Professor John Read: o Royal College of Psychiatrists e o desmame de antidepressivos

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Pile of white pills on blue background

James MooreHoje, na Radio Mad in America, um episódio especial dedicado ao que vem sendo apresentado no Reino Unido envolvendo o Royal College of Psychiatrists (o equivalente no Brasil à Associação Brasileira de Psiquiatria). Trata-se de recentes eventos – que vão desde a cobertura da mídia sobre uma metanálise de antidepressivos que tem sido amplamente divulgada, a respeito do artigo publicado no periódico científico Lancet, às informações sobre os efeitos de retirada de antidepressivos e uma carta enviada ao jornal The Times pelo Presidente do Royal College, Professor Wendy Burn, e o Presidente do Comitê de Psicofarmacologia do Royal College, Professor David Baldwin.

O professor John Read, da Universidade de Londres Oriental, se prontificou a explicar os acontecimentos recentes e a falar sobre uma queixa formal que foi apresentada ao Royal College em nome de um grupo de eminentes psiquiatras e psicólogos.

É uma entrevista em inglês feita ao nosso companheiro James Moore. Mas se você tem dificuldades em entender, abra no Youtube e procure o recurso ‘legendas’ o que pode ajuda-lo. Infelizmente não temos ainda depoimentos de cientistas e psiquiatras brasileiros a respeito, salvo o senso-comum que é alimentado pela nossa mídia nativa.

Links relevantes:

Formal Complaint to the UK Royal College of Psychiatrists

Press Release from the Council for Evidence-Based Psychiatry

The Times: More People Should Get Pills to Beat Depression

The Royal College’s leaflet on Antidepressant Withdrawal

8 Anos de Pesquisa em Saúde Mental Apresentados em 4 Infográficos

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Imagens valem mais que mil palavras. Elas podem refinar montanhas de detalhes em compreensões essenciais. Então eu escolhi fotos para extrair o essencial da enorme quantidade de pesquisas sobre saúde mental que eu examinei nos últimos oito anos. Três infográficos resumem essa pesquisa sobre drogas psiquiátricas, e um outro afirma por que penso que a Saúde Mental Integrativa é o melhor caminho disponível para a recuperação da saúde mental.

Primeiro, antidepressivos

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O FDA [1] e meta-análises [2] nos dizem que a vantagem dos antidepressivos sobre o placebo no tratamento da depressão é muito pequena; tão pequena, na verdade, que a maioria das pessoas não pode distinguir a diferença. Para ganhar esta pequena vantagem, as pessoas devem aceitar os efeitos colaterais, os riscos e as limitações dos antidepressivos e que podem ser significativos. Ainda mais surpreendente, em níveis de sintoma mais leves – representando cerca de 85% das pessoas que tomam essas drogas para depressão – os antidepressivos não têm vantagem sobre o placebo [3].

Em segundo lugar, antipsicóticos.

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Para muitas pessoas, os antipsicóticos reduzem a psicose. No entanto, menos de um quarto daqueles com psicose crônica percebem uma redução de menos de 50% nos sintomas, ao usar antpsicóticos. [4] E esse alívio parcial dos sintomas geralmente vem acompanhado por efeitos colaterais que alteram a vida. Além disso, a evidência sugere que os antipsicóticos podem causar mais danos do que bem a longo prazo. [5]

Finalmente, os benzodiazepínicos.

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Os benzodiazepínicos podem reduzir a ansiedade, muitas vezes rapidamente. Mas as diretrizes de prescrição dizem que seu uso deve ser restrito a durações muito curtas. Há uma boa razão para tal orientação: o significativo declínio cognitivo e o potencial fatal com a brusca retirada, fazem com que essa solução seja questionável quando além da ansiedade episódica.

Medicamentos psiquiátricos, em um contexto mais amplo

Essas informações exibem uma realidade preocupante das drogas psiquiátricas. Não é surpreendente que a maioria carregue o aviso mais rigoroso da FDA: uma caixa preta. Mas há outra realidade: algumas pessoas acham indispensáveis tais medicamentos.

A ficha caiu para mim no outono passado durante a Reunião da Associação de Reabilitação Psiquiátrica de Massachusetts. Depois de apresentar esses infográficos, recebi observações de reconhecimento, já que as pessoas estavam conseguindo ver em números a sua própria experiência. Mas no intervalo, um especialista em apoio a pares (trabalho de mútua-ajuda) falou comigo. “Eu tenho estado em Clozapina há anos”, disse ela. “É o único que funciona para mim. É o que me permite fazer o meu trabalho “.

Portanto, esses infográficos não sugerem um êxodo em massa de drogas. Em vez disso, eles sugerem o exercício de cautela informada se você optar por usá-las. Os perfis de risco / recompensa desses medicamentos são muito mais questionáveis do que a prescrição onipresente pode indicar.

O infográfico contém outra mensagem: procure além das drogas por outras abordagens que abram mais caminhos para a recuperação. Felizmente, muitas dessas opções existem.

Saúde mental integrativa e a rede de causalidade

A Saúde Mental Integrativa é um paradigma emergente que fornece um conjunto diversificado de opções baseadas em evidências que incluem a medicação, embora vão muito mais além.

Ao contrário da psiquiatria convencional que se concentra nos sintomas e prescreve medicamentos para reduzi-los, os profissionais integrativos procuram compreender e tratar as causas que se situam por detrás dos sintomas. Eles examinam os marcadores de fatores biológicos, sociais, ambientais e habituais únicos para o indivíduo.

Eles veem esses fatores interagindo em uma rede dinâmica de causalidade. Algumas pessoas têm um fator que predomina fortemente. Outras sentem dificuldades sob o peso acumulado de muitas questões menores. E, às vezes, um estressor incremental menor pode ser a palha que quebra as costas do camelo e provoca uma crise de sofrimento mental.

Aqui está uma visão conceitual da rede de causalidade, destacando os fatores mostrados na pesquisa para estar associado com dificuldades mentais.

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Os profissionais integrativos realizam testes biomédicos, avaliação psicossocial e avaliam a história pessoal para entender essa teia. Eles abordam fatores causais suspeitos, selecionando a partir de um menu de 27 opções em evidências baseadas em não-uso de drogas psiquiátricas. Estas incluem dieta, exercício, cuidados digestivos, práticas relaxantes, suplementos nutricionais, ervas, terapias psicológicas e muito e muito mais. Quase todas essas opções têm efeitos colaterais muito baixos ou não tem algum e podem ser usadas com drogas. Esta é uma boa notícia, uma vez que as drogas também podem ser parte da equação.

Em milhares de casos, essas intervenções personalizadas diminuíram significativamente os sintomas, permitindo que as doses de medicamentos e os efeitos colaterais associados diminuíssem muito. Em alguns casos, os sintomas são completamente eliminados sem drogas.

Embora a Saúde Mental Integrativa esteja demonstrando grande promessa, não é uma bala de prata. Não conhecemos todos os fatores que influenciam o sofrimento mental e não podemos dar plenamente conta de todos os que conhecemos. Muitas dessas opções também podem levar semanas ou meses para mostrar benefícios completos e nem sempre é fácil encontrar quem esteja qualificado para administrá-las

Mas há boas razões para ter esperança. As pessoas que vivem em recuperação afirmam esmagadoramente que uma combinação de abordagens foi necessária [6], e o número crescente de profissionais integrativos pode ajudá-los.

Mudança de consciência

Há um trabalho significativo a seguir se quisermos colher os benefícios da Saúde Mental Integrativa. Começa com a comunicação.

Devemos comunicar o perfil de risco / recompensa de drogas psiquiátricas, para que as pessoas saibam olhar além delas. Mas também devemos comunicar que algumas pessoas acham as drogas necessárias.

Devemos comunicar o menu completo das opções de recuperação disponíveis, para que as pessoas e seus profissionais possam criar o melhor caminho para a frente. Devemos comunicar as notáveis histórias de recuperação para dar esperança aos que estão em perigo. E devemos comunicar que a recuperação não é apenas possível, mas deve ser esperada.

Há muito o que comunicar.

Notas dos Infográficos:

Antidepressivos: link

Antipsicóticos: link

Benzodiazipínicos: link

Notas de pé de página:

  1. Laughren T, Treating Depression: Is there a placebo effect?, CBS News, 60 Minutes broadcast, 2012, https://goo.gl/ug78Av.
  2. Khan, A et al, Antidepressants versus placebo in major depression: an overview. World Psychiatry, 2015, PMCID: PMC4592645.
  3. Fournier JC et al, Antidepressant drug effects and depression severity: a patient-level meta-analysis. JAMA, 2010, PMCID: PMC3712503.
  4. Leucht S et al, Sixty Years of Placebo-Controlled Antipsychotic Drug Trials in Acute Schizophrenia: Systematic Review, Bayesian Meta-Analysis, and Meta-Regression of Efficacy Predictors, 2017, Amer J of Psychiatryhttps://goo.gl/bndxBq.
  5. Insel T, National Inst of Mental Health Director’s Blog: Antipsychotics: Taking the Long View, Aug 2013, http://goo.gl/LFmP0V.
  6. Duckworth K, Science Meets the Human Experience Integrating the Medical and Recovery Models, NAMI Advocate Magazine, Winter 2014, https://goo.gl/iF6EW

Dra. Joanna Moncrieff: desafiando a nova onda de propaganda dos antidepressivos

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James MooreEsta semana no MIA Radio, a entrevistada é a Dra. Joanna Moncrieff. Dra. Moncrieff é psiquiatra, acadêmica e autora. Ela tem interesse na história, filosofia e política da psiquiatria, e particularmente no uso e mal-uso de drogas psiquiátricas, assim como as falsas informações a respeito delas.

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Como autora, Dra. Moncrieff escreveu extensivamente sobre drogas psiquiátricas e entre seus livros destacamos The Myth of the Chemical Cure, A Straight Talking Introduction to Psychiatric Drugs e The Bitterest Pills: a história preocupante das drogas antipsicóticas.

Ela é um dos membros fundadores da Rede de Psiquiatria Crítica que consiste de psiquiatras de todo o mundo que são céticos quanto à ideia de que os transtornos mentais são simplesmente doenças cerebrais e que são do domínio da indústria farmacêutica.

Falamos sobre a recente meta-análise da eficácia e tolerabilidade de 21 drogas antidepressivas, que em 22 de fevereiro foi amplamente divulgada nas mídias de notícias do Reino Unido.

No episódio, discutimos:

  • A abordagem adotada nessa maior meta-análise feita sobre a eficácia e a tolerabilidade de 21 fármacos antidepressivos comuns.
  • Os problemas inerentes à comparação dos antidepressivos entre si, em oposição aos ensaios que comparam o fármaco ativo com um placebo.
  • Que a principal conclusão alcançada foi que todos os antidepressivos estudados eram melhores que o placebo na redução dos sintomas depressivos.
  • As limitações do estudo, particularmente como a taxa de resposta foi a selecionada como sendo a medida principal dos resultados.
  • Essa “resposta” é principalmente definida como uma redução na Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (ou outra escala) de 50% ou mais durante o estudo.
  • Que a taxa de resposta pode inflar artificialmente a diferença entre o fármaco e o placebo.
  • Os problemas com o duplo cego que sustenta as pesquisas e os efeitos da inclusão de pessoas que já estão recebendo tratamento antidepressivo.
  • Que o estudo não incluiu os efeitos adversos ou as dificuldades para se deixar de tomar antidepressivos, apenas taxas de desistência que não são representativas do quadro total do consumo dessas drogas.
  • O papel do curto-prazo que dá suporte a essas pesquisas, predominantemente 8 semanas, com uma faixa que vai de 4 a 12 semanas, o que não pode ser facilmente comparado com a experiência do mundo real das pessoas que tomam as drogas por períodos muito mais longos.
  • Assim sendo, quando os dados primários são analisados (os escores da escala de avaliação da depressão), as diferenças entre o placebo e os antidepressivos são muito pequenas e provavelmente clinicamente insignificantes.
  • A natureza acrítica e sensacionalista do relatório do estudo passado à mídia e o link com o Science Media Center.
  • As preocupações com o estar sendo dito que a depressão está subtratada no Reino Unido, o que não encontra suporte nos próprios resultados do estudo.
  • Que as pessoas devem cuidadosamente colocar na balança benefícios versus riscos, levando em conta o potencial de efeitos adversos ou dificuldades para parar de tomar os medicamentos.

Links Importantes:

Comparative efficacy and acceptability of 21 antidepressant drugs for the acute treatment of adults with major depressive disorder: a systematic review and network meta-analysis

Challenging the New Hype About Antidepressants

The Hamilton Depression Scale

Empirically derived criteria cast doubt on the clinical significance of antidepressant-placebo differences

Efficacy of antidepressants in adults

The Science Media Centre

Mais Críticas ao Estudo sobre Antidepressivos Publicado em The Lancet

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Mais pesquisadores e defensores dos direitos dos pacientes da psiquiatria têm vida a público para criticar o estudo recente publicado em The Lancet, que afirma provar definitivamente que os antidepressivos são mais eficazes do que o placebo. Abaixo estão algumas críticas ao estudo.

About that New Antidepressant Study, em Neuroskeptic:

“É importante ter em mente que a meta-análise apenas incluiu ensaios clínicos de ‘agudos’ – aproximadamente 8 semanas de duração do tratamento. Esta é uma grande limitação, porque muitas pessoas tomam antidepressivos por muito mais tempo do que isso (eu estive em tratamento por cerca de 10 anos, ironicamente a era do artigo de Kirsch et al.). A ausência de ensaios antidepressivos para tratamento de longo prazo não é culpa de Cipriani et al.: há muito pouca pesquisa a respeito [dos efeitos em médio e longo prazos], infelizmente”.

Spinning a Silk Purse From a Sow’s Ear: The Reaction to the Lancet’s Antidepressant Effectiveness Study, por Gary Sidley:

“Enquanto algumas pessoas expressam resultados muito positivos depois de tomar antidepressivos, o estudo publicado em Lancet confirma que a resposta média é uma redução modesta dos escores nas escalas de avaliação comumente usadas na medida da gravidade da ‘depressão’. Para a maioria dos seus usuários é improvável que essa pequena mudança esteja associada a qualquer melhoria significativa em seu bem-estar e qualidade de vida; para usar a linguagem da pesquisa em saúde mental, o resultado não tem significado clínico”.

Media Frenzy — Antidepressants Are Safe!, por Bob Fiddaman:

“O momento deste novo ‘estudo’ foi cuidadosamente elaborado por aqueles que se beneficiam financeiramente de promover o consumo de ‘antidepressivos’. Isso inclui as empresas farmacêuticas que pagaram uma grande parte dos estudos agrupados por Cipriani. O autor principal se encontra hoje ocupado a responder aos tweets preparados por admiradores da indústria que ficaram entusiasmados por vê-lo se aproximando deles. Não prestem atenção ao fato, porque Cipriani é realmente um imperador sem roupas “.

Antidepressants Are Effective, Right?, por Mad in America Radio Host e seu diretor James Moore:

“”Seja qual for o que está sendo dito no estudo, ou o debate que acontece em torno dele, nada disso diminui o poder de suas próprias experiências com essas drogas. Se você sentiu que eles o ajudaram ou o prejudicaram, afinal de contas é você o especialista de sua própria experiência “.

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McAtenção Plena: Budismo como é Vendido a Você pelos Neoliberais

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Em The Conversation: removidas de suas raízes éticas e contextuais, as práticas baseadas na atenção plena (mindfulness) são cada vez mais usadas para reforçar os ideais individualistas das sociedades capitalistas.

“De fato, as práticas baseadas na mente estão se mesclando com a lógica neoliberal do ‘autocuidado’. Parecem ser consistentes com o imperativo de que cada vez mais assumimos a responsabilidade de nossos próprios destinos individuais, à medida que são colocados à margem da comunidade. Esta é uma lógica que se tornou penetrante em nossas instituições públicas e privadas, onde a ‘auto-regulação’ em busca da resiliência é a nova palavra de ordem. Adapte-te ou tu perecerás.

Por conseguinte, a atenção plena (mindfulness) está sendo vendida como um refúgio do hiper-consumismo, ou como suporte para nossa luta para cumprir as pressões para aumentar a produtividade no local de trabalho. Está sendo usada, por exemplo, como uma forma de autodisciplina ao serviço de uma maior produtividade nas configurações corporativas e institucionais. Da mesma forma, a prática está sendo implantada por instituições para ajudar a mitigar as consequências em momentos de angústia elevadas, como é estar preparado para se adaptar às notícias de sua superfluidade iminente “.

Artigo →

Mindfulness

Agora, Depressão Crônica Induzida por Antidepressivos tem um Nome: Disforia Tardia

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robert-whitakerTrês artigos publicados há poucos anos, juntamente com um relatório de um grupo de Minnesota sobre resultados de saúde nesse Estado, fornecem novas razões para se refletir sobre esta questão: os antidepressivos pioram o curso de depressão a longo prazo? Como escrevi em Anatomia de uma Epidemia, acredito que existem provas convincentes de que as drogas fazem exatamente isso. Estes últimos artigos se somam a essa base de evidências.

Embora essa preocupação tenha surgido no final dos anos 1960 e início da década de 1970, quando um punhado de psiquiatras expressou preocupação de que os antidepressivos estavam causando uma “cronificação” do transtorno, foi em 1994 que o psiquiatra italiano Giovanni Fava, editor de Psicoterapia e Psicossomática, exortou a campo para enfrentar diretamente essa possibilidade. Ele escreveu: “No campo da psicofarmacologia, os praticantes têm sido cautelosos, se não temerosos, de abrir um debate sobre se o tratamento é mais prejudicial [do que útil]. . . Pergunto-me se chegou a hora de debater e iniciar pesquisas sobre a probabilidade de as drogas psicotrópicas realmente piorarem, pelo menos em alguns casos, a progressão da doença que deveriam tratar “.

Em trabalhos subsequentes, Fava apresentou uma explicação biológica para o motivo disso. As drogas psiquiátricas perturbam as vias do neurotransmissor no cérebro e, em resposta a essa perturbação, o cérebro sofre uma série de adaptações compensatórias em um esforço para manter o funcionamento normal desses sistemas. Em termos científicos, o cérebro está tentando restaurar seu “equilíbrio homeostático”. Fava apelidou essa resposta compensatória como uma “tolerância de oposição” à uma droga psiquiátrica.

Por exemplo, um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS) bloqueia a recaptação normal da serotonina da fenda sináptica, que é a pequena lacuna entre os neurônios. A serotonina agora permanece na fenda mais do que o normal, e os mecanismos de feedback imediatamente põem-se em marcha. Os neurônios pré-sinápticos começam a diminuir a serotonina do que o habitual, enquanto os neurônios pós-sinápticos – os neurônios que recebem a mensagem – diminuem a densidade de seus receptores para a serotonina. A droga atua como um acelerador da atividade serotoninérgica; O cérebro responde derrubando o freio.

Quando Fava levantou essa questão na década de 1990, vários pesquisadores norte-americanos escreveram que esta era uma preocupação válida, que precisava ser investigada. Aquele que fez isso foi Rif El-Mallakh na Faculdade de Medicina da Universidade de Louisville. Ele revisou periodicamente esta questão e, em um artigo publicado na edição de junho de Hipóteses Médicas, ele forneceu uma visão geral de “evidências emergentes de que, em alguns indivíduos, o uso persistente de antidepressivos pode ser pró-depressivo”.

Visão geral de El-Mallakh

No início da década de 1990, El-Mallakh observou que apenas cerca de 10% a 15% dos pacientes com doença depressiva maior apresentaram depressão resistente ao tratamento (e, portanto, estavam cronicamente doentes). Em 2006, os pesquisadores relataram que quase 40% dos pacientes estariam no momento em tratamento -resistente. Em um período em que o uso de antidepressivos ISRSs explodiu, a depressão refratária entrou em marcha.

Esta condição, escreve El-Mallakh, muitas vezes se desenvolve em pessoas que tiveram uma boa resposta inicial a um antidepressivo e que depois continuaram a tomar a droga. No entanto, até 80% dos pacientes mantidos em um antidepressivo sofrem uma recorrência dos sintomas, e uma vez que a “resposta inicial do tratamento é perdida”, os esforços contínuos para tratar o paciente recaído com antidepressivos frequentemente resultam em “resposta fraca e aumento do tratamento – depressão resistente”. Em última análise, esse processo – a prescrição contínua de antidepressivos a alguém que se tornou resistente ao tratamento – pode “tornar a depressão crônica permanente”, ele escreve.

Em sua discussão, El-Mallakh observa que pessoas sem história de depressão que são prescritas para antidepressivos por outras razões – ansiedade, transtorno de pânico ou porque estão servindo como “controles normais” em um estudo – podem ficar deprimidas, com essa depressão às vezes persistindo por um longo período de tempo depois que o antidepressivo é retirado. A razão pela qual os antidepressivos podem ter um “efeito pró-depressivo”, escreve El-Mallakh, é que “o tratamento contínuo da droga pode induzir processos que são o oposto do que a medicação produziu originalmente”. Esta é a “tolerância de oposição” que sobre a qual Fava escreveu, e este processo pode “causar um agravamento da doença, continuar por um período de tempo após a interrupção da medicação e pode não ser reversível”.

Este mesmo mecanismo básico – a tolerância de oposição a uma droga psiquiátrica – foi proposto como sendo uma causa da discinesia tardia (DT), que se desenvolve com alguma frequência em usuários de medicamentos antipsicóticos de longo prazo. A DT é caracterizada por movimentos repetitivos e sem propósito, como a lambida constante dos lábios, evidência de que os gânglios basais foram danificados pelas drogas. Apesar de várias explicações para a DT terem sido apresentadas, um pensamento é que é causado pela super-sensibilidade à dopamina induzida por drogas. Os antipsicóticos bloqueiam os receptores dopaminérgicos (e, em particular, um subtipo conhecido como o receptor D2), e na resposta compensatória, os neurônios do cérebro aumentam a densidade de seus receptores D2 e tornam-se “supersensíveis” para este neurotransmissor. Isso pode levar ao disparo constante de neurônios que controlam o movimento motor (como o movimento da língua), e mesmo quando o antipsicótico ofensivo é retirado, os sintomas TDT geralmente permanecem, o que sugere que o cérebro é incapaz de renormalizar suas vias dopaminérgicas.

Com os antidepressivos, o problema pode ser que os pacientes, por causa do processo de “tolerância oposicionista”, acabem com um sistema serotonérgico empobrecido. Os neurônios pós-sinápticos passam a ter uma densidade reduzida de receptores para serotonina; em estudos de ratos, o tratamento prolongado com um ISRS levou a níveis marcadamente reduzidos de serotonina em “nove áreas do cérebro”. El-Mallakh, em seu artigo, detalha várias outras maneiras pelas quais a exposição a um ISRS pode esgotar a função serotonérgica e observa que, em experimentos com animais jovens, essas deficiências estão “associadas a comportamentos depressivos e ansiosos maiores”.

Em conclusão, El-Mallakh escreve que “um estado depressivo crônico e resistente ao tratamento é proposto como ocorrendo em indivíduos que estão expostos a potentes antagonistas de bombas de recaptação de serotonina (isto é, ISRSs) por períodos de tempo prolongados. Devido ao atraso no início deste estado depressivo crônico, ele é rotulado de disforia tardia. A disforia tardia manifesta-se como um estado disfórico crônico que inicialmente é aliviado de forma transitória pela medicação antidepressiva – mas que, com o tempo, torna-se insensível. Os antidepressivos serotonérgicos podem ser de particular importância no desenvolvimento da disforia tardia”.

Outro lado da tolerância de oposição

El-Mallakh detalhou como a disforia tardia pode se desenvolver em pacientes que inicialmente respondem a um antidepressivo e depois permanecem em antidepressivos a longo prazo. Mas e se os pacientes responderem bem a um antidepressivo e então parar de tomar o medicamento? Os seus cérebros foram modificados pela exposição ao antidepressivo (ou seja, a tolerância de oposição se desenvolveu) e, assim, após a retirada da droga, eles são mais propensos a recaída do que se não estivessem expostos a um antidepressivo em primeiro lugar?

Esta é a questão investigada por Paul Andrews e seus colaboradores na Virginia Commonwealth University em um relatório que foi publicado on-line em Frontiers in Evolutionary Psychiatry. No estudo, Andrews comparou a taxa de recaída para os pacientes que tiveram a medicação trocada por placebo durante a fase inicial de um estudo e que, em seguida, permaneceram fora de fármaco durante um período de seguimento (grupo placebo-placebo), com as taxas de recaída para os pacientes que tiveram a medicação suspendida durante o estudo com um antidepressivo durante a fase e que permaneceram sem a droga durante o período de seguimento (grupo droga-placebo). Ele colocou a hipótese de que os pacientes expostos a drogas, devido à tolerância de oposição, teriam uma taxa maior de recaída, e ele descobriu que isso era verdade. Em uma meta-análise de 46 estudos, ele determinou que a taxa de recaída para o grupo placebo-placebo foi de 24,7%, em comparação com 44,6% para os pacientes com droga-placebo.

Em seguida, Andrews separou as taxas de recaída pelo tipo de antidepressivo. Sua hipótese era que a taxa de recaída após a retirada de drogas aumentaria de acordo com a potência da droga. Por exemplo, os ISRSs aumentam os níveis de serotonina muito mais do que os tricíclicos (e, portanto, são mais potentes nesse sentido), e Andrews argumentou que a força da resposta “tolerância de oposição” do cérebro a um ISRS seria maior do que era a tricíclica. Então, quando o antidepressivo é retirado, as “forças de oposição” que surgiram em resposta à droga funcionariam sem oposição e, portanto, quanto maiores as forças de oposição, maior o risco de recaída.

Andrews usa essa metáfora para explicar este processo: “À medida que se puxa uma mola da sua posição de equilíbrio, a mola exerce uma força de oposição que tenta levá-la de volta ao equilíbrio; quanto mais se desloca a mola da sua posição de equilíbrio, maior a força de oposição que a mola produz. Da mesma forma, os antidepressivos com maiores efeitos perturbatórios devem desencadear forças de oposição mais fortes que tentam trazer os níveis de [neurotransmissor] de volta ao equilíbrio. O acúmulo de tolerância de oposição sob tratamento antidepressivo poderia então fazer com que o sistema ultrapasse seu equilíbrio após a descontinuação e o grau de superação deverá ser proporcional ao efeito perturbatório do antidepressivo “.

Em sua meta-análise, Andrews descobriu que o risco de recaída varia de fato de acordo com a potência do antidepressivo. Quanto maior a potência, maior o risco de recaída. Esta conclusão, conclui, é consistente com a ideia de que as drogas induzem uma “tolerância de oposição” e que essa mudança coloca os pacientes em risco aumentado de recaída após a interrupção do uso de drogas.

A duração da exposição inicial ao antidepressivo pode afetar as taxas de recaída

A próxima pergunta levantada por esse modelo de “tolerância de oposição” é esta: será que ela, de alguma forma, se torna mais pronunciada ao longo do tempo, de modo que o risco de recaída após a retirada de drogas aumenta? As descobertas de um estudo francês de mais de 35.000 pacientes, que foram publicados em Farmacopsychiatry, sugerem que pode. Os investigadores franceses estudaram pacientes tratados com um antidepressivo para um episódio “indicador” de depressão e que depois pararam de tomar a medicação por pelo menos dois meses. Os pesquisadores analisaram então se esses pacientes – após esse período de dois meses – posteriormente, começaram a tomar um antidepressivo novamente, pois isso seria visto como um marcador de recaída.

Os cientistas franceses descobriram que aqueles que inicialmente tomaram um antidepressivo por menos de um mês antes da retirada foram menos propensos a recaída do que aqueles que tomaram um antidepressivo por dois a cinco meses. Aqueles que foram expostos a um antidepressivo por mais de seis meses tiveram mais do dobro do risco de recaída em comparação com aqueles expostos por menos de um mês (medido pelo retorno subsequente ao uso de antidepressivos).

Os investigadores franceses não consideraram se este maior risco de recaída poderia ser devido a uma mudança biológica desencadeada pelos antidepressivos. Na verdade, pode ser que aqueles que tomaram um antidepressivo por mais tempo a primeira vez estiveram mais gravemente doentes. Mas outra explicação possível é que as mudanças de “tolerância oposicionista” induzidas por um antidepressivo tornam-se mais pronunciadas ao longo do tempo, o que aumentaria o risco de recaída após a retirada do fármaco.

Ramificações clínicas

Como agora está bem documentado, nos ensaios clínicos de ISRS, as drogas não proporcionaram um benefício clínico significativo comparado ao placebo, para pacientes com depressão leve a moderada. Dada esta ausência de benefício, a revisão feita por El-Mallakh e as descobertas de Andrews e os cientistas franceses fornecem uma justificativa convincente para não prescrever um antidepressivo para pacientes do primeiro episódio com esta gravidade de depressão.

De acordo com a revisão de El-Mallakh sobre a literatura, se os pacientes respondem bem com o antidepressivo e depois permaneçam na droga por tempo indeterminado, correm alto risco de eventualmente sofrer uma recorrência de sintomas (mesmo quando estiverem na droga). Uma vez que isso acontece, o paciente está em risco significativo de se tornar cronicamente deprimido. No entanto, se os pacientes respondem bem com um antidepressivo e depois se retiram da medicação, o estudo de Andrews mostra que eles estão em maior risco de recaída do que se tivessem melhorado com placebo. Além disso, o estudo francês sugere que esse risco de recaída pode aumentar com o tempo de exposição à droga antes da retirada. Mas se um paciente tiver realmente a recaída e depois voltar para um antidepressivo, essa pessoa pode agora estar no caminho que leva a doenças crônicas.

Em outras palavras, a exposição inicial a um antidepressivo – devido a essa “tolerância de oposição” induzida por drogas, pode levar a um mal resultado a longo prazo. Em contrapartida, as pessoas que fizeram uso de placebo não sofreram alterações cerebrais de “tolerância oposicionista” e, portanto, podem ter um prognóstico muito melhor a longo prazo.

Relatório Glum de Minnesota sobre os Resultados da Depressão

O teste STAR * D, que foi financiado pelo NIMH, fornece evidências de como, em nossa era moderna do ISRS, a depressão tem um percurso muito crônico. Uma vez que Ed Pigott e outros analisaram cuidadosamente os dados STAR * D, ficou-se sabendo que apenas 108 dos 4041 pacientes que entraram no ensaio tiveram remissão e depois ficaram bem e permaneceram na investigação durante o follow-up de um ano. Todos os outros pacientes não conseguiram remissão, recaíram ou abandonaram.

Agora, vem um relatório da MN Community Measures, uma organização sem fins lucrativos em Minnesota, que reúne resultados de saúde de dados nesse estado. Em 2010, eles relataram que apenas 5,8% dos 23.887 pacientes tratados com depressão estavam em remissão no final de seis meses e que apenas 4,5% estavam em remissão no final de doze meses. Em outras palavras, 95% dos pacientes em Minnesota com depressão maior agora parecem estar cronicamente doentes.

Qual o próximo?

O contexto histórico para esses resultados desanimadores é o seguinte: na década de 1960, no início da era antidepressiva, os especialistas nesta desordem escreveram regularmente que a depressão era um transtorno episódico, que poderia se esperar ser resolvido com o passar do tempo. Como Dean Schuyler, chefe da seção de depressão no NIMH explicou em um livro de 1974, a maioria dos episódios depressivos “seguirão seu curso e terminará com uma recuperação praticamente completa sem intervenção específica”. Em 1969, George Winokur, um psiquiatra da Universidade de Washington, abordou na mesma linha de raciocínio: “A garantia pode ser dada a um paciente e a sua família que episódios subsequentes de doença após uma primeira mania ou mesmo uma primeira depressão não tendem a um curso mais crônico”.

Mas agora, estamos 40 anos depois, com talvez dez por cento dos adultos americanos tomando um antidepressivo, e os pesquisadores estão escrevendo sobre “tolerância de oposição” e “disforia tardia” induzida por drogas. Essa é certamente uma história de resultados de saúde que precisa ser investigada, e se queremos colocar isso em um contexto moral ainda mais nítido, precisamos apenas considerar isso: muitos adolescentes agora estão sendo prescritos com antidepressivos, e quando tomam a droga, seus cérebros desenvolverão “tolerância de oposição”. Qual porcentagem desses jovens acabará com disforia tardia, portanto sofrerá de depressão crônica ao longo da vida?

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Recomendamos a leitura do livro de Robert Whitaker, traduzido para o português, Anatomia de uma Epidemia, publicado pela Editora da Fiocruz ( Editores do Mad in Brasil).

 

O Pior Pesadelo para uma Mãe Continua

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cindy-perlinA história de Marci Webber foi publicada anteriormente em Mad in Brasil em 13 de dezembro de 2016 (Um Pesadelo de Mãe: Terrível, muito Terrível). Em 2010, Marci era uma mãe solteira com três filhos e estudante de direito. Estava lhe sendo prescrito uma variedade crescente de medicamentos psiquiátricos, com monitoração médica fraca para o estresse, e ela experimentou um episódio psicótico induzido por medicação. Sob a ilusão de que sua filha de quatro anos, Maggie, estava prestes a encontrar um destino terrível, ela a matou para ‘salvá-la’ e então tentou se matar. Ela foi considerada não culpada, por insanidade, e condenada a ficar em um manicômio judiciário estadual no estado de Illinois por até 99 anos.

Eu sou a ex-terapeuta de Marci e conheço-a desde 2002. Desde há mais de sete anos, Marci e eu tentamos sem sucesso fazer com que o sistema de saúde mental e o sistema judicial reconheçam a verdadeira causa de seu crime e deixá-la ir. Em vez disso, Marci tem sido cada vez mais cruel e desumanamente tratada e retaliada por estar falando a verdade.

Em 5 de janeiro, enviei a seguinte carta de queixa à Procuradoria Geral da Illinois, levantando a possibilidade de corrupção oficial. A Procuradoria Geral da República declinou agir, remetendo a carta ao Departamento de Serviços Humanos da Illinois e à Secretaria do Inspetor Geral. Até o momento, nada foi feito para ajudar Marci.

Aqui está a carta que eu escrevi. Um trecho:

“Estou lhe exortando a investigar esta situação. Uma grande injustiça está sendo feita. Jeff York é encarregado da responsabilidade de defender Marci e defendê-la e, em vez disso, ele saiu do seu caminho para sabotar seu caso. Alguns meses atrás, eu reclamei uma queixa da ARDC contra ele, que não foi a lugar nenhum. O Dr. Corcoran é encarregado de seu tratamento, mas conscientemente mentiu sobre seu estado mental para mantê-la trancada (a um custo para os contribuintes, aliás, de US $ 250.000 por ano) e está supervisionando e provavelmente ordenando seu tratamento cruel e desumano. Por que eles fariam isso se não houvesse uma motivação ulterior? E por que o juiz Bakalis não está substituindo York apesar dos repetidos pedidos, mesmo depois de ter visto sua inadequação na representação de Marci?”

Marci está lutando nas instalações onde ela atualmente está sendo mantida, mas ela está fazendo fé de que ainda tem chance de ter alta em seis meses. Ela gostaria muito de receber cartas de apoio. Por favor, considere escrever para ela no Centro de Saúde Mental Elgin, , 750 South State Street, Elgin, IL 60123, ou chamá-la para (847) 429-5748 ou  (847) 742-1040, ext. 3231. Também ajudaria se a procuradora geral Lisa Madigan recebesse cartas pedindo que ela investigue a situação de Marci. Você pode escrever para ela no endereço na carta vinculada acima.

Marci também está buscando um advogado para apresentar litígios civis em uma ou todas as seguintes áreas: violações dos direitos civis, negligência médica, negligência legal e / ou responsabilidade do produto. Se você pode ajudar ou tem sugestões de alguém que pode, envie-me um e-mail para [email protected].

Decisões Difíceis com os Antidepressivos

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Neste curto texto para Research with Plymouth University, Richard Byng discute a dificuldade que tanto os médicos quanto os pacientes experimentam para discernir a eficácia dos antidepressivos em cada caso particular e tomar decisões sobre iniciar ou continuar com antidepressivos. Ele defende uma abordagem centrada na pessoa para desvendar a evidência.

“Como clínico, eu comecei a ser mais honesto sobre a evidência, explicando que ‘enquanto a maioria das pessoas melhora ao tomar antidepressivos, não saberemos se, quando você está melhor, isso é devido ao placebo, a outras coisas positivas que você está tendo, ao processo natural de mudanças de humor ou, o que é menos provável, ou a um efeito positivo da droga’ Eu sei que assim estou reduzindo a resposta do placebo, não apenas pelos benefícios de ser mais honesto comigo mesmo e com o paciente, mas porque agora compartilho as sérias preocupações de Gotzsche com os danos a longo prazo. Agindo assim é uma conversa muito mais difícil e que deve ser feita com sensibilidade, compaixão e, se possível, com algumas soluções alternativas.

“Talvez o que seja mais bizarro é que, como médicos, achamos difícil acreditar que os produtos químicos que são projetados para entrar no cérebro e afetar a função de sinapse possam ter o potencial de causar danos, se infundidos continuamente durante meses ou anos. Inicialmente, eles causam um desequilíbrio químico que pode levar a se sentir bem ou mal (ou mais frequentemente neutro), o cérebro então reage para compensar e criar um novo estado estável (se sentir melhor ou pior); parar significa que essa transição entra em algum tipo de reversão (às vezes com efeitos colaterais), enquanto que continuar parece resultar em algum tipo de mudanças estruturais neuronais, cujos benefícios ou danos são incertos.

“Eu costumo colocar os efeitos físicos e psicológicos significativos relatados por pacientes enquanto efeitos colaterais de drogas reais. Minha lógica complicada então pensa que, se há algumas pessoas que pioram, provavelmente há algumas pessoas que se beneficiam significativamente no curto prazo (equilibrando-se como uma melhoria média líquida que é marginal). Isso nos leva de volta ao dilema de se o paciente que está melhor realmente se beneficiou da droga. Não é tão ruim quanto encontrar uma agulha no palheiro, mas não devemos simplesmente interpretar as melhorias como sendo reduzidas à medicação. Muito ao contrário. Mas se o efeito médio nos ensaios de curto prazo for ligeiramente positivo, será que por isso devemos simplesmente seguir prescrevendo? As diretrizes oficiais sugerem que devemos. Quando os pacientes estão bastante claros dos benefícios adquiridos, particularmente quando sustentados ou repetidos, e nada mais bom aconteceu em suas vidas, o que poderia tê-lo ajudado, eu tenho mais chances para acreditar que a droga tenha de fato algum efeito positivo e para continuar prescrevendo. Sem uma evidência temporal clara de benefício, agora me preocupo muito com continuar a prescrever; mas normalmente continuarei se o paciente solicitar, apesar de compartilhar com ele as minhas preocupações”.

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Novo Artigo Detalha Críticas ao Diagnóstico Psiquiátrico ao longo da História

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ZenobiaEm um novo artigo, o Dr. Kenneth Kendler e o Dr. Eric Engstrom fazem uma revisão das críticas históricas do sistema de diagnóstico criado por Emil Kraepelin e publicado no final dos anos 1800. Ao contextualizar historicamente o debate em torno do diagnóstico psiquiátrico, os autores demonstram como as críticas modernas dos paradigmas diagnósticos estão ligadas a observações de longa data.

Esta revisão, publicada no American Journal of Psychiatry, toma como foco as principais críticas ao paradigma de Kraepelin que foram publicadas durante sua vida (1856-1926). São destacadas seis perspectivas, entre elas as de Adolf Meyer, Friedrich Jolly, Eugenio Tanzi, Alfred Hoche, Karl Jaspers e Willy Hellpach.

“Perguntas sobre a qualidade da base empírica do sistema de diagnóstico de Kraepelin continua até hoje a serem feitas”, escrevem Kendler e Engstrom. “Na verdade, os críticos têm argumentrado que um grande problema com nossa nosologia do DSM, influenciada por Kraepelin, é a sua excessiva reificação”.

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Image eq página 765 do livro “Diseases of the nervous system: a textbook of neurology and psychiatry” (1915)

Emil Kraepelin (1896-1927) foi um psiquiatra alemão e é amplamente reconhecido como o fundador dos sistemas de diagnóstico psiquiátrico modernos e da psicofarmacologia. Kraepelin se consagrou havendo assumido a posição de que as doenças mentais são entidades biológicas e que seu sistema de diagnóstico tornaria possível a identificação de uma etiologia, forma psicológica, desenvolvimento, curso e resultado comum para cada doença mental.

No entanto, os sistemas de diagnóstico inspirados em Kraepelin existentes hoje, como o DSM-5, têm sido objeto de críticas significativas (ver matéria do MIA), apesar do uso generalizado. Em seu artigo, Kendler e Engstrom descrevem como essas seis críticas históricas da nosologia de Kraepelin reverberam nos debates nos dias atuais.

Enquanto alguns criticaram a validade dos procedimentos de Kraepelin, as amostras clínicas e as pretensões subsequentes, ele foi especialmente criticado pelas lacunas em sua afirmação de que o sofrimento mental está relacionado a doenças distintas. Kraepelin distinguiu dois diagnósticos primários: “demência precoce”, que corresponde às definições modernas de “esquizofrenia”, e “insanidade maníaco-depressiva”, uma definição que corresponde ao uso atual de distúrbios afetivos ou emocionais, incluindo transtorno bipolar ou depressão.

Adolf Meyer (1896-1927) questionou a suposição de Kraepelin de que suas categorias diagnósticas eram independentes de influência externa. Além disso, criticou a homogeneidade dessas categorias diagnósticas e o fato de que esses diagnósticos foram definidos de forma independente dos sistemas psicológicos.

Da mesma forma, Friedrich Jolly (1896) criticou Kraepelin por sua inconsistência na definição de transtornos. Às vezes ele enfatizava o curso como o fator determinante de demência precoce ou a insanidade maníaco-depressiva, e outras vezes ele enfatizava os sintomas. As categorias de diagnóstico também foram atacadas por serem muito amplas e correr o risco de excessos de diagnóstico.

“Não é óbvio por que os casos de melancolia que surgem no climatério devem, de fato, ser melancolia e não outra coisa, tampouco por que basta caracterizá-los principalmente de acordo com os sintomas, enquanto que em outras fases da vida o que tem um processo idêntico deve ser objeto de uma interpretação completamente diferente “.

Os autores citam Jolly: “Até que ponto ele criou ‘doenças’ ou, no mínimo, até que ponto suas doenças são entidades distintas do ponto de vista da patologia …?”

Mesmo assim, nem todos esses críticos descartaram completamente a nosologia de Kraepelin. Alguns, por exemplo, Eugenio Tanzi (1905), identificaram limitações e ofereceram conceituações alternativas para melhorar a clareza e precisão dos sistemas de diagnóstico. Kendler e Engstrom descrevem a posição de Tanzi:

“Tanzi salvou a sua crítica mais forte para o conceito de insanidade maníaco-depressiva de Kraepelin. Kraepelin, ele escreveu, afirma que a melancolia e a mania … ocorrem em um estado puro apenas em forma periódica e, em sua maioria, de forma indiscriminada – ou seja, não são duas doenças agudas e distintas, mas constituem uma doença única, crônica, constitucional, com dois aspectos diferentes “.

Outros críticos consideraram o livro-texto de Kraepelin como “nada mais do que uma moda passageira”, que havia conquistado a atenção com sucesso devido ao status de Kraepelin e a escrita habilidosa, em vez de qualquer apoio empírico substancial. Alfred Hoche (1912) assumiu essa posição. Ele escreveu:

“Subjacente a todos esses esforços ocupados é a crença inabalável de que mesmo no campo da psiquiatria deva ser possível descobrir formas de doença claramente definidas, puras e uniformes. Esta é uma crença que é cuidadosamente nutrida pela analogia com a medicina física sem que seja dada atenção ao fato de que a natureza das relações entre sintoma e substrato anatômico … não oferece base para qualquer comparação entre elas “.

Da mesma forma, Karl Jaspers (1913) criticou três pontos principais que eram fundamentais para a nosologia de Kraepelin: (1) que a observação clínica de fenômenos mentais poderia validar a hipótese de que os transtornos mentais são entidades de doenças independentes, (2) que resultado comum são evidências de uma doença comum, e (3) que o conceito de ‘entidade da doença’ poderia ser totalmente estabelecido.

Os autores descrevem a posição de Jaspers:

“Citando o filósofo alemão Kant, Jaspers insistiu que as entidades da doença não eram objetos alcançáveis, mas sim ideias reguladoras que serviriam para orientar a pesquisa acadêmica. Ele deu a Kraepelin crédito por reconhecer que a ideia de entidades de doenças ajudava a gerar linhas produtivas de pesquisa psiquiátrica, mas advertiu o perigo de assumir que categorias nosológicas como demência precoce ou demência maníaco-depressiva representavam verdadeiramente entidades de fato e naturais “.

Jaspers, além disso, criticou o livro-texto da Kraepelin, porque ele viu que ele não fornecia quadro coerente dos pacientes individuais. Ele se referiu a ele como um “mosaico sem fim”.

Finalmente, ao avaliar o sucesso dos esforços de Kraepelin, Willy Hellpach (1919) “concluiu que esse esforço não conseguiu corresponder às expectativas”. Mais especificamente, ele criticou seus métodos, novamente criticando o foco na evolução e resultado da doença. Os diversos sintomas de cada caso foram obscurecidos com os de qualquer outro caso, tornando-se um conglomerado indistinguível que ofereceu pouca utilidade.

Kendler e Engstrom resumem este importante ponto:

“Ao empilhar sintoma sobre sintoma no interesse de uma maior sutileza e objetividade, Kraepelin sugeriu implicitamente que a evidência clínica estava sendo mais importante do que realmente era na prática. Os alunos poderiam, portanto, dificilmente evitar a conclusão dúbia que nosologia foi nada mais do que puramente ‘uma falsificação especializada’ (49, p. 344) com as evidências e que, na sua prática do dia-a-dia, psiquiatras foram reduzidos simplesmente a diagnosticar a loucura.”

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Kendler, K. S., & Engstrom, E. J. (2017). Criticisms of Kraepelin’s Psychiatric Nosology: 1896–1927. American Journal of Psychiatry, appi-ajp. (Link)

Desafiando a Nova Propaganda em Massa sobre os Antidepressivos

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jmoncrieff-150x150O extraordinário exagero da mídia sobre a última meta-análise de antidepressivos é um retrocesso de anos na discussão acerca desses remédios. Apesar do fato de que 9% da população do Reino Unido está tomando antidepressivos[1], e as taxas de prescrição duplicaram na última década [2], os autores da análise estão pedindo mais prescrição. John Geddes sugeriu no jornal The Sun que apenas 1 em cada 6 pessoas está recebendo tratamento adequado para depressão em países de alta renda. Em The Guardian, ele estima que mais de 1 milhão de pessoas precisam de tratamento com antidepressivos no Reino Unido, mas por minha matemática, se 9% já os estão tomando e eles apenas representam 1 em cada 6 daqueles que precisam, então 54% da população já deveria estar tomando-os. Eu estimaria assim que mais 27 milhões de pessoas!

New hype of antidepressants

A cobertura foi quase que universalmente acrítica, e disse pouco sobre os terríveis efeitos adversos que algumas pessoas podem sofrer enquanto tomam antidepressivos, ou enquanto tentam sair deles. Mesmo The Guardian afirmou que o novo estudo “inovador” vai “colocar de lado dúvidas sobre os antidepressivos.

Mas não há nada inovador sobre esta última meta-análise. El simplesmente repete os erros das análises anteriores. Embora eu já tenha escrito sobre isso muitas vezes antes, resumirei rapidamente os pontos relevantes.

A análise consiste em comparar as taxas de “resposta” entre pessoas em antidepressivos e aquelas em placebo. Mas a “resposta” é uma categoria artificial que é arbitrariamente construída a partir dos dados realmente coletados, que consistem em pontuações em escalas de avaliação de depressão, como a Escala de Depressão de Hamilton (HRSD). A análise das categorias infla diferenças [3]. Quando as pontuações reais são comparadas, as diferenças são triviais, totalizando cerca de 2 pontos no HRSD, que tem uma pontuação máxima de 54. É improvável que essas diferenças sejam clinicamente relevantes, como já expliquei anteriormente. As pesquisas que comparam as pontuações da HRSD com pontuações em uma avaliação global de melhora sugerem que essa diferença nem sequer seria notada, e você precisaria de uma diferença de pelo menos 8 pontos para registrar ‘melhoria leve’.

Além disso, mesmo essas pequenas diferenças são facilmente explicadas pelo fato de que os antidepressivos produzem alterações mentais e físicas mais ou menos sutis (por exemplo, náuseas, boca seca, sonolência e vibração emocional) independentemente de tratar ou não a depressão. Essas alterações permitem aos participantes adivinhar se foram alocados para antidepressivos ou placebo mais do que seria esperado por acaso [4]. Os participantes que recebem os fármacos ativos podem, portanto, experimentar efeitos de placebo amplificados, pois sabem que estão tomando uma droga ativa e não um placebo inativo. Isso pode explicar por que os antidepressivos que causam as alterações mais visíveis, como a amitriptilina, pareciam ser os mais efetivos na análise recente.

Ensaios clínicos com antidepressivos geralmente incluem pessoas que já estão em antidepressivos. Essas pessoas podem sofrer sintomas de abstinência se forem randomizadas para o placebo, o que, dado que quase nenhuma prova de antidepressivo presta a menor atenção aos problemas de dependência de antidepressivos, é altamente provável que sejam classificados como recaídas.

A análise apenas aborda os dados durante oito semanas de tratamento, enquanto na vida real as pessoas geralmente tomam antidepressivos por meses ou mesmo anos. Poucos ensaios randomizados e controlados com placebo investigaram efeitos a longo prazo, mas estudos do ‘mundo real’ das pessoas tratadas com antidepressivos mostram que a proporção de pessoas que aderem ao tratamento recomendado, o número dos que se recuperam e não recaem dentro de um ano é incrivelmente baixo (108 das 3110 pessoas que se matricularam no estudo STAR-D e preencheram os critérios de inclusão) [5]. Além disso, vários estudos descobriram que os resultados das pessoas tratadas com antidepressivos são piores do que os resultados de pessoas com depressão que não são tratadas com antidepressivos [6] [7], mesmo em um caso após o controle da gravidade da depressão (conforme o possível) [8]. O enorme aumento na prescrição de antidepressivos nas últimas três décadas foi acompanhado por um aumento substancial no número de pessoas que recebem benefícios de invalidez de longo prazo devido a depressão e transtornos relacionados no Reino Unido e isso é ao mesmo tempo quando os benefícios para outros distúrbios, como a dor nas costas, têm diminuído [9].

Pedir que os antidepressivos sejam mais amplamente prescritos não fará nada para enfrentar o problema da depressão e só aumentará os danos que essas drogas produzem. Os efeitos adversos dos antidepressivos ISRS mais utilizados incluem disfunção sexual, que em casos raros parecem persistir após a descontinuação do fármaco [10], agitação, comportamento suicida e agressivo entre usuários mais jovens [11], efeitos de abstinência prolongada e severa [12] e anormalidades fetais [13] com algumas drogas. Felizmente, os efeitos mais graves provavelmente são raros, mas eles se tornarão um problema mais significativo se as taxas de prescrição aumentarem ainda mais. Os danos causados por incentivar as pessoas a considerarem-se como tendo uma doença que requer tratamento médico a longo prazo são difíceis de quantificar.

À medida que o debate em torno da cobertura é destacado, muitas pessoas sentem que foram ajudadas por antidepressivos, e algumas estão felizes por considerar ter algum tipo de doença cerebral que os antidepressivos corrigem. Essas ideias podem ser tranquilizadoras. Se as pessoas tiverem acesso a informações equilibradas e decidirem que essa visão se adequa a elas, então está tudo bem. Mas, para que as pessoas façam suas próprias ideias sobre o valor ou não dos antidepressivos e a compreensão da depressão que vem em seu rastro, elas precisam estar cientes de que a história que o médico possa lhes haver contado sobre o desequilíbrio químico em seu cérebro e as pílulas que o corrigem não são apoiadas pela ciência, e que a evidência de que essas pílulas são mais eficazes do que os comprimidos falsos é muito escassa.

Muitas pessoas se perguntarão por que diacho estamos reagindo dessa maneira ao crescente peso da miséria humana. Por que não estamos perguntando por que é que tantas pessoas no mundo moderno se sentem miseráveis e estressadas? Quais são as pressões que as pessoas estão submetidas que tornam a vida tão difícil? Eu poderia nomear muitos: emprego inseguro ou inadequado, finanças e habitação, solidão, pressão crescente para realizar e atingir metas cada vez maiores no trabalho e na escola e a natureza desaparecendo da comunidade em muitas áreas. Estas são as coisas que precisamos focar para conter a ‘epidemia de depressão’ – não é distribuindo mais placebos com efeitos colaterais!

Referências Bibliográficas:

[1] Lewer D, O’Reilly C, Mojtabai R, Evans-Lacko S. Antidepressant use in 27 European countries: associations with sociodemographic, cultural and economic factors. Br J Psychiatry 2015 Sep;207(3):221-6.

[2] NHS Digital. Antidepressants were the area with largest increase in prescription items in 2016. Cited 2018 Feb 23; Available from: URL: http://content.digital.nhs.uk/article/7756/Antidepressants-were-the-area-with-largest-increase-in-prescription-items-in-2016

[3] Kirsch I, Moncrieff J. Clinical trials and the response rate illusion. Contemp Clin Trials2007;28:348-51.

[4] Fisher S, Greenberg RP. How sound is the double-blind design for evaluating psychotropic drugs? J Nerv Ment Dis 1993 Jun;181(6):345-50.

[5] Pigott HE, Leventhal AM, Alter GS, Boren JJ. Efficacy and effectiveness of antidepressants: current status of research. Psychother Psychosom 2010;79(5):267-79.

[6] Ronalds C, Creed F, Stone K, Webb S, Tomenson B. Outcome of anxiety and depressive disorders in primary care. Br J Psychiatry 1997 Nov;171:427-33.

[7] Dewa CS, Hoch JS, Lin E, Paterson M, Goering P. Pattern of antidepressant use and duration of depression-related absence from work. Br J Psychiatry 2003 Dec;183:507-13

[8] Brugha TS, Bebbington PE, MacCarthy B, Sturt E, Wykes T. Antidepressants may not assist recovery in practice: a naturalistic prospective survey. Acta Psychiatr Scand 1992 Jul;86(1):5-11.

[9] Viola S, Moncrieff J. Claims for sickness and disability benefits owing to mental disorders in the UK: trends from 1995 to 2014. BJPsych Open 2016;2:18-24.

[10] Farnsworth KD, Dinsmore WW. Persistent sexual dysfunction in genitourinary medicine clinic attendees induced by selective serotonin reuptake inhibitors. Int J STD AIDS 2009 Jan;20(1):68-9.

[11] Sharma T, Guski LS, Freund N, Gotzsche PC. Suicidality and aggression during antidepressant treatment: systematic review and meta-analyses based on clinical study reports. BMJ 2016 Jan 27;352:i65.

[12] Fava GA, Gatti A, Belaise C, Guidi J, Offidani E. Withdrawal Symptoms after Selective Serotonin Reuptake Inhibitor Discontinuation: A Systematic Review. Psychother Psychosom2015 Feb 21;84(2):72-81.

[13] Reefhuis J, Devine O, Friedman JM, Louik C, Honein MA. Specific SSRIs and birth defects: Bayesian analysis to interpret new data in the context of previous reports. BMJ2015;351:h3190.

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Nota do Mad in Brasil: Vale a pena ver essa curta entrevista no Channel 4 News, Reino Unido, com uma usuária de antidepressivos e a Dra. Joanna Mocrieff, que foi ao ar, ao vivo, no dia 22 de fevereiro último.

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