Como Você Sabe se UMA DROGA EFETIVAMENTE FUNCIONA?

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Da revista Scientific American: a eficácia de um tratamento médico específico é muitas vezes altamente subjetiva e depende da definição de cada indivíduo do termo ‘eficaz’. Muitas drogas e medicamentos estão na área cinzenta entre efetivo, benéfico e inofensivo.

“Esses meios terapêuticos e seus ‘tratamentos’ – mais do que duvidosos – florescem na região desfocada, entre o que é efetivo, benéfico e inofensivo. Apesar de toda a vasta e disponível evidência de que a homeopatia não é mais eficaz do que um placebo, por exemplo, as pessoas que acreditam terem se beneficiado continuam a exaltar seu uso, e o mercado de medicamentos alternativos é avaliado em US $ 34 bilhões. Ironicamente, “Big Pharma” deu origem a “Big Alternativa” – dois lados da mesma moeda sem sentido.

Há, é claro, tratamentos produzidos através dos supostos meios mais rigorosos, os quais também muitas vezes não fazem muito de fato. Muitos medicamentos contra a tosse sem receita, por exemplo, não contêm nenhum ingrediente ativo, e os médicos têm dito aos pacientes que não desperdicem seu dinheiro por anos. Muitas pessoas vão reivindicar, no entanto, que tais meios foram de algum benefício depois de usá-los. A chave aqui é que há ainda outra distinção a ser feita entre os tratamentos que consideramos ‘efetivos’ e os meramente ‘benéficos’.

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Mais de 1.000 usuários de Antidepressivos Descrevem Como a Sua Vida Pessoal foi Afetada

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Zenobia

Nova pesquisa, publicada em Psychiatry Research, apresenta relatos pessoais de usuários de antidepressivos e suas experiências com efeitos colaterais negativos – relacionados ao sexo, trabalho, socialização e saúde física. John Read e uma equipe de pesquisadores do Reino Unido exploraram o consentimento informado e o impacto das drogas psiquiátricas.

“Esta pesquisa, a segunda maior feita até hoje, confirma que os efeitos colaterais são muito comuns ao se tomar antidepressivos”.

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As elevadas taxas de prescrição de antidepressivos continuam a subir. Na Inglaterra, as prescrições duplicaram desde 2005. Da mesma forma, o uso de antidepressivos dobrou na Austrália entre 2000 e 2014, tornando-se a medicação mais comumente usada diariamente por 1 em cada 10 australianos. Em 2005, os antidepressivos eram a droga mais amplamente prescrita nos Estados Unidos e, até 2012, 1 em cada 8 adultos tinham incorporado o seu uso em sua rotina diária.

A eficácia dos antidepressivos para depressão, quando testada em estudos não-industrias e com a metodologia do duplo cego, não é diferente do placebo. Os autores citam evidências meta-analíticas que demonstram que “o efeito geral dos medicamentos antidepressivos de nova geração está abaixo dos critérios recomendados para significância clínica”.

Os pesquisadores afirmam que os custos nocivos do consumo de antidepressivos superam os seus potenciais benefícios, os quais demonstraram ser potencialmente maiores que os efeitos placebo apenas em indivíduos que apresentam sinais de depressão muito grave.

Os sintomas negativos que são os mais comumente relatados pelos usuários de antidepressivos incluem náuseas, dores de cabeça, boca seca, insônia, sonolência, diarreia, tonturas e constipação. Outros achados de estudos controlados com placebo também se concentraram em sintomas relacionados com os próprios medicamentos. Embora reconheçam o significado dessas descobertas, os autores deste estudo procuraram expandir a pesquisa existente para examinar como os antidepressivos impactam negativamente as pessoas em termos de suas vidas pessoais e interpessoais.

Atualmente, a pesquisa que abarca o maior conjunto de dados sobre o uso de antidepressivos e seus efeitos negativos na vida pessoal identifica experiências de dificuldades sexuais, dormência emocional, perda da sensibilidade para com os seus próprios sentimentos, agitação, redução de sentimentos positivos, suicídio e desinteresse com o cuidado para com os outros. Muito poucos estudos até hoje investigaram como os que prescrevem tais drogas tratam de informar os pacientes sobre os efeitos adversos e quase nenhum deles examinou os efeitos da combinação de outros medicamentos psiquiátricos com antidepressivos.

Read e seus colegas investigaram mais de 1.000 usuários de antidepressivos no Reino Unido sobre suas experiências de sintomas interpessoais e aqueles relacionados com a vida pessoal cotidiana. Para abordar as lacunas na literatura, eles também questionaram até que ponto os participantes foram informados sobre os efeitos negativos e também se estavam tomando simultaneamente outras drogas psiquiátricas. A pesquisa on-line foi projetada e divulgada pela Mind, uma instituição de caridade que atua no campo da saúde mental na Inglaterra e no País de Gales.

A maioria dos participantes que tomaram apenas antidepressivos (85,9% de 484) relataram efeitos colaterais do uso de antidepressivos. Dos efeitos relatados, os sintomas adversos relacionados à vida sexual (43,7), trabalho ou estudo (27%), saúde física (26,8%) e vida social (23,5%) foram os mais comumente endossados, seguidos por efeitos negativos em seus relacionamentos próximos (20,9%) e no grau de independência (10,5%). Foram incluídos comentários adicionais dos participantes sobre suas experiências com antidepressivos:

“Eu odeio isso. Isso me deixa emocionalmente embotado – por exemplo, eu tive que parar de toma-los depois de um recente falecimento na família, para garantir que eu pudesse chorar no funeral “.

“As drogas me deixam totalmente desconectada de tudo e sem vida”.

“Eu acho que está causando fadiga, entre outras coisas, então eu tive que deixar minhas horas no trabalho de tempo integral reduzindo para 3 dias por semana”.

“Isso afetou minha relação sexual com o meu parceiro, pois não desejava fazer sexo, e ainda sinto os efeitos disso agora, pois ele passou a ficar nervoso e a me perguntar por que eu há tanto tempo não estava interessada “.

“É muito difícil separar os efeitos dos medicamentos e os efeitos da doença”.

Os restantes 524 participantes relataram tomar antidepressivos junto com tranquilizantes ou pílulas para dormir, antipsicóticos e / ou estabilizadores do humor. Isso indica que pouco mais da metade dos 1.008 entrevistados estavam tomando dois ou mais medicamentos psiquiátricos. Além disso, quanto mais medicamentos forem os usados, mais graves serão os efeitos colaterais relatados.

“Apesar do seu aumento rápido, a polimedicação não pode ser descrita como uma abordagem baseada em evidências”, observa os autores, sublinhando que quase nenhum estudo examinou o impacto da polimedicação, muito menos as evidências encontradas para apoiá-la.

Aproximadamente 48% dos participantes que tomaram antidepressivos indicaram que receberam suficientes informações sobre a medicação, enquanto cerca de 40% relataram que não. A porcentagem restante dos respondentes observou que eles não tinham certeza ou não conseguiam se lembrar. Curiosamente, os homens (53,5%) foram significativamente mais propensos a informar que receberam informações suficientes do que as mulheres (46,8%). A idade esteve positivamente relacionada com a não obtenção de informações adequadas, de modo que os mais velhos se sentiam menos informados com relação aos sintomas adversos.

Com respeito ao consentimento informal, os comentários adicionais dos participantes foram os seguintes:

“Na realidade, os psiquiatras se recusam a responder perguntas, bem como a aceitar ou a discutir os efeitos colaterais”.

“Os efeitos colaterais não foram muito bem explicados pelo clínico na atenção primária. A anorgasmia (a incapacidade de chegar ao orgasmo) é um efeito colateral particularmente ruim “.

“Gostaria de ter ouvido mais sobre os efeitos colaterais … Eu tive que descobrir muitas informações quando me encontrava em um estado difícil e ansioso”.

“Não me disseram todos os efeitos colaterais; na verdade, quando eu os investiguei e depois disse à minha médica, ela admitiu que não tinha ideia de que a prescrição poderia afetar-me da maneira que me estava afetando “.

De um modo geral, os resultados desta pesquisa assinalam o quão é extremamente comum experimentar sintomas negativos ao tomar medicamentos antidepressivos, particularmente aqueles sintomas relacionados ao funcionamento pessoal e interpessoal.

“Ao reduzir a depressão, as drogas também podem estar reduzindo todos os sentimentos e, assim, substituindo os sentimentos dolorosos por um forte vazio emocional, tanto em termos pessoais quanto, como consequência, em termos interpessoais.”

Curiosamente, 85% dos participantes disseram que para eles os medicamentos antidepressivos estavam sendo pelo menos ” suficientemente eficazes”. Os autores oferecem o seguinte contexto para entender esse achado da investigação:

“Muitas pessoas sentem-se menos deprimidas ao tomar ADs [antidepressivos], mas parece que isto é principalmente por causa da expectativa criada pelos processos envolvidos na prescrição e no tratamento das pílulas, e não pelos produtos químicos nele contidos”.

Eles acrescentam que, no maior estudo realizado sobre sintomas pessoais negativos relacionados ao antidepressivo, “um dos maiores preditores de eficácia percebida foi a qualidade da relação entre quem prescreve e o paciente”.

Finalmente, os achados ressaltam a importância do consentimento informado, explorando sintomas além do domínio biomédico e desencorajando as taxas crescentes de polimedicação promovidas por psiquiatras.

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Read, J., Gee, A., Diggle, J., & Butler, H. (2017). The interpersonal adverse effects reported by 1,008 users of antidepressants; and the incremental impact of polypharmacy. Psychiatry Research. http://dx.doi.org/10.1016/j.psychres.2017.07.003 (Link)

 

Sintomas de Interrupção das Benzodiazipinas (ansiolíticos)

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Os membros do grupo Recuperando das Benzodiazepinas  (Benzodiazepine Recovery) criaram um vídeo sobre os sintomas frequentemente debilitantes da interrupção de benzodiazepinas.

Video →­

Benzodiazipines Withdrawal

Fabricantes de Risperdal Processados na Justiça pelo Desenvolvimento de Mama em Meninos

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Barbara Liston
Barbara Liston

Andrew Yount, de Tennessee, era um paciente com quatro anos de idade com problemas de comportamento e um diagnóstico de TDAH, quando seu médico prescreveu Risperdal, no verão de 2003.

A droga era um poderoso antipsicótico para adultos, comercializada de forma agressiva para as crianças pela Johnson & Johnson (J&J) para atingir o objetivo de vendas de bilhões de dólares por ano.

No Natal, depois que Andrew tomou Risperdal durante quatro meses, as fotos de férias mostram que este menino pré-escolar havia desenvolvido seios como os de uma jovem nas fases iniciais da puberdade.

O médico que prescreveu Risperdal para Andrew não sabia o que os estudos da J & J mostravam: que a droga elevava os níveis do hormônio prolactina que desencadeava o crescimento de seios femininos, conhecido como ginecomastia, em uma porcentagem significativa de meninos que tomavam o remédio.

E uma vez que o crescimento dos seios foi iniciado, não há mais volta.

“Havia sido disparado o processo, e as células começam a fazer o que elas devem fazer. Quer dizer, elas continuarão a crescer de forma desproporcional “, disse Mark Solomon, um especialista médico no efeito colateral da ginecomastia de Risperdal, que foi testemunha do caso Andrew em um tribunal de Filadélfia em junho de 2016.

Hoje, aos 18 anos, Andrew é um homem completamente adulto com peitos pendurados em tamanho 42D.

E ele não é o único. Milhares de meninos e jovens estão indo aos tribunais de todo o país para processar a J & J pela ginecomastia causada por tomar Risperdal quando crianças pequenas. A condição é irreversível, exceto pela remoção cirúrgica.

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Pedro from Tampa

Coletivamente, eles se tornaram conhecidos como os Meninos Risperdal, depois que um punhado dos homens agora crescidos concordaram em participar de uma sessão de fotos e entrevistas para ajudar a divulgar a sua história. O resultado está publicado no risperdalboys.com.

Alguns dos Meninos Risperdal ganharam processos judiciais e veredictos contra a J & J, incluindo um julgamento de US$ 76 milhões no caso Yount em 2016. Foi o maior pagamento até o momento. Os veredictos baseiam-se na questão de saber se a comunidade médica foi devidamente avisada sobre os efeitos colaterais da ginecomastia provocados pelo Risperdal.

A J & J tem se recusado vigorosamente a reconhecer a sua responsabilidade e insiste em que os consumidores foram devidamente avisados sobre os efeitos colaterais.

Os Meninos Risperdal são vítimas de uma estratégia enormemente lucrativa usada pela J&J e outras empresas farmacêuticas para aumentar a receita, ao conseguirem que os médicos prescrevam seus medicamentos para pacientes para quem a droga nunca havia sido previamente planejada. São os chamados medicamentos prescritos “fora do rótulo”, e isso significa que os pacientes são transformados, em essência, em cobaias ao tomarem um medicamento que nunca foi comprovado ser seguro ou eficaz para sua condição médica.

Que as empresas farmacêuticas são motivadas muito mais por lucros do que por compaixão é evidenciado pela falta de acompanhamento das empresas para determinar se esses pacientes fora do rótulo se beneficiaram ou foram prejudicados pela droga.

No caso de Risperdal, a agência FDA aprovou a droga em 1993 para tratar esquizofrênicos adultos. Mas a porcentagem de esquizofrênicos na população dos EUA é muito pequena para a droga ganhar dinheiro segundo os padrões da Johnson & Johnson. Assim, no final da década de 1990 e no início dos anos 2000, a equipe de marketing da J & J se concentrou em convencer os médicos a prescrever Risperdal para dezenas de milhares de crianças pequenas com uma variedade de problemas de comportamento, segundo testemunhos.

Embora seja ilegal que as empresas farmacêuticas comercializem uma droga para um grupo não aprovado pela FDA, os médicos podem prescrever drogas como acharem conveniente.

A FDA rejeitou explicitamente vários pedidos da J & J para aprovar a droga para crianças, porque a empresa não tinha dados suficientes para mostrar que seria seguro, de acordo com o depoimento do ex-comissário da FDA, David Kessler.

De acordo com a Lei 360 publicada on-line, Kessler também declarou no tribunal que “cerca de 20% do Risperdal prescrito antes do início dos anos 2000 foi usado em crianças e adolescentes”.

Além das crianças, a J & J incentivou os médicos a prescrever Risperdal fora do rótulo para idosos com demência, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Risperdal não obteve a aprovação da FDA para uso em idosos, e descobriu-se mais tarde que essas pessoas estiveram sob um risco aumentado de derrame cerebral depois de tomar a droga.

A J & J pagou US $ 2,2 bilhões em 2013 para liquidar reivindicações criminais e civis pelo Departamento de Justiça dos EUA, por haver pago propinas aos médicos para prescreverem Risperdal e outras drogas fora do rótulo e para conseguirem com que esses médicos persuadissem a seus colegas médicos para que fizessem o mesmo. Na liquidação, a J & J pagou multas por violações da lei e responde a processos civis com base na Lei de Reclamações Falsas, de acordo com o DOJ. O caso foi um dos maiores procssos de fraude em saúde na história dos EUA. Denunciantes de dentro da empresa tinham avisado aos agentes federais do que vinha se passando.

“J & J e a Janssen sabiam que Risperdal apresentava certos riscos para a saúde das crianças, incluindo o risco de níveis elevados de prolactina, um hormônio que pode estimular o desenvolvimento mamário e a produção de leite. No entanto, um dos Objetivos do Manual de Estratégia da da Janssen era crescer e proteger a quota de mercado da droga junto a pacientes infantis / adolescentes. Janssen instruiu seus representantes de vendas a recorrer a psiquiatras infantis, bem como a instalações de saúde mental que tratavam principalmente de crianças, comercializando Risperdal como um medicamento seguro e eficaz para sintomas de vários distúrbios da infância, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, desordem desafiadora de oposição, transtorno compulsivo-obsessivo e autismo “, afirmou o DOJ em comunicado de imprensa.

No mesmo ano, a empresa reportou vendas mundiais totais de US $ 71,3 bilhões, de acordo com um comunicado de imprensa da empresa.

Se penalidades de bilhões de dólares estão sendo contabilizada pela indústria farmacêutica como algo que implica em um custo aceitável para fazer negócios, o cálculo não leva em conta o custo das vidas irreparavelmente danificadas.

O dano aos Meninos Risperdal não é apenas físico, mas emocional e psicológico.

Tão cedo quanto com seis anos, Andrew estava se recusando a tirar a camisa na frente de seu próprio médico.

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Eddie from Oklahoma

Eddie, de Oklahoma, participou do documentário fotográfico, descrevendo como o bullying o levou a se retirar para um mundo solitário, ficando sozinho em casa em frente a uma tela de vídeo.

“Eu tinha mamilos maiores do que a maioria das meninas no ensino médio”, disse Eddie no documentário Risperdal Boys.

Ele teve a sorte de que SoonerCare de Oklahoma viesse a pagar sua mastectomia.

Alguns dos Risperdal Boys descrevem as suas tentativas para amarrar seus seios para torná-los menos visíveis, e não encontrando ninguém para namorar. Depois de ter sido abordado primeiramente por uma menina e depois por um menino em sala de aula, Arturo de Pontiac disse que deixou a escola e nunca mais voltou.

Como J & J sempre minimizou a conexão entre Risperdal e ginecomastia, Isaiah, de Flint, passou por testes de câncer antes que seus médicos, buscando encontrar uma resposta para desenvolvimento incomum de sua mama, descobrissem os níveis elevados de prolactina.

Talvez um dos mais conhecidos dos Risperdal Boys seja Austin Pledger, um jovem homem do Alabama em seus 20 anos. Sua mãe Benita falou por ele no tribunal durante seu julgamento contra J & J. A família do Austin ganhou o primeiro veredicto do júri contra J&J – um jurado na Filadélfia concedeu a Austin US $ 2,5 milhões.

A mãe do Austin, Benita, lembra da primeira receita preenchida para Risperdal, em 2002, quando seu filho tinha oito anos de idade, como tratamento para a irritabilidade associada ao autismo. O médico que prescreveu Risperdal para Austin recebeu o completo tratamento de comercialização do Risperdal apresentado pelo representante local de vendas da subsidiária da J & J e Janssen. O representante de vendas visitou o médico pelo menos 20 vezes, duas vezes mais vezes que Austin viu o médico, de acordo com testemunhas.

Austin ficou em Risperdal por cinco anos. Quando era adolescente, Austin tinha seios femininos cheios.

No julgamento, Benita descreveu como Austin colocava uma toalha sobre seus peitos quando ele saia do chuveiro, para que assim não os visse quando de frente ao espelho, e como ele uma vez bateu intencionalmente seus seios contra a mesa da sala de jantar.

J & J reconheceu em seu relatório anual de 2016 que a empresa enfrenta 18.500 ações judiciais pessoais em todo o mundo relacionadas ao Risperdal. Muitos dos meninos precisam de ajuda para pagar uma cirurgia plástica dispendiosa para desfazer o dano da droga.

De todos os pedidos de Risperdal apresentados contra a J & J, pelo menos três são conhecidos por terem sido resolvidos pela empresa na véspera do julgamento.

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Arturo from Pontiac

Desde o caso de Yount, os juízes do tribunal de delito de massa da Filadélfia impediram que quatro casos chegassem a um júri por motivos técnicos. As quatro decisões estão sob recurso. A J & J também está apelando dos veredictos contra a empresa.

Haverão mais casos Risperdal nos próximos meses.

Os novos casos trarão o tipo de publicidade que a J & J não precisa, com as recentes semanas a mostrar manchetes preocupantes. Bloomberg informou que a J & J perdeu seis dos sete maiores veredictos sobre a responsabilidade do produto em 2016. Além do julgamento de $ 76 milhões de Yount, os jurados deram ganho de causa a dois pacientes para implante de quadril, em um total de US $ 1,5 bilhão, além de três mulheres que alegando que o talco da empresa havia causado câncer de ovário obtiveram quase que US$ 200 milhões. Alguns dos veredictos foram reduzidos pelos juízes, e alguns devem ser apelados. A empresa reconhece mais de 100 mil processos judiciais pendentes, incluindo casos envolvendo alegações de que seu diluidor de sangue Xarelto causa sangramento não controlado e que a sua malha pélvica se deteriora e causa danos internos. Bloomberg informou que 17 casos de responsabilidade por produtos contra a empresa envolvendo morte e lesões foram esperados para julgamento em 2017.

Povo do Reino Unido! O Nosso Monstro Ataca Seus Filhos

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Peter BregginPais britânicos, prestem atenção!  A praga que começamos aqui nos EUA  está caindo com uma ferocidade implacável sobre os filhos de vocês. Em um período de pouco mais de um ano, 166 mil crianças receberam antidepressivos. Destas, 537 estavam com seis anos de idade ou menos. A taxa geral de aumento foi de 12%.

Apesar dos avisos dados pela sua própria agência de monitoramento de drogas, os médicos estão se tornando mais determinados do que nunca a empurrar drogas psiquiátricas para as crianças na Grã-Bretanha. A desculpa é que existem recursos psicossociais insuficientes em seu sistema de medicina socializada. Isso é verdade, mas não é a razão principal. Em última análise, os psiquiatras têm pouca ou nenhuma auto-restrição para os danos que eles fazem. Eles passam a ser impedidos de drogar e prejudicar as pessoas, incluindo crianças, apenas quando há resistência pública e ações judiciais.

Sabe-se que a maior parte da droga é dada por médicos de cuidados primários e pediatras, em vez de psiquiatras; mas é a minha profissão – a psiquiatria – que trabalha em parceria com o Império Farmacêutico para provocar esta onda de destruição sobre nossos filhos.

Tenho muitos colegas maravilhosos em psiquiatria e psicologia na Grã-Bretanha. Muitos deles estiveram no meu programa de rádio, como o psiquiatra infantil Sami Timimi e a psiquiatra Joanna Moncrieff. Eu não tenho que pedir a eles para saber o quão angustiados eles devem se sentir por esse aumento de crianças sendo drogadas sob os cuidados de sua profissão.

Embora os médicos tenham maneiras de conter esse fenômeno, o único antidepressivo oficialmente aprovado para crianças na Grã-Bretanha é o Prozac. Por que Prozac? Porque o fabricante, Eli Lilly, é o mais inteligente na manipulação de estudos para vender neurotoxinas. E neurotoxinas elas são sempre. Como descrevo no meu livro Psychiatric Drug Withdrawal, todas as drogas psiquiátricas são venenos químicos que prejudicam e danificam a função cerebral. Nenhuma delas melhora ou nutre o cérebro.

Estudos monitorados pela FDA mostraram uma duplicação da taxa de suicídio em crianças em antidepressivos durante experimentos de 4 a 6 semanas. Essa taxa é muito maior na prática clínica em que muitas das crianças já são suicidas, recebendo combinações de drogas, suportando exposições às drogas por períodos muito mais longos, e sendo muito mal monitoradas.

O suicídio induzido por antidepressivos em crianças é bem conhecido e encontrado em avisos dispostos em uma tarja preta – onde estão todas as informações de prescrição para antidepressivos. Por isso, vou me concentrar nos efeitos adversos que mais se espalham pelos cérebros e as mentes das crianças. São desastrosos os resultados para o Prozac e todos os antidepressivos.

Você encontrará estes e muitos outros estudos em www.breggin.com

Ou no meu gratuito site Antidepressant Resource Center, nas seções 1B, 2B e 3B. Todos esses estudos foram conduzidos por psiquiatras líderes das empresas de medicamentos, e que tiveram que admitir esses trágicos resultados:

  • Riddle et al. 1991: 50% das crianças de 8 a 16 anos desenvolveram duas ou mais anormalidades com o Prozac, incluindo agressão, perda de controle de impulsos, agitação e outros sintomas maníacos.
  • King et al. 199114% das crianças com o Prozac se tornaram agressivas ou violentas.
  • Wilens et al. 2003 :21% das crianças com idade média de 12 desenvolveram distúrbios de humor em uma variedade de drogas antidepressivas. Esses distúrbios do humor incluíram irritabilidade (associada à agressão) e depressão. Muitas se tornaram agressivas e muitas desenvolveram distúrbios de ansiedade e sono. Incrivelmente, 6% tornaram-se maníacas e 10% tornaram-se psicóticas.

Se esses médicos possuíssem consciência eles teriam pedido fim à prática de drogar crianças com antidepressivos. Infelizmente ele não hesitam a continuar a os promover.

Evidências científicas indicam que os antidepressivos não ajudam as crianças (veja aqui e aqui). À luz de tais riscos elevados para o bem-estar da criança, esses produtos químicos psiquiátricos estão claramente fazendo muito mais mal do que bem.

Que tipo de sociedade permitiria esse tipo de agressão aos seus filhos? Essa é uma grande questão. Importante, a Psiquiatria e o Império Farmacêutico, bem como o Governo, provavelmente são os maiores responsáveis por essa tragédia. Qualquer um dos três, agindo de maneira ética, poderia pôr fim a esse horror.

Profissionais e cidadãos interessados dos EUA e da Grã-Bretanha devem juntar as mãos e os corações para salvar os nossos filhos. Se não o fizermos, os nossos filhos mais e mais receberão essas drogas; mais e mais desenvolverão efeitos colaterais em suas mentes e manifestarão comportamentais adversos; e mais e mais receberão medicamentos adicionais para controlar os efeitos adversos, levando as crianças a se tornarem consumidores de neurotoxinas prescritas ao longo da vida.

Ao iniciar as crianças em antidepressivos, roubamos-lhes as capacidades para aumentar o potencial delas como seres humanos. Elas nunca saberão quem são realmente ou em quem elas poderiam ter se tornado.

Carta endossando o recente relatório da ONU sobre Saúde Mental

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A Mental Health Europe e a British Psychological Society estão à procura de signatários de uma carta que aprove o recente relatório do Relator Especial das Nações Unidas sobre saúde mental, que exige um aumento dos serviços psicossociais, orientados para a recuperação e alternativas não coercivas ao modelo biomédico. Se você ou sua organização estiverem interessados em assinar, entre em contato com [email protected] ou e-mail [email protected].

Artigo

ONU

E nós aqui no Brasil?  Vamos tomar iniciativas semelhantes?

As Pílulas para a Depressão podem Transformar Alguém em um Assassino?

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fernando_foto_definitivaEm uma entrevista chocante, um homem que se considera um pai amoroso conta como ele matou seu filho durante um episódio psicótico, causado, segundo ele, por medicação psiquiátrica.

Ele se chama David Carmichael, 59 anos de idade. Matou seu filho Ian, 11, durante um episódio psicótico cujas evidências sugerem haver sido provocado por uso de antidepressivo.

David Carmichael
David Carmichael

Um juiz determinou não ser ele “criminalmente responsável por sofrer de um transtorno mental”

David sempre acreditou que sua psicose foi causada por um tipo de antidepressivo conhecido como ‘inibidor seletivo de reabsorção de serotonina’ (ISRS).

Seu filho Ian tinha epilepsia e uma leve dislexia, mas não tinha outros problemas além de ficar um pouco atrasado com a sua leitura. David era um pai entusiasmado e dedicado, um treinador de esportes de Toronto, Canadá, que passava a sua vida profissional trabalhando com crianças. Quando David tirou a vida de Ian durante um episódio psicótico, ele estava convencido de que sua esposa, Beth e sua filha Gillian, iriam agradecê-lo por se livrar do “intolerável” fardo que Ian havia se tornado para eles.

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David foi julgado por homicídio em primeiro grau, mas o juiz determinou que ele não era “criminalmente responsável, por sofrer de um transtorno mental”. Dois psiquiatras forenses o diagnosticaram com uma “grande depressão com episódios psicóticos” quando matou Ian. David foi enviado para um hospital psiquiátrico onde passou quatro anos. Em 4 de dezembro de 2009, ele recebeu liberdade absoluta, e uma constatação de culpa, sem antecedentes criminais.

É uma história verdadeiramente chocante e amargamente trágica. David sempre acreditou que sua psicose tenha sido causada pela paroxetina (vendida no Brasil como Pondera, Aropax ou Cebrilin).

Embora os antidepressivos pareçam funcionar para algumas pessoas, seus efeitos colaterais são bem conhecidos: sonolência, náusea, insônia e perda de libido são alguns dos mais frequentes. No entanto, a literatura científica também relata outros efeitos colaterais bem mais graves, como ansiedade, agitação; e ainda alucinações e delírios paranoicos, que, embora mais raros, podem ter um impacto devastador.

A cineasta Katinka Blackford Newman, descreveu aqui no Mad in Brasil suas experiências terríveis. Horas depois de tomar sua primeira dose de antidepressivo Katinka se tornou psicótica.

A experiência de Katinka B. Newman e de David Carmichael faz parte de um documentário da BBC “Panorama”, que será exibido amanhã, dia 26 de julho, no Reino Unido.

The Murder

http://www.bbc.co.uk/programmes/b08zjyp1

Mais de 60 milhões de prescrições para antidepressivos foram escritas apenas no Reino Unido em 2015.

No Brasil, nós não temos os números; mas é muito provável que igualmente seja elevadíssimo o número de brasileiros tomando antidepressivos.

É bem verdade que muito poucas pessoas se tornam suicidas ou homicidas, mas de acordo com David Healy, professor de psiquiatria na Universidade de Bangor e crítico líder dos antidepressivos, uma em cada 1.000 pessoas que tomam a medicação antidepressiva é gravemente afetada.

“Provavelmente há até 2.500 suicídios adicionais na Europa desencadeados por algum antidepressivo ISRS”, afirma o professor Healy, que fundou um site que ajuda a identificar potenciais riscos de drogas, que você pode acessar a partir de um link postado na primeira página do Mad in Brasil.

Em março de 2012, 28 estudantes e professores belgas e holandeses foram mortos quando o treinador jogou o ônibus contra a parede de um túnel. Os investigadores contratados pelos pais descobriram que o motorista estava em processo de descontinuação da Paroxetina. Eles acreditam que ele se matou enquanto sofria de delírio causado por níveis flutuantes da droga.

No mesmo ano, na estreia de um filme de Batman em Aurora, Colorado, James Holmes, um estudante de doutorado de 24 anos, sem registro de violência, matou 12 pessoas e feriu 70. Perguntas têm sido levantadas sobre se o antidepressivo que ele tomava desempenhou um papel relevante.

Andreas Lubitz, o piloto alemão que, em 24 de março de 2015, jogou deliberadamente o avião da Lufthansa nos Alpes franceses, matando todas as 150 pessoas a bordo, estava tomando antidepressivos, incluindo a mirtazapina.

O professor Healy acredita que David Carmichael estava “muito provavelmente” sob o controle da psicose induzida pelo antidepressivo quando ele matou Ian.

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Mail On lineSe você quer ler na íntegra a matéria da edição de hoje (25 de julho) do Mail clique aqui.

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Katinka NewmanA respeito da experiência de Katinka Blakeford Newman com antidepressivos e o drama que ela teve que enfrentar, confira a recente matéria do The Times (23 de julho de 2017).

 

 

Meu Traficante de Drogas era um Médico: uma História de Retirada

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Neste trecho retirado da Medium, Michael E. Lee conta sua história de experimentar os terríveis efeitos de retirada de Effexor (Velanfaxina) e como ele curou a sua depressão através da prática da ‘atenção plena’ (mindfulness) e da espiritualidade.

“Que droga é essa? Seu nome Effexor (Velanfaxina). Ela o colocará de joelhos. Literalmente. Aquele viciado em heroína que você vê na televisão, encurralado no chão do banheiro, suando, vomitando e paralisado. Sim, era eu. Tudo por causa de uma droga que nosso governo diz ser segura. Ninguém me disse que isso aconteceria quando eu segui esses medicamentos. Ninguém me disse merda alguma sobre o fato de que retirar ou “diminuir”, como a comunidade médica gosta de chamar, seria igual a sair da heroína ou desintoxicar do álcool “.

Drug Dealer

Os pacientes que ouvem vozes têm o direito de recusar remédio psiquiátrico? Um movimento crescente diz que sim

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No final do ano passado, tive a oportunidade de conhecer de perto o movimento do ‘hearing voices’ (‘ouvidores de vozes’), em minha curta temporada em Massachusetts, a convite de Robert Whitaker. A experiência que tive com o Hearing Voices Network – USA -. se soma a algumas outras  que conheci de práticas em saúde mental, coordenadas e feitas por usuários e ex-usuários psiquiátricos. São experiências cujos protagonistas são usuários e ex-usuários da psiquiatria, que compartilham suas vidas de modo a sobreviver à própria psiquiatria.

Destaco os companheiros do Hearing Voices com quem tive a oportunidade de conhecer um pouco como trabalham: Marty Madge e Caroline Mazel-Carlton. Como não ouço vozes como eles, não pude participar da reunião dos ‘ouvidores de vozes’. Marty e Carol são os coordenadores. IMG_3006

O The New York Times fez uma matéria com a Caroline, onde se pode ter uma ideia do que ela e seus companheiros vem fazendo. Veja aqui.

Como introdução que contribua para que melhor conheçamos o que representa o movimento internacional dos ‘ouvidores de vozes’, tomemos como referência um artigo de que acaba de sair publicado no site da STAT, assinado por SHIRLEY S. WANG ([email protected]). 

O que deve ser sublinhado, como é sugerido no próprio artigo de Shirley, é que o movimento dos ‘ouvidores de vozes’ não pretende que a sua experiência seja transformada em uma entre outras práticas psiquiátricas dominadas pelo paradigma bio-médico. A meta dos ‘ouvidores de vozes’ é buscar des-psiquiatrizar a sua experiência de ‘ouvir vozes’.

Vejamos como isso funciona.

Ela ouvia vozes com frequência: três homens zombando, dizendo ser ela estúpida, exortando-a que se matasse.  Os psiquiatras diagnosticaram esquizofrenia. E passou a ser tratada como esquizofrênica. Hoje em dia, Rachel Waddinghan rejeita esse diagnóstico.

 

Rachel Waddington_1

Após décadas tomando medicamentos e saindo e voltando aos hospitais psiquiátricos, Rachel passou a se relacionar com as suas vozes de uma nova maneira. E que nova maneira é essa? Ela simplesmente não mais tenta banir as vozes usando as drogas, mas as aceita como fazendo parte dela própria. Ela agora considera as vozes como uma reflexão de seus sentimentos e experiências, sinais que a ajudam a entender quando e por quê ela se sente esmagada, oprimida – ao invés de as tomar como autoridades que a comandam a seguir algo.

Pois bem, essa abordagem dos ‘ouvidores de vozes’ integra um movimento internacional que levanta questões fundamentais sobre o que significa ser doente mental. A questão que está no centro do debate é a seguinte: os pacientes que ouvem vozes – e sofrem outros sintomas que os psiquiatras consideram graves – têm o direito de direcionar o seu tratamento, mesmo que isso implique na rejeição das terapias convencionais, tais como a medicação psiquiátrica?

Alguns psiquiatras tradicionais têm preocupações de que as pessoas que estão fora de contato com a realidade e que desprezam o tratamento possam representar um perigo para si ou para os outros.

Mas o movimento, que começou na Holanda, se espalhou rapidamente nas últimas três décadas; agora há grupos de apoio “ouvidores de vozes” nos cinco continentes, e mais de 180 grupos apenas no Reino Unido, ancorados na Rede de Ouvidores de Vozes. A ideia tem sido mais lenta em ganhar corpo nos EUA, onde é fortíssimo o modelo médico para o tratamento de doenças mentais, mas também lá o movimento vem ganhando força.

Atualmente, existem cerca de 90 grupos de apoio em todo os Estados Unidos, de acordo com a Rede de Ouvidores de Vozes dos EUA. Apenas no mês passado, os defensores da abordagem realizaram cinco sessões de treinamento para líderes de grupos de apoio. E em agosto próximo, o Congresso Mundial de Ouvidores de Vozes será realizado na Universidade de Boston, a primeira vez que a reunião acontecerá nos EUA. Os organizadores esperam cerca de 500 participantes; embora alguns tenham se preocupado em ter que solicitar vistos para os EUA, porque há a pergunta sobre o estado de saúde mental do solicitante.

Muitos no movimento dizem que não estão mentalmente doentes, porque suas alucinações não causam angústia ou interferem significativamente com a sua capacidade de se mover de forma produtiva através da vida. Eles dizem que os diagnósticos são muitas vezes subjetivos e não confiáveis. De fato, alguns dizem que ser rotulado como mentalmente doente – ou ser empurrado para seguir em medicação – causou mais problemas do que as vozes que ouvem.

Os líderes do movimento têm o cuidado de reconhecer que antipsicóticos e outros medicamentos podem funcionar para alguns pacientes. Mas eles também observam que há uma inversão de valores entre esses benefícios, que podem ser substanciais, como são os efeitos colaterais graves e muitas vezes desagradáveis, sendo exemplar o ganho de peso significativo que pode levar à diabetes. E há perguntas sobre a eficácia a longo prazo dos medicamentos psiquiátricos.

Em oficinas e grupos de apoio, os defensores do movimento tentam tranquilizar as pessoas que ficam assustadas com a experiência de ouvir vozes, porque não é incomum ouvir vozes, e que não necessariamente isso pressupõe uma espiral na psicose. Eles oferecem estratégias concretas para lidar, incluindo buscar firmar compromissos para conversar com as vozes em intervalos periódicos – e fazer uso de fones de ouvido quando estiverem conversando com as vozes, e então ir olhando para o mundo exterior como se o sujeito estivesse simplesmente falando pelo telefone. Um workshop que ocorrerá no Congresso Mundial de Ouvidores de Vozes promete dar dicas sobre como negociar realidades alternativas.

“Para nós, as vozes são um sinal, elas dizem algo a você. algo sobre a sua vida.”

Dr. Dirk Corstens

“Para nós, as vozes são um sinal, elas são algo dizendo a você coisas significativas sobre a sua vida”, disse Dr. Dirk Corstens, um psiquiatra e psicoterapeuta em Maastrich (Holanda) e um líder do movimento. “Você tem que as ouvir (as vozes).  Não obedecer, mas ouvir.” Muitos ouvidores de vozes recuperados dizem que uma vez que passaram a se engajar com as vozes, a sua saúde mental melhorou – e que também as vozes se tornaram mais agradáveis.

Desde que abandonou os seus medicamentos, por exemplo, Waddingham passou a ser capaz de ter empregos em tempo integral, como servir como gerente de projeto em uma organização de defesa de saúde mental sem fins lucrativos. E casou-se.

Agora, com 39 anos, ela mora em Faversham, Inglaterra, a cerca de 50 milhas a leste de Londres, trabalha como terapeuta e dá discursos percorrendo todo o país sobre estratégias de ouvir vozes e de recuperação. Ela também está escrevendo um livro e se candidatando a programas de PHD.

Ela ouve mais vozes do que nunca – cerca de 13 no momento, ela estima. E elas continuam a dizer-lhe para se machucar ou para machucar os outros. Waddingham reconhece que ouvir as vozes “pode ser difícil”. Ela ainda tem dias em que sente ser difícil lidar com elas e que precisa se sentar sozinha e puxar um cobertor para se agasalhar e se sentir segura. Ainda assim, ela escolhe não usar medicação – mesmo que as drogas possam reduzir o número de vozes que ouve.

“Eu não sou um caso trágico”, disse ela.

“Insólito, mas não patológico”

Muitos psiquiatras entendem que perder o contato com a realidade – por exemplo, ouvindo vozes – é um sintoma por excelência de doenças mentais graves e que as drogas são o tratamento mais eficaz para evitar que os pacientes prejudiquem a si próprios ou aos outros.

Há algumas pesquisas que apoiam essa preocupação: em um estudo seminal dos EUA, com 1.410 pessoas com esquizofrenia, aqueles que experimentaram alucinações, incluindo ouvir vozes que outros não ouvem, eram mais propensos a cometer violência grave, embora a probabilidade geral de violência fosse ainda baixa, de acordo com Jeffrey Swanson, professor de psiquiatria e ciências comportamentais na Duke University. Ele foi um coautor desse artigo, publicado em 2006 no Archives of General Psychiatry.

“Os psiquiatras são os especialistas em tratamento que podem ser úteis, então eles devem estar envolvidos … e tentar garantir que os pacientes não percam a percepção e que venham a ter sérios problemas”.

JEFFREY SWANSON, PROFESSOR DE PSIQUIATRIA

É essa a opinião dominante.

Mas Swanson também diz que há “uma grande diferença” entre pacientes que sabem que as vozes apenas estão sendo ouvidas por elas próprias e aqueles outros pacientes que não sabem.

A maioria dos psiquiatras hoje em dia quer que os pacientes “compartilhem na tomada de decisões” e elaborem um plano de tratamento personalizado, disse Swanson. “Ao mesmo tempo”, acrescentou, “os psiquiatras são os especialistas em tratamento que podem ser úteis, então eles devem ser envolvidos, monitorar o que está acontecendo e tentar garantir que os pacientes não percam a percepção e tenham problemas sérios. ”

Quão comum é ouvir vozes? Os números variam muito, mas uma revisão de 17 estudos existentes em nove países encontrou que, em média, cerca de 1 em cada 8 pessoas entrevistadas relataram uma experiência de ouvir uma voz que não era real.

“Os resultados apoiam o atual movimento que busca estar longe de modelos patológicos de experiências incomuns e para a compreensão da audição de vozes como ocorrendo em um continuum na população em geral”, escreveram os pesquisadores no estudo, publicado em 2011 no Mental Health Journal.

Charles Fernyhough, professor de psicologia da Universidade de Durham no Reino Unido, que estuda o tema, disse que uma teoria afirma que o fenômeno parece ser semelhante à auto-fala que todos fazemos. Parece que uma certa porcentagem de pessoas não experimenta seus monólogos internos como sendo algo que elas próprios produziram, levando-as a experimentar as vozes como provenientes de outra pessoa.

Ouvir vozes “é incomum, mas não é em si patológico”, disse Fernyhough.

Encontrando conforto com os amigos invisíveis

Lisa Forestell, de Somerville, Mass., sempre ouviu vozes durante o tempo que ela pode lembrar. Quando ela era muito jovem, ela pensou que todos faziam o mesmo, e falava em voz alta para ela, eram duas garotas e um menino. “Não parecia notar qualquer tipo de feedback negativo do resto do meu mundo”, disse ela.

Mas quando ela começou a escola, uma professora disse a ela que as vozes não podiam vir para a escola. Forestell “fez um pacto” com suas vozes: que elas só conversariam com ela em particular. E funcionou.

Ela ainda foi provocada. Percebeu que na mídia as pessoas que ouviam vozes eram muitas vezes retratadas como loucas ou criminosas. “O que [essas experiências] me ressaltou é que eu era “outro”. Fiquei estranha”, disse Forestell, que agora tem 51 anos. “Considerava que era uma superpotência ou uma coisa muito legal, mas realmente a mensagem que estava recebendo era que eu não era uma coisa boa. ”

Embora ela achasse suas vozes significativas e reconfortantes – um pequeno grupo de melhores amigos que ficaram na cabeça dela – ela por décadas não contou a ninguém novamente.

Somente em 2009, enquanto trabalhava para o Western Massachusetts Recovery Learning Community, querendo iniciar um grupo de ouvidores de vozes, é que ela finalmente confiou em seu supervisor. “Foi terrível”, disse Forestell.

Uma das vozes cresceu com ela –  as outras duas optaram por permanecer crianças – e todas as vezes são sons. Quando ela decidiu publicar como ouvidora de vozes, por exemplo, as vozes foram cautelosas e disseram que não queriam ser citadas. Agora elas estão incentivando-a a falar, disse Forestell.

Para Rachel Waddingham, que começou primeiramente a ouvir vozes quando tinha 18 anos, aprender a lidar com elas sem medicação mudou sua vida.

Depois que começou a frequentar a Rede de Ouvidores de Vozes há cerca de 15 anos, ela tomou uma decisão consciente de não querer se identificar como mentalmente doente. Quando ela disse a seu psiquiatra de longo prazo que queria diminuir a medicação, ela obteve resistência. “Por que você não me deixa ajudar você?”, perguntou o psiquiatra.

Mas Waddingham disse que se ela tivesse uma escolha, ela não gostaria de se livrar de suas vozes. Elas a ajudaram de várias maneiras: ela aprendeu a se concentrar, a bloquear as vozes, e é habilidosa no gerenciamento do conflito – porque as vozes podem ser “bastante duras”. Ela também acha que ela passou a ser mais generosa como pessoa, mais aberta para perspectivas dos outros e a estar mais em contato com as suas próprias ansiedades. As vozes servem como um tipo de sistema de alerta precoce para o estresse interno.

“Se eu presto atenção, eu sei antes de que algo se torne um problema”, disse ela.

Dia Internacional da Consciência sobre os Benzodiazepínicos

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11 de julho é o Dia Mundial de Conscientização sobre os Benzodiazepínicos. Conhecidas como ‘benzos’, são drogas psiquiátricas que supostamente tratam a tensão e a ansiedade do dia a dia.

Foram amplamente prescritas durante os anos 60 e 70 nos Estados Unidos, e no Brasil nos anos 80 e 90. Os mais conhecidos: Milton, Librium, Valium, Diazepam, Ritalina, entre outros. São drogas psicoativas que prometem um falso bem-estar. Tudo em nome da ‘felicidade’. Quer dizer, estar livre das vicissitudes da própria existência humana. Como é o tédio, ou o incômodo da sua condição de vida, senão a busca de um ‘gozo’ impossível de ser ‘gozado’ no cotidiano.

As mulheres são as principais consumidoras, de cada três prescrições duas são feitas para as mulheres.  O que foi chamado pelos Rolling Stones como “o ajudante da mamãe” (Mother’s little helper).

 

Mother’s Little Helper Pequeno Ajudante da Mamãe
What a drag it is getting old Que saco é ficar velho.
Kids are different today Crianças são diferentes hoje.
I hear ev’ry mother say Eu ouço sempre a mãe dizer
Mother needs something today to calm her down Mães precisam de alguma coisa, hoje em dia, pra se acalmar
And though she’s not really ill E embora ela não esteja realmete doente
There’s a little yellow pill Há uma pequena pílula amarela
She goes running for the shelter Ela corre para o armário
Of a mother’s little helper Em que está o pequeno ajudante da mamãe
And it helps her on her way E isso a ajuda
Gets her through her busy day A enfrentar o seu cansativo dia.
Things are different today As coisas são diferentes hoje
I hear ev’ry mother say Eu ouço toda mãe dizer
Cooking fresh food for a husband’s just a drag Preparar comida fresca para o marido é um saco
So she buys an instant cake Então ela compra um bolo instantâneo
And she burns her frozen steak E ela queima o seu bife o seu bife congelado
And goes running for the shelter Ela corre para o armário
Of a mother’s little helper Em que está o pequeno ajudante da mamãe
And two help her on her way E dois a ajudam a enfrentar as coisas
Get her through her busy day A dar conta do dia atribulado
Doctor, please Doutor, por favor
Some more of these Mais alguns desses
Outside the door Na saída
She took four more Ela tomou mais quatro
What a drag it is getting old Que saco é ficar velho.
Men just aren’t the same today Os homens não são os mesmos hoje em dia
I hear ev’ry mother say Eu ouço sempre a mãe dizer
They just don’t appreciate that you get tired Eles simplesmente não gostam que você esteja cansada
They’re so hard to satisfy Eles são difíceis de satisfazer
You can tranquilise your mind Você pode tranquilizar a sua mente
So go running for the shelter Então vá correndo para o armário
Of a mother’s little helper Do ajudante da mamãe
And for help you through the night E para ajudar a passar a noite
Help to minimise your plight Ajudar a minimizar o tédio
Doctor please Doutor, por favor
Some more of these Mais alguns desses
Outside the door Na saída
She took four more Ela tomou mais quatro
What a drag it is getting old Que saco é ficar velho
ife’s just much too hard today A vida é muito difícil hoje em dia
I hear ev’ry mother say Ouço sempre a mãe dizer
The pursuit of happiness just seems a bore A perseguição da felicidade parece apenas um aborrecimento
And if you take more of those E se você tomar mais desses
You will get an overdose Você terá uma overdose
No more running to the shelter Sem mais corridas ao armário
Of a mother’s little helper Do pequeno ajudante da mamãe
They just helped you on your way Eles só te ajudaram em seu caminho
Through your busy dying day Até o ocupado dia da sua morte

 

A exemplo do que ocorre com os antipsicóticos e antidepressivos, os benzodiazepínicos criam uma forte dependência química.  É o caso do popular Diazepam, que produz tolerância e síndrome de abstinência, isto é, após um período de uso, as pessoas sofrem de grave ansiedade quando deixam de tomar esse medicamento. As reações físicas e emocionais dos usuários de ansiolíticos quando deixam de tomar o medicamento são semelhantes às daquelas pessoas viciadas em drogas psicoativas em geral, como ansiedade de rebote, insônia, convulsões, tremores, dores de cabeça, visão turva, zumbido nos ouvidos, extrema sensibilidade ao barulho, sensações que insetos estão atacando, pesadelos, alucinações, extrema depressão e desrealização.

No Dia Internacional de Consciência sobre os Diazepínicos, a arte nos ajuda a denunciar a opressão da Psiquiatria em nosso cotidiano.

Esse blue de Richard Lewis é uma canção de protesto contra a violência dos Benzos na vida cotidiana dos seus usuários.

“Benzo Blue” (by Richard D. Lewis 2017)

She’s climbing mountains / Nobody knows how high
Such a lonely journey / A ladder to an endless sky
There’s millions climbing by her side  
Unknown to each other /Just tryin’ to survive

Life can have its problems / Anxious days and sleepless nights
A simple pill and a label / To soothe her fight or flight
Oh so safe / So easy / the doctors say
Just trust and believe / all your worries away
With one pill / Big Pharma / and the FDA
---

Chorus:
Now, some people think she’s crazy / And she doubts her sanity too
But if they only knew / What it’s like to be ‘benzo blue’
It’s a blue so deep it’s almost black / And she doesn’t know if she’ll ever make it back
For if they only knew / What it’s like to be ‘benzo blue’ 
---

It’s an all too common story / So many people must tell
All taken “as prescribed” / Good intentions on a road paved to Hell 
Oh so safe / So easy / the doctors say
Just trust and believe / all your worries away
With one pill / Big Pharma / and the FDA

She lives her life in one color / So many shades of grey
With nights that linger so long / They’ll darken the brightest day
Oh so sad / So sorry / the doctors say
Still trust and believe / all your worries away
With another pill / Big Pharma / and the FDA

Repeat Chorus:

Don’t send her to those meetings / They’re not her people, places, or things
Cuz she’s never known addiction / It’s your drugs pulling the puppet strings
Oh so sad / So sorry / the doctors say
Still trust and believe / all your worries away
With another pill / Big Pharma / and the FDA

No more condescending saviors / With Bibles and prescription pads
No more drugs and labels / For they will surely drive her mad
Now she questions / everything her doctors say
Can’t trust or believe / all her worries away
She has her ‘Benzo Buddies’ / and her friends at MIA
Damn all their drugs / Big Pharma / and the FDA
And there’ll be no mercy / When Psychiatry finally has its day

Repeat Chorus: (last phrase 2x)

Ou a música de Hamilton Assumpcion, Sufoco da Vida, tocada pelo grupo Harmonia Enloquece.

 

 

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