Entrevista com o Dr. Edmar Oliveira

Contribuindo para a Memória da Reforma Psiquiátrica no Brasil

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Em: MEMÓRIAS DA SAÚDE MENTAL. PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA. Núcleo da Saúde Mental Álcool e Drogas, da FIOCRUZ/Brasília, em parceria com a UNIFESP, UNB, UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAÍA, UFRJ e INSTITUTO PINEL.

O entrevistado é o Dr. Edmar Oliveira, um dos ícones da reforma psiquiátrica brasileira.

O Dr. Edmar conta a sua trajetória, desde o interior do Piauí onde nasceu, até ir para o atual Hospital Nise da Silveira (RJ), nos anos 80. Ele conta o por quê da sua preferência clínica pelo tratamento dos ‘psicóticos’, bem com as suas diversas experiências enquanto gestor de serviços de assistência psiquiátrica que foram da maior importância no processo de reforma psiquiátrica em nosso país. É exemplar o seu compromisso de vida com a clínica, mesmo sendo gestor.

A respeito das residências para os pacientes egressos dos manicômio, merece destaque para o que ele diz ser uma “clínica do morar”:

“Ou bem essa coisa [moradia] é terapêutica ou é residência. Não pode é haver essa ambiguidade (…) O que eu quero fazer é uma ‘clínica do morar’ não uma ‘clínica do CAPS’. A ‘clínica do CAPS’ é a clínica do transtorno. Enquanto que o que eu estou fazendo é uma ‘clínica do morar’.  Essa ‘clínica’ é diferente. Porque a ‘clínica do morar’ não é da Psiquiatria, é a clínica da sociabilidade, é de um outro campo.”

A entrevista de Edmar de Oliveira é eloquente das diferenças entre uma reforma psiquiátrica baseada no ‘modelo biomédico’, comprometida com a hegemonia da Psiquiatria, e uma reforma que visa garantir aos seus usuários uma clínica baseada em um outro paradigma.

Em tempos contemporâneos, o que vem sendo explicitamente defendido é que a assistência em saúde mental esteja integralmente baseada no ‘modelo biomédico’. Quer dizer, que a assistência não apenas seja mantida com o diagnóstico psiquiátrico e o tratamento psicofarmacológico, como tem sido os pilares da Psiquiatra ‘reformada’ nestas últimas décadas. Mas que haja o retorno ao clássico ‘hospitalocentrismo’.

O testemunho de vida dado por Edmar Oliveira certamente nos ajuda a melhor entender os dilemas e as perspectivas que a reforma psiquiátrica brasileira hoje enfrenta.

Confira a entrevista na íntegra →