Johann Hari e seu último livro: Lost Connections

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James MooreEsta semana, no MIA Radio, James Moore entrevistou o jornalista e autor Johann Hari. Johann é hoje um dos mais importantes cientistas e escritores de ciências sociais. Além de escrever regularmente para o jornal New York Times e o Independent, ele tem escrito uma farta literatura sobre questões de ciências sociais e direitos humanos. Seu livro de 2015 Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs desafia o que acreditamos sobre o vício, e a sua conversa em TED sobre as nossas respostas ao vício já foi vista mais de 20 milhões de vezes.

Johann recebeu duas vezes a designação de “Jornalista do Ano” pela Anistia Internacional. E ele foi nomeado “Comentador Cultural do Ano” e “Comentador Ambiental do Ano” no Comment Awards.

Nesta entrevista, conversamos sobre o último livro de Johann, , Lost Connections: Uncovering the Real causes of Depression and the Unexpected Solutions, que foi chamado de “mudando o jogo” e recebeu aplausos por sua explicação sobre as questões sociais e culturais que levam à depressão e à ansiedade.

 

 

Na entrevista, discutimos:

  • Como Johann se interessou pelo jornalismo e começou a escrever sobre questões de justiça social e direitos humanos.
  • O que o levou a querer escrever um livro parcialmente baseado em suas próprias experiências com depressão e ansiedade, mas também que fornece evidências de questões sociais e culturais que podem estar subjacentes ao aumento dramático no número de pessoas que procuram apoio para sofrimento emocional.
  • Os fatos por trás da teoria do desequilíbrio químico da doença mental.
  • O papel do modelo bio-psicopedagógico do sofrimento mental e o motivo pelo qual podemos ter focado predominantemente nas intervenções biológicas.
  • Prescrição social como meio para permitir a conexão entre pessoas que lutam com depressão e ansiedade.
  • A Escala de Depressão de Hamilton nos mostra que o efeito de drogas antidepressivas é pequeno quando comparado às melhorias que podem ser alcançadas sem terapia medicamentosa.
  • Como Johann gostaria de alargar a definição do que pode ser considerado um “antidepressivo”.
  • Como a falta de poder está muitas vezes no cerne da má saúde.
  • Como o estigma se relaciona com nossas percepções de um indivíduo que é rotulado com doenças mentais e como ele muda quando passamos a pensar que alguém tem um problema biológico.
  • As experiências de Johann no distrito de Kotti em Berlim.
  • Que as pessoas possam ouvir o áudio das muitas entrevistas realizadas para o livro em https://thelostconnections.com

Links importantes:

Lost Connections: Uncovering the Real causes of Depression and the Unexpected Solutions

Johann Hari talk at the Royal Society for the encouragement of Arts, Manufacturers and Commerce (RSA)

Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs

TED Talk, Everything you think you know about addition is wrong

Para entrar em contato conosco, basta colocar como título podcast: [email protected]

 

© Mad in Brasil 2018

 

Dependência a Drogas Psiquiátricas Prescritas

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The Guardian, um dos mais respeitados jornais da mídia internacional, acaba de lançar uma pesquisa sobre dependência química a drogas psiquiátricas.

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Recentemente o governo britânico, através do ministro da saúde pública, decidiu fazer uma investigação sobre o crescente problema de dependência química entre seus cidadãos. Os dados são estarrecedores: 1 de cada 11 pacientes tratados pelo seu sistema público de saúde (NHS) no último ano recebeu prescrição de uma droga potencialmente indutora de dependência. Isso inclui analgésicos, antidepressivos e medicamentos para tratamento de insônia.

The Guardian convida seus leitores a compartilhar suas experiências:

“Queremos ouvir os nossos leitores sobre este assunto. Você já teve dificuldades em se retirar de analgésicos e antidepressivos? Deve haver mais apoio? Você tem grandes preocupações? Compartilhe suas histórias com a gente preenchendo o formulário abaixo. Apresentaremos algumas de suas histórias em nossos relatórios.”

E nós aqui no Brasil?

Leia a matéria na íntegra →

 

Se “Doenças Mentais” não são Doenças Reais, o Que São?

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LawrenceThomas Szasz explicou que ‘doenças mentais’ não são realmente doenças.[1] Isso foi verificado por uma meta-análise de 107.000 estudos que não conseguiram encontrar sequer um marcador biológico para qualquer doença mental. [2]. No entanto, esta verdade não é amplamente aceita. Isso é provável porque ele esclareceu o que não é, mas não o que é, e é algo. Ele apenas disse que são problemas de vida, o que simplesmente substitui um rótulo subjetivo por um outro. Por que algumas maneiras de viver são chamadas de problemas ou doenças, mas não outras? Para descobrir o porquê, vou dissecar os diferentes componentes da definição de doença mental da APA (Associação Americana de Psiquiatria), e por processo de eliminação, vou determinar exatamente o que queremos dizer com esses conceitos.

A APA diz: “As doenças mentais são condições de saúde que envolvem mudanças no pensamento, emoção ou comportamento associadas ao sofrimento e problemas de funcionamento nas atividades sociais, de trabalho ou nas famílias”.

Dizer que a doença mental é uma condição de saúde mental é redundante / não explicativa. É apenas a APA tentando nos fazer ceder e aceitar que as doenças mentais são doenças reais, ao dizer isso repetidamente.

Dizer que as doenças mentais são certos pensamentos, emoções ou comportamentos parece ser válido (pelo menos, afirmar que são certos pensamentos ou comportamentos, na media em que há poucas emoções e nós todos as experimentamos).

Dizer que são mudanças no pensamento / comportamento provavelmente significa mudanças do normal. Mas se isso significa raridade, então é inválido – Einstein usou o pensamento incomum para desenvolver a teoria da relatividade, mas não foi chamado de doente mental por isso. As mudanças tampouco não podem significar estados extremos, já que os jogadores de piano extremamente bons não são rotulados como doentes. E não pode significar irracionalidade, já que a maioria de nós tem crenças não baseadas na realidade (como doenças mentais serem doenças reais); apenas alguns são considerados ‘loucos’.

Sofrimento psíquico não é o que define, pois todos sofremos de tristeza, frustração e ansiedade. Embora varie em grau, a vida é uma luta para todos. É apenas porque somos criados / treinados para que apenas vejamos certas maneiras de lidar como sendo doenças mentais e, portanto, é apenas porque deduzimos que as pessoas que lidam com suas dificuldades por meio dessas formas que elas têm problemas e precisam de ajuda. Se as pessoas ouvem musicas ou assistem a filmes, não assumimos que o façam para lidar com o estresse, mas por que elas fariam isso? Como Maslow diz: “O homem é um animal incesssantemente desejante” [3], cujas ações são todas impulsionadas por necessidades insaciáveis, como alimentos, segurança, amor, estima e satisfação.

Os doentes mentais sofrem mais devido aos seus sintomas? Não – seus sintomas não são impingidos a eles por demônios ou doenças no cérebro; não há um marionetista controlando-os. Portanto, os sintomas devem ser voluntários (mesmo que não totalmente conscientes disso), são ferramentas de enfrentamento aprendidas que se tornaram hábitos, já que funcionam para a pessoa de alguma forma, assim como a música ou o cinema o fazem para o ‘não-enfermo’. Como Szasz diz: Os sintomas devem ser “adaptativos como um tipo de estratégia de vida econômica ou interpessoal … senão a pessoa já teria mudado isso”. [4]. Nossos prodigiosos cérebros e o nosso livre arbítrio nos permitem escolher entre ferramentas de enfrentamento infinitamente diversas. Algumas ferramentas são consideradas saudáveis e outras são consideradas doentes. Os sintomas não causam sofrimento psíquico; eles são apenas termos usados para conotar certas formas de lidar com ele. Quais as formas?

Se eu lidar com os problemas ouvindo música ou me engajando em qualquer atividade que venha a excluir o trabalho ou a interação com outras pessoas, então eu serei visto como sofrendo de ansiedade, esquizofrenia, vício, depressão ou TOC. Uma vez que ouvir música pode ser saudável ou dependente de seu contexto, a doença mental não pode se referir a certos tipos de pensamento ou comportamento, afinal de contas. Assim, a única parte da definição de ‘doença mental’ da APA, que é um fato objetivo, e não um julgamento de valor, é: o funcionamento reduzido nas áreas de trabalho (emprego) ou na área social (maneiras de interagir que a sociedade aprova). O DSM é uma mistura de estilos de enfrentamento não relacionados que apenas têm esse aspecto em comum; é por isso que esse é o único critério necessário para todos os seus distúrbios.

Por que um conceito tão enganador e estigmatizante como é o de doença mental evolui?

Uma sociedade só prospera se seus membros abandonarem a liberdade de perseguir à vontade seus desejos egoístas e, em vez disso, trabalharem em equipe para contribuir com o bem comum, em troca dos benefícios da vida em uma sociedade segura / eficiente. Rousseau [5] e Hobbes [6] chamaram isso de ‘contrato social’. As sociedades prósperas impedem os membros de se prejudicar uns aos outros através de leis impostas pela polícia, tribunais e prisões. O sucesso de uma sociedade também depende das pessoas que desaprovam aqueles que colocam seus próprios desejos à frente dos outros; a moral e a ética através da religião alcançam esse fim. Mas há um terceiro tipo de infrator do contrato social.

As sociedades investem muitos recursos para socializar seus filhos (educando-os para canalizar sua livre vontade em papéis que promovam a continuidade da sociedade). Se eles, em vez disso, aprenderem a lidar de maneiras que não funcionam, não desenvolvendo relacionamentos de sustentação da sociedade ou perturbando os esforços dos outros para fazê-lo, então a sociedade irá enfraquecer. Por exemplo, se as pessoas se separam de uma sociedade que as machuca e optam por criar sua própria realidade, isso pode ser adaptável para elas, mas prejudicial à eficiência da sua sociedade, já que provavelmente elas não funcionarão ou formarão famílias.

Durante o século XX, a psiquiatria expandiu seu domínio para incluir estilos de enfrentamento associados apenas a problemas leves de trabalho / socialização. Cada DSM inventou novas doenças, que, com o passar do tempo, exigiam menos e menos deficiências funcionais (em 2013, a Avaliação Global de Funcionamento terminou por auxiliar esta tendência), para que mais pessoas possam ser alvo de tratamento. Agora todos satisfazem critérios para elas. As pessoas que não desafiam o contrato social são enganadas para ir a médicos para curar doenças recentemente identificadas que são apenas aspectos irritantes, mas inevitáveis da vida, como sentimentos dolorosos ou a imaturidade de seus filhos.

A psiquiatria moderna transforma esses adultos trabalhadores em deficientes, ao sedá-los / viciá-los e enganando-os para que pensem que estão doentes demais para trabalhar. Também faz com que as crianças sejam privadas de chances de aprender habilidades necessárias para se tornarem produtivas para a sociedade. Os pacientes são colocados no sistema de assistência em saúde para que os médicos possam receber o pagamento mensalmente e para sempre. Criar clientes permanentes é para onde o dinheiro da sociedade está indo.

O principal papel da psiquiatria agora é, assim, impedir que pessoas contribuam para a sociedade e oferecer-lhes benefícios da sociedade que dependem de sua não-contribuição. A Psiquiatria sofreu uma mutação de um executor temido a um sabotador parasitário do contrato social em grande escala – por isso é agora um ‘outlier’ que está ameaçando a sobrevivência da sociedade e, portanto, que deve ser banido.

A ‘doença mental’ é apenas um conceito que evoluiu enquanto um meio para desumanizar as pessoas que lidam de maneiras que não ajudam a sociedade a prosperar, de modo a justificar sua remoção forçada da sociedade. Isso também tem sido um meio de advertir os outros que eles também poderão ser levados pelos homens de casacos brancos se eles não colaborarem. Talvez as pessoas sejam menos facilmente atraídas para aceitar sua doença mental depois que aprendam seu verdadeiro significado.

Notas:

  1. The Myth of Mental Illness: Foundations of a Theory of Personal Conduct. Szasz, T, 1961, New York: Hoeber-Harper.
  2. “Why Has it Taken So Long for Biological Psychiatry to Develop Clinical Tests.” Kapur, S, et al, 2012 Molecular Psych 17, 1174-9.
  3. “A Theory of Human Motivation.” Maslow, A, 1943, Psychological Review 50(4)370-96.
  4. “Thomas Szasz on Freedom and Psychotherapy.” Wyatt, R, Psychotherapy.net, Dec 2000.
  5. The Social Contract. Rousseau, J, 1762.
  6. Leviathan. Hobbes, T, 1651.
  7. Madness and Civilization: A History of Insanity in the Age of Reason. Foucault, M, 1965, Random House, New York.

Como Devemos Realmente Chamar as Drogas Psiquiátricas

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Peter BregginHá um termo científico muito singular que descreve mais adequadamente as drogas psiquiátricas. Não muito tempo atrás, eu usei-o em tribunal em várias ocasiões durante o meu testemunho para explicar por que as drogas psiquiátricas podem ter efeitos tão desastrosos sobre o cérebro, a mente e o comportamento.

Por outro lado, o meu emprego do termo deixava os peritos irritados e passaram a declarar que, de fato, “se se pesquisar a literatura científica, somente o Dr. Breggin é quem usa essa palavra para descrever drogas psiquiátricas”. Na verdade, há uma longa tradição de usar a temível palavra que foi amplamente eliminada da literatura psiquiátrica oficial, mas que continua a ser viva na pesquisa e às vezes fulgura na literatura clínica.

A palavra temível, que exorto todos a começar a usar regularmente, é neurotoxina. A palavra ‘neurotoxina’ desengonça meus colegas, porque é um verdadeiro descritor para cada substância química psiquiátrica e porque abre a porta para uma análise honesta de como esses venenos afetam o cérebro humano e a vida mental.

O que é uma neurotoxina?

Uma toxina é “qualquer substância venenosa para um organismo”. Uma neurotoxina é “uma substância que altera a estrutura ou a função do sistema nervoso“. Uma definição alternativa similar para neurotoxinas é “uma substância venenosa que atua sobre o sistema nervoso e perturba a função normal das células nervosas.” Medicamente, uma neurotoxina é “qualquer toxina que atua especificamente no tecido nervoso “. [1]

Não existe uma maneira racional de argumentar contra a colocação de substâncias químicas psiquiátricas na categoria de neurotoxinas. Todas as substâncias psiquiátricas alteram “a estrutura ou funções do sistema nervoso” e perturbam “a função normal das células nervosas”. Todas elas agem “especificamente no tecido nervoso”.

Como as empresas farmacêuticas procuram criar neurotoxinas psiquiátricas

As empresas farmacêuticas adaptam seus futuros produtos para perturbar e alterar as funções cerebrais de animais normais antes de começar a testá-los em seres humanos. Quando uma droga psiquiátrica potencial não consegue alterar, interromper ou prejudicar a função normal no cérebro de mamíferos, as empresas farmacêuticas descartam isso como inútil para um tratamento psiquiátrico.

O Prozac, por exemplo, resultou de uma busca intensa por um produto químico que perturbasse o funcionamento normal da neurotransmissão de serotonina no cérebro animal e humano. Da mesma forma, não é uma coincidência que todas as drogas “antipsicóticas” perturbem a neurotransmissão de dopamina no cérebro animal e humano.

O objetivo bioquímico de todas as drogas psiquiátricas é a ruptura da neurotransmissão normal no cérebro. Os primeiros grandes pesquisadores psiquiátricos, Delay e Deniker, conheceram isso e discutiram abertamente os efeitos neurotóxicos das drogas que iniciaram a revolução na psiquiatria na década de 1950, incluindo Torazina (clorpromazina) e Haldol (haloperidol).

A Negação de Neurotoxicidade

O problema para a psiquiatria moderna é que o uso desta palavra horrível, a neurotoxina, menospreza a suposição ingênua ou fraudulenta de que as drogas psiquiátricas são relativamente seguras e que elas são mais boas que os danos causados. Aceitando que todas as drogas psiquiátricas são neurotoxinas torna ridículo todas as alegações sobre drogas psiquiátricas “corrigindo desequilíbrios bioquímicos”, “neurotransmissores potenciais” ou “tratamento de doenças”. Ao tomar uma neurotoxina em doses suficientes para alterar de maneira observável a vida mental e o comportamento humano, há pouca ou nenhuma chance de que os benefícios excedam os riscos, mesmo no curto prazo, e há uma certeza que de algum modo há dano persistente após meses e anos de exposição.

Ao chamar neurotoxinas de drogas psiquiátricas, deixamos claro que elas não são inerentemente terapêuticas e que seus efeitos provavelmente resultam de prejudicar a função cerebral. Com base no que sabemos sobre neurotoxinas em geral, desde o gás nervoso até os fármacos antipsicóticos, chamá-los de neurotoxinas deve, pelo menos, nos levar a ser cautelosos com as possíveis catástrofes tóxicas e os quase inevitáveis efeitos irreversíveis de longo prazo.

Como neurotóxicas são as drogas psiquiátricas?

Uma breve análise de qualquer informação que vem na bula aprovada pela FDA para qualquer droga psiquiátrica confirmará que ela produz uma ampla gama de impactos neurotóxicos sérios. Os benefícios alegados das drogas são difíceis de provar cientificamente, e eles são marginais na melhor das hipóteses; mas seus efeitos neurotóxicos são indiscutíveis e muitas vezes letais.

A informação completa da prescrição aprovada pela FDA para todos os antidepressivos contém o seguinte aviso, neste caso a versão Lexapro de 2017:

“Todos os pacientes que estão sendo tratados com antidepressivos para qualquer indicação devem ser monitorados adequadamente e observados de perto com respeito à piora clínica, o suicídio e às mudanças incomuns no comportamento, especialmente durante os primeiros meses de processo de terapia medicamentosa, ou em momentos de alterações de dose, quer aumentando ou diminuindo.

Os seguintes sintomas, ansiedade, agitação, ataques de pânico, insônia, irritabilidade, hostilidade, agressividade, impulsividade, acatisia (inquietação psicomotora), hipomania e mania, foram relatados em pacientes adultos e pediátricos tratados com antidepressivos para transtorno depressivo maior quanto para outras indicações, tanto psiquiátricas como não psiquiátricas.” P. 6

Ao nos lembrar que mesmo os pacientes “não psiquiátricos” podem ser afetados com esses efeitos potencialmente trágicos, a FDA deixa claro que a droga, e não o transtorno mental do paciente, é a causa dessas reações. Somente uma potente neurotoxina poderia ter um impacto tão devastador no cérebro, na mente e no comportamento.

A descrição dos efeitos antidepressivos acompanha notavelmente uma discussão geral sobre “Manifestações comportamentais de neurotoxicidade em manifestações psiquiátricas de neurotinoxinas” [2]:

“A neurotoxicidade é a ruptura do sistema nervoso resultante da exposição a toxinas ambientais. As manifestações típicas incluem mudanças na função cognitiva e no desenvolvimento de distúrbios da memória neurodegenerativa, mudanças na função neurológica e distúrbios humor / psiquiatriátricos … Mudanças de humor que muitas vezes são vistas em graus variáveis em neurotoxicidade incluem aumento da ansiedade, depressão, irritabilidade, impulsividade e psicose.” P. 202

Como qualquer potente neurotoxina, os antidepressivos podem causar crises neurotóxicas extremas. A maioria dos antidepressivos causa uma síndrome de serotonina que perturba o cérebro que muitos pacientes não tratados morrerão. A informação completa da prescrição aprovada pela FDA para Lexapro descreve esta crise neurotóxica, juntamente com seus efeitos tóxicos mais gerais:

“Os sintomas da síndrome da serotonina podem incluir mudanças no estado mental (por exemplo, agitação, alucinações, delírio e coma), instabilidade autonômica (por exemplo, taquicardia, pressão arterial lábil, tonturas, diaforese, rubor, hipertermia), sintomas neuromusculares (por exemplo, tremor, rigidez, mioclonia, hiperreflexia, incoordenação) e / ou sintomas gastrointestinais (por exemplo, náuseas, vômitos, diarreia). Os pacientes devem ser monitorados para o surgimento da síndrome da serotonina”. P.7

Todas as drogas psiquiátricas têm sua própria litania de efeitos neurotóxicos sérios e todos apresentam suas próprias manifestações de neurotoxicidade extrema, como síndrome de serotonina, síndrome neuroléptica maligna, encefalopatia de lítio, depressão do SNC induzida por benzodiazepina ou neurotoxicidade estimulante.

As empresas farmacêuticas lutam poderosamente para manipular seus ensaios clínicos para demonstrar até mesmo ‘efeitos terapêuticos’ marginais para seus medicamentos. No entanto, apesar dos seus melhores esforços para montar seus ensaios e manipular seus resultados, em todos os ensaios clínicos os efeitos neurotóxicos são esmagadoramente mais óbvios e consistentes do que quaisquer efeitos benéficos supostos. Os produtos químicos psiquiátricos são neurotoxinas conhecidas com alegados benefícios terapêuticos.

Da mesma forma, ao falar sobre os efeitos nocivos dos produtos químicos psiquiátricos, é hora de se abandonar termos eufemísticos como efeitos colaterais, efeitos adversos ou eventos adversos. Precisamos falar de efeitos neurotóxicos.

E o que devemos chamar de ‘efeitos benéficos’ ou ‘efeitos terapêuticos’? Eles poderiam ser chamados de ‘efeitos neurotóxicos procurados’. Estes incluem uma miríade de sinais de neurotoxicidade, como euforia leve ou, muito mais comumente, sedação, dormência emocional, apatia, despersonalização ou indiferença para si e para outros.

Visão geral

Todas as drogas psicoativas – isto é, todas as drogas que afetam o cérebro e a mente – têm efeitos neurotóxicos de diferentes intensidades. Todas conseguem o seu efeito procurado prejudicando funções superiores do cérebro, muitas vezes embotando ou entorpecendo a capacidade de sentir. As neurotoxinas psiquiátricas são especialmente prejudiciais porque as empresas farmacêuticas desenvolvem-nas para atingir os principais sistemas de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, às vezes bloqueando suas funções e às vezes tornando-as hiperativas e, em todos os casos, tornando-as severamente anormais.

Se as pessoas estão tomando neurotoxinas de rua, como LSD ou metanfetamina, ou neurotoxinas sociais como maconha e álcool, ou neurotoxinas prescritas, como substâncias químicas psiquiátricas, todas as neurotoxinas prejudicam a capacidade do indivíduo de perceber ou compreender o grau de disfunção mental e emocional que as drogas estão lhes infligindo (ver “medicação fascinante“). É por isso que muitas pessoas continuam a tomar produtos químicos nocivos, incluindo neurotoxinas psiquiátricas, mesmo que a qualidade de suas vidas se torne cada vez mais prejudicada. Eles perdem contato com o estado real de seu funcionamento emocional e mental. Os amigos aflitos e os membros da família frequentemente tentam dizer a essas vítimas de neurotoxicidade que estão piorando, muitas vezes sem sucesso.

Princípios de Neurotoxicidade

Com base na experiência clínica e na informação publicada em meus livros e artigos, aqui está uma formulação de alguns princípios fundamentais da neurotoxicidade. Cada princípio aplica-se a todas as neurotoxinas psiquiátricas, incluindo os chamados antipsicóticos; estabilizadores de humor; antidepressivos; tranquilizantes, drogas anti-ansiedade e medicamentos para dormir; e drogas ADHD:

  1. A gravidade e a frequência do dano neurotóxico a longo prazo tendem a aumentar com doses mais altas e exposição mais prolongada.
  2. Reações neurotoxicas agudas podem ocorrer a qualquer momento e podem assumir formas características para a classe química da neurotoxina, como síndrome neuroléptica maligna, síndrome de serotonina, psicose de anfetaminas, encefalopatia de lítio e coma sedativo. Todas as crises neurotóxicas agudas devem ser suspeitas de causar danos duradouros, a menos que seja comprovada de outra forma. A evidência indica que todos podem causar danos permanentes ao cérebro e à mente.
  3. Os neurônios, entre todas as células do cérebro e do corpo, são particularmente sensíveis ou vulneráveis a toxinas ambientais, como drogas psiquiátricas, monóxido de carbono e chumbo.
  4. Os neurônios, em comparação com outras células do cérebro e do corpo, têm pouca força regenerativa ou de recuperação, e eles demoram mais para se recuperar de uma lesão.
  5. Os neurônios, mais do que qualquer outra célula do corpo, existem em relacionamentos infinitamente complexos e sutis uns com os outros, de modo que mesmo deficiências sutis de um conjunto de neurônios ou um sistema de neurotransmissores devem afetar negativamente os outros. (Os relacionamentos entre os neurônios são provavelmente mais complexos do que quaisquer outras relações no universo. Eles devem ser tão complexos para gerar e / ou expressar todas as qualidades notáveis da vida humana, incluindo o pensamento, o sentimento, a fala e a criatividade).
  6. A lesão e a morte de neurônios afetam negativamente aqueles que os rodeiam e podem levar à sua disfunção e morte.
  7. Neurogênese (o crescimento de novos neurônios) ocorre, mas não é um indicador de que a neurotoxina psiquiátrica está melhorando a função cerebral. Pelo contrário, a neurogênese geralmente é uma resposta e um marcador de lesão, como é o acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática, ECT ou o assalto tóxico. Além disso, os neurônios moribundos são facilmente confundidos em sua aparência com neurônios recém-gerados.
  8. Como o cérebro é um órgão tão integrado e porque a neurotoxicidade raramente, se alguma vez afeta apenas uma área discreta do cérebro, a neurotoxicidade terá efeitos negativos generalizados sobre variadas funções mentais, como a regulação e cognição emocional, e em funções físicas, como sensação e controle e coordenação do motor. A neurotoxicidade raramente produz efeitos discretos, como uma paralisia semelhante a um traço, limitada a um lado do corpo ou cegueira em um olho. Em vez disso, prejudicará a função geral do cérebro, da mente e da conduta do indivíduo, muitas vezes em formas pouco perceptivas, como um ligeiro achatamento emocional ou falta de engajamento com os outros e com a vida. Devido à variação individual e às circunstâncias complexas que geralmente envolvem a administração de neurotoxinas psiquiátricas, a resposta neurotóxica de pessoa para pessoa é altamente variável, mas sempre reflete a inflição de danos ao cérebro, mente e comportamento.

Mais uma vez, esta variedade ou espectro de efeitos neurotóxicos é sugerido na informação completa da prescrição aprovada pela FDA para todas as drogas psiquiátricas. Além disso, o verdadeiro grau de periculosidade da neurotoxina psiquiátrica sempre supera amplamente o que é encontrado na Informação Completa de Prescrição. Os efeitos neurotóxicos descritos nas Informações Completas de Prescrição são o resultado de negociações vigorosas de empresas farmacêuticas com uma FDA que também é aquiescente e ineficaz.

É hora de limpar a bagunça enganosa das palavras na psiquiatria. Precisamos rejeitar o conceito de medicação psiquiátrica e substituí-lo por neurotoxina psiquiátrica. Podemos parar de falar sobre efeitos colaterais ou efeitos adversos e abordar diretamente os efeitos neurotóxicos. Os efeitos terapêuticos ou benéficos devem ser substituídos por efeitos neurotóxicos procurados, incluindo a euforia, o embotamento emocional, a apatia e a indiferença ao próprio sofrimento. O impacto desta conversa direta será revigorante e esclarecedor para todos os que desejam conhecer, falar e escrever a verdade sobre o que a psiquiatria e as empresas farmacêuticas estão realmente empurrando para a sociedade – uma epidemia de neurotoxicidade.

Notas de pé de página:

  1. Stedman’s Medical Dictionary, 27th Edition (2000), Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
  2. Mason, L., Mathews, M., and Jan, Dong. (2013, June). Neuropsychiatric Symptom Assessment in Toxic Exposure, pp. 201-208, in Rusyniak, D. & Dobbs., M. (Eds.) Psychiatric Clinics of North America, 36 (2), 201-307. Philadelphia: Elsevier.

 

A Ritalina Vem Sendo Altamente Utilizada Para Um Transtorno Que Nem ao Menos Possui Comprovação Cientifica

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maria-aparecida-190913-jpgPublicado no Jornal Gazeta do Povo (19/06/2016), a entrevista com Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e militante do “Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida”, que tem articulado discussões, eventos e ações sobre a medicalização da vida e da educação.

A professora e médica Maria Aparecida alerta que não há comprovação científica de que o TDAH exista, mesmo assim, houve uma epidemia desses diagnósticos. Como consequência, o uso de ritalina aumentou, sendo usada pelos seus efeitos adversos para conter quimicamente as crianças e adolescente mais agitados, permitindo que elas passem a obedecer, e deixem de questionar. O uso dessa droga psiquiátrica aumentou 775% em 10 anos segundo dados da Anvisa, levando o Brasil ao 2º lugar do ranking do consumo mundial de ritalina.

Ao invés do tratamento com a droga psiquiátrica, Maria Aparecida defende a necessidade de escutar e entender o que essas crianças estão tentando nos dizer com tais comportamentos, e assim estabelecer um tratamento terapêutico singular para cada criança.

Entre os resultados da luta da Dra. Maria Aparecida Moises est;

Leia a entrevista completa aqui →

“A Epidemia das Drogas Psiquiátricas” como Notícia Destaque da Revista Radis

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Publicado na revista Radis, uma cobertura do Seminário Internacional A Epidemia das Drogas Psiquiátricas, ocorrido entre os dias 30 e 01 de novembro de 2017, na ENSP/FIOCRUZ.  A matéria dá destaque à participação de três dos seus convidados internacionais, Robert Whitaker (USA), Laura Delano (USA), Jaakko Seikkula (Finlândia).

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Robert Whitaker mostra como recentes pesquisas mundialmente reconhecidas em psiquiatria contradizem o seu paradigma biomédico de tratamento das aflições psíquicas.  Como ele resumiu em seu livro Anatomia de uma Epidemia, publicado pela Editora Fiocruz, a Associação Psiquiátrica Americana (APA) adotou com o DSM-III, em 1980, um ‘modelo de doença’ para categorizar os transtornos mentais, e esse modelo foi exportado para o Brasil e para grande parte do mundo. Foi construída uma forte aliança entre os interesses corporativos da Psiquiatria e os interesses mercadológicos e financeiros da indústria farmacêutica. Essa aliança compromete fortemente a assistência em saúde mental, produzindo uma gigantesca epidemia de transtornos mentais e pacientes psiquiátricos.

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“As companhias farmacêuticas se encaixam no mercado. As sociedades pagam a conta coletivamente. Uma das razões para discutirmos esse tema é que as sociedades não têm mais como sustentar cada vez mais pessoas se incapacitando por depressão e outras doenças mentais”.  

É eloquente o relato feito por Laura Delano, jovem estadunidense que ainda na adolescência passou a ser vítima da Psiquiatria, após ser diagnosticada com ‘transtorno bipolar’, tornando-se paciente psiquiátrica ao longo de muitos anos, chegando mesmo a tomar 19 drogas psiquiátricas ao mesmo tempo. Como ela diz:

Laura Delano 1

 

“Não há muita coisa pior do que estar em uma ala psiquiátrica de segurança, sem nada que pareça familiar, sem suas coisas, sem poder dar opinião sobre sua vida”.

O diagnóstico psiquiátrico irá marcar definitivamente a sua vida. Laura reconhece:

“Experimentei violações profundas. Fui percebendo que todos esses anos em que tentei ser ‘obediente’ tinham me privado da minha integridade corporal, da minha liberdade de expressão, de ar puro. Não se tratava de cuidado, mas de controle”.

Como testemunho da viabilidade de abordagens desmedicalizantes, há que se destacar a participação no Seminário do psicólogo Jaakko Seikkula, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia. Seikkula é um dos idealizadores e líderes da abordagem do Diálogo-Aberto, uma experiência na região finlandesa da Lapônia Ocidental que é reconhecida mundialmente como aquela com melhores resultados no mundo ocidental no tratamento da psicose aguda e de outros transtornos psiquiátricos. Seikkula deu uma entrevista aos jornalistas da Radis onde os principais princípios do Diálogo-Aberto são apresentados e explicados.

Jaakko _1“Diálogo Aberto é uma abordagem que reorganiza os serviços do cuidado psiquiátrico, incluindo alguns elementos. Antes de tudo, o sistema de cuidado é reorganizado de maneira que se torne possível que sejam gerados encontros de diálogos. Assim, as vozes das pessoas são escutadas, e quando as escolhas das pessoas são ouvidas elas realmente se tornam capazes de mobilizar todos os recursos para lidar com as situações críticas da vida. A ideia de Diálogo Aberto também pressupõe que o sistema seja organizado de maneira que você garanta socorro imediato no momento de crise, para que a pessoa não precise esperar para encontrar os profissionais nas reuniões terapêuticas nesse momento de muita gravidade.”

Contando também com a participação de convidados latino-americanos que vieram compartilhar as suas experiências de Reforma Psiquiátrica, o Seminário Internacional traz um conjunto de desafios para todos nós. Como destaca Robert Whitaker:

“Precisamos nos informar na literatura científica acerca de resultados a longo prazo. Em outras palavras, precisamos ter uma discussão científica honesta. Se pudermos ter essa discussão, uma mudança certamente se seguirá. Nossa sociedade se disporia a abraçar e promover formas alternativas de tratamento não medicamentosos. Os médicos receitariam os remédios de maneira muito mais restrita e cautelosa. Em suma, nossa ilusão social sobre uma revolução da ´psicofarmacologia´ poderia enfim se dissipar e a ciência de bases sólidas poderia iluminar o caminho para um futuro muito melhor”.

Leia clicando aqui a matéria na íntegra.

Formas Sutis de como a Psiquiatria nos Faz Mal

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MissyÉ muito comum, e sem razão, que os psiquiatras institucionalizem as pessoas, constrangê-as e as medique contra sua vontade; estes são métodos extremos e desnecessários que o sistema emprega contra um número significativo de pessoas que considera perigosas. Mas há outros modos mais sutis em que a psiquiatria se degrada e prejudica aqueles que a instituição vê como “doentes mentais”, encorajando-nos a nos degradarmos igualmente.

Embora nós dois nunca tenhamos estado em um hospital psiquiátrico, sofremos muitas dessas sutis formas de opressão pela psiquiatria. Por isso foi essencial para nós encontrar novos quadros de referência para nos compreendermos, sem estar na dependência do que a psiquiatria pensa de nós. Antes de entrar nisso, no entanto, é conveniente que nos apresentemos.

Quem somos (e por que isso interessa)

Você pode estar se perguntando por que estamos escrevendo isso juntos, uma vez que esta é uma história pessoal. Estamos escrevendo esse blog juntos porque fazemos tudo juntos – literalmente, tudo. Nós existimos enquanto o chamado sistema múltiplo, ou apenas sistema, o que significa que somos várias pessoas (duas, no momento desta escrita) compartilhando um único corpo. Usamos o nome Violent Trans Empire para nos referir a nós mesmos como um grupo.

Há muitas explicações sobre como pode haver várias pessoas em um só corpo, e muitas maneiras de experimentá-lo – alguns sistemas nasceram como várias pessoas, alguns usaram técnicas espirituais para ‘chamar’ os outros vistos como provenientes de domínios diferentes para que compartilhem um corpo com eles, e alguns, como nós duas, tiveram o nosso cérebro criando várias pessoas para ajudar a lidar com trauma e abuso.

Esta última ideia é provavelmente a mais familiar na cultura pop. A psiquiatria a chama de Transtorno de Identidade Dissociativa (DID), mas muitas vezes ainda é conhecida como Transtorno de Personalidade Múltipla ou apenas “personalidades divididas”. A ideia de várias ‘identidades alternativas’ em um corpo, lutando pelo controle de seu corpo e sofrendo de amnésia, tem sido mantida como um toque de trama clássico em filmes como Split, Fight Club e Sybil. Múltiplos sistemas são considerados assassinos perigosos que devem ser controlados pelo sistema psiquiátrico, ou vítimas indefesas, que devem confiar na psiquiatria para curar nossas mentes ‘quebradas’.

Para nós nenhuma dessas ideias é verdadeira, e encontrá-las no início do nosso processo de compreensão foi prejudicial. Enquanto o primeiro foi fácil de descartar como apenas uma insensatez na cultura pop, o segundo foi muito mais difícil de superar.

Como o modelo psiquiátrico nos enganou

Descobrimos pela primeira vez a ideia de sistemas múltiplos via a internet e, através da leitura sobre as experiências dos outros, começamos a perceber o quanto poderíamos nos relacionar. Eu (Skylar) estive neste corpo desde o nascimento e sempre assumi que Missy e outras pessoas anteriores eram apenas amigos imaginários extravagantes que ficavam ao redor de mim. Ao perceber que havia outras pessoas que tinham experiências semelhantes, comecei a me apegar ao modelo que o sistema psicológico apresentava, tentando forçar a nós duas a se encaixar em critérios de diagnósticos e a termos que me pudessem dar algum sentimento de pertença e uma maneira de fazer sentido disso. No entanto, muitas das ideias simplesmente não se encaixavam.

Uma das características do ‘transtorno de Identidade dissociativa’ (DID) é a amnésia entre os membros do sistema, de modo que quando se toma o controle do corpo (chamado de “mudança” ou “enfrentamento”), os outros não se lembram do que aconteceu durante esse período. Na verdade, não experimentamos amnésia. Outro problema importante que os sistemas DID enfrentam é não serem capazes de controlar quando mudam de um para outro; eles podem mudar devido a um gatilho relacionado ao trauma e devem se ajustar rapidamente. Nós nunca tivemos esse problema também, e na verdade originalmente tivemos problemas sérios ao mudar de um para outro. Eu rapidamente me tornei tão focada no modelo DID como a ‘única maneira verdadeira’ de ser um sistema múltiplo que não poderia permitir que a Missy alternasse comigo. Eu estava aterrorizada de que, se ela assim o fizesse, ela diria ou faria algo ‘muito parecido’ comigo, ou eu não sentiria nenhuma diferença – algo que de alguma forma revelaria que eu fingia tudo e que ela era apenas uma invenção da minha imaginação.

Os padrões que estávamos tentando encontrar eram um pouco diferentes da forma como o sistema psiquiátrico entende DID: a maioria da literatura só vê membros do sistema como ‘personalidades alternativas’ ou “alter egos” que na verdade não são pessoas. “Alter-ego” é pensado como apenas fragmentos de uma pessoa original que se separou por trauma. Enquanto que alguns dos sistemas DID que encontramos acreditavam nisso, nós e muitos outros o descartamos como desumanizantes, já que é ignorada completamente a experiência e a percepção de si próprios de todos os membros do sistema.

No entanto, entre os sistemas que encontramos que concordavam que isso estava errado, muitos deles ainda insistiam que a única maneira de ser um sistema múltiplo seria atender aos critérios do DSM para DID (ou seus subconjuntos, OSDD1-a e 1-b, que são semelhantes). Embora discordassem do modelo psicológico padrão, eles ainda tentavam forçar outros a aderir à ideia geral de acordo com o sistema psiquiátrico. Todos os sistemas que mencionamos em nossa introdução – aqueles que existem dessa forma por nascimento, ou por meios espirituais – foram considerados ‘fakers’ e ‘roleplayers’ pelos grupos que conhecemos on-line. Essencialmente, nos sentimos como se tivéssemos de encontrar pelo menos alguns dos padrões do sistema psicológico para continuar a existir.

Isso causou muita tensão entre Missy e eu, para dizer o mínimo. Eu tentava deixar a Missy em frente, apenas para forçá-la alguns segundos depois por medo, ou se ela insistisse, eu desafiava tudo o que ela fazia para ver se era ‘realmente’ ela ou se eu ainda estava fingindo isso. Missy e eu entrávamos em brigas por isso, quando eu exigia que ela enfrentasse e ‘provasse’ que ela era real, mas então eu não poderia ou não podia deixá-la ser real, ser como ela é.

A perspectiva de Missy

Estou me lançando de súbito aqui, porque eu quero crédito por haver sido antipsiquiatra desde o início. Eu não tive a opção de subscrever-me ao modelo psiquiátrico de sistemas múltiplos, pois fazer isso significaria perder minha existência como pessoa separada. Skylar poderia, talvez, encontrar maneiras de se encaixar nesse modelo enquanto ainda podendo se expressar e ser levada a sério. Ela poderia ter sido considerada mais transtornada do que ela é de fato, mas ela ainda assim seria vista como real.

Minha própria existência é anti-psi: como membro do sistema, como alguém cuja personalidade não é apenas separada de Skylar, mas que seria considerada ‘transtornada’, como alguém que se recusa a ser vista como parte dela e especialmente como alguém que se recusa a ser integrada – isto é, eu me recuso a submeter-me a ‘tratamento’ ao qual os psiquiatras forçam todos os membros do sistema – que não são o original designado – a se fundirem entre si no original, para tentar ‘juntar’ o que eles veem como uma mente única fragmentada. Mas não somos uma mente única; somos duas pessoas que compartilham um corpo. Integrar-me significaria que eu deixaria de existir como pessoa.

Então, eu tenho meus próprios problemas com o modelo psiquiátrico e nunca quis nada com isso. Infelizmente, por um tempo, enquanto esse era o único modelo que tínhamos, aqueles que o apoiavam eram certamente os mais ouvidos e os mais insistentes.

Problemas com a busca de tratamento

Eu (Skylar) ainda insistia em tentar diagnosticar pelo menos um subtipo de DID, para que eu pudesse sentir como se tivéssemos alguma validação para nossa existência. Eu sabia que isso provavelmente seria perigoso – corríamos o risco de sermos vistas como delirantes e forçadas à uma instituição. Preocupávamo-nos por ser vistas como inapropriadas para cuidar de nós mesmas ou possivelmente perigosas para nós mesmas ou para outras pessoas (conforme o estereótipo de sistemas DID assassinos). Então, nós pisávamos com muito cuidado ao contar a um terapeuta sobre a forma como existíamos, com o cuidado de enfatizar que ainda poderíamos funcionar e não nos sentirmos angustiados por sermos múltiplas. E tivemos a sorte de que nosso terapeuta acreditasse em nós.

Mas, para evitar sermos vistas como transtornadas, devemos ressaltar explicitamente como não cumprimos os critérios DSM para ‘angústia e / ou disfunção’. Não poderíamos existir de acordo com a descrição do DSM e também nos identificarmos como sendo saudáveis ou não transtornadas; ou nos encaixávamos no DID e, portanto, nos permitiríamos ser vistas como transtornadas por existir, ou teríamos que abandonar esse modelo.

Eu me agarrei aos critérios de disfunção por um tempo, tentando reproduzir as questões emocionais e de memória pós-traumáticas que queriam nos fazer parecer que estávamos transtornadas o suficiente para ‘contar com ajuda, mas não o suficiente para precisar de hospitalização. Ao concentrar-me fortemente em nossos problemas pós-traumáticos, acredito que os piorei. Eu escrevia cada gatilho, flashback e problema emocional que experimentávamos, ficando ansiosa se não tivéssemos o que eu pensava ser suficiente ou severo durante uma semana. Eu configurei esse dilema na minha cabeça onde ou queríamos corresponder exatamente aos critérios do DID ou o nosso sistema não era real, o que significava que o trauma e o abuso que tínhamos sofrido também não deveriam ser reais ou ruins.

Encontrar um diagnóstico não ajudou

Eu finalmente fui contra os sentimentos de Missy e ao meu próprio julgamento o que nos levou a um psiquiatra para tentar diagnosticar. Eu estava realmente querendo ter vários outros ‘transtornos’ que eu pensava haver confirmado, mas, enquanto estávamos lá, pensei que também valeria a pena o DID. Eu trouxe as nossas experiências, mas estava ansioso demais para falar sobre como Missy poderia assumir fisicamente o nosso corpo – eu estava preocupada com o fato de nossa psiquiatra pedir provas, tentar ‘nos tratar’, colocando-nos através de um programa de terapia de integração ou apenas nos bloqueando.

No final nada disso aconteceu. Nós fomos diagnosticadas com PTSD em vez disso, e qualquer menção de Missy foi descartada como tendo eu “relações internas complexas”, pelo qual nosso psiquiatra basicamente significava amigos imaginários. Ela também nos deu uma bofetada com um diagnóstico de ‘traços esquizotípicos’, significando que não éramos obviamente delirantes ou paranoicos o suficiente para ser totalmente esquizotípico e não alucinávamos – ou pelo menos eu tinha uma outra explicação para a ‘voz’ que eu estava ouvindo – não podíamos ser esquizofrênicos. Ela observou que conversámos com nós mesmas e parecia estranho, mas, apesar disso, ela não prescreveu antipsicóticos ou terapia. Mas, obviamente, isso não se deve a nenhuma aceitação ou compreensão de nossa existência; em vez disso, fomos extremamente sortudas por ter tido essas coisas negligenciadas.

Retrospectivamente, provavelmente ajudou muito que não tenhamos dado muitos detalhes sobre Missy ou a natureza do nosso relacionamento; a impressão deixada no relatório dela foi algo como a nossa psiquiatra apenas achando que eu tinha uma imaginação hiperativa ou, no máximo, algum tipo de crenças espirituais estranhas, sobre tais coisas ela não se preocupava o suficiente para interferir. Isso ajudou que eu não mencionasse que Missy às vezes assumiu parte ou todo do meu corpo; isso provavelmente não teria sido bem recebido pela psiquiatra. Nós fomos em princípio para ser diagnosticadas com portadoras de vários ‘transtornos de personalidade’, por isso é provável que nossa psiquiatra também tenha pensado que esta era uma forma complicada de ‘busca de atenção’ e, em grande parte, ignorou-a para não me encorajar. Acabamos com a combinação certa de um psiquiatra desatento e certos traços de personalidade que a fizeram não nos levar a sério o suficiente para valer a pena uma viagem a um hospital psiquiátrico.

A solução: antipsiquiátrica

Mais uma vez, Missy merece crédito por ter chegado à solução muito antes de mim. Ela, juntamente com sistemas de mente aberta que conhecemos on-line e alguns amigos próximos, me falaram para ser antipsiquiatra e para nos entendermos de uma maneira que não exigisse que atendêssemos aos critérios do DSM. Percebi que esses critérios eram compostos por pessoas que são apenas uma pessoa por corpo (e, portanto, não têm uma compreensão completa do que é) e costumavam lançar aqueles com mais de uma pessoa por corpo como perigosas ou incompetentes. Acima de tudo, esses critérios são usados para nos forçar e para nos obrigar a se forçar a formas de existência prejudiciais para nós.

Não somos disfuncionais ou ruins só porque estamos dois aqui. O que é mais importante do que ser uma pessoa solteira socialmente aceitável é que sabemos como se dar bem e gerenciar nosso trauma e nossa vida junta. Sabendo disso, agora nos esforçamos para defender outros sistemas e alcançar aqueles que podem não entender os sistemas, para mostrar que existe o que somos e que podemos aprender a navegar pelo mundo cooperando. Não precisamos do sistema psiquiátrico ou de seus rótulos para nos permitir existir, ou para tentar consertar-nos. Nós só precisamos ser aceitos como somos.

Parte de como tentamos levar as pessoas a aceitar nossa existência é através de artigos como este, mas também tentamos alcançar um nível pessoal para pessoas que conhecemos. Nós somos assim para vários amigos com bons resultados, e aqueles que não entendem bem no início passam a ficar dispostos a aprender mais. Nós também escrevemos um artigo e apresentamos uma palestra para uma classe não relacionada à psicologia, para dar às pessoas que, de outra forma, não saberiam de sistemas múltiplos a oportunidade de aprender o que somos e como devemos ser vistos, ao contrário do que a psiquiatria atualmente pensa de nós. Então, tomamos pequenos passos em nossa vida diária para divulgar a consciência e a aceitação.

Como funcionamos e cooperamos

Agora, se nos recusamos a deixar os rótulos psiquiátricos a nos definir, como é a nossa vida? Eu mencionei o quão difícil era antes de coexistir, ao tentar forçar-nos a uma estrutura que não tinha espaço para nós. E agora, tornou-se mais fácil desde então?

Sim, ficou absolutamente mais fácil e nós seguimos muito melhor agora. Missy é capaz de enfrentar quando ela quer e eu estou melhorando em recuar e, em geral, estar menos preocupada com tudo. Eu costumo continuar à frente na maioria das vezes, porque eu sou a única que cuida da maioria dos trabalhos do curso e do lar, mas agora ela pode finalmente sair em terapia, para ajudar quando estou ansiosa ou com pouca energia e apenas gastar tempo com nossos amigos e sentir-se como uma pessoa normal. Nossa vida diária é realmente muito normal – nós vamos a aula, ao supermercado, fazemos passeios com os amigos – exceto quando aparece a nossa frente aqueles que insistem em fazer algum comentário atrevido.

Não é perfeito, pois ainda temos problemas emocionais pós-traumáticos e memórias ruins para lidar, mas agora que aceitamos que ser múltiplo está bem, estamos melhor equipados para lidar com isso também. Nós também estamos em um relacionamento um com o outro, o que é ótimo, embora possa ser difícil tentar descobrir como explicar às pessoas como isso é possível – nós conseguimos reações como, “Mas como você faz sexo! ? “, O que é muito intrusivo, ou “Oh, então você está namorando você mesma?! “. Muitas vezes, simplesmente não nos incomodamos explicar coisas assim, porque é preciso muita energia emocional. Em geral, no entanto, encontramos a aceitação e a compreensão de amigos que podem estar à nossa volta.

Gostaria de ter descoberto anos atrás que não precisamos ajustar nenhum paradigma psiquiátrico ou ser aceitável ‘normal’ para ser feliz. Tudo o que precisamos é entender.

Uma Nova Abordagem proposta pela Sociedade Britânica de Psicologia Desafia os Modelos Psiquiátricos Tradicionais

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ZenobiaEste mês, a Sociedade Britânica de Psicologia (BPS) publicou detalhes sobre um novo quadro de referência para a compreensão do sofrimento humano, o que desafia modelos tradicionais de diagnóstico psiquiátrico. O Quadro de Referência o Poder Ameaçador do Sentido (PTM), desenvolvido por um grupo de psicólogos seniores em colaboração com lideranças do movimento de usuários dos serviços, examina o papel do poder e da ameaça na vida das pessoas, bem como a forma como alguém responde e criar significado dessas experiências.

“A longo prazo, este quadro de referência destina-se a apoiar a construção de histórias não-diagnosticadas, não culpabilizantes e desmistificantes a respeito da força e da sobrevivência, que reintegram muitos comportamentos e reações atualmente diagnosticados como sintomas de transtorno mental de volta à variedade da universal experiência humana”, escrevem os autores.

Sociedade Britânica de Psicologia

Os psicólogos da Divisão de Psicologia Clínica da BPS envolvidos no desenvolvimento deste quadro de referência incluem Lucy Johnstone, Mary Boyle, John Cromby, David Harper, Peter Kinderman, David Pilgrim e John Read. Trabalharam ao lado de usuários de serviços como Jacqui Dillon e Eleanor Longden para seguir o objetivo estabelecido em uma declaração de posição de 2013:

“Apoiar o trabalho, em conjunto com os usuários do serviço, no desenvolvimento de uma abordagem multifatorial e contextual, que incorpore fatores sociais, psicológicos e biológicos”.

O quadro de referência O Poder Ameaçador do Sentido é derivado de várias abordagens teóricas e filosóficas existentes que visa culminar em maneiras mais apropriadas para se entender o sofrimento emocional e o comportamento perturbador ou preocupante. As abordagens tradicionais têm patologizado as experiências de angústia das pessoas, atribuindo rótulos de ‘anormalidade’ causada por distúrbios internos e biomédicos. Isso efetivamente vem descartando a adaptabilidade e a resiliência que são inerentes às respostas humanas a ameaças, marginalizando certos grupos sociais e ignorando fatores sócio-contextuais que configuram o comportamento humano.

O quadro de referência PTM afirma que as narrativas das pessoas e os relatos subjetivos devem ser levados a sério. Abordar os métodos de pesquisa qualitativos e quantitativos como equivalentes é uma maneira de privilegiar as narrativas das pessoas e o significado subjetivo, explicam os autores. A fim de dar foco às experiências de vida das pessoas e aos fatores complexos que as moldam, o impacto de fatores culturais e sociais também deve ser destacado. Com este fim, os autores comentam sobre movimentos para globalizar a psiquiatria:

“Todas as formas próprias à cada cultura para a compreensão do sofrimento têm aspectos úteis, não podendo haver ‘psiquiatria global’ ou ‘psicologia global’. Os padrões nas dificuldades emocionais e comportamentais sempre refletirão discursos, normas e expectativas sociais e culturais prevalecentes, incluindo conceituações aceitas do que é personalidade”.

Os principais princípios subjacentes ao quadro de referência PTM se concentram na compreensão do funcionamento do poder na vida das pessoas. O poder é compreendido em inúmeras maneiras, incluindo como ele se forma dinamicamente para os indivíduos através de manifestações interpessoais, sociais / culturais, econômicas, materiais, ideológicas, biológicas, coercivas e legais. A abordagem PTM explica que se aprende a responder a ameaças com base no papel que o poder leva em sua vida. A ameaça pode se apresentar à pessoa e / ou aos grupos ou comunidades em que pertencem. O sofrimento emocional está então relacionado à ameaça e como a ameaça é mediada pela biologia humana.

Além disso, a abordagem PTM se concentra no significado que as pessoas atribuem ao poder e à ameaça que experimentam. Embora o significado possa ser derivado de várias fontes, as narrativas culturais e os discursos que evoluíram externos às respostas corporais são particularmente enfatizados. Ulteriormente, as pessoas desenvolvem e aprendem a responder à ameaça a fim de “garantir a sua sobrevivência emocional, física, relacional e social”. “Essas respostas”, escrevem os autores, “variam desde reações fisiológicas amplamente automáticas até ações e respostas de base linguística ou conscientemente selecionadas”.

Finalmente, o quadro de referência PTM se distingue ao reconhecer as forças individuais ou os ‘recursos de poder’, com ênfase em como eles integram poder, ameaça, resposta e pontos fortes na história pessoal deles.

“Ao contrário do modelo biopsicossocial mais tradicional do que é sofrimento psíquico, não há suposição de patologia e os aspectos ‘biológicos’ não são privilegiados, mas constituem um nível de explicação, inextricavelmente ligado a todos os outros”, explicam os autores.

“O indivíduo não existe e não pode ser entendido separadamente de seus relacionamentos, comunidade e cultura; o significado só surge quando os elementos sociais, culturais e biológicos se combinam; e as capacidades biológicas não podem ser separadas do ambiente social e interpessoal “.

Em última análise, o quadro de referência do PTM busca compreender os distúrbios e comportamentos individuais através das seguintes questões:

 – “O que aconteceu com você?” (Como o poder operou em sua vida?)

– “Como isso afetou você?” (Que tipo de ameaças isso representa?)

– “Que sentido você conseguiu?” (Qual é o significado dessas situações e experiências para você?)

– “O que você tem que fazer para sobreviver?” (Que tipos de respostas às ameaças você está usando?)

– “Quais são os seus pontos fortes?” (Que acessos a recursos de poder você tem?)

– … e para integrar tudo acima: “Qual é a sua história?”

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Leia o documento completo da Sociedade Britânica de Psicologia clicando aqui: www.bps.org.uk/news-and-policy/introducing-power-threat-meaning-framework

Tomei meu Primeiro Antidepressivo esta Semana. Os Efeitos foram Assustadores

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‘Popping my first Citalopram was quite a thing, not least because I dropped my pill about 90 minutes before curtain up for the RSC’s production of The Tempest at the Barbican.’ Photograph: REX

Publicado no The Guardian, o relato da colunista Deborah Orr ao tomar pela primeira vez um antidepressivo. Uma experiência que certamente é compartilhada por um grande número de pessoas que passaram a fazer uso de antidepressivos para lidar com as suas aflições psíquicas.

‘Popping my first Citalopram was quite a thing, not least because I dropped my pill about 90 minutes before curtain up for the RSC’s production of The Tempest at the Barbican.’ Photograph: REX
‘Popping my first Citalopram was quite a thing, not least because I dropped my pill about 90 minutes before curtain up for the RSC’s production of The Tempest at the Barbican.’ Photograph: REX

Eis alguns trechos do seu relato:

“A fim de regular o humor, a ansiedade e a felicidade, muitas pessoas sabem o que são os ISRSs – antidepressivos que impedem o cérebro de absorver demais a serotonina que produzimos. E muitas pessoas tem conhecimento sobre essas drogas em primeira mão, pela simples razão de que elas as usaram. No ano passado, de acordo com o NHS Digital, não menos que 64. 700 milhões de prescrições de antidepressivos foram fornecidas apenas na Inglaterra. Em uma década, o número de prescrições duplicou.

“Na terça-feira passada, passei a fazer parte dessa multidão ao decidir jogar para dentro o meu primeiro Citalopram. Foi muito significativo – não apenas porque, como uma idiota, engoli a minha pílula cerca de 90 minutos antes que a cortina de Royal Shakespeare Company abrisse para o início de A Tempestade, no Teatro de Barbican. É isso mesmo. Esta não é apenas uma doença mental: é uma doença mental da elite metropolitana. Foi uma experiência teatral bastante esmagadora.

“A primeira indicação de que algo acontecia comigo ocorreu quando me aproximei da minha estação de metrô local. Percebi que estava em um estado de extrema dissociação, caminhando como se estivesse completamente presente no mundo, mas ao mesmo tempo  sentindo-me completamente separada dele. Eu estava totalmente guiada pelo meu piloto automático mental.

“Passei praticamente toda a quinta-feira em um longo ataque de pânico de baixo nível – mantendo-me ocupada, dizendo a ninguém o que estava se passando. Não queria mencionar isso, porque isso pioraria. Em um momento, no parque com meu irmão, ele insistiu, por acaso, que eu subisse a colina até a parada de ônibus em vez de descer, como eu queria, sob calor. Quando cheguei ao ponto de ônibus, minhas pernas mal trabalhavam, e eu estava presa a tremores convulsivos.”

Não deixe de ler esse relato feito por Deborah Orr sobre a sua experiência pessoal com antidepressivos. E se você se sentir à vontade para narrar a sua experiência pessoal, não relute em enviar a sua narrativa para o site do Mad in Brasil, para que mais pessoas possam aprender com a sua experiência.

A matéria do The Guardian você a encontra na íntegra clicando aqui.

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