OS IMPACTOS DO ISOLAMENTO SOCIAL COM O COVID-19 PARA A SAÚDE MENTAL

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O segundo programa da TV MIB está no ar.

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Os entrevistados foram:

ERNESTO VENTURINI, italiano, psiquiatra atuante no campo dos direitos humanos.

Foi colaborador de Franco Basaglia no processo de desinstituzionalização na Italia desde o principio, em Gorizia e em Trieste, onde assumiu o cargo de médico chefe. Contribuiu ativamente para o êxito da lei da reforma psiquiátrica na Itália. Foi diretor do Departamento de Saúde Mental em Imola e desempenhou papéis de responsabilidade na Saúde Pública na Região Emilia Romagna. É colaborador de Universidades italianas e internacionais e autor de vários livros e artigos sobre direitos humanos, saúde mental e reforma psiquiátrica. Cooperou com a OMS (WHO) e com o Ministério dos Assuntos Estrangeiros da Italia em diversos países da África. Como assessor da Opas para a America Latina, acompanhou a reforma psiquiátrica brasileira desde o 1992.

MARIA STELLA BRANDÃO GOULART. É psicóloga, professora de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É presidente do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco, a APUBH.

HOLMES MARTINS.  Psiquiatra. Na área pública, atuou como médico psiquiatra concursado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, 2004-2007, lotado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, referência para a emergência psiquiátrica da Barra da Tijuca e demais bairros da Zona Oeste, inclusive da Colônia Juliano Moreira. Também integrou a Unidade Docente-Assistencial de Psiquiatria da UERJ, como médico cedido pelo município, lotado no setor de Psiquiatria da Infância e Adolescência e posteriormente no setor de Psicoterapia e Psicanálise. É psiquiatra de referência de diversos Juizados e Varas Federais Previdenciárias, Cíveis e Criminais.

Camila M. Gomes: formada em psicologia pela UERJ, atualmente aluna de Pós-graduação em Terapia de Família no IPUB/UFRJ. Psicóloga clínica e forma a equipe do Mad in Brasil.

O conteúdo deste Programa:

  • Cada evento traumático causa impactos evidentes. Como a guerra, a carestia, a fome. Assim como o isolamento social.  O homem é um ser social por natureza.
  • O importante é se construir um sentido para o que está ocorrendo.
  • As pessoas tendem a assumir um papel não passivo, mas ativo.
  • Essa situação é ocasião para ajudar as pessoas a descobrir como é importante sair da “bolha” da cotidianidade, que é alienante, e saber usar melhor o seu tempo.
  • As situações difíceis não necessariamente criam problemas mentais.
  • Há o medo da morte, falar da morte é em geral um tabu para nós.
  • O isolamento social é necessário. A gente se isola não apenas para proteger a nós mesmos, mas aos outros.
  • Algo que não é bom é a incerteza frente ao que uma autoridade diz e é desdito por uma outra, como o Presidente da República. Isso gera uma insegurança na população.
  • Depois que o isolamento acaba, a literatura diz haver consequências nos meses seguintes. Durante muitos meses iremos reviver essa experiência traumática. Mas que pode ser muito relevante sob o ponto de vista existencial.
  • A importância de se difundir informações corretas é mais do que nunca indispensável. Estamos recuperando o papel a Ciência. Vivíamos até então em uma era do negacionismo, da pós-verdade. A Ciência e a Ética e a Moral voltam a desempenhar papeis sociais relevantes.
  • Até o SUS está sendo salvo. Há um reinvestimento do SUS. O SUS será uma ferramenta fundamental para superarmos essa crise.
  • Uma preocupação especial é com os profissionais de saúde, que estão adoecendo.
  • Sobre o isolamento, há que se reconhecer haver várias formas de estar em isolamento. Pessoas que vivem em um lugar com 3 metros quadrados, com cinco a seis pessoas, às vezes várias com tuberculose, p.e. Mandar essas pessoas ficar dentro de casa, esse é um isolamento bem diferente.
  • Para os jovens, a ansiedade sobre o futuro, as incertezas, isso está muito forte hoje com essa crise.
  • Esse momento é um desafio para as famílias. Viver 24 horas juntos, dia após dia, pode ser ocasião para a eclosão de muitos conflitos. Como é o caso do aumento da violência doméstica.
  • A experiência clínica está mostrando que a adesão do chamado psicótico para o atendimento à distância está sendo imediata, sem problemas.
  • Na Itália, há experiência de dar de presente um celular para quem não o tem. Até mesmo para se comunicar com os familiares na hora da morte, visto que não pode receber visitas. Isso pode ser pensado para os usuários psiquiátricos no Brasil, para os que não têm um celular. Ou para a população de rua.
  • Iniciativas importantes de solidariedade estão sendo tomadas em Belo Horizonte.

 

 

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