O jornal inglês The Guardian publicou uma matéria informando sobre as consequências sexuais dos antidepressivos. Embora os primeiros relatos de efeitos colaterais sexuais persistentes depois do uso de antidepressivos tenham começado a surgir no início dos anos 90, essa condição não foi reconhecida pela Agência Européia de Medicamentos até 2019, alerta a matéria.
O psiquiatra David Healy, fundador e CEO da empresa Data Based Medicine, que se dedica a tornar os medicamentos mais seguros, demonstra preocupação com a forma como os antidepressivos têm sido distribuídos, segundo ele, sem muita reflexão.
“Tilli descreve a si mesma como “completamente quebrada” devido aos efeitos da PSSD (Disfunção Sexual Pós-ISRS) e, como muitos portadores da doença, teme ficar perpetuamente sozinha, pois a intimidade sexual e os relacionamentos românticos se tornaram impossíveis. Outra pessoa que sofre da doença disse ao Observer que a sensação é semelhante à de ter sido “lobotomizada”.”
A matéria aponta que quando os ISRS foram lançados clinicamente, os seus rótulos afirmavam que menos de 5% dos pacientes que participaram de estudos clínicos relataram disfunção sexual. Porém em outros estudos não publicados dos medicamentos, cerca de 50% dos participantes desenvolveram disfunções sexuais graves, que em alguns casos persistiram mesmo após a interrupção do antidepressivo. Já um estudo realizado pós-comercialização constatou que entre 5% a 15% desenvolveram deficiências sexuais após o uso de ISRSs.
“Quando Tilli começou a apresentar os sintomas, foi chamada de neurótica por seu médico de família, que insistiu que os SSRIs não poderiam causar disfunção sexual e a mandou para casa para fazer exercícios de respiração profunda. Mas o pior viria depois.”
“Quando procurei ajuda no serviço local de saúde mental, fui internada e colocada involuntariamente em tratamento psiquiátrico, pois o psiquiatra disse que eu tinha ‘transtorno delirante’ e tentou me dar antipsicóticos”, diz ela. “Isso abalou minha confiança em procurar ajuda para minha saúde mental novamente.”
Agora Healy e pesquisadores de todo mundo tentam entender porque a Disfunção Sexual Pós-ISRS ocorre.