O pior pesadelo para os pais é a morte de seu filho. O que aconteceu com Marci Weber é pior. Webber experimentou um episódio psicótico paranoide provocado pela medicação psiquiátrica. Ela saiu do episódio psicótico tomando conhecimento que havia matado a sua filha de quatro anos Maggie, a quem ela amava e tinha muito carinho, e tentou se suicidar.
Agora confinada indefinidamente em um hospital estatal para aqueles considerados Não Culpados Devido à Insanidade, Marci quer alertar o público acerca dos perigos das medicações psiquiátricas e está à procura por justiça para ela própria e a sua família. Ela me pediu para compartilhar a sua história.
Marci, com 43 anos de idade, era uma batalhadora mãe solteira de três filhas, quando a tragédia ocorreu. Ela estava vivendo no norte de Nova York e de licença médica da Escola de Direito Albany onde estava seguindo os estudos de mestrado em serviço social e doutorado profissional em direito. Ela é uma veterana do exército e foi voluntária em muitas organizações sem fins lucrativos que beneficiam crianças em sua comunidade.
Marci viveu sob grande estresse durante muitos anos. Para ajudá-la a lidar com o estresse, os médicos de Marci prescreveram uma crescente gama de drogas psiquiátricas, que incluíram dois antidepressivos (Wellbutrin 300 mg e Zoloft 200 mg), um antipsicótico (Seroquel 100 mg) para dormir e um sonífero (Ambien 10 mg), assim como medicação para a pressão sanguínea (Metoprolol 100 mg) para acalmar. Embora Marci não compreendesse isso naquela época, essa combinação de drogas não testada estava na prática exacerbando, não diminuindo, o estresse dela e a sua ansiedade, e causando problemas cognitivos e de memória junto com sintomas físicos inexplicáveis.
Em setembro de 2010, Marci levou Maggie a uma visita à sua mãe e à sua irmã mais velha, em Illinois. O seu médico da atenção primária, que estava prescrevendo a sua medicação psiquiátrica, não a via desde janeiro de 2010, embora continuasse a renovar a prescrição de Marci. Ela deixou de renovar a prescrição de Zoloft 200 mg, contudo, e que foi por fim renovada em 27 de julho.
Marci retornou rapidamente para Nova York e voltou logo depois para Illinois. Mas desta vez que ela retornou a Illinois, a sua mãe e Mallory a sua filha de 18 anos de idade notaram que Marci não era a mesma. Ela estava nervosa e preocupada que as pessoas estavam atrás dela. Marci também tinha sintomas parecidos com os da gripe, como dores pelo corpo, cansaço, sudorese e câimbras. Os membros da sua família estavam preocupados porque eles não conseguiam entender o que estava se passando, mas eles não ficaram alarmados porque Marci nunca havia sido perigosa. De fato, Marci estava experimentando sintomas de abstinência da medicação psiquiátrica, que podem causar sintomas semelhantes à gripe, assim como paranoia, psicose, comportamentos suicidas e homicidas. Ninguém havia advertido a ela ou a sua família que isso poderia vir a ocorrer.
Marci se deu conta de haver esquecido os seus remédios em casa e tentou obter as suas prescrições no Walmart em Illinois. Ela foi informada que eles não poderiam lhe fornecer os medicamentos, devido a uma lei de Nova York que impede que médico envie a prescrição por telefone ou por fax. A sua médica da atenção primária disse que ela deveria esperar pelas prescrições que estariam sendo enviadas pelo correio. Ninguém advertiu Marci acerca dos riscos da interrupção abrupta. Ninguém acessou o seu estado mental ou se ela tinha sintomas de abstinência ou a aconselhou a ir a um hospital.
Marci retornou à casa da sua mãe e passou a ficar mais paranoide e a delirar. Ela acreditava que a sua filha Maggi seria sequestrada pela internet por um disco iluminado que a iria vender como escrava sexual, e depois que a iria matar durante um ritual satânico, enviando a alma de Maggi para o inferno pela eternidade. A sua filha Mallory encontrou a sua irmã morta e a sua mãe ferida e chamou por socorro pelo telefone.
Logo depois do homicídio, eu fui contatada pelos detetives que investigavam o caso. Eu era a antiga psicoterapeuta de Marci. Eu não tratava Marci há dois anos, mas eu ocasionalmente estava em contato com ela. Quando eu soube do que havia ocorrido, eu imediatamente informei os detetives que eu suspeitava que o homicídio e a tentativa de suicídio estavam relacionados com drogas psiquiátricas. Eu conheci Marci intimamente por 8 anos e sabia que ela era uma mãe atenciosa e amorosa para com as suas crianças. Marci nunca tinha sido violenta ou psicótica antes. E é extremamente pouco comum para uma pessoa ter um primeiro episódio psicótico em uma idade com a dela, e quando isso ocorre é geralmente devido a uma causa física.
Eu também contatei imediatamente o defensor público designado para o caso de Marci e o informei das minhas suspeitas. Eu enviei a ele artigos, livros e nomes de psiquiatras (incluindo Dr. Peter Breggin e Dr. Josep Glenmullen) que conheciam bem acerca de homicídio e suicídio induzidos por drogas psiquiátricas. O defensor público recusou em trazer essa questão para o processo de Marci e firmemente aconselhou Marci e a sua família a não apresentarem um processo de morte por negligência, justificando que isso iria prejudicar o seu caso criminal.
Após passar quase que dois anos na cadeia, Marci foi inocentada devido à insanidade e enviada para um hospital psiquiátrico para insanos criminosos, onde ela pode ficar confinada por até 100 anos. Ela passou quatro anos confinada no Centro Hospitalar Mental de Elgin. O pessoal do hospital recusou a considerar até mesmo a possibilidade de que o homicídio esteve relacionado às suas drogas psiquiátricas, e não demonstraram sinais de soltá-la. O ambiente lá era muito mais hostil e abusivo do que terapêutico. Ela sofreu 15 vezes abusos físicos por outros pacientes, algumas vezes por instigação da equipe. Dois membros da equipe até mesmo encorajaram-na a se matar e lhe forneceram meios para fazer isso.
Marci recusou tratamento com drogas psiquiátricas lá, o que lhe permitiu se recuperar da sua confusão mental. Ela está lúcida e não psicótica, apesar das circunstâncias muito difíceis em que vive. Ela não é um perigo para ela própria e nem para os outros. Recentemente ela foi transferida para um outro estabelecimento, Chicago Read Mental Health Center, com nenhuma explicação para as razões de tal procedimento ou plano de soltura. As condições de lá, embora menos violentas e hostis, continuam a serem desumanas. O pai de Marci em estado terminal e as suas duas filhas sobreviventes necessitam dela e querem que ela seja solta. Ela tem uma oferta de emprego em Arizona, onde ela pode estar perto do seu pai.
Nós estamos procurando recursos doados para uma representação legal e avaliações de psiquiatras independentes, a fim de garantir uma audiência de soltura para conseguir que Marci fique livre. Também estamos procurando por um promotor para representar Marci em um processo por prática de negligência contra a médica que prescrevia as drogas.
Marci prometeu que, após ganhar a liberdade, irá falar publicamente a respeito da sua experiência, a fim de educar o público acerca dos perigos das drogas psiquiátricas, para que ninguém passe pelo que ela passou descendo ao inferno.
A maioria das vítimas dos efeitos homicidas/suicidas das drogas psiquiátricas não vivem para contar a sua história. A história de Marci necessita ser contada.
Doações protegidas para despesas legais podem ser feitas clicando aqui.
Marci agradecerá muito se lhe enviarmos cartas de apoio. Está sendo muito difícil para ela manter o seu bom astral em tais circunstâncias. Você pode escrever para ela em: Marci Webber, Chicago Read Mental Health Center, B. South, 4200 North Oak Park Ave, Chicago, IL 60634. Ela também pode ser alcançada pelo telefone (773) 794-4036, mas por favor observe que esse telefone é para todos os pacientes da unidade e pode estar ocupado.
(trad. Fernando Freitas)