Sociedades patogênicas e loucura coletiva: Um olhar crítico sobre a normalidade

Enric García Torrents escreve sobre como é fundamental repensar os serviços de saúde mental a partir de uma perspectiva coletiva, destacando o impacto da desigualdade e outros determinantes sociais.

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Resumo: Este artigo aborda a necessidade de repensar os serviços de saúde mental de uma perspectiva coletiva, destacando o impacto da desigualdade e outros determinantes sociais no sofrimento das pessoas, enquanto examina criticamente o papel do atual modelo biomédico no controle da população e na manutenção de um sistema sócio-econômico que é ao mesmo tempo desconcertante e perturbador.

 “Estamos em guarda contra doenças contagiosas do corpo, mas somos exasperantemente descuidados quando se trata das doenças coletivas ainda mais perigosas da mente”.G. Jung, Collected Works Vol. 18

Embora os chamados distúrbios mentais sem dúvida tenham uma correlação biológica, sua natureza vai além do corpo, envolvendo dimensões sociais, culturais e psicológicas. Na maioria das vezes nosso sofrimento é o resultado de como organizamos nossas experiências em nível coletivo: as circunstâncias nas quais nascemos, crescemos, vivemos, trabalhamos e envelhecemos. Infelizmente, a abordagem atualmente dominante da “saúde mental”, orientada biologicamente e baseada no tratamento do indivíduo, tende a perder de vista e ignorar a importância primordial dos determinantes sociais (1, 2).

Ao longo deste artigo, apresento brevemente os fatores econômicos, sociais e ambientais aos quais devemos prestar maior atenção para garantir que todos desfrutem de uma vida mais saudável, mais satisfatória e mais significativa (3).

Para começar, o foco atual no paciente individual (tentando identificar as causas últimas da “doença mental” em nível genético e neuropatológico) deve ser substituído, como muitos pesquisadores e profissionais críticos já enfatizaram, por uma abordagem em saúde pública  com bases relacionais e baseada na população. Em vez de considerar apenas a pessoa posicionada frente ao médico, a partir desta perspectiva o escopo é estendido à família, à rede social, ao bairro, à comunidade e à sociedade em geral, tornando-se estas entidades coletivas nas quais todos nós convivemos com o paciente objeto de atenção.

Isto implica, naturalmente, ir além da psiquiatria e até mesmo da própria medicina, abraçando uma abordagem completamente transdisciplinar e dando atenção concertada a questões como a economia, a mídia e os sistemas de educação e justiça, entre muitos outros aspectos da vida.

Também implica em ir além da mera mitigação dos fatores de risco e a promoção daqueles que protegem as pessoas das doenças, ao atacar as causas profundas do problema através de engajamento sociopolítico e intervenções com efeitos sobre o bem-estar e a saúde, com uma visão clara da direção na qual nossas sociedades deveriam tender a se mover (4).

O primeiro passo neste sentido é reconhecer que, assim como foi firmemente demonstrado que a saúde física varia ao longo de um gradiente social, a “saúde mental” está fortemente correlacionada com a própria posição na sociedade, sendo os grupos mais vulneráveis, desfavorecidos e minoritários desproporcionalmente afetados e expostos a condições de estresse crônico, como a insegurança no trabalho, más condições econômicas e habitacionais, pobreza relativa, marginalização, isolamento social, falta de status e violência, tudo isso somado ao sofrimento muito provável de condições adversas durante a infância e à presença de barreiras de acesso aos cuidados devido a fatores culturais, financeiros e de orientação sexual, entre outros (5).

Há provas esmagadoras de que as desigualdades materiais têm efeitos psicológicos poderosos e que sociedades menos igualitárias têm um efeito negativo sobre as pessoas, desde a educação e expectativa de vida até a “saúde mental” (6-11). Na Espanha, por exemplo, a probabilidade de receber um diagnóstico de doença mental, assim como o risco de cometer suicídio, é muito maior entre migrantes, pessoas com empregos precários e aqueles com níveis de educação mais baixos, afetando duas vezes mais os desempregados do que os empregados (12, 13). Infelizmente, a situação só piorou devido às sucessivas crises econômicas e cortes orçamentários nas políticas sociais, com um aumento significativo, especialmente entre os mais jovens, na incidência de todos os tipos de chamados transtornos mentais, desde problemas de ansiedade até o abuso e dependência de álcool e outras drogas, incluindo “transtornos comportamentais”, estados depressivos, neuróticos e “transtornos de personalidade”, e psicose (14-16).

Embora as diferenças de gênero nas taxas e intensidade do sofrimento psicológico seja uma área ainda muito pouco estudada, dados no âmbito internacional indicam que as mulheres são aproximadamente 75% mais propensas do que os homens a relatar ter sofrido recentemente experiências diagnosticadas como depressão, e cerca de 60% mais propensas a relatar experiências diagnosticadas como transtorno de ansiedade (17). Dada a desvalorização patriarcal do trabalho doméstico e dos cuidados não remunerados, o fato de que as mulheres tendem a ser menos remuneradas no local de trabalho e que é muito mais difícil para elas avançar em suas carreiras, muitas vezes tendo que fazer malabarismos com múltiplos papéis, seria bastante surpreendente se suas lutas diárias não tivessem um custo emocional óbvio.

Estudos recentes sugerem que, da mesma forma, as pessoas não-heterossexuais sofrem desproporcionalmente não apenas de sofrimento psicológico e dos chamados distúrbios mentais, mas também de outros problemas de saúde devido ao estresse crônico causado pelos preconceitos ainda prevalecentes em nossa sociedade (18, 19).

Múltiplas fontes de desigualdade estão interligadas e têm um impacto cumulativo, afetando desproporcionalmente os mesmos grupos e produzindo modos únicos de opressão e discriminação. Atingir maiores níveis de igualdade em todos os sentidos, bem como cooperação e reciprocidade, promovendo a autonomia relacional e a participação democrática de todas as pessoas em nossa vida coletiva para reduzir o peso da hierarquia social, aumentar a coesão e a paridade de oportunidades, deve, portanto, estar no centro de qualquer impulso para a criação de uma sociedade mais sadia e saudável.

É oportuno agora listar como um lembrete alguns dos fatores repetidamente identificados na literatura científica como desencadeadores do desenvolvimento e emergência de reações psicóticas, assim como outras formas de sofrimento psicológico. São o estresse pré-natal, o abuso infantil, a exposição a um ambiente urbano, o status migratório da pessoa, a pertença a uma minoria étnica, a experiência repetida de exclusão e derrota social e, em geral, a criação de apegos temerosos aos outros e a dissociação como forma de lidar com a vida em um ambiente familiar e social adverso (20, 21).

Alucinações e delírios, mais do que sintomas de uma suposta predisposição genética ou alteração biológica, são reações compreensíveis a eventos e circunstâncias da vida (22). Esta é a explicação mais parcimoniosa para o padrão de descobertas observado, pois é muito improvável que os genes que contribuem para um certo tipo de desenvolvimento neurológico aberrante também codifiquem a migração, a condição de uma minoria étnica desfavorecida, a criação em ambientes com alta densidade e tamanho populacional, homossexualidade, problemas socioeconômicos e assim por diante (21).

Em resumo, há uma série de circunstâncias que afetam negativamente o bem-estar das pessoas, impedem a formação ou gradualmente minam sua resiliência e autoestima, e podem levar ao colapso em momentos de vulnerabilidade particular ou diante de eventos percebidos como esmagadores. Além disso, devemos reconhecer que ninguém é imune ao sofrimento e, em um ou outro momento, todos nós podemos chegar ao ponto de ruptura. Mais do que uma falsa e muito insidiosa dicotomia entre doentes mentais e pessoas saudáveis, o que se observa – além da cronificação devido à estigmatização, à exclusão social, à medicalização da miséria e aos danos causados pelos próprios tratamentos – é um continuum dinâmico no qual cada pessoa ocupa posições diferentes ao longo de sua vida (23-25).

Quanto às vulnerabilidades e predisposições a sofrer os chamados transtornos psicológicos, deve-se observar que as formulações mais matizadas do modelo de estresse-diático apontam para uma susceptibilidade diferencial na qual certas pessoas são especialmente sensíveis tanto às experiências negativas quanto às positivas (27). Também é interessante ressaltar que a intensidade do estresse ambiental necessário para atingir o ponto em que a pessoa se rompe irremediavelmente varia não só de um indivíduo para outro, mas também depende de variáveis como o nível de otimismo e expectativas positivas para o futuro, o fato de praticar exercício e o nível de aptidão física e condicionamento, a aplicação de técnicas que permitem uma melhor gestão do estresse, tais como meditação e relaxamento, o repensar consciente das percepções negativas, a escolha de um estilo de vida saudável evitando a privação do sono e o consumo de substâncias tóxicas, nutrição adequada e, talvez acima de tudo, o fato de desfrutar de uma rede de apoio social suficientemente sólida (28-32).

Não é justo nem suficiente, em nenhum caso, colocar o fardo inteiramente sobre a vítima de abuso e/ou circunstâncias desfavoráveis, pedindo às mesmas pessoas que sofreram ou sofrem situações de angústia, conflito e solidão, e estão inseridas em hierarquias sociais opressivas, alienantes e, muitas vezes, violentas, que adaptem seu comportamento e mentalidade para aliviar o impacto das condições sociais negativas em que vivem, reduzindo a sobrecarga alostática que sofrem (33-35).

Também não se deve concentrar praticamente toda atenção e recursos no estudo dos supostos fatores genéticos, das relações genético-ambientais mediadas pelas mudanças epigenéticas do genoma e dos fatores neurológicos que podem conferir maior vulnerabilidade -exacerbando sentimentos de inadequação e ansiedade nas pessoas afetadas-, negligenciando pesquisas e intervenções em nível “biopsicossocial” e coletivo que contribuiriam muito mais efetivamente para a prevenção e alívio do sofrimento (36).

Primeiro, não fazer mal. É inconcebível que intervenções coercitivas, violentas, desumanizantes e (re)traumatizantes ainda sejam realizadas rotineiramente em ambientes de saúde mental, contribuindo para reforçar o desamparo aprendido e privando as pessoas afetadas de praticamente toda esperança de recuperação, atribuindo seus males a causas genéticas e processos neurodegenerativos ainda a serem determinados, isolando-os de seu ambiente e comunidade e agravando sua condição com intervenções farmacológicas neurotóxicas que, aplicadas além de sua possível função paliativa de curto prazo, contribuem – em conluio com interesses econômicos velados e a preservação de um status quo que tem pouco a ver com a saúde das pessoas – para a deterioração e incapacidade das pessoas afetadas.

O acesso a cuidados seguros, respeitosos e eficazes é um direito humano; infelizmente, os cuidados disponíveis às pessoas diagnosticadas com um transtorno mental muitas vezes não atendem a nenhuma dessas três características (37).

Isto não se deve a negligência ou descuido, é claro, mas simplesmente porque considerar e tratar ‘doença mental’ como um problema químico-biológico individual traz enormes benefícios a todas as partes com interesse no atual sistema socioeconômico.

Primeiro, este modelo predominante de “cuidado” fortalece o impulso para a individualização e a destruição dos laços sociais, enfraquecendo a capacidade de resistência e luta da população. O discurso psiquiátrico e psicológico biomédico enfatiza que os indivíduos assumem a responsabilidade pelos resultados das injustiças que experimentam; esta situação intencional serve para ofuscar a realidade e levar as pessoas a questionar suas capacidades mentais em vez de confrontar as instituições e os poderes factuais que os oprimem, aceitando o sofrimento como uma deficiência pessoal.

Este sistema precisa da conivência dos profissionais da saúde mental nesta farsa como uma espécie de adereço: serviços psiquiátricos e psicológicos – sem negar as boas intenções de muitos, se não da maioria, dos profissionais envolvidos – mascaram a inadequação de outros recursos sociais e governamentais, dificultando abordagens mais complexas e responsáveis das questões socioeconômicas; o uso do cuidado mental permite que os Estados finjam cuidar e ajudar as pessoas a superar seus problemas, promovendo, de fato, sua conformidade com as condições que os geram (38).

Em segundo lugar, este estado de coisas proporciona um mercado enormemente lucrativo no qual empresas farmacêuticas multinacionais podem vender seus produtos a uma proporção cada vez maior da população (39-41).

Em uma sociedade hipertensa, extremamente competitiva e materialista como a nossa, os chamados transtornos mentais não são meras aberrações, mas o resultado natural de condições sociais obscenas e um modo de vida que não está de acordo com as necessidades humanas mais básicas e genuínas. A normalidade neste contexto nada mais é do que uma “patologia da normalidade”, uma aberração imposta para pacificar a população e sustentar um sistema voraz que requer opressão social e econômica, alienação, mistificação dos indivíduos e exploração desenfreada do ambiente natural (42).

Ser plenamente adaptado a um contexto profundamente doente, sendo forçado a se encaixar em uma realidade socioeconômica alienante como se fosse um verdadeiro leito procrusteano, sem lutar, lutando, sofrendo e desviando-se da norma, não pode ser considerado algo não problemático em si mesmo (26, 43-46).

Este tipo de crítica ao que geralmente é considerado normal está muito próximo do diagnóstico feito por muitos movimentos contraculturais ao considerar os problemas que nos afligem – de guerras, genocídios, a ameaça de aniquilação atômica, o desastre ecológico contínuo, pobreza e desigualdade, racismo, sexismo, consumismo desenfreado, individualismo extremo, e muito longo etc. -: dito de forma simples, o mundo está se tornando mais um hospício a cada dia que passa; um lugar onde, para piorá-lo, o uso de psicofármacos é normalizado e até banalizado, aproximando-nos rápida e perigosamente da visão distópica de uma sociedade submissa e farmacologicamente controlada, mas supostamente feliz da qual Aldous Huxley nos alertou (47, 48).

Superar esta situação insalubre e patologizante envolve necessariamente promover simultaneamente transformações nas esferas econômica, sócio-política e cultural, repensando e enfrentando de frente as causas do sofrimento e os impedimentos ao desenvolvimento humano (49).

Este deve ser, inevitavelmente, um esforço coletivo que requer não apenas a coordenação de grupos interdisciplinares de profissionais comprometidos, acadêmicos, políticos e todo tipo de outros atores, mas também um profundo entendimento, respeito e acolhimento do conhecimento, experiência e desejos dos mais afetados e desfavorecidos entre nós – os há muito esquecidos, os sem voz, os encarcerados, os sedados e medicalizados… – trabalhando todos juntos para encontrar e alcançar soluções significativas e construtivas.

Esta, até onde posso ver, é a condição essencial para se alcançar qualquer tipo de mudança positiva, duradoura e significativa.

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