A Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME) oficialmente vem manifestar o seu total apoio ao Encontro em Bauru, que ocorrerá nos dias 8 e 9 de dezembro, que reunirá usuários, familiares, profissionais de saúde mental, estudantes, representantes dos movimentos sociais organizados, intelectuais, em defesa de uma Sociedade sem Manicômios.
Como é destacado pelo Manifesto da ABRASME:
“Neste momento histórico em que o Movimento por Uma Sociedade sem Manicômios completa 30 anos de grandes vitórias e, ao mesmo tempo, de enfrentamentos de imensos desafios, colocam-se em pauta reflexões sobre o futuro do Movimento (…) O Movimento por Uma Sociedade sem Manicômios e todos os seus acúmulos e conquistas no processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira é alvo, hoje, de tentativas claras de conquista e destruição. Seremos mais vulneráveis quanto mais divididos estivermos. É da maior importância que os vários grupos, movimentos e entidades que compõem este Movimento polissêmico estejam bem articulados, para melhor cumprirmos a missão comum de defender direitos que estão sendo espoliados. “
Na íntegra o conteúdo do Manifesto:
“Neste momento histórico em que o Movimento por Uma Sociedade sem Manicômios completa 30 anos de grandes vitórias e, ao mesmo tempo, de enfrentamentos de imensos desafios, colocam-se em pauta reflexões sobre o futuro do Movimento. Uma delas relaciona-se à construção de uma posição estratégica na relação interna dos coletivos que compõem a luta antimanicomial, para o enfrentamento dos ataques que sofrem atualmente não só à Saúde da população brasileira, mas a todos os sistemas públicos de sustentabilidade, amparo e promoção social. O Brasil vive um amplo processo de regressividade dos direitos econômicos, sociais e culturais!
A situação é de uma verdadeira guerra entre os grupos que tomaram o Congresso e os outras instituições da República – subsidiários de esquemas internacionais, cujo objetivo é a destruição do bem público para favorecer mercados, a exploração das pessoas e a expropriação de seus direitos pelo capital internacional – contra o povo, principalmente os trabalhadores e os mais vulneráveis pela miséria historicamente a eles imposta pela elite dominante.
A metáfora da guerra invoca as estratégias militares como, por exemplo, os ensinamentos de Sun Tzu que escreveu, em tempos remotos, A Arte da Guerra, e de Maquiavel, cujo livro O Prìncipe foi publicado no alvorecer da Idade Moderna. Estas obras afetam até hoje as táticas de guerra e de conquista de poder. Um ponto comum destes ensinamentos encontra-se na máxima “Dividir para Conquistar”.
Aponta que é vantajoso, quando se quer conquistar um exército, um povo, um grupo ou uma comunidade, que esta esteja dividida, fraturada, desunida. Um grupo dividido é fraco, é presa mais fácil do grupo conquistador, facilita o trabalho de quem quer destruir.
O Movimento por Uma Sociedade sem Manicômios e todos os seus acúmulos e conquistas no processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira é alvo, hoje, de tentativas claras de conquista e destruição. Seremos mais vulneráveis quanto mais divididos estivermos. É da maior importância que os vários grupos, movimentos e entidades que compõem este Movimento polissêmico estejam bem articulados, para melhor cumprirmos a missão comum de defender direitos que estão sendo espoliados.
Em um dos grandes momentos de nossa História conseguimos, com a força das articulações entre diversos atores sociais, derrubar uma sangrenta e poderosa ditadura militar. A história desta luta nos lembra a evolução dos lemas que, juntos, ritmicamente, bradávamos nas manifestações, nas passeatas, onde pudéssemos ser ouvidos. O primeiro lema era a expressão de um desejo: “Abaixo a ditadura”. O segundo demonstra maior entendimento da importância da organização dos grupos: “O povo organizado / Derruba a ditadura” tornou-se um mantra, uníssono, ritmado, musical, motivador.
Mas o ultimo lema iluminou um momento em que já reconhecíamos como melhor lutar, já sabíamos que assim lutando venceríamos e que já podíamos prever passos futuros: “O povo / Unido / Jamais será vencido”. Esta é uma grande lição daquela luta dolorosa, mas em que fomos coroados com a Vitória: Unidos, jamais seremos vencidos.
O Manifesto de Bauru, que faz 30 anos, já apontava o sentido de unidade de todos e todas que lutavam contra a estrutura manicomial na sociedade brasileira, com a máxima “Por uma sociedade sem manicômios” (…) organizado em vários estados, o Movimento caminha agora para uma articulação nacional”. Sinalizava inclusive a necessidade dessa unidade se compor com o “movimento popular e sindical”.
No campo da Luta Antimanicomial temos a clareza de que somos muitos e precisamos estar juntos. Isto significa superar divergências, quando as houver. O fundamental não é buscar um pensamento único, mas que a diversidade de
pensamento seja uma potência de luta. Que no Movimento Antimanicomial não haja disputa de supremacia, mas consensos progressivos para a ação, e clareza do inimigo comum. Para isto os movimentos e entidades precisam construir estratégias para permanecerem articulados e atentos.
Nessa perspectiva a ABRASME entende que esse amplo processo de mobilização dos 30 anos da Carta de Bauru deve ser impulsionador de uma unidade na pluralidade que se expresse na construção de uma Articulação Nacional da Luta Antimanicomial, para que possamos construir mais avanços e conquistas #PorMais30.
A derrubada da ditadura é uma inspiração para que, em Bauru, possamos nos articular para que, Unidos, jamais sejamos vencidos.
Todas e Todos a Bauru, Por Uma Sociedade sem Manicômios! “
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