comentários durou aproximadamente 20 segundos e não me permitiu terminar uma frase completa. O programa me interrompeu no meio da frase antes que alguém pudesse ouvir minha conclusão de que até a FDA reconhece o risco de violência antidepressiva.

Quando o show do Dr. Oz, em 14 de março, foi colocado em seu site no dia seguinte, minha breve aparição havia sido deletada. Ufa – e parecia que eu nunca havia estado no ar! Também foi erradicada a breve menção ao vivo feita no show de que alguns especialistas acreditam que as drogas psiquiátricas causam violência. Ninguém saberia que todo o show foi em grande parte para refutar o que eu estava dizendo no início do show e em minhas publicações e testemunhos em tribunais. Em vez disso, um painel de quatro especialistas, que literalmente não sabiam nada sobre drogas psiquiátricas e tiroteios em massa, foi visto fazendo de tudo para defender as drogas sem haver uma sugestão de opinião contrária.

Se o programa do Dr. Oz tivesse sido melhor para o Império Farmacêutico, imagino que eles teriam mantido meu rosto e breves comentários na versão pós-show. Acho que eles perceberam que, em sua trapalhada, haviam descartado aqueles de nós que estão contando a verdade científica, então simplesmente me erradicaram.

Uma vitória no final

Você pode pensar que o show de Oz foi um desastre ao não conseguir mostrar a ocultação deliberada de erros e falhas das drogas, mas quanto mais eu pensei nisso depois mais obviamente parece ter sido sim um desastre para o Império Farmacêutico e a psiquiatria, e uma vitória para a reforma. Apesar da frequência com que o Dr. Oz disse que as drogas eram maravilhosas e que não haviam provas de que causassem violência, ele foi claramente ambivalente. Era como se, por frações de segundo, o coração e o cérebro do Dr. Oz ficassem maiores do que a carteira.

Como um grande golpe desferido na grande indústria farmacêutica, a chamada do Programa foi: “Existe uma conexão entre drogas psiquiátricas e violência?” Ao fazê-lo, ele deu vida à pergunta em um grande programa de televisão de um médico famoso. Então, em um momento de televisão, muitos se lembrarão muito depois, Dr. Oz levantou uma lista de assassinatos em massa com destaque para mostrar que a maioria dos atiradores estava tomando drogas psiquiátricas!

Para aumentar as mensagens confusas, o painel parecia incapaz de apresentar argumentos racionais para defender as drogas psiquiátricas. Qualquer um com um pouco de ceticismo deve ter se perguntado por que esses ‘sabe-tudo’ sabiam tão pouco e estavam desesperando jorrando asneiras.

Por exemplo, um ‘especialista’ disse que quando uma droga psiquiátrica prescrita parece tornar as pessoas violentas, a droga está realmente trazendo a violência subjacente, e por isso não é culpa da droga. Na realidade, é claro, muitas pessoas lutam para controlar seus sentimentos violentos; e quase ninguém massacra outras pessoas. Drogas psiquiátricas podem se tornar o ponto de inflexão. Em muitos casos, as drogas causam mania e psicose que levam o indivíduo a fazer amplos e grandiosos planos para uma violência extensiva.

Outro especialista concordou que dar um antidepressivo a um “paciente bipolar” era perigoso. O especialista concordou que os antidepressivos em um paciente bipolar podiam causar violência. Mas… o painelista concluiu, a violência real não foi “culpa da droga”. A violência foi causada pelo médico mal orientado que prescreveu um antidepressivo para um paciente bipolar.

Esses argumentos tensos parecem ecoar a defesa da posse de armas que diz que as armas não são responsáveis pela violência, e sim as pessoas que o são. No entanto, existe uma enorme diferença entre armas e drogas psiquiátricas. A disponibilidade imediata de armas aumenta o potencial de violência em larga escala, mas as armas não podem entrar no cérebro para tornar as pessoas violentas. Em contraste trágico, as drogas psiquiátricas entram no cérebro para fazer com que as pessoas se comportem de maneira violenta de maneiras que não o fariam.