Publicado em O GLOBO:
“O lançamento, esta semana, de uma frente parlamentar para cobrar a criação de leitos de internação psiquiátrica reacendeu o debate sobre as políticas públicas para a saúde mental no país. Composta por 226 deputados e quatro senadores, a agremiação — batizada de Frente Parlamentar Mista em Defesa da Nova Política Nacional de Saúde Mental e da Assistência Psiquiátrica — diz ser um contraponto em um debate que, segundo seus integrantes, foi “sequestrado pela esquerda”. O lançamento acontece dias depois de o futuro ministro da Saúde, o deputado Luiz Mandetta (DEM), criticar a atuação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e dizer que pretende fazer mudanças nas políticas de tratamento de dependentes químicos.
— Criamos um sistema em que o paciente recebe cuidados nos Caps durante o dia, mas é devolvido para a família à noite. E essa família não tem condições de prestar a devida assistência — afirma o deputado Roberto de Lucena (Podemos), idealizador do grupo.”
— Tememos o retorno dos hospitais psiquiátricos. Lugares que cometiam violações aos direitos dos pacientes — afirma Marisa Helena Alves, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
“Desde o ano passado, o governo faz mudanças na Política Nacional de Saúde Mental. Em dezembro, anunciou alterações que incluíram a revisão nos valores pagos, pelo SUS, pelos leitos psiquiátricos existentes em hospitais gerais. O ministério da Saúde também passou a fazer repasses financeiros a comunidades terapêuticas: instituições, muitas vezes mantidas por grupos religiosos, onde pacientes que sofrem com problemas de dependência química são internados.”