Um novo estudo, publicado no British Journal of Sports Medicine, descobriu que o exercício é tão bom no tratamento da depressão quanto os medicamentos antidepressivos, pelo menos para aqueles com sintomas leves ou moderados. A adição de medicamentos antidepressivos ao exercício não aumenta a efetividade – o exercício sozinho é tão bom quanto.
Os pesquisadores escrevem: “O exercício alivia os sintomas da depressão de forma semelhante aos tratamentos antidepressivos sozinho ou em combinação com o exercício”.
Eles acrescentam, “Estes resultados sugerem que o exercício pode ser usado como uma abordagem de tratamento alternativo para o manejo da depressão não séria em adultos”.
Eles também observam que os protocolos utilizados na Europa, Canadá, Reino Unido e na Austrália já listam o exercício físico como um tratamento inicial potencial para a depressão. Entretanto, os protocolos dos EUA têm ficado para trás, apresentando apenas medicamentos antidepressivos e psicoterapia como tratamentos iniciais.
O estudo foi uma meta-análise de 21 ensaios aleatórios e controlados, incluindo 2551 participantes totais. Os pesquisadores analisaram os resultados de exercícios, antidepressivos e sua combinação em comparação entre si ou com um grupo de placebo/controle.
Como a maioria das pessoas a quem são prescritos antidepressivos tem sintomas leves a moderados, e os antidepressivos têm efeitos adversos significativos, os pesquisadores sugerem que os pacientes devem ser informados de que o exercício é uma alternativa legítima que poderia proporcionar o mesmo alívio, com muito menos efeitos nocivos.
O problema, sugerem eles, é que o exercício requer mais esforço.
“O exercício é fisicamente exigente e mais difícil de se implementar em comparação com os tratamentos farmacológicos padrão. Por outro lado, os tratamentos antidepressivos estão associados a maiores efeitos adversos, custos mais altos e estigma social”, escrevem eles.
Talvez por esta razão, as pessoas estejam mais propensas a abandonar o grupo de exercícios do que o grupo de antidepressivos antes do final do estudo, o que os pesquisadores tomaram para indicar que o exercício seria menos aceitável como uma intervenção.
No entanto, os efeitos adversos foram relatados por 22% que tomaram antidepressivos, em comparação com apenas 9% que fizeram exercício.
Os resultados foram robustos, com a conclusão permanecendo consistente após os pesquisadores terem controlado a qualidade do estudo e outros fatores.
“Os resultados foram corroborados por meio de análises de sensibilidade rigorosas que contabilizaram a qualidade dos estudos, bem como os tipos de participantes e intervenções”, eles escrevem.
A conclusão é consistente com um estudo do início deste ano, no qual o exercício foi associado a um risco 25% menor de depressão. Em outro estudo, aqueles que fizeram exercício tiveram taxas de recidiva significativamente menores após 10 meses do que aqueles que tomaram medicamentos antidepressivos.
Uma grande limitação deste estudo é que ele se concentrou apenas na depressão leve a moderada – portanto, ainda não sabemos se o exercício seria tão bom quanto os antidepressivos para aqueles com sintomas graves. No entanto, um estudo de 2016 descobriu que o exercício teve um grande efeito na melhoria até mesmo da depressão severa.
Os pesquisadores também não incluíram nenhum estudo sobre yoga, tai chi, ou outras intervenções que pudessem ter aspectos psicológicos além do simples exercício – de modo que estes podem se tornar ainda mais eficazes.
****
Recchia, F., Leung, C. K., Chin, E. C., Fong, D. Y., Montero, D., Cheng, C. P., . . . & Siu, P. M. (2022). Comparative effectiveness of exercise, antidepressants and their combination in treating non-severe depression: A systematic review and network meta-analysis of randomised controlled trials. Br J Sports Med. Published online on September 16, 2022. doi:10.1136/bjsports-2022-105964 (Full text)
[trad. e edição Fernando Freitas]